Dentre as Armas Christi, a Lança do Destino é sem dúvida o artefato mais conhecido e poderoso. Ela faz parte de várias histórias, apareceu em documentários, contos e narrativas, além de figurar, mais recentemente em filmes, séries de televisão e quadrinhos.
Segundo a lenda, a Lança teria sido usada pelo centurião romano Longinus para ferir Cristo durante a Crucificação. A ponta dela teria sido empregada para perfurar o flanco de Cristo fazendo seu sangue verter sobre o metal, incorporando nele propriedades místicas. O ato de Longinnus não ficou sem punição, sendo ele amaldiçoado pela eternidade a vagar pelo mundo sem descanso até o dia que purgasse seus pecados.
Segundo os rumores, a arma concederia ao seu portador o poder de governar o mundo. De fato, a lenda que cerca o artefato afirma: "quem detiver esta Lança Sagrada e entender os poderes que ela possui, segura em suas mãos o destino do mundo para o bem ou para o mal". Essa lenda talvez seja o motivo pelo qual uma longa lista de líderes, reis, imperadores e conquistadores ao longo da história registrada a procuraram e alegaram tê-la empunhada. A lista inclui nomes como Átila, o Huno, Herodes, o Grande, Constantino, Maurício, o Maniqueu, Alarico, Teodorico, Carlos Martel, Carlos Magno, o Grande, Frederico Barbarossa, Henrique I, Otão I, o Grande, e o Papa João XII, entre muitos outros, todos os quais relataram grandes sucessos com a lança.
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A Lança do Destino seria a fonte de um poder místico que cerca seu detentor. Seus exércitos se tornam invencíveis, suas ordens são obedecidas a risca, suas tropas se mostram implacáveis lutando sem cansaço ou limitações físicas. Segundo outras fontes, a arma comandaria também o clima podendo conjurar tempestades, chuvas leves para saciar a sede e tempestades de areia. Ainda há relatos de que ela forneceria ao seu portador um carisma sobrenatural que o tornava irresistível aos seus comandados, tornando-o um líder nato.
Esses predicados de sucesso eram exatamente o que Adolf Hitler aspirava possuir. Conhecendo as lendas ao redor da Lança do Destino, a Hitler incumbiu a Ahnenerbe de encontrar sua localização e trazê-la para ele como um prêmio definitivo para consolidar sua liderança. Com a Lança do Destino, os nazistas seriam invencíveis.
O problema é que a lança havia se perdido na história e nem era certo se esses líderes já haviam segurado o artefato ou mesmo se ela realmente existiu ou não. De fato, há dezenas de contos conflitantes sobre o que aconteceu com a lança, para onde ela foi e até mesmo como ela era. Tudo se tornou ainda mais duvidoso pelo fato de que havia inúmeras falsificações e recriações que foram criadas ao longo dos séculos para enganar aqueles que a buscavam. Durante a suposta posse de Constantino, o Grande, com a relíquia, seu conselheiro espiritual, Eusébio de Cesareia, a descreveu assim:
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"Era uma lança longa, revestida de ouro. No topo estava fixada uma coroa de ouro e pedras preciosas, e dentro dela o símbolo do nome do Salvador, duas letras indicando o nome de Cristo por meio de seus caracteres iniciais - aquelas letras que o imperador tinha o hábito de usar em seu capacete em um período posterior. Da lança também estava suspenso um pano, uma peça real, coberta com um bordado profuso das mais brilhantes pedras preciosas e que, sendo também ricamente entrelaçada com ouro, apresentava um grau indescritível de beleza ao observador. O imperador constantemente fazia uso deste sinal de salvação como uma salvaguarda contra todo poder adverso e hostil, e ordenou que fosse carregado à frente de todos os seus exércitos."
O fascínio de Hitler pela Lança do Destino começou muito antes de ele ser o notório líder nazista, quando ele era apenas um humilde estudante de arte. Enquanto visitava a Casa do Tesouro de Hofsburg em Viena em 1912, seus olhos caíram sobre uma das lanças que se dizia ser a verdadeira Lança do Destino, que havia sido guardada ali para proteção após uma longa história de troca de mãos e de ser perdida e encontrada inúmeras vezes. Não havia certeza alguma de que a lança dourada que estava em Viena, que era chamada de Lança Sagrada de Longinus, era a lendária Lança do Destino, e de fato haviam outras relíquias semelhantes ao redor do mundo que faziam a mesma afirmação na época. Contudo, o próprio Hitler parecia convencido de que aquele era o artefato real, dizendo sobre a primeira vez que a viu:
"Eu soube imediatamente que este era um momento importante na minha vida... Fiquei ali quieto olhando para ela por vários minutos, completamente alheio à cena ao meu redor. Parecia carregar algum significado interno oculto que me escapava, um significado que eu sentia que conhecia interiormente, mas não conseguia trazer à consciência... Eu senti como se eu mesmo a tivesse segurado em minhas mãos antes em algum século anterior da história - que eu mesmo a havia reivindicado como meu talismã de poder e segurado o destino do mundo em minhas mãos. Que tipo de loucura era essa que estava invadindo minha mente e criando tal turbulência em meu peito?"
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Acreditando que este artefato fosse a verdadeira Lança do Destino, uma das primeiras coisas que o Fuhrer fez quando os nazistas tomaram Viena em 1938 foi roubá-la para si mesmo e enviá-la para Nuremberg. Houve até teorias de que a verdadeira razão de Hitler para começar a Segunda Guerra Mundial era se apossar dela. Pouco antes de dar início a Invasão da Polônia, Hitler teria tomado a Lança do Destino em suas mãos e a usado para tocar o ombro de seus Generais de Campo, afirmando que eles a partir de então seriam invencíveis.
Seja isso verdade ou não, Hitler conseguiu sua lança, embora ela não pareça ter lhe concedido grande poder quando ele mais precisava, e sua planejada invasão da Inglaterra falhou, seguida por sua devastadora derrota na Batalha da Normandia em 6 de junho de 1944. Depois disso, não está claro o que aconteceu com a suposta Lança do Destino de Hitler. Ela supostamente foi devolvida a Viena, mas há teorias de que esta era na verdade uma cópia e que a verdadeira foi reclamada por algum dos aliados vencedores. Ela ainda estaria por aí, trocando de mãos, passando de um comandante para outro.
Uma teoria é que a Lança do Destino estava escondida em um dos muitos bunkers subterrâneos, cavernas e catacumbas que os nazistas usavam para armazenar os inúmeros tesouros que saquearam de seus inimigos. Outra é que ela era mantida pelas forças aliadas, e que o famoso general George S. Patton ficou obcecado por ela, acreditando até mesmo ser uma reencarnação de alguém que a empunhara no passado. Ele fez grandes esforços para convencer os Estados Unidos a retê-la e devolver uma falsa à Áustria. Nesse cenário, a lança real ainda estaria em posse dos Estados Unidos, e seria essa a razão pela qual o país conseguiu permanecer como uma potência mundial por tanto tempo. Outra ideia era que o líder da SS Himmler a reclamou e que ela foi entregue nos dias finais da guerra aos cuidados de uma sociedade secreta que ele formou chamada "Os Cavaleiros da Lança Sagrada".
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Uma teoria ainda mais selvagem foi apresentada nos livros de 1988-89 do Dr. Howard A. Buechner, Hitler's Ashes - Seeds Of A New Reich e Adolf Hitler and the Secrets of the Holy Lance, nos quais ele afirma que o líder nazista mandou a lança para uma base secreta na Antártida após a guerra, após a qual ela foi recuperada novamente em 1979 por uma expedição liderada por um indivíduo misterioso conhecido como Coronel Maximilian Hartmann, o que por sua vez levantou teorias da conspiração de que a verdadeira Lança do Destino está na posse desta cabala sombria empenhada em dominar o mundo. No final, embora saibamos que Hitler roubou esta lança, ninguém tem ideia se era a verdadeira Lança do Destino e, na verdade, não temos ideia alguma se ela já foi um objeto real ou se nao passava de uma cópia.
A lendária Lança do Destino se tornou um ímã para várias teorias da conspiração, e as histórias insanas de envolvimento nazista se tornaram combustível para incontáveis rumores ao longo dos anos.
eu falei dos filmes The Creature Below e Gods of the Deep, ambos de viés lovecraftiano, em
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