quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A Lança do Destino - O Artefato que tornava exércitos invencíveis

Dentre as Armas Christi, a Lança do Destino é sem dúvida o artefato mais conhecido e poderoso. Ela faz parte de várias histórias, apareceu em documentários, contos e narrativas, além de figurar, mais recentemente em filmes, séries de televisão e quadrinhos.

Segundo a lenda, a Lança teria sido usada pelo centurião romano Longinus para ferir Cristo durante a Crucificação. A ponta dela teria sido empregada para perfurar o flanco de Cristo fazendo seu sangue verter sobre o metal, incorporando nele propriedades místicas. O ato de Longinnus não ficou sem punição, sendo ele amaldiçoado pela eternidade a vagar pelo mundo sem descanso até o dia que purgasse seus pecados.

Segundo os rumores, a arma concederia ao seu portador o poder de governar o mundo. De fato, a lenda que cerca o artefato afirma: "quem detiver esta Lança Sagrada e entender os poderes que ela possui, segura em suas mãos o destino do mundo para o bem ou para o mal". Essa lenda talvez seja o motivo pelo qual uma longa lista de líderes, reis, imperadores e conquistadores ao longo da história registrada a procuraram e alegaram tê-la empunhada. A lista inclui nomes como Átila, o Huno, Herodes, o Grande, Constantino, Maurício, o Maniqueu, Alarico, Teodorico, Carlos Martel, Carlos Magno, o Grande, Frederico Barbarossa, Henrique I, Otão I, o Grande, e o Papa João XII, entre muitos outros, todos os quais relataram grandes sucessos com a lança.


A Lança do Destino seria a fonte de um poder místico que cerca seu detentor. Seus exércitos se tornam invencíveis, suas ordens são obedecidas a risca, suas tropas se mostram implacáveis lutando sem cansaço ou limitações físicas. Segundo outras fontes, a arma comandaria também o clima podendo conjurar tempestades, chuvas leves para saciar a sede e tempestades de areia. Ainda há relatos de que ela forneceria ao seu portador um carisma sobrenatural que o tornava irresistível aos seus comandados, tornando-o um líder nato.

Esses predicados de sucesso eram exatamente o que Adolf Hitler aspirava possuir. Conhecendo as lendas ao redor da Lança do Destino, a Hitler incumbiu a Ahnenerbe de encontrar sua localização e trazê-la para ele como um prêmio definitivo para consolidar sua liderança. Com a Lança do Destino, os nazistas seriam invencíveis.

O problema é que a lança havia se perdido na história e nem era certo se esses líderes já haviam segurado o artefato ou mesmo se ela realmente existiu ou não. De fato, há dezenas de contos conflitantes sobre o que aconteceu com a lança, para onde ela foi e até mesmo como ela era. Tudo se tornou ainda mais duvidoso pelo fato de que havia inúmeras falsificações e recriações que foram criadas ao longo dos séculos para enganar aqueles que a buscavam. Durante a suposta posse de Constantino, o Grande, com a relíquia, seu conselheiro espiritual, Eusébio de Cesareia, a descreveu assim:

"Era uma lança longa, revestida de ouro. No topo estava fixada uma coroa de ouro e pedras preciosas, e dentro dela o símbolo do nome do Salvador, duas letras indicando o nome de Cristo por meio de seus caracteres iniciais - aquelas letras que o imperador tinha o hábito de usar em seu capacete em um período posterior. Da lança também estava suspenso um pano, uma peça real, coberta com um bordado profuso das mais brilhantes pedras preciosas e que, sendo também ricamente entrelaçada com ouro, apresentava um grau indescritível de beleza ao observador. O imperador constantemente fazia uso deste sinal de salvação como uma salvaguarda contra todo poder adverso e hostil, e ordenou que fosse carregado à frente de todos os seus exércitos."

O fascínio de Hitler pela Lança do Destino começou muito antes de ele ser o notório líder nazista, quando ele era apenas um humilde estudante de arte. Enquanto visitava a Casa do Tesouro de Hofsburg em Viena em 1912, seus olhos caíram sobre uma das lanças que se dizia ser a verdadeira Lança do Destino, que havia sido guardada ali para proteção após uma longa história de troca de mãos e de ser perdida e encontrada inúmeras vezes. Não havia certeza alguma de que a lança dourada que estava em Viena, que era chamada de Lança Sagrada de Longinus, era a lendária Lança do Destino, e de fato haviam outras relíquias semelhantes ao redor do mundo que faziam a mesma afirmação na época. Contudo, o próprio Hitler parecia convencido de que aquele era o artefato real, dizendo sobre a primeira vez que a viu:

"Eu soube imediatamente que este era um momento importante na minha vida... Fiquei ali quieto olhando para ela por vários minutos, completamente alheio à cena ao meu redor. Parecia carregar algum significado interno oculto que me escapava, um significado que eu sentia que conhecia interiormente, mas não conseguia trazer à consciência... Eu senti como se eu mesmo a tivesse segurado em minhas mãos antes em algum século anterior da história - que eu mesmo a havia reivindicado como meu talismã de poder e segurado o destino do mundo em minhas mãos. Que tipo de loucura era essa que estava invadindo minha mente e criando tal turbulência em meu peito?"


Acreditando que este artefato fosse a verdadeira Lança do Destino, uma das primeiras coisas que o Fuhrer fez quando os nazistas tomaram Viena em 1938 foi roubá-la para si mesmo e enviá-la para Nuremberg. Houve até teorias de que a verdadeira razão de Hitler para começar a Segunda Guerra Mundial era se apossar dela. Pouco antes de dar início a Invasão da Polônia, Hitler teria tomado a Lança do Destino em suas mãos e a usado para tocar o ombro de seus Generais de Campo, afirmando que eles a partir de então seriam invencíveis.

Seja isso verdade ou não, Hitler conseguiu sua lança, embora ela não pareça ter lhe concedido grande poder quando ele mais precisava, e sua planejada invasão da Inglaterra falhou, seguida por sua devastadora derrota na Batalha da Normandia em 6 de junho de 1944. Depois disso, não está claro o que aconteceu com a suposta Lança do Destino de Hitler. Ela supostamente foi devolvida a Viena, mas há teorias de que esta era na verdade uma cópia e que a verdadeira foi reclamada por algum dos aliados vencedores. Ela ainda estaria por aí, trocando de mãos, passando de um comandante para outro.

Uma teoria é que a Lança do Destino estava escondida em um dos muitos bunkers subterrâneos, cavernas e catacumbas que os nazistas usavam para armazenar os inúmeros tesouros que saquearam de seus inimigos. Outra é que ela era mantida pelas forças aliadas, e que o famoso general George S. Patton ficou obcecado por ela, acreditando até mesmo ser uma reencarnação de alguém que a empunhara no passado. Ele fez grandes esforços para convencer os Estados Unidos a retê-la e devolver uma falsa à Áustria. Nesse cenário, a lança real ainda estaria em posse dos Estados Unidos, e seria essa a razão pela qual o país conseguiu permanecer como uma potência mundial por tanto tempo. Outra ideia era que o líder da SS Himmler a reclamou e que ela foi entregue nos dias finais da guerra aos cuidados de uma sociedade secreta que ele formou chamada "Os Cavaleiros da Lança Sagrada".


Uma teoria ainda mais selvagem foi apresentada nos livros de 1988-89 do Dr. Howard A. Buechner, Hitler's Ashes - Seeds Of A New Reich e Adolf Hitler and the Secrets of the Holy Lance, nos quais ele afirma que o líder nazista mandou a lança para uma base secreta na Antártida após a guerra, após a qual ela foi recuperada novamente em 1979 por uma expedição liderada por um indivíduo misterioso conhecido como Coronel Maximilian Hartmann, o que por sua vez levantou teorias da conspiração de que a verdadeira Lança do Destino está na posse desta cabala sombria empenhada em dominar o mundo. No final, embora saibamos que Hitler roubou esta lança, ninguém tem ideia se era a verdadeira Lança do Destino e, na verdade, não temos ideia alguma se ela já foi um objeto real ou se nao passava de uma cópia. 

A lendária Lança do Destino se tornou um ímã para várias teorias da conspiração, e as histórias insanas de envolvimento nazista se tornaram combustível para incontáveis rumores ao longo dos anos.

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