Este é o primeiro artigo de uma longa série de artigos dedicados inteiramente ao Fungos de Yuggoth. Nessa sequência falaremos de seus planos, de sua anatomia, de sua base planetária mais próxima - o misterioso Yuggoth, da sua tecnologia e das suas horrendas experiências cirúrgicas. Esperamos com isso cobrir vários temas relacionados a esses seres bizarros.
"Exploradores de Esferas Distantes" é como o Necronomicom teoricamente se refere a eles. Os mi-go são parte fundamental do Mythos e estão entre as raças cthulhianas mais famosas.
* * *
Os Fungos de Yuggoth estão entre as mais fantásticas criaturas concebidas por H.P. Lovecraft. A primeira menção a esses seres ocorreu no conto "Um Sussurro nas Trevas" de 1931, uma das mais celebradas obras de Lovecraft no campo da ficção científica. Desde então eles foram citados por inúmeros autores.
Eles também são chamados de Mi-Go, um termo que Lovecraft retirou da mitologia tibetana e que em sua grafia original, me-gou, se refere aos yeti. Já se cogitou que a idéia original de Lovecraft era fazer dos Mi-Go seres humanóides, mas que ele mudou de idéia ao associar essas criaturas diretamente a um trecho de seu soneto "The Fungi from Yuggoth" que descreve a paisagem medonha desse planeta. Apesar de ter abandonado a idéia inicial e de ter mudado radicalmente a aparência dos mi-go, ele decidiu manter os fungos como a fonte das lendas sobre o yeti.
Os Fungos são seres alienígenas que comandam um vasto império que inclui centenas de planetas e luas. A mais próxima base da Terra fica no interior de Plutão, que eles chamam de Yuggoth. Pouco se sabe a respeito do mundo natal dos mi-go e muitos cometem o erro de achar que Yuggoth é seu planeta de origem. O Necronomicom corrige esse erro ao afirmar que "os habitantes de Yuggoth, os fungos de além das esferas, vieram das estrelas mais distantes e adotaram o nono planeta como seu lar".
Existem teorias de que os mi-go seriam nativos de uma dimensão paralela e que teriam acessado a nossa realidade através de portais dimensionais. A teoria não é de todo absurda uma vez que os mi-go dominam a tecnologia que permite abrir tais portais.
Por natureza os fungos são conquistadores espaciais que dominam uma ciência extremamente avançada para nossos padrões. A motivação para se lançar nas estrelas decorre de sua curiosidade a respeito dos segredos do universo. Os mi-go parecem compelidos a realizar descobertas e desvendar mistérios conduzindo experimentos sempre que necessário. Sua própria sociedade parece se estruturar sobre conquistas no campo científico.
Essas criaturas decobriram a Terra durante o período Jurássico há cerca de 160 milhões de anos atrás. Assim que começaram a explorar nosso planeta foram repelidos pelos Elder Things (os Anciãos) que já haviam construído grandes cidades no hemisfério norte. A guerra entre essas duas espécies alienígenas durou séculos e na maior parte do tempo se manteve em um impasse. O balanço só foi quebrado pela chegada de Cthulhu e de seu séquito, que passou a enfrentar as duas espécies beligerantes.
Quando Cthulhu e seus seguidores foram vítimas da mudança das estrelas e submergiram na cidade cadavérica de R'Lyeh no Pacífico sul, ambos os lados já estavam enfraquecidos. Os Anciãos estavam perto da extinção e os mi-go não desejavam mais disputar o domínio de um planeta que seria o lar de Cthulhu até seu despertar. Isso explica porque os mi-go jamais se interessaram na conquista total da Terra.
Ao invés disso, estabeleceram postos avançados nas principais cadeias montanhosas do planeta. Sabe-se que seu interesse principal é a mineração. Ao que tudo indica, a Terra contém depósitos minerais de substâncias raras no universo e que são essenciais para os planos expansionistas dos mi-go. Para obter esses minérios raros, os mi-go realizam escavações usando tecnologia avançada que inclui maquinário alienígena.
Há postos avançados estabelecidos no topo e no interior dos Andes, nos Apalaches e no Himalaia. Essas bases permanecem secretas, mas os mi-go tendem a recrutar humanos para ajudar na extração e para manter as operações em um caráter sigiloso. À despeito do cuidado para manter essas operações em segredo, rumores a respeito da presença dos mi-go acabam invariavelmente vazando para a população local gerando lendas que persistem ao longo da história.
Na Grécia antiga, os mi-go deram origem a lenda do callicanzaros, monstros que viviam no subsolo e que assombravam cavernas e passagens subterrâneas. O mesmo aconteceu no oeste americano onde os nativos conheciam os mi-go e advertiram os brancos durante a corrida do ouro a evitar alguns lugares habitados por eles. Nos Andes peruanos, a presença dos mi-go também era notória entre os nativos que em certa época chegaram a venerá-los como emissários dos deuses.
A postura dos mi-go diante das outras raças do universo tende a ser agressiva. Por muitos séculos eles foram inimigos mortais dos Elder Things e de certa forma responsáveis pela destruição de sua colônia existente na Terra. Não se sabe qual a relação deles com os Yithians, Shaghai ou com os Pólipos Voadores, mas suspeita-se que não seja das melhores. Os mi-go tratam raças que detém conhecimento em um nível semelhante ao seu como oponentes em potencial. Suas guerras tendem a ser fulminantes.
Os mi-go encaram os Grandes Antigos como rivais diretos na conquista cósmica. Assim como aconteceu com Cthulhu na Terra, eles tiveram de enfrentar criaturas extremamente poderosas há incontáveis milhares de anos. A mudança das estrelas que aprisionou os Grandes Antigos concedeu aos mi-go uma oportunidade de ouro para expandir seu império. É claro, os mi-go sabem que um dia os Grandes Antigos irão contestar essa supremacia e já se preparam para esse cenário.
Hastur parece ser um dos inimigos mais ferrenhos dos mi-go. Mesmo na Terra, cultos devotados ao Inominável se dedicam a tarefa de caçar e exterminar os mi-go gerando uma espécie de guerra fria que perdura há séculos. Uma das missões sagradas de cultos como "A Irmandade do Símbolo Amarelo" é erradicar toda e qualquer atividade dos fungos no planeta.
A atitude dos mi-go é mais pragmática no que se refere aos Deuses Exteriores. Eles reverenciam Nyarlathotep - o Detentor do Saber - e o consideram como patrono de sua jornada pelas estrelas em busca de conhecimento. Yog-Sothoth é considerado como uma força cósmica e também homenageado nos seus complexos rituais.
Shub-Niggurath contudo é a divindade central na sociedade dos mi-go. Vista como uma divindade da fertilidade, ela tem função essencial nos rituais reprodutivos necessários para preservar a espécie. Rituais dedicados a Shub-Niggurath são conduzidos no interior de círculos de pedras especialmente eregidas com esse propósito. Uma espécie de altar recoberto de ideogramas matemáticos construído a partir de metal desconhecido na Terra, ocupa o centro desse círculo. Quando estão na Terra, os mi-go reservam os meses de Março e Abril para adoração de Shub-Niggurath.
Os Fungos não parecem especialmente interessados na humanidade talvez por não consideá-la a sua altura. Em alguns momentos da história, algumas civilizações estabeleceram contato com os mi-go e ganharam artefatos e instruções para a construção de magníficas cidadelas. É possível que o intercâmbio entre mi-go e humanos tenha permitido a construção de monumentos da antiguidade, como Machu-Pichu (no Peru), Chichén Itza (no México), Tikal (Guatemala) e Angkor Wat (no Camboja). Também é possível que dessa "troca de gentilezas" tenham vindo noções de metalurgia, matemática e astronomia.
Sabe-se que sociedades secretas e cultos devotados aos Fungo de Yuggoth se formaram em todo o mundo, por vezes incentivados pelos próprios mi-go. Estes agentes recebem presentes ou promessas de vida eterna em troca de sua fidelidade e suporte. Muitos não sabem que essa promessa é cumprida apenas parcialmente pelos fungos.
Apesar disso, não se deve supor que os laços de amizade entre a espécie humana e os fungos de Yuggoth tenham sido sempre cordiais. A natureza alienígena dos mi-go tende a causar estranheza e terror na maioria dos seres humanos.
Esse medo é plenamente justificável uma vez que ao longo da história os mi-go aniquilaram cidades e populações humanas inteiras com suas armas. Mais assustador é quando sua curiosidade se volta para a humanidade. Nessas ocasiões espécimes humanos são prontamente capturados e submetidos aos mais bizarros experimentos. Os mi-go são conhecidos por sua perícia cirúrgica e prisioneiros passam por profundas alterações corporais.
É razoável supor que se um dia a humanidade se mostrar um obstáculo para seus planos, os mi-go não pensariam duas vezes em tomar medidas para assegurar nossa extinção.
Hastur parece ser um dos inimigos mais ferrenhos dos mi-go. Mesmo na Terra, cultos devotados ao Inominável se dedicam a tarefa de caçar e exterminar os mi-go gerando uma espécie de guerra fria que perdura há séculos. Uma das missões sagradas de cultos como "A Irmandade do Símbolo Amarelo" é erradicar toda e qualquer atividade dos fungos no planeta.
A atitude dos mi-go é mais pragmática no que se refere aos Deuses Exteriores. Eles reverenciam Nyarlathotep - o Detentor do Saber - e o consideram como patrono de sua jornada pelas estrelas em busca de conhecimento. Yog-Sothoth é considerado como uma força cósmica e também homenageado nos seus complexos rituais.
Shub-Niggurath contudo é a divindade central na sociedade dos mi-go. Vista como uma divindade da fertilidade, ela tem função essencial nos rituais reprodutivos necessários para preservar a espécie. Rituais dedicados a Shub-Niggurath são conduzidos no interior de círculos de pedras especialmente eregidas com esse propósito. Uma espécie de altar recoberto de ideogramas matemáticos construído a partir de metal desconhecido na Terra, ocupa o centro desse círculo. Quando estão na Terra, os mi-go reservam os meses de Março e Abril para adoração de Shub-Niggurath.
Os Fungos não parecem especialmente interessados na humanidade talvez por não consideá-la a sua altura. Em alguns momentos da história, algumas civilizações estabeleceram contato com os mi-go e ganharam artefatos e instruções para a construção de magníficas cidadelas. É possível que o intercâmbio entre mi-go e humanos tenha permitido a construção de monumentos da antiguidade, como Machu-Pichu (no Peru), Chichén Itza (no México), Tikal (Guatemala) e Angkor Wat (no Camboja). Também é possível que dessa "troca de gentilezas" tenham vindo noções de metalurgia, matemática e astronomia.
Sabe-se que sociedades secretas e cultos devotados aos Fungo de Yuggoth se formaram em todo o mundo, por vezes incentivados pelos próprios mi-go. Estes agentes recebem presentes ou promessas de vida eterna em troca de sua fidelidade e suporte. Muitos não sabem que essa promessa é cumprida apenas parcialmente pelos fungos.
Apesar disso, não se deve supor que os laços de amizade entre a espécie humana e os fungos de Yuggoth tenham sido sempre cordiais. A natureza alienígena dos mi-go tende a causar estranheza e terror na maioria dos seres humanos.
Esse medo é plenamente justificável uma vez que ao longo da história os mi-go aniquilaram cidades e populações humanas inteiras com suas armas. Mais assustador é quando sua curiosidade se volta para a humanidade. Nessas ocasiões espécimes humanos são prontamente capturados e submetidos aos mais bizarros experimentos. Os mi-go são conhecidos por sua perícia cirúrgica e prisioneiros passam por profundas alterações corporais.
É razoável supor que se um dia a humanidade se mostrar um obstáculo para seus planos, os mi-go não pensariam duas vezes em tomar medidas para assegurar nossa extinção.
Excelente artigo novamente! Sou fã dos Mi-Go, minha raça favorita. Recomendações para quem quer uma visão detalhada e nova dos Mi-Go é o Delta Green. E sobre o fato do H.P.L. colocar eles orignalmente como humanóides, recomendo o romance que acompanha o primeiro volume traduzido da Liga dos Cavalheiros Extraordinários, do Allan Moore: lá tem Mi-Gos humanóides.
ResponderExcluirMuito bom, assim como foi dito acima, no Delta Green fala bastante dos Mi-Gos e dos planos deles com a humanidade.
ResponderExcluirExcelente fonte de informações. Só acrescento essa: http://raccoon.com.br/2010/09/04/filhote-de-mi-go-e-capturado-na-costa-do-japao/
ResponderExcluirVou dar ma olhada nesses mi-go humanóides na Liga, confesso que não estou lembrado. É o volume 1?
ResponderExcluirEm Delta Green os mi-go são os inimigos pricipais da ambientação. Ao menos quando o tema são os extraterrestres.
Clárigo, eu vi o Dickswim. Meu deus... essa é para quem achava o ornitorrinco a maior piada da natureza.
...otimo post...aguardo ansioso a sequência...sem duvida os Mi-Gos são um excelente material para muitas e muitas investigações que poderiam se estender não so ao redor do mundo como tambem atraves dos anos...( uma mesma investigação ambientada - e jogada - paralelamente na decada de 20 e nos anos 90 pelos mesmos jogadores mas usando personagens diferentes - proprios para a epoca claro - e usando o recurso de flashbacks e flashforwards seria muito interessante )...epocas diferentes...dois ponto de vistas sobre uma mesma Raça ( ponto de vista mistico e ponto de vista cientifico )...um abraço e novamente parabens pelo post...
ResponderExcluircorreção pontos de vista rs sorry
ResponderExcluirExcelente post!
ResponderExcluirGRANDE H.P.LOVECRAFT NA MINHA OPINIÃO ELE SUPERA EDGAR ALLAN POE
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