sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mesa Tentacular: "A Mortalha do Faraó Negro" - Cenário Pulp no Egito em 1925


Faz alguns meses narrei uma aventura de Call of Cthulhu estilo pulp se passando no Egito de 1925. Aliás, só agora estou colocando aqui no Blogo pois esqueci de publicar na época (tsk, tsk...)

Anyway...

Cenários nesse período, nesse local em especial, sempre são muito divertidos. Existe uma aura de exotismo, mistério e ação no Egito das décadas de 1920-1930 do século passado. Aventuras que envolvem expedições em busca de velhas ruínas, deuses ancestrais, civilizações perdidas, faraós malditos, sacerdortes feiticeiros, armadilhas diabólicas, cultos assassinos tentando proteger artefatos quase esquecidos e caçadores de tumbas obstinados, em busca de algum valioso tesouro.

"A Mortalha do Faraó Negro" é uma aventura inserida no gênero pulp, algo bem Sessão da Tarde (nos bons tempos). Repleta de clássicos pinçados das matinês dos filmes de aventura em que valentes exploradores e arquólogos ocidentais se envolvem com alguma maldição do passado.

Apesar de ter mestrado "A Mortalha" para o sistema de Call of Cthulhu, fiz também uma versão dela para o sistema Gunshoe de Rastro de Cthulhu.

A sinopse de Mortalha é a seguinte:

As areias eternas do Egito guardam segredos de um passado desconhecido.

Em tempos imemoriais Nephren Ka, o Sumo Sacerdote Feiticeiro conhecido como o Faraó Negro, usurpou o poder dos filhos de Zoser e governou com mão de ferro, submetendo seu povo às antigas tradições e aos seus Deuses Negros. O medo e o horror se espalhava e o Faraó era igualmente temido e reverenciado. Finalmente uma revolta derrubou o cruel déspota e pôs fim ao seu julgo. Como punição aos seus muitos crimes, suas construções foram colocadas abaixo, suas realizações destruídas e seu nome apagado dos anais da história.

Mas o Faraó Negro não ficaria esquecido para sempre...

Milênios mais tarde, uma grande Expedição se lançou no deserto em busca de sua tumba perdida. Mas o resultado foi a morte e o esquecimento para aqueles que tomaram parte nessa empreitada.
Tudo levava a crer que o Faraó Negro estava cercado por uma aura profana, capaz de repelir qualquer um corajoso (ou tolo) o bastante para perseguir seus segredos.
Em Alexandria, a porta de entrada para o Egito, uma pequena Expedição esbarra quase por acaso em pistas que podem levá-los até a Tumba perdida de Nepheren Ka. Mergulhando em um mundo de costumes esotéricos perdidos, cultos dispostos a tudo para preservar seus segredos e horror sem paralelo, os investigadores terão de enfrentar terríveis ameaças e perigos.
Sua recompensa poderá ser o conhecimento, a fama e riqueza, mas para isso terão de desafiar a morte, a loucura e o esquecimento.
Aqui estáo algumas fotos da sessão de jogo, que ainda carece de conclusão:
  
O pessoal animado no início da investigação com a perspectiva de uma aventura clássica envolvendo o Mythos no Egito. O Fez marroquino, comprado em Casablanca fez sucesso e rodou a mesa - e a cabeça dos jogadores.
Aliás quando vi essa foto, não teve como deixar de associar à capa do livro "O Orientalista" de Tom Reiss (à esquerda) sobre a vida de Essan Bey, farsante que se passou por príncipe muçulmano na década de 1920 e enganou meio mundo. Aliás, algo me diz que a biografia dele daria uma boa postagem...


E, naturalmente, não apenas os jogadores usaram o fez... é bem legal poder interpretar os personagens usando esse tipo de recurso, no caso o orgulhoso proprietário de um café no Cairo. Esse na minha mão é um excelente suplemento de localidade lançado pela Chaosium no início dos anos 90. O Cairo Guidebook é um daqueles livros muito úteis, um verdadeiro show de pesquisa e detalhismo por parte do autor.

Fiz questão de criar vários handouts para esse cenário. É uma aventura que logo no início concede aos jogadores uma série de pistas e props que podem ser manipulados e estudados. Eu tenho especial orgulho da caixa de fósforos do Café Blue Piramid e do Ticket de embarque no Navio à Vapor Sudan.

Ah esses investigadores supersticiosos e seus artefatos de poder... bebida energética, cerveja e uma estatueta de Nephren Ka, receita infalível para afastar os Mythos.

Por falar nisso, esse "artefato" em especial chamou a atenção. Alguém conhecia essa bebida energética chamada Night Power? Que tipo de mente insana colocou um Símbolo Ancião (Elder Sign) na lata do produto? Até a cor está certa! Seria uma bebida para favorecer aos investigadores do Mythos?

Entre uma cerveja e outra, o grupo examina as pistas em busca de indícios que os ajudem a resolver o mistério de Nephren Ka.

E, é claro, essa fotografia merece uma explicação decente...
Na busca por imagens e uma trilha sonora adequada para a aventura encontramos todo o tipo de vídeos na internet. Deixar um laptop sobre a mesa de jogo e pesquisar músicas típicas do Egito e fotografias do local que os personagens visitavam é um recurso visual muito bem vindo que enriquece (e muito) a narrativa do mestre.
Porém, usar essa ferramenta para buscar um vídeo pré-histórico do grupo "É o Tcham" é simplesmente muito, muito errado... ainda que a "música"(?!!?) se diga inspirada pelas 1001 noites e pelo Egito.
"rala-ralando o Tcham aê, rala-ralando o tcham..."
Maldição! Que Nyarlathotep os carregue...
E depois disso, resolvemos inerromper a aventura para continuar em uma outra ocasião. O jogo foi bem divertido, mas as coisas estão prestes a ficar perigosas para os personagens.

3 comentários:

  1. Tive o prazer de jogar este cenário na última RPGCON, em Rastro de Cthulhu. Só faltou o chapéu!

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  2. Adoro ler esses diarios de campanha e cenário que você posta! São muito divertidos e concedem boas ideias. Tirando o "Tchan" é claro :D

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  3. Ótimo relato! Deve ter sido uma experiência incrível! Estou engatinhando no Call of Cthulhu, mas minha experiência em Trail of Cthulhu é mais ampla. Acho que, no quesito diversão ambos satisfazem.

    E sobre você ter enviado essa aventura para a retropunk, espero por as mãos nela em breve ;p

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