Por Clayton Mamedes
Há alguns anos atrás lembro que
reuni os amigos mais próximos e fomos assistir o então lançamento de Terra dos
Mortos, de George A. Romero. Na semana passada, repeti a tática e fomos
assistir a estréia de outro filme de zumbis: desta vez o badalado Guerra
Mundial Z, estrelando ninguém menos que o competente Brad Pitt.
Para quem ainda não sabe Guerra
Mundial Z é baseado no livro homônimo, escrito por Max Brooks, filho de Mel
Brooks. Neste livro, que é uma espécie de seqüência de sua primeira obra, O
Guia de Sobrevivência aos Zumbis são narrados os esforços de um funcionário da
ONU em meio a uma infestação mundial de zumbis. Por questões de priorização
ainda não li estes dois textos de Brooks, apesar de ser um amante declarado do tema.
Apenas tive a oportunidade de ler o seu terceiro livro, O Guia de Sobrevivência
aos Zumbis – Ataques Registrados, que é uma coletânea de curtas HQs, relatando
encontros entre seres humanos e zumbis ao longo da história.
Voltando ao filme, Guerra Mundial
Z (GMZ) alcançou a façanha de ser a película de terror mais cara já produzida,
batendo em um orçamento de U$170.000.000. Só como comparação, o seminal Night of the Living Dead de Romero
custou U$114.000, enquanto o Dawn of the
Dead de Zack Snyder (o remake de 2004), teve um orçamento de cerca de
U$28.000.000. Ou seja: GMZ é uma superprodução de zumbis!
Na trama, Brad Pitt é Gerry Lane,
um funcionário das Nações Unidas que é apanhado com sua família em meio a um
levante de zumbis, seres estes bem diferentes dos tradicionais do gênero. Até
para a nova geração, acostumada com os zumbis velozes e ágeis de Snyder, ou os
cooperativos formadores de hordas de The
Walking Dead de Kirkman, aqui há uma surpresa: os zumbis (ou Zekes, como os
soldados os chamam) são extremamente ágeis e fortes, capazes de executar saltos
de longa distância e arremessar suas vitimas facilmente ao chão. Assustador?
Nem tanto...
O começo do filme também lembra Dawn of the Dead de 2004, onde a
velocidade dos acontecimentos é estarrecedora e o protagonista é pego de
surpresa pela invasão. Mas os pontos positivos param por aqui.
Após o começo acelerado, GMZ cai
no marasmo de um filme comum de ação. As cenas são de pouca inspiração, ou
sofrem com a falta de ousadia dos produtores, onde nenhuma gota de sangue é
derrubada, nenhuma mordida desferida, nenhuma pessoa agoniza enquanto espera se
tornar um zumbi. Na verdade, estes e outros clichês do gênero fizeram falta, e
transformaram GMZ em um filme feito para as massas em férias de meio de ano.
Outro ponto a se discutir são os
efeitos especiais. Concordo que o empilhamento de zumbis em prédios e paredes
ficou bom, mas o excessivo uso de computação gráfica tira um pouco da graça do
filme. Como eu disse anteriormente, é um blockbuster
de férias, e não um filme de horror. Ainda, o próprio protagonista vivido por
Pitt deriva muito dos estereótipos que costumamos ver em películas do gênero.
Ele não é um homem fraco, ou cheio de defeitos e indeciso, mas sim um
calculista, inteligente e sortudo funcionário da ONU, que consegue fazer quase
de tudo de maneira magistral. Ou seja, um tipo não adequado para o tipo de
filme que GMZ propõe ser. Mas acaba se encaixando no que ele virou: ação no
lugar de horror, velocidade ao invés de ritmo, helicópteros de combate e
porta-aviões no lugar da casa de fazenda cercada.
Sinceramente, sai do cinema um
tanto decepcionado. Esperava muito mais de um filme que gastou tanto dinheiro e
não consegue prestar homenagem aos clássicos do gênero e tampouco introduzir
algo novo. GMZ está para Night of the
Living Dead, assim como o jogo Resident
Evil 5, está para o Resident Evil 1
do saudoso PS1: muita correria, pouco drama, muitos efeitos especiais, pouco
horror e, se for brigar no nicho dos jogos de ação, perde feio. Realmente uma
pena.
Se você deseja assistir algo com Zumbis (que seja além
dos clássicos), vá atrás de 28 Days Later
e 28 Weeks Later de Danny Boyle, ou The Dead de Howard J. Ford e Jonathan
Ford. Ou ainda o recente e deprimente Exit
Humanity, de John Geddes e o claustrofóbico filme alemão Rammbock: Berlin Undead. Garanto que me
diverti mais com estes.
Trailers:
Onde eu assino ? Concordo com cada palavra dessa resenha. É no máximo um filme de ação legalzinho. Dá pra passar o tempo comendo uma pipoca, só isso.
ResponderExcluirConcordo! O livro é MUITO MELHOR que o filme, quem não leu não sabe o que está perdendo:
ResponderExcluir- a descoberta do "paciente zero" num vilarejo da China;
- a medonha "solução" elaborada por Paul Raedeker para contraatacar os zumbis;
- o êxodo "em massa" de norteamericanos para o Canadá e Alasca;
- a situação desesperada dos astronautas que ficaram na Estação Espacial Internacional.
E muito, muito mais. Fiquei DECEPCIONADO com o filme, e ainda mais satisfeito com a minissérie da Fox, "The Walking Dead".
Concordo que o filme foi bem morno... É um filme de zumbi que não é um bom "filme sobre zumbis"... Não é filme de terror, e nem filme de ação... Se propõe a satisfazer todos os públicos, mas acaba que tenta fazer um pouco de tudo e acaba não fazendo nada direito...
ResponderExcluirTem alguns pontos positivos, mas os negativos são bem mais impactantes!!!
Sinceramente o filme é ruim, não vou nem chegar ao ponto de dizer que é um filme de sessão da tarde, porque dentro do estilo que escolheram eu preferiria assistir um Rambo.
ResponderExcluirEu e meus amigos estavamos discutindo isso pouco antes de entrar na sessão de cinema: Que esse seria um filme de zumbis metrossexuais, levando em conta que o Pitt estava como o Galã, e não deu outra. Nunca vi um filme de zumbi tão limpo, dava impressão que eles tomavam banho regularmente antes de atacar as localidades.
A história foi completamente desencaixada, falando sobre ir atrás do primeiro zumbi, o que havia iniciado as coisas. Achei por acaso aquela cena do pouso do avião no meio do nada bem interessante e de tudo que vi naquele filme é a única coisa que pretendo usar numa sessão de RPG no futuro (só até a parte do pouso mesmo, depois dá até desgosto com o cientista super renomado enfiando a bala na própria cabeça tsc tsc.)
Ai do nada eles vão para outro país e vem outros elementos que ficam ainda mais desencaixados, e assim vai indo de erro em erro do início ao fim.
Depois, as pilhas de zumbis subindo foram a coisa mais impactante, e ao mesmo tempo mais impossível que poderia acontecer, analisando friamente não há como aquilo ser possível, não haveria equilibrio algum a não serque formassem uma base extremamente forte no solo isso sem contar que os zumbis iriam ser esmagados pelo peso da formação. Enfim, deviam ter passado Madrugada dos Mortos de novo do cinema nessas férias. Muita gente não assistiu e nem sabe que existe e tenho certeza que sairiam do cinema com uma impressão bem melhor sobre filmes de zumbi e muito mais satisfeitos.
É gente. Decepção generalizada com este Blockbuster! Uma pena.
ResponderExcluirPara passar um pouco a angústia, recomendo os filmes que eu citei no final da resenha, principalmente o The Dead.
Cara, eu tb não gostei nada desses zumbis lemmings, comprei o livro e estou lendo e realmente é bem melhor do que aquela patacada toda que fizeram. Com aquela rapidez de infecção o protagonista interpretado pelo arroz de festa Brad Pitt não teria durado nenhum segundo. Fico triste em ver alguns amigos meus se passando por esse filme e achando a coisa mais "genial" criada até o momento, uma heresia com os clássicos! E pensar que gastaram um dinheirão fazendo esse e ainda terá continuações, talvez nos próximos filmes os zumbis aparecem aplicando hadoukens e outros golpes, bizarro!!!
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