Não faz muito tempo o autor britânico Alan Moore se embrenhou no território insanamente conturbado dos Mythos de Cthulhu criados por H.P. Lovecraft.
Parecia que tinha tudo para dar certo: Alan Moore é considerado um dos maiores expoentes da indústria dos quadrinhos, "apenas" o sujeito responsável por obras icônicas que mudaram a maneira como as pessoas entendem e apreciam histórias em quadrinhos. São dele V de Vingança, League of Extraordinary Gentleman, From Hell, Little Girls e a Saga do Monstro do Pântano.
A importância dele é tamanha que Watchmen, uma de suas obras fundamentais, está na lista dos 100 trabalhos que devem ser lidos, segundo uma lista formulada por Catedráticos em Literatura Inglesa. A carreira de Alan Moore é pontuada de grandes êxitos comerciais e de crítica e seu trabalho ainda é relevante em um contexto global - se duvida, pergunte-se de onde surgiu a máscara Annonimous utilizada em manifestações de rua mundo afora. Isso sem falar da presença de Alan Moore no cinema (embora ele tenha renegado a maior parte dos filmes inspirados por suas histórias). Ele é sem sombra de dúvida um dos quadrinista mais importante de todos os tempos.
A importância dele é tamanha que Watchmen, uma de suas obras fundamentais, está na lista dos 100 trabalhos que devem ser lidos, segundo uma lista formulada por Catedráticos em Literatura Inglesa. A carreira de Alan Moore é pontuada de grandes êxitos comerciais e de crítica e seu trabalho ainda é relevante em um contexto global - se duvida, pergunte-se de onde surgiu a máscara Annonimous utilizada em manifestações de rua mundo afora. Isso sem falar da presença de Alan Moore no cinema (embora ele tenha renegado a maior parte dos filmes inspirados por suas histórias). Ele é sem sombra de dúvida um dos quadrinista mais importante de todos os tempos.
Quando Moore lançou The Courtyard, sua primeira incursão no universo do Mythos muita gente apostou que o resultado seria nada menos do que sensacional. O britânico, apelidado de "mago" pelas suas inclinações místicas, sempre se apresentou como um fã incondicional de Lovecraft, tanto que escreveu resenhas e prefácios em vários livros citando as obras de Lovecraft como uma de suas maiores inspirações.
Courtyard infelizmente não foi tudo aquilo que se esperava, embora ainda conseguisse empolgar em alguns aspectos, não passava de uma obra menor de sua carreira. Mas as esperanças se renovaram quando ele foi chamado pela Avatar Press para escrever Neonomicon. Os rumores davam conta de que Moore teria carta branca para escrever o que bem entendesse e que não haveria qualquer censura por parte da editora.
Mas se o objetivo de Moore era polemizar e chocar, missão cumprida!
Neonomicon é bizarro do início ao fim, mas não necessariamente no "bom" sentido. O roteiro se perde em uma infinidade de sequências de horror grotesco versando quase que exclusivamente sobre sadismo, perversidade e misoginia desenfreadas. Parece que o "mago" perdeu a mão desejando simplesmente desafiar as convenções, construindo uma história com altas doses de erotismo que beira o mal gosto.
As opiniões a respeito de Neonomicon foram divididas. Alguns ainda conseguiram enxergar algo interessante na estória e pescar referências à obra de H.P. Lovecraft, outros acharam o resultado frustrante ou apenas patético. Mas todos concordaram que Neonomicon ficou muito aquém do que se esperava.
[NOTA: Para quem quiser saber mais a respeito de Neonomicon, escrevi uma resenha alguns anos atrás que pode ser achada nesse LINK. E para quem quiser se arriscar, poderá achar a série encadernada lançada em português pela Panini no ano passado. Ela pode ser encontrada em lojas especializadas em quadrinhos.]
Porém, de uns tempos para cá, Moore parece ter perdido seu toque de Midas. Até alguns anos, tudo em que ele colocava a mão virava ouro, mas faz um bom tempo que ele não assina nada expressivo. Chegou ao ponto de muitos acharem que ele não é mais relevante. De fato, Moore aparece mais frequentemente falando mau de uma adaptação de suas estórias para o cinema do que lançando alguma coisa (e sejamos justos, às vezes ele tem direito de reclamar, como na desastrosa adaptação da Liga Extraordinária, mas em outras ele é apenas um chato de galocha, como no caso de Watchmen que ele detestou de forma passional). Para piorar, ele concedeu uma entrevista bombástica recentemente em que afirmava detestar quadrinhos de super-heróis e que os leitores deviam ser emocionalmente anormais.
Ok, então porque estamos falando de Alan Moore já que, não é de hoje, ele parece ter se transformado num mala sem alça?
Bem, pelo simples motivo que o sujeito revelou que está disposto a tentar novamente.
Moore anunciou que está realizando um profundo trabalho de pesquisa a respeito do Universo do Mythos de Cthulhu e a respeito da vida e da época de H.P. Lovecraft. Tudo isso para escrever uma série cujo título provisório é Providence.
Ele falou a respeito desse trabalho na revista The Beat, e se mostrou bastante empolgado a respeito:
"...com Providence, o que estou fazendo é uma observação da sociedade Americana em 1919, uma observação do ponto de vista de Lovecraft. Em termos de pesquisa, estou me conectando com temas de Lovecraft, temas que ajudaram a formar a personalidade de Lovecraft e de certa forma relacionados com as tensões que estavam incrivelmente evidentes na sociedade americana. Haverá muito disso em Providence, a quantidade de pesquisa que estou realizando sobre a América de 1919 estará toda na estória que se baseará na realidade – não haverá uma Arkham, nem Innsmouth, mas lugares verdadeiros que eu acredito são relevantes dentro das estórias de Lovecraft e que se conectam a ele e ao mundo naquele período".
Moore também disse que Providence vai focar em uma pequena cidade da costa de Massachusetts chamada Athol (Wikipedia - Athol, Mass).
"... descobri muito a respeito dessa pequena cidadezinha da Nova Inglaterra. Provavelmente hoje eu conheço mais a respeito dela do que as pessoas que nasceram e cresceram por lá. Nós pesquisamos toda sua história, sua situação atual, diferentes mapas para que o resultado seja o mais fiel possível. Athol vai ter uma grande importância em Providence".
Ao que tudo indica, não vai ser uma continuação ou prequel de The Courtyard ou Neonomicon (ufa!), mas uma estória original sem qualquer ligação prévia com estas. O foco na realidade também parece promissor.
Há muitos rumores a respeito do tema central de Providence, mas alguns suspeitam que Moore planeja contar uma estória sobre a influência dos Mythos num mundo que descobre a existência factual de tais entidades e criaturas e que vai gradualmente enlouquecendo no processo. O que aconteceria se a humanidade de uma hora para a outra fosse confrontada com a revelação de que Deuses Negros de incrível poder e maldade estão entre nós esperando apenas o momento de despertar? Como seria a reação das pessoas? Como a sociedade iria se comportar?
Parece ser uma estória no mínimo curiosa que pode render algo muitíssimo interessante, ainda mais se ela respeitar os elementos centrais do Universo dos Mythos.
Quem sabe através de Providence, Alan Moore não consiga se redimir de seus resultados frustrantes e apresentar algo digno de nota.
Os fãs esperam ansiosos...
LOVECRAFT EALAN MOORE SÓ PODIAM DAR SAMBA.KKKKKK
ResponderExcluirWatchmen é a segunda melhor HQ que já li na vida: só perde para O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. A Piada Mortal é muito boa, mas não chega aos pés do que Miller fez. John Constantine é um grande personagem, mas a história do Monstro do Pântano em que ele estreou padecia de uma visão ideológica hipócrita, a qual continuou marcando Constantine mesmo nas histórias escritas por outros autores. V de Vingança é besteirol anarquista, e o filme só é menos ruim do que a HQ por ter excluído esse conteúdo ideológico.
ResponderExcluirE parei de ler Alan Moore depois de V de Vingança. Não li Neonomicon e, pela brilhante crítica que li a essa obra neste blog, vejo que não perdi nada: Moore usou Lovecraft para ganhar uma grana sem fazer muita força, e só. Talvez Providence seja melhor, mas, francamente, Moore, embora seja um ótimo autor de quadrinhos, é superestimado pela crítica.
Eu ainda não li muito deste cara, na verdade só fui conhece-lo justamente por causa do Love embora para minha surpresa, eu já tivesse me deparado com coisas dele, que foi com o filme da Liga Extraordinária e Do Inferno, mas eu gostei muito de Neonomicon embora não tenha achado que as cenas de sexo e tal fossem assim tão de mau gosto ou pesadas o bastante para pribir a HQ como aconteceu em muitos lugares, mas creio sim que se ele tivesse feito uma série como está acontecendo em Providence, o resultado teria sido perfeito. Lovecraft é um gênio e o mestre do horror do século XX de acordo inclusive com o King, e suas histórias, mitologias, entidades, deuses e protagonistas poderiam perfeitamente ser explorados com profundidade e empenho suficientes para gerarem muitas e excelentes séries. Parece que ele está acertando com Providence, pois a história realmente esbanja Lovecraft, e faz referências a outros ícones do horror, além de ser um sucesso absoluto de crítica, até então.
ResponderExcluirSobre os filmes Liga e Do Inferno, confesso que são filmes que eu realmente goste muito, eles de fato são bem medianos, do tipo que um público mais juvenil poderia assistir de boa, e pelo que sei do Moore, a história devia ser bem mais pesada e complexa, pra um público adulto mesmo. Por outro lado Watchman que eu também já vi, teve um monte de sexo e violência e eu detestei.