Jack, o Estripador foi um imigrante polonês de 23 anos chamado Aaron Kosminski.
Ao menos, de acordo com um autor que afirma ter desvendado a identidade do mais famoso assassino em série de todos os tempos, utilizando uma evidência de DNA.
Russell Edwards, que descreve a si mesmo como “detetive honorário”, acredita que a identidade do famoso assassino que aterrorizou a Londres Vitoriana enfim foi descoberta após 120 anos de mistério e conjecturas.
Segundo Edwards, Kosminski, que morreu confinado em um asilo para doentes mentais, é "definitiva, categórica e absolutamente" o homem por trás das sinistras mortes ocorridas em Whitechapel, no East End, em 1888.
O nome não é totalmente estranho aos pesquisadores e conhecedores dos famosos crimes. A polícia londrina havia identificado Kosminski como um suspeito, mas nunca reuniu evidências suficientes para levá-lo ao banco dos réus.
O Inspetor Chefe Donald Swanson, que liderou a parte final da investigação dos notórios crimes, sugeriu o nome de Kosminski em anotações pessoais. Segundo ele, o imigrante foi denunciado por um de seus vizinhos que desconfiava de suas atitudes. Nas palavras de Swanson, ele era "extremamente suspeito", tendo um comportamento marginal, fronteiriço ao criminoso e familiarizado com a violência. Ele também teria um grande ressentimento de mulheres, especialmente prostitutas com quem discutia frequentemente. Além disso, em uma outra anotação, Kosminski teria se gabado para um amigo que era o assassino e que sozinho havia colocado a cidade de joelhos e ainda escapado impunemente.
O indesejável Sr. Kosminski - Por muito tempo essa foi a única imagem do suspeito. |
Swanson descrevia o seu suspeito como um polonês de baixa classe social, pertencente a religião judaica e cuja família vivia nos arredores de Whitechapel.
As anotações, doadas por descendentes do Inspetor ao Museu do Crime da Scotland Yard em 2006, incluem um memorando do Inspetor Assistente, Sir Melville Macnaghten afirmando que Kosminski "tinha um grande ódio de mulheres… com fortes tendências homicidas".
Um imigrante judeu nascido na Polônia, o suspeito fugiu da perseguição religiosa em sua terra natal, na época em que o país se encontrava sob o controle da Rússia. Ele teria chegado a Inglaterra em 1881, acompanhado de sua família que se estabeleceu na Mile End, no leste de Londres, uma região pobre com cortiços ocupados em sua maioria por outros imigrantes empobrecidos.
Segundo documentos oficiais, Kosminski exercia o ofício de barbeiro em Whitechapel, mas há indícios que ele tenha também trabalhado em um abatedouro e num curtume. Pouco se sabe a respeito de sua família, mas os registros de imigração mencionam que ele chegou à Inglaterra acompanhado de pai, mãe, duas irmãs, um cunhado e um número ignorado de crianças (suas sobrinhas). Nos primeiros anos na Capital ele teria dividido um apartamento de quarto e sala com os demais, mas posteriormente passou a alugar quartos em pensões na vizinhança. Kosminski tinha um "gênio ruim", era violento - tendo brigado com o cunhado e com vizinhos, e a partir de então, andava armado com uma faca, que mostrava a quem o ameaçasse. Ele não chegou a ser preso, mas alguns policiais que o abordaram após uma bebedeira o tinham como baderneiro e criador de confusão. Seus desentendimentos com prostitutas, muito comuns na vizinhança em que ele residia, eram frequentes.
Havia uma forte onda de anti-semitismo na época em que ocorreram os assassinatos, sobretudo, depois que uma mensagem teria sido escrita num muro em Goulston Street, próximo ao local onde duas vítimas do maníaco foram encontradas. Para alguns, a mensagem identificava o assassino como judeu, por isso a inscrição foi apagada para evitar possíveis distúrbios. A autenticidade da mensagem tem sido contestada desde então.
Trabalho forense no xale pertencente a Catherine Eddowes |
A conclusão de que Kosminski seria Jack, o estripador veio através de um xale ensanguentado, pertencente a uma das vítimas do assassino. A peça foi a leilão em Bury St Edmunds, Condado de Suffolk, em 2007. Ela foi utilizada como base para uma cuidadosa pesquisa forense. Além de estar manchada com o sangue da vítima, um dois peritos encontrou traços de sêmen, que podiam pertencer ao assassino.
O sr. Edwards comentou: "Eu tive acesso a única peça de evidência forense em todo o caso de Jack, o estripador. Passei 14 anos analisando essa evidência, e com base no que descobrimos posso afirmar que o caso está resolvido. Apenas aqueles que desejam perpetuar eternamente o mito levantarão dúvidas sobre o resultado."
O matador teria assassinado pelo menos cinco mulheres, cortando suas gargantas, removendo seus órgãos internos e deixando corpos mutilados em becos escuros.
Edwards, de 48 anos, nascido em Barnet, norte de Londres, sempre foi fascinado pelo mistério e investigou o caso ao longo de vários anos. Ele acreditava que os crimes jamais seriam resolvidos, até descobrir que o xale estaria a venda e que poderia conceder alguma pista valiosa que não havia sido encontrada. A peça de vestuário, pertencia a Catherine Eddowes, e ela o estava vestindo quando foi atacada pelo assassino.
Eddowes foi uma das primeiras vítimas canônicas - definitivamente identificadas com a série de cinco crimes atribuídos a Jack, o estripador, em agosto de 1888. Seu corpo foi achado em Mitre Street na Cidade de Londres, com a garganta cortada, o abdomen rasgado e parte do rim e ovário removidos.
Com a ajuda de Jari Louhelainen, um expert em biologia molecular, Edwards utilizou técnicas pioneiras para analise de DNA em cada milímetro do xale, num processo que demorou três anos e meio para ser concluído.
"Quando encontramos traços de sêmen, que até então não sabíamos que estavam ali, ficamos animados, mas sabíamos que podia ser um tiro no escuro".
O xale havia sido retirado da cena do crime pelo Sargento Amos Simpson, que estava de serviço na noite em que o corpo de Eddowes foi descoberto. Ele retirou a peça para presentear sua esposa, mas quando o caso ganhou notoriedade, preferiu guardá-lo. O item foi mantido cuidadosamente em uma caixa e passado como um macabro souvenir de família por gerações, nunca lavado ou usado até a data do leilão.
Desenho da época noticiando a descoberta do cadáver de Eddowes |
Louhelainen cruzou os dados de DNA obtidos com a amostra coletada com seis dos mais famosos suspeitos dos crimes de Jack. A ideia era que, se algum dos notórios suspeitos possuísse um padrão condizente ao obtido, as chances dele ser o matador aumentariam consideravelmente. Descendentes de seis suspeitos cederam amostras de DNA que poderiam ser cruzadas com aquela deixada no xale, e no caso do descendente direto de Kosminski - seu bis-neto, a assinatura genética se encaixou com perfeição.
"Foi como um sonho! O perfil genético se encaixou como uma luva, com uma exatidão estarrecedora. O sêmen no xale só poderia pertencer a Kosminski ou alguém de sua família. A evidência é clara e inquestionável".
A evidência apresentada, não foi, entretanto, universalmente aceita como uma prova em definitivo. Sir Alec Jeffreys, o homem que desenvolveu a técnica que permitiu o reconhecimento de DNA há mais de 30 anos, descreveu o método usado como "interessante mas passível de análise cuidadosa por parte de outros peritos". Segundo Jeffreys é necessário realizar uma análise mais detalhada do material colhido no xale e a natureza do material obtido com os descendentes de Kosminski. "Nenhum outro perito teve acesso a esses resultados, o que é essencial para determinar a imparcialidade dos envolvidos".
Segundo críticos do processo empregado é preciso considerar que o xale realmente jamais foi lavado ou limpo nos últimos 126 anos. O maior problema é que a questão da contaminação. Por exemplo, a prova material poderia ter de alguma maneira se contaminado com o DNA dos descendentes de Kosminski no próprio laboratório o que resultaria em um reconhecimento positivo.
ASSASSINATO ATERRORIZANTE |
Quando laboratórios são contratados para trabalhar com DNA tão antigo, tal como os ossos de Neandertais e os restos da Família Romanov, a última dinastia real da Rússia, os técnicos tem de ser extraordinariamente cuidadosos para evitar qualquer contaminação. Eles também trabalharam com amostras falsas para assegurar que a análise fosse realizada sem qualquer preconceito. Além disso, para registrar um resultado positivo, os laboratórios exigiam análises duplicadas de cada amostra. Nenhum desses procedimentos, até onde se sabe, foi realizado por peritos isentos.
Se Kosminski realmente foi Jack, o Estripador, talvez jamais venhamos a saber com certeza. Ele morreu meses depois do último e mais aterrador crime atribuído ao matador de Whitechapel ocorrer. O homem que pode ter sido o mais terrível matador do século XIX, teve um fim inglório. Depois de ser internado em um sanatório para tratar de um ferimento na perna, Kosminski morreu por complicações decorrentes de uma simples infecção.
Ele foi enterrado como indigente em local ignorado.
...pode até ser...mas a mando de " alguém " ...
ResponderExcluirSerá? Muito interessante como as técnicas forenses atuais alargam horizontes.
ResponderExcluirVi a chamada para a notícia em um grande portal, mas não li pq tinha certeza que ia rolar um post (que seria mto mais detalhado) aqui no Mundo Tentacular.
ResponderExcluirO problema dessas investigações (além, é claro, das questões técnicas) são os interesses comerciais dos detetives....
Olá
ResponderExcluirEstou escrevendo por causa de um projeto que envolve a obra do H. P. Lovecraft que acho que tem tudo a ver com o site.
É a publicação de um livro ilustrado bilíngue com desenhos do reconhecido ilustrador gaúcho Walter Pax dando formas às criaturas imaginadas pelo gênio do terror H. P. Lovecraft. Junto das ilustrações, há algumas passagens de livros como O Chamado de Cthulhu e Nas Montanhas da Loucura.
Recentemente, o Pax ilustrou a versão brasileira do RPG O Chamado de Cthulhu e também já ilustrou ou participou de diversos outros livros, como a antologia The Workman, que concorreu ao prêmio Will Eisner – o “Oscar dos Quadrinhos”.
Ele me convidou para ser o editor e conseguir viabilizar financeiramente a obra, um sonho dele que é grande fã do Lovecraft. Então montamos o projeto na plataforma catarse de financiamento coletivo: http://catarse.me/Love
No catarse, as pessoas podem adquirir recompensas (a principal é comprar o livro) e se atingirmos um valor mínimo, teremos recursos para publicar o livro. Se não conseguirmos alcançar esse mínimo, todos recebem o dinheiro de volta.
Se gostar, aproveita que os 30 primeiros a comprarem o livro tem um desconto super especial. Há também outras recompensas exclusivas para os primeiros, como livros com capa dura, numerados e autografados.
Lá no site e também na página do facebook – http://www.facebook.com/pages/Love/723637884351657 – você vai encontrar mais informações. Mesmo que não possa adquirir um livro ou outra recompensa, curtir a página do facebook e compartilhar os posts já é de grande ajuda.
Inclusive, se quiser posso mandar ilustrações já feitas pelo Walter Pax para uma matéria no site ou mesmo podemos marcar uma entrevista com ele.
Qualquer dúvida, é só me perguntar.
Abraços e muito obrigado!
Alysson Ramos Artuso
http://catarse.me/Love