quinta-feira, 16 de abril de 2015

Estranhos Invasores - Anatomia dos Insetos de Shaggai (parte 2)


Há cerca de 800 anos no calendário terrestre, algo aconteceu a Shaggai. Algo que alterou para sempre a estrutura do Império construído pelo Sham e que representou a sua derradeira queda. Desde então, a decadência se instalou de tal forma que teóricos supõem que num futuro próximo a raça venha a desaparecer completamente.

Não existe um consenso a respeito do que causou a destruição de Shaggai. Os próprios Sham consideram um tabu falar a respeito desse trágico acontecimento cósmico, mas também é possível que eles mesmos não saibam o que sucedeu. Uma teoria citada nos Manuscritos Pnakóticos sugerem que um misterioso objeto celestial (talvez Ghroth, leia a respeito dele aqui) desencadeou o esfacelamento do planeta e um holocausto de luz e chamas.

Entretanto, quando Shaggai foi devastado, nem todos os Insetos foram aniquilados. Alguns deles estavam vivendo em planetas colonizados. Da mesma maneira, aqueles que estavam nos templos piramidais conseguiram escapar da aniquilação se teleportando para outras esferas. A grande maioria da espécie, entretanto, foi exterminada.

Os Sham passaram muito tempo em exílio. As atividades de um único grupo são conhecidas desde então, mas se o registro dessas jornadas podem ser levados à sério, é justo considerar que os Insetos viajaram pelo espaço extensivamente. Eles teriam resgatado outros de sua raça, ilhados em colônias com as quais perderam contato, mas após um incidente em L'ghhyx, decidiram abandonar os demais à própria sorte. O planeta havia se rebelado contra os Sham, e as formas de vida nativas por pouco não destruíram a colmeia remanescente. 

Em meados do século 1643, os Sham chegaram à Terra. Acredita-se que um de seus templos piramidais tenha apresentado defeitos que ocasionaram seu surgimento em algum lugar do Vale de Severn, atual sul da Grã-Bretanha. Segundo alguns tratados esotéricos, exploradores dos Sham teriam visitado a Terra num passado remoto, incutindo na mente humana o fascínio por construções piramidais. Essas teorias porém, jamais foram verificadas. 

Seja como for, os Sham que chegaram à Terra descobriram que certos elementos contidos na atmosfera do planeta afetavam o funcionamento de seu templo, impedindo o teleporte. Tentativas sucessivas resultaram numa explosão que enterrou de uma vez por todas, as esperanças das criaturas de retornar ao espaço ou buscar um mundo mais adequado às suas necessidades.

Apesar de desapontados com a sua condição de náufragos espaciais, os Sham tentaram lidar com o planeta que se tornou sua morada. Uma de suas primeiras medidas, foi acondicionar os escravos Xiclotl que os acompanhavam na jornada em um ponto isolado da floresta de Severn. Essas estranhas criaturas carnívoras e semi-inteligentes, ainda habitam o mesmo local onde segundo rumores encontram-se os restos do templo piramidal. Não demorou muito até os Sham se envolverem com a forma de vida dominante - os humanos. 

De seu ponto de vista, a humanidade como um todo, constitui uma raça simplória, mas com inúmeras possibilidades para seus jogos de manipulação e exploração mental. Os Sham ficaram fascinados com a noção de que humanos vivendo em sociedade, possuíam tantas normas morais, conceitos que eles adoravam perverter. Capazes de penetrar na mente de seres humanos, os Sham rejubilam-se ao despertar paixões primitivas e instaurar uma profunda decadência moral no coração de seus hospedeiros. 

No século XVI, uma colônia de Insetos conseguiram se infiltrar em um grupo de Protestantes que fugia das autoridades. Perverter o severo código moral desses terrestres foi um desafio para as estranhas criaturas que aproveitaram esse domínio para construir um Culto devotado a Azathoth. O Culto se estabeleceu no interior do Vale de Severn. Lá eles pretendiam construir uma versão primitiva das pirâmides atômicas, usando o material disponível. Seus planos foram frustrados pelo famoso caçador de bruxos Matthew Hopkins, que de posse de um encantamento conseguiu interferir com o controle que os Sham tinham sobre a mente de seus escravos humanos. 

Alguns grupos que sobreviveram, aproveitaram as correntes migratórias do século seguinte para se estabelecer em outras regiões do planeta, fundando colônias na Espanha, África do Sul, China e na Nova Inglaterra. Mesmo após terem sido derrotados, indivíduos continuaram vivendo nos recônditos do Vale de Severn, com uma existência bem mais discreta.

Apesar de terem se conformado com sua condição de náufragos em nosso planeta, os Sham e seus descendentes nascidos na Terra, continuam procurando uma forma de deixar sua prisão, por saberem que em breve as estrelas estarão certas, o que marcará o despertar dos Grandes Antigos e a destruição de toda a vida local. Nos anos 1920, os Sham, tendo detectado uma série de condições favoráveis para o retorno dos antigos, eles estiveram especialmente ativos.

É razoável afirmar que os Sham estão presentes em vários dos momentos mais lastimáveis da história humana, não apenas como meros observadores. Membros dessa raça curiosa, sentem-se atraídos por acontecimentos de extrema agitação social, que não raramente trazem à tona o pior das pessoas. Compelidos por tais circunstâncias, os Shan tentam dominar a mente de humanos em posições de poder, afim de controlar suas ações. 

Há rumores que eles estiveram ativos na Inquisição Espanhola em seu período mais nefasto. O mesmo grupo teria retornado na Guerra Civil controlando um pelotão de Soldados Fascistas com um gosto peculiar pela tortura e massacre. Indivíduos também estariam presentes nos dias medonhos que se seguiram à Queda de Nankin (na China), nas experiências abomináveis da legendária Unidade 731 e nos dias mais negros do Holodomor, a Grande Fome que varreu a URSS. Há boatos de que uma colmeia tenha controlado membros chave da S.S. nazista durante a Segunda Guerra Mundial e que eles tenham administrado campos de concentração secretos na fronteira com a Hungria. Mais recentemente, os Insetos teriam se infiltrado na cadeia de comando de líderes revolucionários na China (durante a Revolução Cultural) e no Camboja (sob o domínio do Khmer Vermelho).

Na década de 1950, os Sham renovaram seu interesse pela humanidade, uma vez que esta estava próxima de desenvolver tecnologia para empreender vôos espaciais. Segundo o muito criticado e alarmista "Livro Negro da Ufologia" - um tratado apócrifo publicado em 1969, os Sham teriam se infiltrado na Agência Espacial Norte Americana (NASA) e no Programa Soviético com o intuito de estimular pesquisas aeroespaciais. Acreditando que o envolvimento dos Sham contaminou todo a NASA, uma célula terrorista deu início a sabotagens de várias agências espaciais. Um dos rumores é que a ação mais bem sucedida desse grupo culminou com a explosão do ônibus espacial Challenger em 1986, acontecimento que retardou a Corrida Espacial em quase 20 anos. É possível que o renovado interesse em Programas Espaciais, por parte da China, da União Européia e dos próprios Estados Unidos tenha atraído uma vez mais a atenção dos Sham que ainda não desistiram de voltar às estrelas.

A população atual de Sham em nosso planeta é desconhecida. Algum supõem que ela não passe de algumas poucas centenas, enquanto outros os quantificam como milhares.

Outras estranhas anatomias dos Mythos:

Anatomia dos Fungos de Yuggoth

Anatomia das Coisas

Anatomia dos Shoggoth

Anatomia das Cores do Espaço

Anatomia dos Ghouls

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