Faltou fazer o reporte da sessão de Chamado de Cthulhu no encontro de RPG do Dungeon Next, edição de Julho.
Uma vez que se trata do cenário "O Sanatório", um dos mais clássicos de Call of Cthulhu em todos os tempos, acho que merece o registro.
O Sanatório (The Sanatorium), foi escrito pelo falecido Keith Herber, foi além de tudo a primeira aventura de Call of Cthulhu que eu joguei - lá pelos idos dos anos 1990, conforme relatei nesse artigo. Não é exagero dizer que foi ela quem me fisgou para o universo de horror cósmico lovecraftiano.
É claro, eu já havia narrado Sanatorium antes (pelo menos duas vezes em encontros de RPG), mas dessa vez eu queria atualizar a estória para a edição mais atual, a sétima. Fazer dela algo mais vibrante, tornar as ameaças mais claras e o horror mais presente. Por isso, arregacei as mangas e fiz algumas boas alterações na estrutura para comportar um roteiro mais ágil que jogasse o grupo direto na situação, sem muitos rodeios.
A aventura - presente no clássico livro Mansions of Madness, é bem simples, mas tem uma proposta muito bacana por confinar os investigadores em um lugar do qual eles não podem escapar e por confrontá-los com um clima de ameaça e urgência.
A sinopse é a seguinte: em 1924, um grupo de indivíduos, que tem bem pouco em comum é convidado para conhecer as Instalações do Sanatório North Island, dirigido pelo Dr. Jacob Adler, um renomado psiquiatra. O Asilo para mentalmente perturbados, privilegia o isolamento e se localiza em uma pequena Ilha na Costa do Estado de Massachusetts. O médico acredita que a privacidade e o distanciamento ajudam muito no tratamento de seus pacientes e por isso dirige a instituição com uma equipe mínima e somente 6 pacientes.
Os investigadores apanham a barca que os levará para a Ilha numa manhã cinzenta e chuvosa.
São eles:
- Dr. Benjamin Harper, um tranquilo psicólogo, convidado para conhecer as instalações e os modernos métodos de tratamento de seu colega;
- Emmet Bruckman, um simples fazendeiro, alistado para lutar na Grande Guerra, ele sofreu um severo trauma nas trincheiras da França que o deixou com amnésia. Ele tenta se recuperar e está sob tratamento do Dr. Harper.
- A severa Enfermeira Edith Swanson, que irá se juntar a equipe permanente do North Island. Ela ainda tenta superar a perda recente de sua mãe.
- A dupla de Reportes do Boston Globe, Cynthia Ripley e Maurice "Frenchie" Renar, fotógrafa e jornalista despachados para a Ilha com o objetivo de escrever uma estória a respeito dos revolucionários métodos de cura do Dr. Adler (mas seguindo o faro de que pode haver uma estória sórdida nos porões da instituição)
- Martin Whitcomb, um aproveitador de Boston que está visitando seu bis-avô, um Coronel da Guerra Civil, senil com 94 anos de idade e que teima em sobreviver (impedindo que Martin receba poupuda herança).
O que eles não esperam ao chegar em North Island é que estão prestes a embarcar em um tenebroso pesadelo envolvendo loucura, morte e a ameaça de uma entidade invocada além das dimensões e seu servo maníaco armado com um machado. A equipe simplesmente desapareceu, deixando as instalações sob os cuidados dos pacientes que vagam livremente sem a menor supervisão, alguns perigosos, outros aterrorizados com os acontecimentos. Primeiro eles precisam compreender o que está acontecendo, lidar com os maluquinhos, explorar as dependências uma a uma e lentamente montar o quebra cabeça que lhes permitirá compreender o que de fato aconteceu.
Parece familiar? Sim, é muito parecido com a premissa do filme Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) de Martim Scorcese com Leonardo de Caprio - que teve uma resenha AQUI no blog. Mas antes que acusem o pobre Herber de plágio, deixe-me dizer que essa estória foi escrita em 1987, bem antes do filme.
Não vou entregar muito a respeito da estória, uma vez que planejo narrar em outras ocasiões. O que posso dizer é que essa aventura é muito divertida e com muitas reviravoltas e momentos de tensão. Não apenas por ser "right in your face", mas por que o mestre nunca sabe o que esperar.
Como os personagens vão lidar com os loucos que estão vagando pela instituição? Como eles vão se preparar para enfrentar a ameaça de um maníaco armado com um machado? Como restaurar a comunicação com o continente e alertar as autoridades? Como eles vão fazer para banir a entidade maligna que os ameaça?
No final da sessão, tivemos três óbitos e uma boa dose de sanidade rolando ladeira abaixo. Um repórter francês com a cabeça partida por um golpe de machado (o ataque foi tão violento que o maníaco perdeu a arma, presa em seu crânio!), uma enfermeira semi devorada por um horror dimensional e uma obstinada fotógrafa que tentou capturar uma imagem da criatura e pagou muito caro pela sua ousadia. Mesmo os sobreviventes tiveram pouco o que comemorar, apesar de terem sobrevivido ao pesadelo, vão precisar de muito tratamento para superar tudo que testemunharam.
Em outras palavras, pura diversão no melhor estilo Chamado de Cthulhu!
Aqui estão algumas fotos da sessão e dos Handouts usados na sessão.
Obrigado a todos que participaram e nos vemos num próximo encontro. Ah sim, essa aventura contou para o Cult of Keepers da Chaosium, que reúne jogadores de todo o mundo que fazem o relato de suas sessões de jogo.
Fotos da Sessão e da Mesa de Jogo:
Esse é o Mapa do North Island que eu fiz em papel pardo:
Props & Handouts:
Nenhum comentário:
Postar um comentário