Muitas pessoas sentem uma aversão natural por aranhas. Existe algo nelas que parece incomodar e acionar algum mecanismo de defesa primitivo nos recessos de nossos cérebros, enviando um sentimento de medo e repulsa. A mera visão de uma aranha pode levar muitas pessoas a se encolher, saltar, correr ou enrolar um jornal para golpeá-las. Dificilmente alguém simplesmente ignora a presença dessas criaturas.
Agora uma pergunta complicada. Qual o tamanho que uma aranha deveria ter para que você simplesmente saísse correndo aos gritos? O quão grande deveria ser uma aranha para que você se sentisse apavorado? O tamanho de seu dedo? De sua mão? De um prato? Esse último já é grande o bastante para fazer muitas pessoas terem arrepios, mas há rumores a respeito de aranhas ainda maiores habitando selvas escuras e isoladas do mundo.
De fato, na África Equatorial, existem boatos sobre aranhas maiores do que um macaco ou do tamanho de um cachorro, que espreitam na vegetação à noite, levando horror ao coração dos homens. Essas são as aranhas que fariam os mais valentes exploradores fugirem aterrorizados, e para a qual você precisaria mais do que um jornal para esmagar.
Oculta na densa e quase impenetrável selva das regiões mais remotas da República Democrática do Congo, mas também no Camarões, Uganda e República Centro Africana, dizem que existem aracnídeos que os nativos chamam de J’ba Fofi (pronuncia-se ch-bah foo fee), nome que pode ser traduzido literalmente como "aranha gigante". As J’ba Fofi seriam aranhas parentes das tarantulas tanto na forma, quanto na coloração, com espécimes adultos exibindo uma coloração marrom escura e espessos pelos ao longo das pernas e abdômen. Mas o grande diferencial desses animais seria o tamanho, uma vez que a Aranha Gigante Congolesa poderia atingir uma envergadura total de perna com algo entre 120 e 180 centímetros. Esse chocante tamanho permite a elas buscar presas de grande porte incluindo pássaros, pequenos antílopes, macacos, répteis e anfíbios, que elas capturam em elaboradas teias armadas entre as árvores. As presas capturadas nessa terrível armadilha são devoradas de uma maneria similar ao método usado pelas aranhas caseiras, com a inserção de enzimas digestivas que liquefazem os órgãos internos da vítima, posteriormente sugados.
Missionários religiosos enviados para essa região da África, foram os primeiros a ouvir relatos sobre a existência dessas imensas aranhas. Os nativos contavam histórias absurdas sobre enormes aranhas que chegavam a capturar homens adultos após paralisá-los com seu potente veneno. Contavam sobre ninhos de aranhas subterrâneas que se escondiam durante o dia, mas saíam à noite para caçar. As estórias eram ilustradas por casos que os nativos juravam, serem verdadeiros e que envolviam incidentes aterrorizantes nos quais pessoas sucumbiam às picadas fatais e terminavam arrastadas para as tocas ou presas em teias inquebráveis.
Embora exploradores, missionários e nativos contassem estórias a respeito do avistamento de imensas aranhas nas profundezas da Selva Africana, talvez, o mais confiável relato seja baseado num registro feito por Reginald e Margurite Lloyd em 1938. De acordo com seu testemunho, os Lloyd estavam explorando uma região remota do território então conhecido como Congo Belga, quando eles viram uma forma escura espreitando na vegetação fechada bem na sua frente. À princípio, eles acreditaram que se tratava de um porco do mato, macaco, ou outro animal típico da selva. Eles pararam para observar. Foi então que viram se tratar de uma enorme criatura que os deixou aterrorizados, uma gigantesca aranha com pernas medindo 120 ou 150 centímetros de envergadura.
Antes que eles pudessem pegar uma câmera para registrar a presença da criatura ou mesmo apanhassem uma arma para abatê-la, a enorme aranha saiu em correria pelo matagal desaparecendo em poucos segundos. A senhora Lloyd ficou profundamente abalada pelo incidente e implorou ao marido que os dois retornassem o quanto antes para sua casa na Rodésia.
Outro relato de aranhas gigantes veio de Uganda em meados de 1890, quando um missionário britânico chamado Arthur Simes estava explorando a ribanceira do Lago Nyasa. A medida que Simes e seus companheiros estavam caminhando pela margem, vários de seus carregadores acabaram ficando presos em um emaranhado de teias que estava espalhado pelo caminho. Eles tentaram se livrar dos fios, mas mesmo suas facas e machados encontravam dificuldades em romper a estranha tecitura acinzentada. Logo em seguida, ao menos duas aranhas gigantes com pernas com mais de 1,20, desceram da copa das árvores se lançando sobre os homens. Simes conseguiu sacar sua pistola e desferiu vários tiros espantando as criaturas. Momentos depois de terem sido mordidos, os carregadores começaram a delirar e sofrer espasmos; suas extremidades muito inchadas e a pele ao redor dos ferimentos escurecida pululando com o veneno. Todos aqueles que foram mordidos acabaram sucumbindo, conforme registrou Simes em seu diário.
Mas nem todos os relatos são de exploradores do início do século passado. Existem também muitos relatos sobre Aranhas Gigantes coletados por expedições na região em busca de outro criptídeo, o legendário descendente dos sáurios, Mokele-mbembe. Estas expedições ouviram frequentes estórias a respeito das temidas J’ba Fofi. O famoso naturalista e criptozoólogo, William J. Gibbons, conseguiu coletar testemunhos muito detalhados a respeito das J’ba Fofi durante suas muitas incursões no Congo em busca do Mokele-mbembe.
Através de entrevistas com nativos de tribos locais, logo ficou claro que estes não apenas sabiam da existência das aranhas gigantes como as encontravam, tendo conhecimento de seu comportamento e de seu ciclo natural. Os nativos contaram que os ovos das aranhas gigantes eram brancos ou de um amarelo pálido do tamanho de uma amora grande, e que eram deixados em aglomerados embrulhados em teias na vegetação selvagem. Os ovos eram evitados a todo custo pois a mãe sempre estava próxima de sua ninhada, protegendo-a contra qualquer perturbação. As jovens aranhas, ainda segundo os nativos, nasciam com uma coloração amarelada e o abdômen arroxeado, tornando-se gradualmente mais escuras a medida que cresciam até chegar à idade adulta, quando o corpo assumia uma cor marrom escura.
Seu método preferido de caçar consistia em deixar armadilhas para suas presas em passagens ou entre o vão de árvores. As teias além, de resistentes seriam extremamente grudentas, capazes de restringir os movimentos daqueles que ficavam grudados nelas. Muitos animais acabavam presos, incapazes de escapar dos filamentos e se esgotavam fisicamente, facilitando o trabalho das aranhas. De hábitos noturnos, as aranhas gigantes deixavam suas tocas no alto das copas ou no interior de tocas rochosas apenas depois que o sol se punha. Elas deslizavam silenciosamente pela selva sombria, verificando suas armadilhas em busca de presas capturadas ao longo do dia. Após remover seus troféus, elas remontavam as teias rompidas e voltavam para suas tocas para sua ceia.
Os nativos contaram que o veneno das aranhas gigantes era poderoso o bastante para derrubar um homem adulto em poucos segundos. Eles não coletavam o veneno, pois depois de ser extraído das aranhas, este perdia sua potência rapidamente. Os nativos contaram a Gibbons que no passado as J’ba Fofi eram muito mais comuns nas selvas e que elas se tornaram mais raras a medida que caçadores começaram a repelir sua presença e caçá-las. O fogo e as tochas são a principal arma para expulsá-las. Seu número diminuiu muito e elas se tornaram cada vez mais raras, muito embora os nativos garantissem que elas ainda eram vistas nas partes mais profundas da selva. Segundo um caçador, as aranhas gigantes apareciam a cada 5-7 anos, especialmente nas épocas de maior calor.
O naturalista conseguiu rastrear relatos a respeito da atividade de aranhas gigantes nas tórridas selvas africanas até meados do ano 2000, quando ele ouviu de um chefe da Tribo Baka, no interior do Camarões, que as J'Ba Fofi haviam construído um ninho nas proximidades da aldeia um ano antes. O chefe Baka contou que uma aranha de 1,20 havia sido abatida pelos caçadores.
As informações obtidas por Gibbons eram intrigantes, não apenas pelo grau de detalhamento, mas por que elas demonstravam que as tribos da área realmente tinham conhecimento sobre a J’ba Fofi. Mais do que isso, eles afirmavam ter visto as criaturas repetidas vezes. As descrições detalhadas do ciclo de vida das J’ba Fofi, com menção aos seus ovos e a mudança da coloração, eram condizentes com o comportamento de várias aranhas ao redor do mundo, sugerindo que os nativos sabiam do que estavam falando. Além disso, a maneira como eles se referiam aos animais era bastante direta, eles não os encaravam como animais espirituais ou mitológicos. Tratavam delas como qualquer outro animal selvagem perigoso, como leões e crocodilos com o qual se devia tomar cuidado. Além disso, a descrição era muito clara e variava pouco de tribo para tribo.
Apesar do fato de que nenhuma aranha gigante tenha sido encontrada pela ciência não há motivos para acreditar que os animais não existam ou que os nativos estariam mentindo para os pesquisadores. O código de várias tribos de caçadores exige que eles sempre contem a verdade sobre os animais encontrados e não inventem a existência desses animais. Em algumas tribos, mentir sobre o avistamento ou inventar sobre um determinado animal é uma espécie de tabu, algo evitado, pois a transgressão pode resultar no banimento do caçador.
É importante ter em mente que espécies de animais são descobertas até hoje, incluindo em alguns casos criaturas que se julgava fantásticas e/ou absurdas. O gorila, o okapi e o panda, até alguns séculos faziam parte da lista de animais cuja existência era muito questionada e cuja confirmação só foi comprovada cientificamente no último século. Antes porém, testemunhos de nativos davam como certa a existência de tais animais. Quem pode dizer o que existe no interior de uma selva escura e isolada em um dos últimos lugares inexplorados pelos humanos?
O problema com as estórias a respeito de aranhas gigantescas vagando pelas selvas da África não é a falta de avistamentos já que muitos nativos mencionam a existência desses animais, não é também a ausência de evidências físicas a respeito delas. O maior problema com a confirmação da existência das J’ba Fofi, ou de qualquer tipo de aranha gigantesca ao redor do mundo, está mais ligado a fisiologia.
Há dois grandes obstáculos para aceitar a existência de aranhas gigantes, sendo que o primeiro diz respeito a respiração. Aranhas possuem pulmões em forma de livros, seu sistema respiratório alterna camadas de pele e bolsões de ar responsáveis por levar o ar para todas as partes do corpo em um mecanismo semelhante ao de vários insetos. O problema é que com esse método de respiração, muito eficiente em animais de pequeno porte, seria bastante falho em animais de grande porte. De fato, o que impede as aranhas de crescer além do tamanho que temos conhecimento é justamente esse limitador envolvendo a respiração.
É certo entretanto, que no passado existiam na natureza vários insetos enormes vagando pela Terra primitiva, milhões de anos atrás. Contudo, naquela época havia uma saturação muito maior de oxigênio na atmosfera, o que compensava a insuficiência respiratória desses animais e permitiam que insetos, inclusive aranhas, crescessem a proporções notáveis. Essa limitação do sistema respiratório dos aracnídeos parece limitar o crescimento das aranhas ao tamanho da Aranha Golias (Theraphosa blondi), que tem a maior envergadura de pernas entre as aranhas rasteiras, com 28 centímetros e um peso de 170 gramas. A enorme aranha caçadora Heteropoda maxima, não é tão pesada, mas pode atingir uma envergadura de pernas de até 30 centímetros. Esta espécie curiosamente foi descoberta apenas em 2001 nas selvas do Laos, a despeito de sua existência ser reportada há décadas por nativos. Essas duas espécies são enormes e assustadoras, mas não são nada quando comparadas aos testemunhos a respeito da J’ba Fofi.
Mas ok, digamos que as aranhas gigantes da África de alguma forma evoluíram para um radical novo tipo de sistema respiratório que permite a elas crescer além das limitações impostas a outros aracnídeos. Mesmo que esse seja o caso, há outro problema, talvez até mais complexo para transpor: seu exo-esqueleto. O problema com o exoesqueleto é que este é muito pesado, o que para animais menores não chega a ser um problema pois eles são comparativamente mais fortes. Entretanto em animais maiores não é possível que um animal dotado de exoesqueleto consiga tolerar seu peso a medida que se desenvolve. Um animal de grande porte não seria capaz de carregar uma casca tão pesada e acabaria eventualmente esmagado pelo próprio peso.
É um desafio formidável para qualquer artrópode superar a desvantagem de ser muito grande e isso só é conseguido por força bruta e uma distribuição de peso pelos ossos. É importante comentar que na natureza até existem casos de artrópodes imensos dotados de exoesqueleto, o caranguejo aranha japonês, por exemplo pode atingir até três metros, contudo tal animal tem o benefício de viver de baixo da água a uma profundidade que lhe permite suportar seu peso. Isso não significa que não existam artrópodes terrestres como o caranguejo do coqueiro que pode crescer até um metro de comprimento e pesar mais de 4 quilos. Mas este é possivelmente o maior tamanho que uma criatura dotada de exoesqueleto pode atingir fora da água. Além disso, qualquer pessoa que observe tal animal perceberá como ele se move lentamente. Considerando isso, é realmente difícil imaginar uma aranha tão grande correndo ou mesmo deslizando graciosamente pela selva, parece simplesmente inconcebível tal animal conseguir perseguir suas presas e mais ainda capturá-las em fuga.
Ainda que as selvas inóspitas e pouco exploradas do Continente Negro certamente possam ocultar enormes animais ainda desconhecidos, as restrições físicas da J’ba Fofi parecem difíceis de serem superadas, e nos deixam céticos sobre sua existência. Mas se esse é o caso, o que então, tantos nativos teriam visto, em regiões tão diferentes e distantes da África? Mais ainda, por que essas estórias continuariam a ser contadas? É possível que as testemunhas tenham encontrado aranhas de tamanho surpreendente e mesmo assim, tenham exagerado na descrição? Seriam essas informações desencontradas a descrição de algum outro animal que não uma aranha? Os nativos parecem acreditar na existência de tais animais, será que nenhum desses testemunhos podem ser levados à sério?
As respostas para essas questões repousam no coração das selvas intransponíveis, onde segundo as estórias as J’ba Fofi reinam. Até que alguém explore essa fronteira selvagem por inteiro, talvez seja melhor respeitar os mistérios e os relatos contados pelos nativos. Apenas no caso desses relatos terem um fundo de verdade.
deverm ser aranha de outra dimensao como os bichos do filme o nevoeiro.
ResponderExcluirSpawns of Atlach-Nacha.
ResponderExcluirA maior aranha que já vi tinha o diâmetro de um prato raso, algo em torno de 12 centímetros. Era uma espécie tarântula amazônica e estava (ou ainda está) no laboratório de biologia da Universidade Federal de Ouro Preto. Com as patas esticadas chegava a 30 cm de comprimento.
ResponderExcluirO ideal é que se capturasse uma aranha gigante para ver o que a fez crescer tanto. Será um tipo diferente de pulmão? Será que seu exoesqueleto é tão grosso proporcionalmente quanto o de um aracnídeo normal?
Será que... Pois é, sem um espécime não há nem como saber se realmente existe uma aranha de 1.50m.
Vi em um documentário de biologia que é impossível aranhas desse tamanho.
ResponderExcluirNão é por nada não,mas se nos não conhecemos todos os animais existentes na terra,o que prova que é impossível uma aramha dessas?Só por ser uma aranha?ela pode ter muito bem se adaptado ao longo dos anos,lembre das evoluções que os animais sofrem ao longo dos milênios.mas cada um acredita no que quiser
ExcluirA maior que vi foi uma armadeira de 15 cm
ResponderExcluirDe pata a pata
E 10 da cabeça a abdômen
Era do diabo FDP
Aranhas não são insetos.
ResponderExcluirParabenizo o Mundo Tentacular por suas matérias.
ResponderExcluirSou viciado no “fantástico, louco e misterioso”
Acho que minha vó é meio que culpada por isso. Ela era uma fonte quase inesgotável de lendas, contos, e malvadezas de criaturas, seres e assombrações, que segundo ela faziam parte de sua infância e que ela jurava pra quem quer que duvidasse, serem reais.
E quantas lendas, reais ou não ainda caminham por ai neste mundo onde o homem, mero observador ou vítima existe.
O que mais gosto daqui e que no decorrer das lendas e historias, existem observações mais “pé no chão”, como eu explicava a poucos dias a impossibilidade de uma aracnideo do tamanho de uma pessoa para uma colega. Hehehe.
Que continue assim Mundo Tentacular.