quinta-feira, 27 de abril de 2017

O Último Covil - A Base Secreta do Reich na Antártida


Muitas pessoas sustentam que, perto do final da Segunda Guerra Mundial, os nazistas estavam trabalhando com armas avançadas experimentais. Sussurros a respeito de tecnologias estranhas, com um alcance e poder inacreditável, engenhos que poderiam reverter o futuro do conflito que já pendia para o lado dos Aliados. Era a Wunderwaffen, as Armas Secretas de Hitler, que segundo alguns incluíam um arsenal nuclear, armas de energia destruidoras baseadas em projetos de Nikola Tesla, aviões super-sônicos e até mesmo misteriosos discos voadores conhecidos pelo nome código "Die Glocke" (O Sino).

[Nós já falamos a respeito disso em artigos anteriores, se não leu, dê uma olhada ao longo desse mês dedicado ao lado mais estranho da Segunda Guerra Mundial]

Mas ainda que haja muita literatura a respeito, muitas dessas coisas não passam de lendas e projetos que beiravam a ficção científica. Ou será que não?

O que sabemos ao certo, é que os Nazistas realmente produziram uma grande variedade de projetos com tecnologia inovadora, que incluíam foguetes orbitais, mísseis balísticos, os primeiros dispositivos de visão noturna, e muitas outras invenções incríveis para a época. Mas em algum lugar entre os fatos históricos e a ficção especulativa a respeito das conquistas nazistas, existe uma conspiração que de tempos em tempos insiste em vir a superfície e ganhar fôlego: os nazistas construíram ou não uma Base Secreta no Polo Sul.


De fato, é verdade que os Nazistas realizaram expedições de cunho científico à Antártida, que combinavam o interesse de se estabelecer em lugares de importância estratégica, com a busca por relíquias, que guiavam as crenças esotéricas de membros chave do Reich. Para alguns, Ultima Thule, o centro de uma Civilização de origem ariana estaria oculta em algum recesso isolado do globo. Sua descoberta era uma das ambições nazistas, a prova definitiva de que eles seriam os herdeiros de um povo superior, cujo legado era a dominação sobre os inferiores. 

A Antártida, uma fronteira praticamente desconhecida, quase intocada pelo homem poderia sinalizar com segredos até então insondáveis e dar a eles um trunfo inesperado.

Os teóricos sugerem que os alemães estavam muito interessados em estabelecer sua presença no Continente Gelado. Para alguns, os planos contemplavam criar uma cabeça de ponte onde eles poderiam construir suas armas e se refugir no caso de uma derrota na Europa. Lá eles poderiam erguer um complexo bélico que lhes permitiria continuar lutando indefinidamente. Também seria o refúgio final para os Herdeiros Arianos, o lugar escolhido para plantar as sementes da "Raça Mestre" e de um novo e duradouro Reich.

E assim, surgiu o longevo Mito de uma Base Secreta construída na Antártida. 


A natureza prolífica de teorias a respeito dessa "base secreta" se tornou matéria de um trabalho apresentado recentemente por Colin Summerhayes, um pesquisador da Universidade de Cambridge e membro do Instituto de Pesquisa Polar Scott. O título da monografia era bombástico: "A Base Antártida de Hitler: Os Mitos e a Realidade". A monografia foi debatida pelo autor Daniel Oberhaus, que ao longo dos anos se converteu em uma espécie de especialista a respeito da existência factual de da base montada nos dias finais da Guerra.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, tanto Summerhayes quanto Oberhaus são historiadores respeitados e não meros "teóricos da conspiração", teimosos e incapazes de sustentar suas ideias. De fato, os dois realizaram uma extensa pesquisa a respeito dos planos do alto comando alemão e sua ideia de expandir o Reich para o Continente Gelado. Surpreendentemente, a dupla conseguiu desencavar documentos que mostram a existência de planos nesse sentido, ainda que nenhum deles prove a existência de alguma base perdida.

Examinando o que Summerhayes tem a dizer a respeito do assunto, encontramos documentos tratando da aparição de submarinos (U-boats) na costa da Argentina pouco antes do fim da guerra, e alguns após a rendição alemã. Segundo o autor, vários desses submarinos teriam seguido para o sul, estabelecendo-se em lugar ignorado. É conhecida a teoria de que os alemães destruíram alguns de seus U-boats para que eles não caíssem nas mãos dos aliados, contudo vários pesquisadores duvidam que as tripulações tenham cometido suicídio após destruir suas embarcações. A possibilidade dos submarinos terem sido levados para uma base secreta sempre foi controversa.


A teoria da Base Secreta encontra paralelo em outro incidente altamente debatido e controverso. A "Operação Highjump", uma missão conduzida pela Marinha Norte-Americana após a rendição dos Nazistas na Europa e o término oficial do Conflito. A Operação teria como objetivo caçar os últimos nazistas remanescentes que teriam se refugiado no Continente Gelado em uma base secreta de super-tecnologia. 

A Base teria sido construída antes do início da guerra e expandida ao longo dela. Em dezembro de 1938, um cargueiro alemão sob o comando do Capitão Alfred Ritscher teria deixado o Porto de Hamburgo seguindo para a Antártida em uma missão secreta. Equipado com dois hidroaviões Dornier Wal, a Expedição Alemã explorou mais de 200,000 milhas quadradas do território congelado, mapeando e demarcando a região em um esforço para tomar posse das terras batizadas com o nome Neuschwabenland. Especialistas da Ahnenerbe nessa viagem capturaram pinguins, plantaram sementes experimentais, procuraram Reservas de Vril e Linhas de Ley. Após o retorno de Ritscher em abril de 1939, os alemães planejavam criar um refúgio inexpugnável com instalaçõe spara construção de armas avançadas.

Durante a Guerra, tanto a Ahnenerbe quanto a MFA devotaram recursos para que o Ponto 211, o nome código do refúgio, fosse desenvolvido. Na primavera de 1945, a base já possuía um aeroporto e estações para submarinos, além de bunkers com estoques de suprimentos, munições e combustível, além de uma população de quase mil pessoas. 

Ou ao menos, é nisso que alguns acreditam.  


Não existe qualquer prova da construção dessa base. Também não há nenhuma prova a respeito da Operação que a destruiu. Nenhum documento ou indícios factuais corroborando os incidentes, embora testemunhas que teoricamente participaram da missão tenham revelado dados curiosos. Summerhayes e outros pesquisadores acreditam que a operação inteira tenha sido acobertada em face das descobertas feitas pelos oficiais americanos na tal base secreta. Segundo o estudo de Summerhayes, apenas a intromissão da Operação Highjump em 1946 conseguiu frustrar os planos nazistas de retomar a Guerra.    

Segundo os boatos, Highjump teria sido um sucesso graças a mobilização de navios e aviões que destruíram a base em um bombardeio maciço que se seguiu a um embate aéreo. Uma invasão posterior revelou que o complexo nazista estava prestes a se tornar operacional e que em seu interior estavam as plantas e os protótipos de centenas de armas e tecnologia ultra-secreta, contrabandeadas por submarino até a Base Secreta. 

Os americanos teriam mantido todos os acontecimentos relacionados a Highjump em segredo com o intuito de conservar as descobertas apenas para si mesmos. Tamanha tecnologia não deveria, no entender dos militares, ser compartilhada, nem mesmo com seus aliados, quanto mais num momento delicado em que os soviéticos sinalizavam como a próxima grande ameaça a ser confrontada.

Dada a ausência de provas e informações sobre a existência da Base Secreta Nazista desmantelada por Highjump, não é de se surpreender que a maioria dos historiadores duvidem que a Operação tenha sequer ocorrido.


Alguns elementos criados pelo mito da Base Secreta, no entanto, permanecem. Segundo Summerhayes, "atividades desse tipo eram tratadas como ultra-secretas e compartilhadas apenas com o alto-escalão do Comando militar nazista". Contudo, os poucos documentos que mencionam planos para a construção de uma base dessa natureza, parecem sugerir que não havia nada concreto e que os planos jamais saíram da prancheta.

Outras especulações apontavam para rumores a respeito da construção de um complexo subterrâneo onde o Projeto Glock teria sido continuado. Para alguns teóricos os cientistas e engenheiros desse projeto teriam sido mobilizados para a Antártida por um motivo muito particular: as expedições científicas teriam encontrado enterrado no gelo eterno construções ancestrais pertencentes a civilizações desconhecidas, povos que teriam desenvolvido uma tecnologia muito avançada, que estava abastecendo a indústria militar dos nazistas.

Existe ainda a teoria de que os nazistas teriam encontrado veículos voadores alienígenas no gelo e que, ao desmontar esse equipamento tenham dado início ao Projeto Sino. Toda essa especulação contribuiu para que as pessoas desacreditassem as suposições. Ainda que, após sua aposentadoria, um oficial da marinha, o Almirante Richard Byrd, tenha afirmado na década de 1960, que a Operação Highjump de fato aconteceu, e que graças a ela, os americanos tiveram um salto tecnológico sem precedente.   

Colocando todas essas especulações fantásticas de lado, o que temos são poucas provas para sustentar muitas teorias. Realmente, as teorias parecem não resistir a uma análise criteriosa e razoável... quer dizer, francamente: Nazistas construindo uma base secreta na Antártida?


Mas quando as coisas pareciam resolvidas, a realidade dá um jeito de colocar aquela pequena dúvida na história apresentando uma nova evidência.

Em Outubro do ano passado, o Jornal britânico "The Independent" publicou uma matéria sensacional a respeito de uma descoberta feita por cientistas russos. Ao explorar uma região isolada, eles encontraram algo inesperado; uma Base Secreta Nazista estabelecida no Ártico.

Antes que alguém possa começar a traçar conjecturas, é preciso dizer claramente que a "base secreta" está bem longe de ser o complexo tecnológico previsto pelos teóricos da conspiração. Para começar, a Base revelada pelos russos se encontra no extremo oposto do Globo, localizada na Terra de Alexandra, a cerca de 1,000 quilômetros do Polo Norte. Ela teria sido construída pelos alemães em 1942, ano em que Adolf Hitler invadiu a União Soviética

Com o nome de código "Schatzgraber" ou "Caçador de Tesouros", a base era na realidade uma estação de monitoramento de temperatura e clima. Os alemães estabelecidos no local pareciam interessados em verificar os melhores dias para incursões e quando era desaconselhável realizar vôos ou avanços pelo território soviético. Atendendo a esse propósito estratégico, a Base teria operado com uma equipe pequena, mas bem equipada, suprida por uma linha de submarinos que levava até os indivíduos instalados suprimentos, equipamento e informações. Havia um bunker enterrado na neve, um pier e um ancoradouro para submarinos.


Segundo os diários coletados no que restou da Base, ela teria sido abandonada depois que os cientistas residentes contraíram uma doença após se alimentarem da carne de um urso polar em 1944. O grupo teria pedido socorro e um U-Boat foi enviado para fazer a evacuação.

A despeito de seu propósito, a base secreta foi descoberta 72 anos depois de ter sido abandonada e permaneceu em condições perfeitas, preservando em seu interior cerca de 500 objetos que foram coletados pelos exploradores russos: documentos e pastas, caixas com suprimentos, munições, rádios e equipamento científico.

É claro, a descoberta da Base no Ártico, não prova a existência de uma instalação similar na Antártida. Entretanto, ela sem dúvida levanta suposições e acende a curiosidade de todos. Afinal, se essa base permaneceu oculta por tanto tempo, seria realmente impossível que outra instalação existisse em algum recôndito do planeta - talvez até na Antártida, esperando ser encontrada?

3 comentários:

  1. Quantos artigos sobre o lado estranho da Segunda Guerra Mundial faltam ser publicados ? Haverá artigos sobre casos estranhos de outros conflitos militares ?

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  2. Opa Leonardo, para ser sincero nem eu sei ao certo. Mas há muito material esperando na fila e olha que nem comecei ainda a falar sobre o Japão e outras coisas bizarras na Guerra do Pacífico.

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