segunda-feira, 23 de outubro de 2017

As Mortes no Submarino - Crime Macabro choca a Dinamarca


A polícia dinamarquesa anunciou no início de outubro a descoberta de restos humanos, que pertenciam à jornalista sueca Kim Wall, que desapareceu em meados de agosto, quando pretendia realizar uma reportagem a bordo de um submarino projetado pelo inventor Peter Madsen. Ela havia viajado para a Dinamarca com o intuito de conduzir uma entrevista especial para seu programa.

Kim, de 30 anos de idade, era uma profissional bastante conhecida na Suécia, respeitada pelas suas reportagens investigativas nos países nórdicos. Wall era tida como uma das principais jornalistas da Suécia, âncora de dois programas de variedades com grande audiência e ganhadora de diversos prêmios. Ela residia na Suécia, mas era contratada de emissoras norte-americanas para quem prestava serviços de correspondente internacional nos países nórdicos.

O desaparecimento da repórter vinha sendo investigado pela polícia dinamarquesa, que pediu auxílio da Interpol para tentar elucidar o caso. Temia-se até mesmo por possíveis retaliações, da parte de grupos criminosos e neonazistas, que haviam feito ameaças contra a vida da repórter. A medida que as investigações progrediam, a verdade se mostrou ainda mais bizarra e perturbadora.


Kim teria desparecido após um encontro com Peter Madsen. O inventor afirmava que os dois haviam realizado uma entrevista preliminar a bordo do submarino experimental de Madsen, mas que esta seria repetida a pedido da repórter na semana seguinte. Ela não entrou mais em contato depois desse suposto encontro e não respondeu a nenhuma tentativa de contato por parte da assessoria de Madsen.

Os primeiros indícios de que algo sinistro havia acontecido foram encontrados cinco dias após o sumiço da repórter, quando um saco contendo roupas, mais tarde identificadas como pertencentes a Wall, foi achado numa praia. As roupas estavam enroladas junto com uma faca e dois tubos de metal pesado para que afundassem. Sinais de sangue sinalizavam uma tragédia. O saco plástico foi lançado pelas ondas numa praia isolada na Baía de Koge, cerca de 50 quilômetros ao sul de Copenhague.

A polícia decidiu manter a descoberta em segredo enquanto conduzia buscas com mergulhadores contratados para vasculhar todo litoral. Análises da maré determinaram onde um corpo poderia aparecer com maior probabilidade. Três dias mais tarde, os mergulhadores descobriram um par de pernas enrolados em uma lona, junto com pesos de chumbo que forçaram seu afundamento.


Antes mesmo do exame de DNA ser realizado, os mergulhadores encontraram uma sacola de viagem contendo uma cabeça de mulher. Um dentista legista confirmou que se tratava da cabeça de Kim Wall. O torso foi achado alguns dias mais tarde enterrado em uma praia na mesma região, os membros haviam sido deliberadamente seccionados, segundo a necropsia, com o uso de uma serra.

Para a polícia, o principal suspeito do crime, desde o início, era o engenheiro naval Peter Madsen, um pioneiro na pesquisa e desenvolvimento de veículos submarinos privados. Foco da matéria que a repórter estava produzindo, Madsen, de 46 anos, se diz inocente, apesar de todas as evidências reunidas contra ele. Tratado como uma espécie de celebridade na Dinamarca, o inventor foi o responsável pela construção do Náutilus, o maior e mais moderno submarino particular do mundo. O veículo experimental com quase 20 metros de comprimento foi totalmente desenvolvido por Madsen, que havia firmado um contrato com importantes empresas para exploração submarina.

Três dias após o suposto encontro com a repórter, Madsen foi resgatado pelas autoridades dinamarquesas em Oresund, entre a costa da Dinamarca e Suécia, após o inesperado naufrágio do Nautilus. A polícia acredita que o inventor provocou o naufrágio propositalmente para ocultar pistas que poderiam ser encontradas a bordo do veículo. A embarcação foi localizada e erguida à superfície, mas a perícia não foi capaz de encontrar evidências à bordo dos compartimentos que foram totalmente alagados.


Detido logo após a confirmação de que a cabeça pertencia a Kim Wall, Madsen foi indiciado por assassinato e atentado a integridade de um cadáver.

Interrogado a respeito de seu envolvimento, o inventor à princípio negou saber de qualquer coisa, mas posteriormente mudou sua versão, afirmando que durante a entrevista com a repórter dentro do Nautilus, esta sofreu um "acidente fatal". Uma porta de escotilha pesando mais de 70 quilos teria atingido a cabeça de Kim, fraturando o seu crânio. Temendo a repercussão negativa, o inventor decidiu lançar o corpo ao mar próximo da Baía de Koge. De acordo com seu relato, o cadáver estava intacto, sem qualquer outro sinal de violência.

A perícia, no entanto, examinou a cabeça e ressaltou que o crânio não apresentava qualquer sinal de fratura causada por choque.

O caso se tornou ainda mais bizarro quando a vida pessoal de Peter Madsen começou a ser esmiuçada pelos investigadores. Rico, casado e bem-sucedido, Madsen havia sido acusado na juventude de violência sexual, mas o delito foi removido de sua ficha criminal por ter sido cometido quando ele era menor de idade. Ele não se envolveu em nenhuma outra atividade criminosa desde então. Testemunhas que tinham uma vida próxima de Madsen vieram à público afirmando que ele tinha um comportamento considerado peculiar quanto a uma série de temas. Algumas colegas o consideravam misógino e agressivo, sobretudo ao tratar com mulheres. 


A acusação alega que o inventor assassinou Kim Wall para satisfazer uma série de perversões sexuais e que, em seguida, desmembrou e mutilou o corpo para que este não fosse descoberto. O exame pericial estabeleceu que a causa da morte foi perda maciça de sangue, o que pode indicar que a vítima foi desmembrada ainda viva! Foram encontrados, além disso, múltiplas mutilações infligidas na área genital da vítima e sinais de violência sexual.

A polícia relacionou os ferimentos sofridos, inclusive incisões genitais, cortes profundos e queimaduras por cigarro, com ferimentos encontrados em cadáveres de mulheres achados em alto mar. As investigações apontam que Peter Madsen pode ter feito várias outras vítimas e que ele costumava se livrar dos corpos, desmembrando-os e depois lançando-os ao mar enquanto testava seu submarino. Restos humanos, pertencentes a mulheres, sobretudo prostitutas, em condições similares à sofrida pela repórter, foram encontrados nos últimos cinco anos. Investigadores dinamarqueses já suspeitavam da ação de um assassino em série, mas não tinham ideia do modus operandi dele.

Não está descartada a possibilidade de que Madsen usou o Nautilus como palco para este e muitos outros assassinatos. Supõe-se até que o assassino levava as mulheres para o interior do submarino, que servia como um local seguro para sessões de tortura e morte e onde, mais tarde, era realizada a vivisseção dos cadáveres. A notícia bombástica repercutiu na Dinamarca e causou embaraço para várias celebridades da política e negócios, uma vez que o acusado era amigo de pessoas influentes.

O mais chocante ainda estava para ser descoberto.


A polícia descobriu que Peter Madsen possuía uma casa alugada com nome falso no litoral de Koge e que costumava passar algumas noites no imóvel sob pretexto de estar trabalhando. Um computador foi apreendido dentro da casa e nele os peritos descobriram um disco rígido contendo várias horas de filmagens com torturas, cirurgias e decapitações. As vítimas nas filmagens, descritas como abomináveis pela Promotoria de Copenhagen, eram todas mulheres, algumas já identificadas como vítimas cujos restos apareceram na área.

Policiais que tiveram acesso ao conteúdo do computador afirmam que o material fetichista é aterrorizante e denota que Madsen vinha agindo há muito tempo, certo de sua impunidade. Nas imagens, o responsável pela tortura não pode ser identificado por usar máscara o tempo todo.

O inventor nega que o computador fosse seu e alega que está sendo vítima de uma campanha de difamação em face de seus contratos estabelecidos. No momento ele se encontra preso sob a acusação formal de assassinato. Ele vem sendo mantido isolado para que sua integridade seja preservada, já que foi ameaçado de morte por outros detentos.


Os restos do cadáver da jornalista foram enviados para a Suécia. Amigos íntimos acreditam que Kim Wall poderia suspeitar da participação de Peter Madsen em atividades criminosas e que a reportagem a respeito do submarino pudesse ser uma desculpa para se aproximar do inventor e avaliar suas suspeitas. É possível que, em algum momento, suas intenções tenham sido descobertas pelo criminoso. Outra possibilidade é que ela tenha tido apenas o azar de ter sido mais uma vítima de um monstro.

Horrível em cada aspecto e implicação, a morte de Kim Wall mostra que monstros, cruéis e sádicos, podem surgir em qualquer lugar e se esconder sob uma máscara de normalidade e genialidade. Mas que quando esta máscara ;e removida, tudo o que resta é o horror.


5 comentários:

  1. Muito interessante. Parabéns pelo texto e mantenha o ótimo trabalho!

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  2. Que horror! Triste fim para essa competente repórter. Que Deus a tenha em bom lugar. E que esse monstro pague por seus crimes!

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  3. Otimo artigo, e mostrando como a realidade é terrivel.
    Mas senti falta de datas. Quando aconteceu tudo isso?

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  4. Excelente artigo. Nao sei porque, mas essa história me lenbrou o livro Millenium: Os Homens que não Amavam As Mulheres. A real

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