Armas dos Antigos II - A Invencível Lança do Destino

Outra arma dos antigos saída da Bíblia é o poderoso artefato místico conhecido como A Lança do Destino, também chamada de Lança de Longinnus, uma vez que foi usada pelo centurião romano Longinnus para perfurar o flanco de Cristo durante a crucificação. Segundo as lendas, a lança concede aquele que a detém poderes sobrenaturais, indo até mais além ao afirmar que aquele que possui a Lança do Destino domina o mundo.

De fato, a lenda diz explicitamente: "Aquele que possuir a Lança sagrada e compreender os poderes nela contidos, terá em suas mãos o destino do mundo para o bem ou para o mal". 

Talvez seja por esse motivo que muitos líderes mundiais, reis, imperadores e conquistadores através da historia registrada buscaram incessantemente encontrar e possuir esse artefato. Figuras como Átila, o Huno, Herodes, o grande, o Imperador Constantino, Alarico, Teodorico, Carlos Martel, Carlos Magno, Frederico Barbarosa, Henrique I, Otto I, e o Papa João XII, entre muitos outros homens, afirmaram ter obtido sucesso em suas buscas pela lança, tendo a encontrado.

O problema, aparentemente é que mesmo tendo sido supostamente descoberta sucessivas vezes, a lança sempre tende a desaparecer novamente. Há lendas de que um artefato tão poderoso jamais poderia ficar nas mãos de uma pessoa e que portanto, a Lança do Destino desapareceria como por encanto, levando os poderosos à ruína. 

Ou talvez, simplesmente ela jamais tenha existido.

Existem incontáveis documentos e narrativas conflituosas sobre o que teria acontecido com a lança depois de deixar as mãos dessas pessoas proeminentes, todas essas histórias ficam ainda mais confusas pelo fato de que existiriam centenas de fraudes ou recriações do artefato, criadas ao longo dos séculos. Durante a alegada posse da lança por parte de Constantino, o Grande, Eusébio de Cesária um conselheiro espiritual a serviço do Imperador a descreveu nos seguintes termos:

"Ela é uma lança longa, para ser usada com ambas as mãos, com uma camada folheada de ouro. A ponta foi ornada com pedras preciosas formando o símbolo de Nosso Senhor. Duas letras no alfabeto latino foram talhadas nos lados indicando o nome de Jesus Cristo pelas suas iniciais - essas duas letras o Imperador costumava usar em seu elmo de combate mais tarde. Um pedaço de pano real costuma acompanhar a lança. Esse tecido brocado é ricamente adornado com pedras preciosas e fios de ouro que o tornam uma malha de grandiosa beleza. O Imperador costumava carregar a lança como um estandarte contra todos os poderes adversos e hostis. Ele a erguia acima de sua cabeça para que suas tropas a vissem e acreditassem em sua vitória contra todo e qualquer inimigo". 

Isso criou a crença de que o exército que estivesse de posse da Lança do Destino não poderia ser derrotado em combate direto e que o líder que a apresentasse antes de uma batalha teria a eterna lealdade de seus soldados. Outros grandes líderes também teriam apresentado a arma para suas tropas antes de batalhas decisivas e em todas as ocasiões que a Lança foi apresentada, a vitória veio para o lado que a detinha.

Talvez um dos mais famosos indivíduos que buscou a Lança do Destino tenha sido Adolf Hitler que era fascinado pela lenda muito antes de se tornar o Fuhrer da Alemanha Nazista. Quando era nada mais do que um humilde estudante de arte em Viena em meados de 1912, Hitler visitou a Casa do Tesouro dos Habsburgos onde estava em exposição uma das centenas Lanças do Destino que se cogitava ser autêntica. A arma havia sido adquirida pela poderosa Família Habsburgo e era mantida como uma espécie de relíquia sagrada depois de mudar de mãos inúmeras vezes.

É claro, não havia qualquer certeza de que a lança dourada em exposição na Áustria fosse a verdadeira Lança de Longinnus, mas para o jovem Hitler ela causou uma grande impressão. Depois de ter visitado o Museu repetidas vezes, Hitler se disse convencido de que aquela era a Lança autêntica e que era seu destino empunhá-la e com ela, liderar a Alemanha em suas conquistas. 

Hitler escreveu a respeito de quando viu a Lança do Destino em exposição pela primeira vez: 

"Eu soube imediatamente que aquele era um dos momentos mais importantes da minha vida... eu fiquei em silêncio observando o objeto por vários minutos, tomado pelo momento e paralisado por sua importância. Ele parecia carregado de um significado oculto que na ocasião ainda me escapava, um significado que eu podia sentir, mas que não podia trazer à minha consciência... Eu senti como se em algum momento já tivesse carregado aquela lança nas minhas mãos e a usado para conquistar, como se eu mesmo tivesse reclamado o artefato como um talismã de poder e com ele tivesse comandado o destino do mundo. Que tipo de loucura era aquela que parecia invadir a minha mente criando um sentimento tumultuado em meu peito"?    

Acreditando que o artefato fosse a verdadeira Lança do Destino, uma das primeiras medidas de Hitler ao tomar Viena em 1938, foi ordenar que a lança fosse enviada para Nuremberg. O líder nazista acreditava que uma das razões para que a Alemanha tenha obtido vitórias tão arrasadoras no início da Guerra tenha sido justamente ter em seu poder a Lança de Longinnus. De fato, há rumores de que Hitler usava a Lança, devidamente adornada com símbolos nazistas para abençoar seus generais e comandantes, tocando o ombro destes com a ponta da arma, como se estivesse passando a eles uma parcela de seus poderes sobrenaturais.

Se isso é verdade ou não, sabe-se sem sombra de dúvida que Hitler tinha a Lança em seu poder, ainda que ela não tenha funcionado por muito tempo, já que ele planejada a Invasão da Inglaterra e falhou, seguido da devastadora derrota na Batalha da Normandia em 6 de junho de 1944, que decretou o início de sua ruína. Depois desses incidentes, não se sabe o que teria acontecido com a Lança do Destino. Há suposições que ela teria desaparecido ou que tivesse sido roubada, como havia ocorrido repetidas vezes nas lendas, já que ela não ficava na posse de uma pessoa por muito tempo. Talvez, Hitler tenha se livrado dela quando o curso da guerra começou a pender para seus oponentes. Supostamente ela teria retornado para Viena após a Segunda Guerra Mundial, mas há teorias de que apenas uma réplica dela foi devolvida ao Museu dos Habsburgos e que a verdadeira lança encontrou outro dono.

Uma das teorias populares é que a Lança teria sido escondida em um complexo de bunkers e cavernas construídas pelos nazistas para esconder os tesouros saqueados durante as suas conquistas. É verdade que os nazistas possuíam cofres secretos e complexos subterrâneos usados para estocar seus saques e manter em segurança tudo aquilo que foi removido de museus, galerias e coleções particulares na Europa ocupada. Alguns destes bunkers teriam sido lacrados com dinamite e ainda não teriam sido descobertos.

Outra teoria é que os aliados teriam encontrado a Lança do Destino após a invasão da Europa no Dia D. O famoso General George S. Patton alegadamente era obcecado por esse artefato, acreditando piamente que era a reencarnação de um dos líderes que um dia haviam carregado a lança. Patton teria encontrado a Lança em um dos bunkers secretos dos nazistas e teria dado instruções para que o governo americano reclamasse a posse dela e enviasse de volta para a Austria uma cópia. Nesse cenário, a verdadeira Lança do Destino ficou em posse dos Estados Unidos que se transformaram em uma superpotência no pós-guerra. Alguns acreditam que o artefato teria favorecido os americanos nos anos finais da Segunda Guerra especialmente contra o Japão e dos conflitos que se seguiram, até desaparecer misteriosamente nos anos 1960, conforme havia acontecido anteriormente. Isso custou aos norte-americanos a amarga derrota na Guerra do Vietnã.

   

Há ainda uma história bizarra de que a Lança teria sido roubada pelo Líder da SS Heinrich Himmler que formou uma Sociedade Secreta com seus apoiadores mais próximos chamada de "Cavaleiros da Lança Sagrada". Himmler era um conhecido ocultista e estudioso dos mitos medievais, fascinado pela história ele acreditava ser uma das pessoas que poderia erguer a Lança e usá-la em causa própria. Ele teria subtraído a verdadeira lança e movido ela para um castelo que servia de sede para a Ordem de Cavaleiros que ele havia criado. Himmler teria então ordenado a criação de uma Lança falsa que passou a ser usada pelas tropas e que não tinha qualquer poder. Ele pretendia usar o poder da Lança do Destino e se sagrar o novo líder, mudando o curso da Guerra quando ascendesse ao poder. Mas essa história se torna ainda mais estranha, pois a Lança guardada no Castelo, teria sido roubada por uma equipe de comandos aliados em uma operação secreta orquestrada pela OSS que conseguiu subtraí-la em algum momento de 1943, marcando assim uma reviravolta no Curso da Guerra. 

Uma teoria ainda mais inacreditável foi apresentada pelo Dr. Howard A. Buechner em seu livro publicado em 1988 com o título "As Cinzas de Hitler - Sementes para o Novo Reich e os Segredos da Lança Sagrada de Adolf Hitler". Em seu trabalho, Buechner afirmava que o líder nazista ordenou que a lança fosse enviada para uma base alemã secreta na Antártida antes que a Guerra terminasse. O objetivo de Hitler era manter a Lança à salvo dos aliados para que ela fosse usada na reconstrução do Reich. Uma fortuna em barras de ouro e a lança teriam sido transportada em submarinos e enterrada na base sob o gelo. E a história não para por aí: em 1979 uma expedição liderada por um aventureiro chamado Maximilian Hartmann, filho de um coronel nazista teria seguido para o local onde a Lança e a fortuna foram deixados.

Hartmann tomou posse dos itens e os levou de volta para a Europa onde ela foi entregue a um cabal sombrio que almeja a dominação global. Com uma fortuna de milhões, usados para comprar influência e poder mundo à fora, esse grupo estaria preparando seu próximo movimento, uma tomada dos governos mundiais infiltrando seus membros no alto escalão de diferentes nações. Quando George W. Bush assumiu o poder com Presidente dos EUA, Buechner teria afirmado que era um passo decisivo para o grupo consolidar um de seus membros no comando da Superpotência. Partidários dessas teorias conspiratórias acreditam que o líder russo Vladimir Putin e mais recentemente o presidente Donald Trump, sejam também membros da mesma ordem que visa a dominação mundial amparado pela Lança de Longinnus.

No fim das contas, embora saibamos que Hitler tenha sido o último líder a roubar a relíquia que estava em poder dos Habsburgos, ninguém tem ideia se ela era de fato a verdadeira Lança do Destino - se é que esta um dia existiu.

Nos últimos séculos, a mítica Lança do Destino se converteu em um imã de todo tipo de teoria descabida e de histórias insanas envolvendo usurpadores com sede de poder, nazistas alucinados com ocultismo, grupos secretos em busca de glória, conquistadores e outras histórias que alimentam uma indústria crescente de literatura, cinema, jogos, quadrinhos. 

A real localização da lança do Destino e qualquer vasto poder que ela possa ter, continuam desconhecidos e provavelmente assim permanecerão assim, para o bem da humanidade.