Era um belo domingo de sol em Hollingwell no dia 13 de julho de 1980.
A típica cidadezinha no distrito de Kirkby-in-Ashfield, no norte da Inglaterra realizava um já tradicional evento com espectadores e participantes chamado "Hollingwell Show". Anualmente ele reunia atrações musicais e de entretenimento na praça central da cidade. As apresentações feitas por artistas amadores tinham propósito filantrópico com doações recolhidas destinadas a associações de caridade e assistência social. Naquele ano, o ponto alto do show seria a apresentação da Liga Juvenil de Música que contaria com a participação de uma banda formada por mais de 500 crianças vindas de todo meio-oeste do país. Entretanto, aquele dia estava prestes a se transformar em um dos mais estranhos mistérios sem solução ocorridos na Grã-Bretanha e um incidente que continua desafiando qualquer explicação razoável.
A apresentação da banda começou pontualmente às 9 da manhã e no início tudo parecia estar correndo conforme o planejado, com os jovens músicos marchando com seus instrumentos, tocando músicas populares. Havia cerca de quatro mil pessoas na plateia, todas alegres e bem dispostas, mas por volta das 10:30 algo bizarro aconteceu. Uma das crianças de repente soltou seu instrumento e deitou no chão, seguido de outra, mais uma e mais outra. A medida que a música parava, mais e mais crianças simplesmente largavam seus instrumentos para se deitar no chão. De acordo com testemunhas que presenciaram a cena inusitada, as crianças simplesmente paravam de tocar e se colocavam de barriga para cima olhando para o alto com um olhar perdido. Logo mais de uma centena dos membros da banda estavam espalhados pelo campo. A expressão de confusão no rosto de seus colegas evidenciava que aquilo era algo inesperado e obviamente não fazia parte da apresentação. Ainda mais surpreendente, logo, pessoas na plateia, adultos e crianças, homens e mulheres, começaram a fazer o mesmo. As pessoas paravam e então se prostravam no chão sem motivo aparente.
Uma testemunha chamada Margareth Palethorpe que estava na praça naquela manhã descreveu os acontecimentos da seguinte maneira:
"Quem estava lá percebeu imediatamente que havia alguma coisa errada. As crianças ficavam pálidas e de repente começavam a deitar. Ficavam em uma espécie de transe, os olhos perdidos e incapazes de responder. Mas então adultos, velhos e até bebês começaram a ficar daquele jeito também. Caíam como se atingidos por alguma força invisível."
O pânico se espalhou entre as pessoas que estavam presentes. Ouvia-se gritos e indivíduos desesperados tentando fazer com que seus amigos, filhos e familiares despertassem daquele transe inesperado. Então a coisa se tornou ainda mais estranha: algumas das pessoas caídas começaram a tremer, sofrendo de algo que parecia uma forte convulsão. Ninguém sabia ao certo como proceder ou mesmo se deveria fazer alguma coisa. A praça irrompeu em uma cacofonia de gritos estridentes e correria. Algumas pessoas caídas foram pisoteadas. E tão rápido quanto começou, aqueles acometidos pelos súbitos espasmos violentos e os que jaziam inertes no chão, perderam a consciência.
"Ninguém entendia aquilo! Mães gritavam, pais tentavam reanimar seus filhos, crianças sozinhas choravam. Médicos e policiais tentavam ajudar, mas mesmo eles estavam perdidos sem entender", contou a Sra. Palethorpe que tinha seu filho Henry, então com 12 anos entre os acometidos pela estranha condição.
Um total de 312 pessoas foram afetadas. Elas demoraram entre 15 minutos e duas horas para recobrar a consciência e todos acordaram reclamando de sintomas como náusea, dor de cabeça, tontura, convulsões, dores abdominais, olhos e garganta ardendo e uma sensação estranha na qual não sentiam braços e pernas. As vítimas foram imediatamente levadas para os hospitais da região que ficaram lotados. Lá passaram por exames, mas os médicos não conseguiam determinar o que havia acontecido com eles. Fisicamente, os exames não revelaram nada de errado, mas por precação a maioria das vítimas ficou nos hospitais para exames complementares naquela noite. Nenhuma daquelas pessoas havia sofrido crises epiléticas ou alguma doença relacionada a perda de consciência.
Médicos e profissionais da área de saúde não conseguiam compreender o que estavam enfrentando. Imediatamente fiscais foram chamados para Hollingwell para verificar o suprimento de água e se havia algum escapamento de gás capaz de causar aquele efeito. Nada extraordinário foi descoberto e as amostras de água e ar colhidas se mostraram perfeitamente normais. Ninguém era capaz de oferecer explicação para o que aconteceu e porque as pessoas apresentaram aquele comportamento.
A história ganhou os jornais do país e chegou a ser reportada em várias partes do mundo. Obviamente, isso deu início às especulações.
A declaração oficial foi que as pessoas afetadas sofreram um episódio de histeria coletiva. A suspeita é que muitas das crianças afetadas haviam viajado longas distâncias e estavam cansadas pela jornada. Além disso, estavam bastante nervosas com a apresentação diante de um grande público. Finalmente, o dia estava muito quente e abafado o que pode ter contribuído para os desmaios. Esses fatores quando somados poderiam ter sido os responsáveis pelo ataque de pânico e quando algumas crianças começaram a manifestar seus efeitos, outras acabaram sendo afetadas em uma reação em cadeia.
Mas essa explicação não é suficiente para explicar porque pessoas na plateia também teriam sido afetadas e porque alguns (cerca de 30% das vítimas) sofreram ataques que fizeram com que seus corpos se agitassem de forma violenta. Também não explica os sintomas posteriores (manifestados por mais de 60% dos afetados) e nem a onda de desmaios (que atingiu 90% dos presentes).
Não existe nenhum incidente de ataque de pânico ou caso de histeria em massa semelhante registrado e muitas das pessoas que estavam presentes no incidente garantem que foi outra coisa, algo muito diferente e inexplicável que aconteceu em Hollingwell naquela manhã.
Uma das pessoas afetadas, Charles Harmon, na época com 14 anos descreveu da seguinte maneira o que houve:
"Eu perdi os sentidos. Estrava concentrado na apresentação quando de repente tudo ficou borrado diante dos meus olhos. O mundo girava e minha cabeça estava leve. Minha garganta começou a doer. Tinha sangue no meu nariz. Então ouvi um "plop" no ouvido e perdi a consciência. Eu lembro de ter acordado, com algumas pessoas tentando me ajudar. Eu não sabia onde estava ou o que havia acontecido"
Outra vítima afetada, Leonard Robards, com 44 anos na época, descreveu algo semelhante:
"Eu estava na praça e de repente senti uma tontura muito forte. Tudo ficou girando e eu acabei tendo que deitar para não cair. Então tudo ficou escuro e senti uma pressão muito forte na cabeça. Perdi os sentidos e fiquei apagado por 45 minutos. Acordei e fui levado para o Hospital de Chesterfield, mas só me recordo de acordar lá. Não acredito na versão oficial de que foi um episódio de histeria. Eu fui bombeiro e trabalhei em minas a maior parte da minha vida. Nunca experimentei nada parecido. A explicação parece ter sido fabricada, nós nunca ficamos sabendo o que houve de verdade".
Uma das suspeitas que ganharam força é que o incidente possa ter sido causado pelo uso de um pesticida chamado tridemorph, que posteriormente foi banido na Grã-Bretanha, mas que na época do incidente ainda estava em uso. Um campo adjacente havia sido pulverizado com Tridemorph, um fungicida considerado pela Organização Mundial da Saúde como "moderadamente perigoso" por causar irritação de pele e risco de desmaio se inalado. Entretanto, há poucas evidências de que os desmaios tenham sido causados por um elemento químico, já que a quantidade necessária para esse resultado deveria ser muito alta. Além disso, nem todos os sintomas podem ser explicados por um envenenamento por pesticida. Além disso, não há uma explicação de porque alguns foram atingidos e outros não.
Outra teoria e que alguém teria batizado a água distribuída em garrafas plásticas com uma dose de LSD. Essa teoria ganhou força por algum tempo, mas exames complementares de urina e sangue colhidos das vítimas não demonstraram nenhum traço de ácido lisérgico. As vítimas não tinham nenhum sinal de terem recebido a substância.
Meses depois do Incidente Hollingwell, não havia um consenso a respeito do ocorrido. Muitas das pessoas afetadas naquele domingo afirmaram que continuaram sentido estranhos efeitos que com o tempo foram diminuindo, na maioria das vezes, desaparecendo por completo. Esses estranhos sintomas incluíam dores de cabeça crônicas, sensibilidade a sons e luz, náuseas e tonturas vespertinas.
Na incapacidade de apresentar uma explicação adequada, muitos teóricos de conspirações começaram a oferecer soluções bizarras para o que havia acontecido. Diziam que uma arma secreta não letal do governo, uma que usava ondas de som, havia sido testada nas proximidades. Esse dispositivo tinha como efeito causar desorientação e confusão mental no inimigo. Ele se valia de uma modulação de som atingida a nível ultrassônico, imperceptível para a maioria dos seres humanos, mas que afetaria o ouvido interno de alguns provocando os desmaios e a confusão mental. A explicação naufraga no fato de nem todos terem sido afetados e animais não terem apresentado qualquer efeito após o incidente. Seria de se esperar que animais domésticos, em especial cães, tivessem manifestado algum comportamento diferente, mas nada disso aconteceu.
Outra explicação envolve a presença de OVNIs. Testemunhas afirmam que nos dias anteriores ao incidente, luzes misteriosas foram vistas sobre Hollingwell e adjacências. Essas luzes pareciam circular pelo céu noturno e teriam sido testemunhadas por muitas pessoas que se perguntaram na véspera o que seriam elas. Também se falou muito a respeito de luzes e ruídos agudos inexplicáveis vindo do Bosque ao sul da cidadezinha. Dois meses depois do Incidente, se espalhou o boato de que as mesmas luzes teriam sido vistas na mata e que algumas pessoas tiveram desmaios e uma sensação desagradável similar à experimentada no dia da crise.
Muito se falou também em Hollingwell a respeito de pessoas estranhas, forasteiros bem vestidos que visitaram a cidade depois do incidente. Estes colheram testemunhos, visitaram as pessoas afetadas, ofereceram para pagar as despesas médicas e até visitaram os hospitais em busca dos prontuários médicos assinados na ocasião. Dizem até que amostras laboratoriais desapareceram dos registros hospitalares. Para alguns, estes homens trabalhavam para o governo e estavam colhendo informações para redigir um relatório sobre o incidente.
Havia ainda outras possíveis causas, incluindo algum vírus, uma reação alérgica, envenenamento alimentar, água batizada, experimento com armas químicas etc... nenhum destes, no entanto, se mostrou adequado dada a falta de provas que fundamentassem as explicações. Com o tempo, o Incidente se tornou uma lembrança curiosa em Hollingwell, uma memória lembrada pela população que jamais encontrou explicação para a estranha ocorrência.
Mas com o que estamos lidando aqui?
Seria realmente um tipo de experimento militar? Uma manipulação alienígena? Ou a explicação oficial que envolve histeria em massa? Seja lá o que for, o Incidente Hollingwell jamais foi explicado satisfatoriamente e permanece tão bizarro e inexplicável quanto naquela manhã festiva em que tudo aconteceu.
obg por continuar alimentando o blog
ResponderExcluirOtima materia!!
ResponderExcluirQue legal você manter o blog ativo até hoje. Ficaria orgulhoso se visitasse o meu: Amateriadosonho.blogspot.com
ResponderExcluirAdoro o Mundo Tentacular. Sigo há tempos. Já conhecia este caso, mas você desenvolve e aprofunda a narrativa. Obrigada!
ResponderExcluir"Há mais coisas,[...], entre o céu e a terra do que pode sonhar nossa filosofia"
ResponderExcluirWilliam Shakespeare
Provavelmente algo relacionado ao fenômeno OVNI
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