quinta-feira, 14 de abril de 2022

A Entidade de Swansea - O misterioso Poltergeist que aterrorizou uma família


Como explicar manifestações sobrenaturais e como lidar com elas? O que fazer quando nossas casas e nossas famílias se tornam o foco de ocorrências inexplicáveis que desafiam nossa razão e nos colocam em xeque? Como fica nosso ceticismo quando somos confrontados com coisas que desafiam a razão?

O estranho caso da Entidade de Swansea desafia convenções e nos coloca face a face com algo que não tem explicação e nos faz pensar sobre o que realmente conhecemos do mundo à nossa volta.

Situada ao longo da costa sudoeste do País de Gales encontramos a cidade costeira de Swansea, oficialmente Condado de Swansea, a segunda maior cidade do País de Gales e com uma longa e rica história. Em 1965, Marcia Howells, de 22 anos, seu marido David, sua filha de três anos, Beverly, e seu filho Gareth, de um ano, além da avó de Marcia, Glendora, se mudaram para uma pequena casa na Rhondda Street. Era apenas uma das muitas casas semelhantes na área e parecia não haver nada de especial nela. Era o tipo de lugar comum que passaria desapercebido, mas logo provaria não ser uma casa normal, à medida que uma série de eventos sobrenaturais aterrorizantes começava a se desenrolar.

As coisas estranhas tiveram início apenas três dias depois da família se mudar, quando Márcia e o marido foram acordados à noite por uma sensação de aperto na garganta, como se algo os estivesse sufocando levemente. David a princípio pensou que havia um vazamento de gás em algum lugar, mas uma inspeção da casa não revelou nada fora do comum. Ambos experimentariam isso por várias noites, mas não conseguiam encontrar uma explicação para o incidente. Depois disso, eles notaram coisas estranhas pela casa, como itens aparecendo onde não deviam estar, ou portas que estavam trancadas quando ninguém as havia trancado, às vezes trancadas por dentro de um quarto sem ninguém. Portas e janelas também seriam achadas abertas depois de fechadas, e tudo era muito estranho, mas não particularmente assustador até esse momento. 


No entanto, isso logo mudaria e uma escalada de incidentes inexplicáveis, cada um mais violento que o anterior, faria com que a família Howells sentisse estar vivendo num pesadelo. O início dos ataques ocorreu repentinamente, dando início a experiências muito mais graves. Conforme contou; Marcia estava em casa com seus dois filhos enquanto David havia ido para o trabalho. Ela diria sobre o que incidente:

"Eram cerca de cinco horas da tarde e eu tinha acabado de servir uma xícara de chá para minha filhinha no quarto da minha avó. Voltei para a cozinha, quando de repente uma garrafa foi atirada em minha direção. Eu consegui fechar a porta para me proteger. Abri de novo e vi a cozinha inteira varrida por um vendaval. Tudo estava fora do lugar, panelas, copos, pratos voavam pelo ar e se estilhaçavam nas paredes. As gavetas e armários ficavam abrindo e fechando sozinhas. Coisas flutuavam no ar. Imediatamente subi e peguei as crianças e minha avó. Não ficaria ali com elas! Quando saí correndo, meu marido estava descendo a rua e ele foi verificar, e quando chegou lá, ainda viu aquela atividade medonha."

Esse foi o primeiro de muitos ataques que se tornaram recorrentes. Os quartos eram encontrados com móveis arremessados ​​e itens espalhados pelo chão, tudo quebrado em pedaços como se alguém tomado por uma fúria tivesse quebrado tudo. Às vezes, eles encontravam os cômodos neste estado, mas em outras ocasiões, eles testemunhavam a atividade sobrenatural em curso. Eram nestes casos que a família ficava mais horrorizada. A fúria com que as coisas voavam pelo cômodo, os sons de coisas quebrando evidenciavam uma raiva quase palpável. Seja lá o que estivesse agindo sobre a casa, era algo furioso e que pendia para a violência. 


Em pelo menos duas oportunidades, objetos lançados contra a família acabaram causando ferimentos. Em uma oportunidade um quadro foi arrancado da parede e voou na direção de Marcia que sofreu um corte na testa causado pela moldura pesada. Em outro, David sofreu um ferimento quando uma cadeira simplesmente voou contra ele, atingindo-o com força suficiente para quebrar o móvel. Marcia relatou uma das ocorrências: 

"Uma tarde eu estava com minha avó no quarto dela e de repente ouvimos o som de alguma coisa caindo. Esse tipo de coisa acontecia regularmente, mas sempre nos deixava em estado de alerta. Quando cheguei na sala descobri o que estava acontecendo: era a lareira. Os pedaços de lenha ainda em brasa estavam sendo lançados de um lado para outro. A tela de proteção da lareira estava sendo arrastada e o fogo queimava alto. Eu fiquei apavorada, pois uma fagulha poderia causar um incêndio. Corri para a cozinha e voltei com um balde de água para apagar o fogo, mas quando cheguei o caos era ainda maior. O atiçador de lareira voou no ar e passou a centímetros da minha cabeça. Eu gritei e implorei para aquilo parar e de repente ouvi uma espécie de rugido e tudo caiu no chão".     

Esses incidentes pareciam cada vez mais sérios e os Howells começaram a temer que um desses ataques poderia resultar numa tragédia. De nada adiantava arrumar e limpar a casa, pouco depois tudo estava revirado e sujo novamente. O único quarto que permanecia intocado era o da avó, Glendora, embora ninguém conseguisse entender por qual motivo ela era poupada. 

À princípio, a Família decidiu não contar a ninguém o que estava acontecendo, eles temiam que as pessoas não acreditassem ou dissessem que eles estavam inventando aquelas coisas. Entretanto, à medida que a atividade paranormal se intensificou, eles sentiram que algo precisava ser feito. Quando a entidade começou a acender o fogão a gás da cozinha e a barrar as portas dos quartos com os filhos dentro, foi a gota d'água e resolveram chamar a polícia. Mas como explicar a eles o que estava acontecendo sem parecerem loucos?


Ao menos, quando as autoridades chegaram, elas também puderam testemunhar os incidentes na propriedade, conforme Marcia contou:

"Os policiais foram muito solícitos e gentis, embora até então não estivessem dispostos a acreditar no que contamos. Pelo menos até verem com os próprios olhos. Na cozinha, meu fogão a gás estava todo ligado sem que houvesse ninguém lá. Nós insistimos para que eles subissem até os quartos e as portas estavam barradas. Os dois policiais tiveram que forçar a porta do quarto para entrar. A nossa cama de casal barrava a entrada e o berço do bebê estava virado. Enquanto revistavam o quarto sem encontrar ninguém, ouvimos novo estrondo na cozinha e quando chegamos lá, a bagunça começou novamente, com coisa voando, gavetas abrindo e objetos sendo quebrados. Os policiais ficaram atordoados e confessaram que não acreditavam no que estávamos falando até testemunharem por si mesmos".

A essa altura, a história da assombração não podia mais ser contida. Os vizinhos ouviam os sons misteriosos de destruição na casa, mesmo quando não havia ninguém lá dentro. Logo vieram os repórteres e estes acamparam no quintal esperando registrar um dos ataques paranormais. Além dos jornalistas, a área ficou lotada de curiosos, adicionando ainda mais estresse à família Howells sitiada no interior da casa assombrada. Um vizinho diria mais tarde sobre aqueles dias: "Foi uma história e tanto. As pessoas estavam muito nervosas e preocupadas. Talvez todos fossem ingênuos, mas aquela movimentação causou um grande alvoroço na vizinhança."

Os vizinhos ficaram incomodados com toda a atenção e a multidão de estranhos perambulando pela área, mas também, preocupados que suas casas fossem assombradas. Os incidentes continuavam acontecendo e algumas pessoas relataram ver coisas voando e ouvir sons estranhos de destruição no interior da casa dos Howells. 

A casa foi abençoada por um padre que veio em socorro da família e que disse ter identificado uma suposta presença maligna no interior. Ela também foi visitada por um conhecido investigador paranormal chamado Harry Holmes, que passou a noite na casa, mas não testemunhou nada fora do comum e saiu de lá mantendo seu ceticismo. As pessoas se dividiam quanto ao ocorrido, mas todos concordavam que a família, composta por pessoas normais, não teria razão para inventar aquela história absurda. Ademais, eles claramente estavam incomodados com toda aquela atenção e os holofotes acesos sobre eles.  


No final, os Howells não aguentaram mais e se afastaram da propriedade, supostamente depois de um incidente envolvendo o bebê Gareth. A criança teria desaparecido de seu berço, surgindo dentro do armário que havia sido trancado. Aquilo foi demais e eles concluíram que, se continuassem lá, algo pior terminaria por acontecer. 

É um caso curioso não apenas pela violência e intensidade da atividade, mas também porque não há absolutamente nada na história da casa ou do terreno em que foi construída que explique uma assombração dessa magnitude. Investigadores paranormais concordam que casas assoladas por esse tipo de atividade em geral foram palco de algum acontecimento traumático. Contudo, as pesquisas conduzidas à respeito do endereço não revelaram nada expressivo capaz de justificar aquela comoção. Nenhuma tragédia, nenhum assassinato ou catástrofe, nada, e nenhum dos vizinhos teve problemas, então por que essas coisas estavam acontecendo nesta casa e com esta família aparentemente normal?

Ninguém foi capaz de determinar, embora tenham surgido várias suposições.

Uma explicação é que não se tratava de uma entidade sobrenatural, mas sim, do resultado de energia psicocinética projetada por uma pessoa. Em muitos casos de poltergeist, foi teorizado que a atividade é causada por habilidades psíquicas latentes criadas por um indivíduo, geralmente sem que ele próprio perceba que está fazendo isso. Os culpados usuais são crianças entre 5 e 13 anos, o que significa que isso pode estar acontecendo com os filhos de Howell. Outra hipótese é que a avó Glendora tivesse essa capacidade e que estivesse projetando inadvertidamente, o que explicava ela jamais estar presente no lugar onde havia perigo. Posteriormente, soube-se que Glendora, uma senhora de 74 anos estava passando por um quadro de depressão profunda, acentuado por episódios de demência. Seria possível que ela estivesse externando a sua frustração através dos ataques psíquicos?

Outra possível explicação paranormal é que um espírito estivesse apegado a um objeto ou pessoa na casa. Nesse cenário, a entidade poderia ter sido trazida para a casa de outro lugar enquanto pegava carona no item ou indivíduo de sua atenção. Tais casos são estudados à luz da parapsicologia e compreendidos como manifestações especialmente violentas.


Finalmente alguns defendiam que a família podia estar enfrentando um demônio ou presença diabólica que estava mirando na família por algum motivo inescrutável. É esta a teoria que Marcia abraça, dizendo: "Não poderia ter sido humano, eu sentia um grande mal na casa e só podia ser essa coisa invisível". 

A explicação para muitos, sobretudo aqueles céticos, é que tudo não passou de uma farsa inventada pela família. Mas resta então a questão do que os levaria a fazer tal coisa. Os Howells jamais se beneficiaram do ocorrido e nunca perseguiram fama pelos acontecimentos em seu lar. De fato, eles sempre se mantiveram distantes e evitaram dar entrevistas ou aparecer nos telejornais. Marcia e David contaram anos mais tarde que os incidentes quase os arruinaram e por pouco não fizeram com que eles se separassem. As crianças também sofreram horrivelmente, de modo que dizer que eles estavam causando os incidentes parece ser uma crueldade com pessoas que sofrearam demasiadamente.

Ao menos, depois de deixarem a casa, o fenômeno cessou e não os acompanhou. A casa ficou vazia por 5 anos, até ser novamente alugada por uma família que viveu tranquilamente sem experimentar qualquer incidente sobrenatural. A vizinhança foi reformada em 1988 e a casa derrubada para a construção de um condomínio de apartamentos mais modernos.   

O que quer que tenha acontecido em Swansea, continua sendo um caso curioso de forças sobrenaturais assustadoras cuja explicação continua fora de nosso alcance.

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