quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

True Detective episódio 4 - O Pior Natal de todos os tempos


Como se a escuridão interminável no Círculo Polar Ártico não fosse suficientemente deprimente, experimente passar o Natal sozinho no Alasca. O Episódio 4 de True Detective: Terra Noturna mostra praticamente todos os habitantes de Ennis passando o feriado do dia 24 e 25 de Dezembro solitariamente enfrentando alguma forma de turbulência pessoal - bem, não seria True Detective sem trauma psicológico e pavor existencial, não é? 

Ao final desse episódio, a impressão geral é que as coisas estão se tornando cada vez mais intrincadas nos casos de assassinato, tanto em TSALAL quanto de Annie Kowtok. Embora True Detective: Terra Noturna esteja se desenvolvendo de maneira muito interessante e consiga manter o interesse, o único receio é que fiquem pontas soltas sem amarrar no último episódio. A série terá seis episódios, dois a menos do que as demais temporadas, então não há mais muito tempo à perder. 

O quarto episódio se dedicou a aprofundar os dramas pessoais dos personagens e conceder camadas adicionais a eles. Foi um episódio muito mais centrado no s personagens do que na investigação e nos procedimentos. Isso não é ruim, mas em um cronograma tão enxuto, faz com que a gente levante uma sobrancelha. 

Apesar disso, não dá para dizer que não tenham havido progressos na trama, preservando o padrão de suspense que a série estabelecer. Em seguida, vamos analisar alguns dos acontecimentos principais do quarto episódio, lembrando a todos que teremos SPOILERS em enorme quantidade daqui em diante.

1 - Pistas no Vídeo de Annie K


O episódio três terminou com a descoberta de um vídeo no celular de Annie K mostrando seus últimos momentos de vida naquilo que parece ser uma caverna de gelo.

Danvers assiste a cena dezenas de vezes, mas como esperado, as imagens não revelam a identidade do assassino da ativista. Seus gritos são o único registro do terrível destino. Contudo, Danvers consegue perceber dois elementos interessantes no pequeno trecho.

Embora não haja nenhuma informação clara sobre onde fica esse local, a detetive percebe a existência de um fóssil na parede congelada da caverna. Tudo sugere que se trata da vértebra de uma baleia pré-histórica, presa no gelo há milhares de anos. Levando essa informação ao Professor Bryce, um geólogo que comenta a existência de cavernas desse tipo nos arredores de Ennis. Estas, no entanto, foram pouco exploradas já que é um enorme risco se meter no interior delas por conta de desabamentos. Tudo indica que foi em uma dessas avernas que Anne foi assassinada, mas que seu cadáver foi carregado posteriormente para o local onde foi descoberto. Eu ainda tenho minhas dúvidas sobre quem fez isso, pode ter sido o próprio assassino com o intuito de intimidar qualquer outro ativista protestando contra a Mina Silver Sky ou pode ter sido alguém que não queria simplesmente abandonar o corpo da mulher naquele lugar remoto.

Seja como for, Liz e Navarro devem buscar o local nos próximos episódios e a cena do crime deve revelar mais detalhes sobre o que aconteceu seis anos atrás.  

O outro detalhe que Danvers percebe é que o interior da Caverna de Gelo parecia ser iluminado por lâmpadas ligadas a um gerador. Ela percebe que essa iluminação é interrompida repentinamente de uma maneira muito similar ao que foi registrado no derradeiro vídeo do TSALAL. De fato, é uma cena muito semelhante, na qual a instalação elétrica apaga por inteiro após faíscas. 

Danvers relaciona esse detalhe ao Engenheiro de Manutenção Oliver Tagaq, que sem dúvida teria acesso a esse equipamento e saberia como cortar a energia e provocar o blackout. Essa informação é interessante pois leva a teoria de que o assassino de Anne pode ser o mesmo que atacou a Base Científica, utilizando o mesmo modus operandi: causar escuridão e gerar confusão. A Chefe Danvers decide enviar Navarro e Pete Prior para entrevistar Tagaq à respeito, o que os leva até a Cabana de Caça uma vez mais.

2 - O Capitão Connely aparece novamente


O superior direto da Chefe Danvers na APF, Capitão Ted Connely, retorna a Ennis com o objetivo de assumir a investigação e enviar as provas para Anchorage. Em teoria, o procedimento de Connely é correto já que uma cidade maior possui instalações e equipamento mais adequado para processar as pistas. O infame "picolé de cadáveres" já derreteu o suficiente para seguir viagem até os legistas mais gabaritados para a autópsia. O que eles vão descobrir pode ou não corroborar as impressões iniciais do veterinário que analisou os corpos à pedido de Pete.

Embora Connely inicialmente garanta a Danvers que não está lá para tirar o caso dela, sua chegada à cidade sinaliza com problemas para os investigadores locais. Nos episódios anteriores ficou claro que agentes da lei como Hank Prior tentaram enterrar evidências em torno do assassinato de Annie supostamente para proteger os interesses dos proprietários da Silver Sky Mine.

Como os assassinatos de TSALAL estão diretamente ligados à morte de Annie, é provável alguém interromper a investigação novamente antes que Danvers e Navarro cheguem ao fundo do mistério. Connely até o momento não agiu diretamente contra a investigação, aparentemente porque acredita que é questão de tempo até o caso deixar a jurisdição de Ennis e seguir para outros detetives. Estariam estes já comprometidos em enterrar a investigação? Nesse caso, a tão aguardada autópsia pode acabar trazendo menos revelações do que o esperado.

Em certa altura, Danvers pergunta ao Capitão Connely sobre o vídeo de Annie K, e ele pede que tudo seja mantido em sigilo. Isso já deixa uma insinuação de que a coisa pode ser abafada. Se os poderosos que controlam Ennis começarem a pressioná-lo, é bem capaz ele amarrar de vez as mãos de Danvers e Navarro as impedindo de seguir adiante coma investigação. 

Não é a primeira vez que vemos corrupção e jogos de poder serem um obstáculo para que a verdade venha à tona, resta saber como elas irão contornar essas barreiras. Em Ennis, um lugar pequeno, onde tudo fica longe e exige deslocamento por estradas mal iluminadas, fica ainda mais difícil manter o controle sobre diligências, entrevistas e coleta de provas extraoficialmente.

3 - Peter encontra outro homem com ferimentos semelhantes ao dos cientistas


Peter Prior realmente está despontando como um ótimo detetive nesse caso. O novato da chefatura de Polícia em Ennis teve mais uma boa ideia no quarto episódio, buscar por outras vítimas que tenham sofrido ferimentos similares aos cientistas de TSALAL.

De um ponto de vista procedimental, essa abordagem é perfeita. Ele está seguindo à risca a cartilha da criminologia que indica analisar as vítimas em busca de pontos comuns. Essa ciência é conhecida como VITIMOLOGIA e constitui uma parte central em qualquer inquérito.

Como diria, a Chefe Danvers, é preciso fazer as perguntar corretas para chegar ao fundo do mistério. A pergunta levantada por Peter é: "Já houve pessoas com ferimentos semelhantes aos dos cientistas"?

E a resposta é um surpreendente sim!

Nesse momento ficamos sabendo da existência de uma peça chave que pode auxiliar na elucidação do caso, um certo Otis Heiss. Um cidadão alemão, Heiss foi encontrado em abril de 1998 com ruptura nos tímpanos, córneas queimadas e marcas de mordidas auto infligidas nas mãos. A mesma lista de estranhos ferimentos dos cientistas do TSALAL. Entender como isso aconteceu com Heiss quase três décadas atrás pode lançar uma luz sobre como a mesma coisa aconteceu com os pesquisadores a algumas semanas.

Infelizmente, as coisas não são tão fáceis. Parece tarefa quase impossível localizar Otis Heiss já que ele não possui registros oficiais do governo, parentes próximos ou mesmo um endereço fixo. Após sofrer seus graves ferimentos, tratados como fruto de acidente na neve, o sujeito se tornou um andarilho e um viciado sem paradeiro conhecido. Ele é um vagabundo em uma região imensa que pode estar praticamente em qualquer canto.

Tenho a suspeita de que esse sujeito vai ser extremamente importante para explicar os assassinatos. Outra suspeita é que ele possa finalmente ser o indivíduo que vai jogar uma luz sobre o envolvimento do Rei Amarelo na trama. Não é totalmente estranho que pessoas desesperadas e que perderam tudo acabem desenvolvendo uma relação direta com o misticismo... no caso desse sujeito, me parece razoável teorizar que ele será a ponte de ligação das detetives com o mundo sobrenatural. Não tenho bases para provar isso ainda, mas me parece uma aposta válida.  

4 - A noiva de Hank não aparece


Desde o primeiro episódio, Hank está falando à respeito de sua noiva russa que virá de Vladivostok.

O sujeito está ansioso aguardando por ela, mas tudo indica que Irina não passa de um golpe promovido por um catfish para tirar dinheiro do detetive. Por um momento até é possível sentir pena de Hank Prior... por um momento.

Chega a ser patético ver como ele arrumou a casa para aguardar sua noiva, pintando a sala, redecorando e cobrindo a cama com pétalas de rosas (imagina quanto custaram essas rosas no Alasca!!!). Quando os passageiros do voo que deveria trazer Irina terminam de desembarcar a expressão desconsolada dele é de enorme tristeza.

"Você não chegou a enviar dinheiro para ela", pergunta mais tarde o filho, já imaginando o que teria acontecido. Nós sabemos que Hank mandou dinheiro para cobrir "despesas médicas" da mãe de sua futura esposa. Pobre diabo, nem a conheceu ainda e já está sendo engabelado.

Contudo a vulnerabilidade de Hank pode acabar beneficiando a investigação

Em última análise, isso pode ajudar na investigação, visto que Hank ocultou intencionalmente algumas informações sobre o caso de Annie K. Ele parece estranhamente "legal" com Peter depois do ocorrido, um misto de vergonha e "coração partido" poderiam regenerar ainda que parcialmente o sujeito? Talvez ele possa revelar quem eram os interessados em acobertar o assassinato e fazer seu trabalho nem que seja apenas para variar um pouco. 

5 - A Irmã de Navarro vai para a Neve


Num dos momentos mais profundos desse quarto episódio, a irmã de Navarro, Julia acaba desistindo de vez e se entrega ao desespero.

Confirmamos nossas suspeitas de que Julia sofria de esquizofrenia, doença que foi herdada de sua mãe que também padecia dessa condição mental. Após uma série de crises agudas, Julia acaba concordando em se internar num sanatório, receber ajuda e remédios para combater o quadro cada vez mais grave de alucinações. Talvez ela até tivesse a intensão de fazer isso, mas a visão de sua falecida mãe de baixo da cama acaba sendo pesada demais para ela suportar.

Aproveitando que a instituição onde ela está tem internação voluntária, ela acaba escapando sem que ninguém perceba. Ela acaba indo para seu esconderijo e de lá decide caminhar para o esquecimento sem roupa no meio do frio extremo. Curiosamente, é exatamente o que Navarro havia confidenciado a Danvers no episódio passado, seu desejo de simplesmente deixar tudo de lado e abraçar o esquecimento de uma vez por todas. 

Navarro fala à respeito de se sentir amaldiçoada depois que fica sabendo da morte da irmã. Ela com certeza teme que a doença que vitimou sua mãe - e agora a irmã possa estar nela também. Sabemos que esquizofrenia pode ser hereditária e o fato de Navarro estar experimentando várias alucinações e visões desde o início do caso, pode levá-la a suspeitar de que estes são apenas os primeiros indícios do que está por vir. Navarro ouviu vozes alertando de que alguém havia despertado, viu um urso polar (que pode ser uma alucinação), teve uma visão do filho de Danvers e mais recentemente recebeu um aviso de Anders Lund. Ela tem todos os motivos do mundo para achar que está perdendo a razão e cedendo espaço para a doença.

Sobre a morte de Julia, há alguns detalhes que chamam a atenção.

Primeiro, não há razões para suspeitar que ela sabia como os cientistas do TSALAL morreram, contudo assim como eles, ela também dobra cuidadosamente as roupas e calçados antes de remover e ir para a neve. É estranho! Uma pessoa prestes a cometer suicídio deixar as roupas cuidadosamente dobradas não faz muito sentido.

Outro detalhe curioso é que ela vê a mesma laranja que Navarro atirou longe e que retornou aos seus pés episódio passado. A laranja que rola de baixo da cama, supostamente empurrada pelo fantasma da mãe fazia parte da alucinação de Navarro. Não há porque acreditar que a patrulheira teria confidenciado isso para a irmã, então é no mínimo esquisito que ela também tenha tido essa experiência.

Finalmente temos a maneira como Julia morreu. Navarro fica sabendo que Julia andou até a costa e caiu no mar, seu corpo foi recolhido pela polícia. Por alguma razão isso me remete diretamente a Sedna, a Deusa Inuit que não apenas rege as vinganças e retribuição, mas também tem no Mar a sua província de poder. Poderia o suicídio de Julia ter elementos de uma espécie de auto sacrifício? Ela teria desistido por não era capaz de suportar as visões que recebia e que não conseguia interpretar?

Rose disse anteriormente que não se deveria confundir doença mental com o sobrenatural. Talvez Julia não fosse capaz de entender onde começava uma coisa e terminava a outra. Talvez as visões fossem avisos e presságios que ela não tinha estrutura para suportar. Ela enxergava esse assédio do sobrenatural, tentando mostrar algo, como um reflexo de uma doença.

Notem que Navarro logo em seguida começa a ter visões semelhantes às de Julia. Talvez, de agora em diante seja Evangeline quem passará a sofrer com esse assédio. Os mortos parecem querer contar algo aos vivos desesperadamente, mas os canais não estão dispostos a ouvir.      

6 - Onde está Oliver Tagaq? 


Mesmo que Oliver Tagaq não tenha sido visto neste episódio, ele ainda é fundamental em uma cena importante. 

Danvers envia Navarro e Pete de volta à casa onde Tagaq está vivendo para investigar o que ele teria a dizer sobre a súbita falta de luz na TSALAL e no vídeo gravado por Annie K. Ele é ao meu ver um dos principais suspeitos no caso de Annie e se eu tivesse que apontar alguém que tem culpa no cartório, esse alguém é esse sujeito.

Mas é claro, quando a dupla chega a cabana, Tagaq obviamente já desapareceu. Segundo os outros inuit no acampamento de caça, o suspeito deixou o local logo depois de ser interrogado por Danvers e Navarro. Embora o comportamento arredio de Tagaq possa ser decorrente de seu receio quanto autoridades, eu ainda acho que ele está envolvido nos crimes até o pescoço. 

Além disso, há uma pista a ser encontrada na cabana, uma que coloca Tagaq no rol dos suspeitos com ainda mais força. Navarro e Pete encontram o infame símbolo em espiral desenhado com carvão na tampa de uma caixa de papelão e esculpido em uma pedra. Ora, parece claro que o engenheiro conhece o símbolo e sabe qual o seu significado. 

A essa altura, Navarro já deveria ter questionado Rose à respeito da origem do símbolo já que ela claramente parecia saber sobre ele (como ficou subentendido no episódio 2). Rose disse que se trata de "algo antigo", "mais antigo que Ennis" e "tão antigo quanto a neve". Nesse episódio ficamos sabendo que Rose é uma ex-professora que em algum momento se sentiu compelida a deixar tudo para traz e se mudar para o Alasca em busca de paz. Há livros e mais livros na casa de Rose e ela parece ser alguém que estudou e que tem um conhecimento abrangente do mundo. Não descarto que ela possa ser uma antropóloga e como tal, possa ter estudado o símbolo do Rei Amarelo. Seria ótimo ver alguns dos mistérios do Símbolo serem esclarecidos de uma vez por todas, quem sabe no próximo episódio.

Mas voltemos a Tagaq. 

A pedra com o símbolo gravado me parece ser algum tipo de amuleto ou pendente, algo que um "devoto" usaria em volta do pescoço. Talvez tenhamos as indicações de que Oliver Tagaq é um cultista dessa manifestação sobrenatural, que eu imagino, talvez nem venha a ser chamado de Rei Amarelo. Possivelmente os povos nativos o conhecerão por outro nome, quem sabe Sedna.

Na saída da cabana abandonada, Navarro pergunta aos ex-vizinhos de Oliver se eles sabem o que significa o símbolo, eles não respondem - seus cachorros começam a latir e eles meio que apenas... olham ameaçadoramente. Ou seria com receio (ou ainda) medo?

7 - Mais sobre a Caverna de Gelo


Danvers e Navarro decidem visitar o Professor de Geologia da escola local para descobrir mais pistas sobre a caverna e os fósseis vistos no vídeo. É incrível como os informantes da dupla de Detetives são pessoas comuns, mas que se provam úteis no decorrer da investigação (que o diga o Veterinário que deu alguns insights muito úteis episódio passado).

O Professor Bryce revela que o fóssil parece ser de uma baleia pré-histórica conforme vimos anteriormente. Quando Navarro e Danvers perguntam sobre a localização da caverna onde a gravação foi feita, ele faz uma breve pesquisa online e descobre que ela fica próxima. E mais, um homem chamado Otis Heiss foi o responsável pelo mapeamento dessa mesma caverna. 

Apenas recordando, Otis é o sujeito que sofreu ferimentos similares aos Cientistas mortos do Tsalal. Parece ser muita coincidência...

Me pergunto se o acidente que Heiss sofreu em abril de 1998 teria acontecido nessa mesma Caverna de Gelo. Se os ferimentos que ele carregava teriam sido deixados por uma experiência nessa caverna, algo que deixou cicatrizes tanto físicas quanto mentais, e porque não dizer, espirituais. Me parece que esse "acidente" foi o que mudou o sujeito para sempre, transformou um cartógrafo em um andarilho drogado. Não deve ter sido pouca coisa.

Fica a questão: Otis teria sido um voluntário nessa experiência que mudou sua vida ou uma vítima de circunstâncias? Ele queria ver algo, queria experimentar algum grau de transcendência ou simplesmente foi colhido por um acidente que gravou o impacto de uma revelação em sua psique?

Eu acredito que Otis teve algum tipo de revelação. Ele experimentou algo que embora tenha lhe deixado cego e quase morto, serviu para "abrir a sua mente" para uma realidade da qual ele não conseguiu escapar. Algo que o condenou a uma vida errante.

8 - Navarro e Danvers visitam as Dragas 


Um pescador local viu um homem com a descrição próxima a Raymond Clark vagando pela neve próximo às dragas nos arredores de Ennis. A testemunha também envia uma foto na qual a figura de um homem veste a jaqueta cor de rosa de Raymond Clark (que antes pertencia a Annie). 

Apesar de estar angustiada com a notícia da morte de sua irmã, Navarro acompanha Danvers até as dragas para tentar encontrar Clark. Mas nem tudo é o que parece ser.

As dragas parecem ser grandes máquinas usadas para dragar o leito de rios e lagos congelados. Navarro comenta que são máquinas enormes, mas que foram simplesmente deixadas para enferrujar naquele lugar. Ao entrar no lugar, o complexo parece uma casa mal assombrada: escura, sinistra, silenciosa.

E como uma boa casa assombrada, o local tem as suas peculiaridades esquisitas.

Primeiro Navarro e Danvers acabam sendo separadas no momento que a primeira tem uma visão da própria irmã morta sendo arrastada pela água. Uma vez separadas, as duas detetives acabam pegando caminhos diferentes.

Danvers revista o local em busca de Clark. Encontra o que parece ser um esconderijo onde há drogas, cobertores e comida. Num canto escuro, Liz acaba achando um sujeito vestindo o casaco rosa com capuz e ordena que ele se renda. Mas então ela descobre que não se trata de Clark, mas de Otis Heiss.

As perguntas dela sobre o paradeiro de Clark são respondidas de forma enigmática. 

O cego se contorce e diz que Clark está escondido na Terra Noturna, o que me remeteu imediatamente a primeira temporada, quando Errol Childress (o assassino da Louisiana) dizia a Rusty Cohle no derradeiro episódio que eles não estavam mais no mundo real, e sim em Carcosa. Seria a "Terra Noturna" o equivalente a Carcosa? Uma espécie de realidade alterada regida por forças cósmicas, incompreensíveis e onde os limites entre os mundos se desfazem?  

Não foi isso que Rose disse sobre Ennis no segundo episódio? Que a "cidade no fim do mundo" está na fronteira entre o físico e o espiritual, onde os limites se perdem. Eu imagino se a Terra Noturna não seria a caverna de gelo, local de revelações e de incidentes inexplicáveis capazes de mudar a vida das pessoas para sempre. Onde Annie K encontrou seu destino, onde Heiss enlouqueceu de vez e onde Clark foi buscar respostas após a tragédia do TSALAL.

Danvers acaba prendendo Heiss e o imobilizando para levar até o que vai ser um interessante interrogatório no próximo episódio, mas e quanto a Evangeline?  
 
9 - Navarro tem outra Experiência Sobrenatural


Enquanto Danvers captura Otis Heiss, Navarro está experimentando sua própria fatia de terror.

Depois de chegar às dragas, Navarro tem a visão de uma mulher morta flutuando no canal de água abaixo deles. Navarro desce as escadas para investigar o que viu e parece encontrar o fantasma de sua irmã morta, reconhecível por seu cabelo azul e pela tatuagem sob a clavícula. 

Depois de capturar o homem cego, Danvers sai em busca de Navarro e a encontra sentada no chão em estado de choque. A visão da irmã a deixou catatônica e seus ouvidos estão sangrando.

Ao redor do mundo, para muitas culturas primitivas, ouvidos sangrando são o símbolo de uma verdade ou de uma revelação sobrenatural transmitida. As pessoas que não estão preparadas para receber essa revelação sentem fisicamente toda carga desta e manifestam ferimentos. Seria isso que aconteceu a Evangeline? Teria recebido uma revelação que não estava pronta para entender que a deixou em choque?

Rose disse anteriormente que os mortos procuram os vivos para compartilhar algum segredo. Me parece que foi o que aconteceu aqui, Julia transmitiu a irmã alguma informação que só ela (agora morta) é capaz de passar adiante. Se Evangeline vai ser capaz de entender ou não o que ela disse, isso veremos no próximo episódio.

 *     *     *

Embora nenhuma dessas “pistas” recém-descobertas faça muito sentido, o final do quarto capítulo de True Detective: Terra Noturna torna evidente a guinada para o sobrenatural em toda série. A Terra Noturna pode ser um mundo que está além da fronteira que separa os humanos dos mortos e estes desejam serem ouvidos. É algo puramente metafísico que vai muito, muito além do drama criminal procedimental que estamos acostumados.

Faltam apenas dois episódios para saber como isso vai terminar.

Fiquem conosco, detetives...

4 comentários:

  1. Sei não, a caverna de gelo é um local muito bom pra esconder um cadáver, porque tira-lo de lá? E se alguém presenciou o crime e tentou resgatar o corpo de Anne? Talvez isso explique os hematomas nas costelas que o legista imaginou serem chutes. Essa espiral me parece alguma espécie de desenho geológico, tipo aquelas topografias de montanha.

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    1. Acredito que o cadaver da Anne foi retirado da caverna e colocado em um lugar para que pudesse ser encontrado como uma forma de aviso.

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  2. Caso já tenha visto o ultimo capítulo, a roteirista e diretora fala sobre suas ideias e seus pensamentos sobre o final, acho que ajuda a entender a visão dela. Por um momento entendo que ela pegou uma pouco da subjetividade do primeiro e abraçou https://variety.com/2024/tv/news/true-detective-season-4-ending-who-killed-annie-scientists-1235908415/

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    1. Tentei responder aqui mas estava dando erro, acho q hj eu consigo. Achei bem fraco o final... Todo o lado místico foi abandonado e pior que isso foi o fato de terem abordado uma narrativa mística pra no final ignorarem.

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