sexta-feira, 26 de abril de 2024

Um Monstro Marinho do mundo real - O terrível Mosassauro Thalassotitan


Entusiastas de histórias de monstros marinhos nem sempre são levados à serio. Nem todas pessoas aceitam as teorias, por vezes inusitadas, sobre a existência factual dessas criaturas. De fato, muitos acham que tais seres habitam apenas o Reino do Imaginário.

Entretanto, recentes descobertas feitas por paleontólogos no Marrocos apontam para a existência de uma criatura monstruosa bem similar aos monstros das lendas. As ossadas sugerem se tratar de uma criatura que viveu nos rios que floresceram há centenas de milhões de anos atrás no que hoje é o norte da África. Muitos fósseis de plesiossauro - um réptil marinho de pescoço longo, já haviam sido encontrados nesse mesmo sítio. No passado remoto a paisagem hoje desértica era formada por uma bacia pantanosa, quente e com vegetação exuberante.

Curiosamente os ossos datam de um período posterior à grande extinção dos dinossauros ocorrida 66 milhões de anos atrás. Os plesiossauros parecem ter encontrado um refúgio lá apesar das mudanças climáticas devastadoras para as demais espécies.

Entretanto, antes dos plesiosauros também serem extintos, eles encontraram um adversário para sua sobrevivência tão grande quanto o clima. Este era um réptil marinho maior, mais feroz e mais implacável do que qualquer plesiosauro. Estas feras caçavam e comiam qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Nada nos oceanos pré-históricos estava à salvo desses enormes predadores. 

Um novo estudo feito por pesquisadores no Marrocos descobriu aquele que pode ser a maior e mais terrível espécie de Mosassauro - um verdadeiro monstro que pode ser o predador definitivo... ameaçando até mesmo outros Mosassauros. 


Batizado Thalassotitan, essa criatura era o equivalente a um pesadelo no mundo real, capaz de andar, correr, nadar e matar com enorme facilidade. Acredite, era algo que você positivamente não iria querer encontrar.

"O Thalassotitan era um animal terrível. Imagine um Dragão de Komodo misturado com um Tubarão Branco, com a ferocidade de um Tiranossauro e o vigor de uma baleia assassina. Todos esses elementos faziam dele o incontestável Rei dos pântanos e águas pré-históricas".

Nick Longrich, um paleontólogo e biólogo evolutivo da Universidade de Bath liderou o grupo de pesquisa que encontrou os fósseis do Thalassotitan atrox – o maior mosasauro que já nadou nos mares da Terra. Como ele explicou em uma publicação recente no Journal of Cretaceous Research, o Marrocos foi um ambiente rico em seres marinhos a cerca de 55 milhões de anos, oferecendo um habitat seguro para todo tipo de monstruosidade.

Os Mosassauros, como sabemos, estavam no topo da cadeia alimentar. Embora fossem classificados como lagartos marinhos, não há nenhuma criatura atualmente na natureza que seja semelhante a ele. É surpreendente que o parente mais próximo deles não sejam os crocodilos modernos, mas iguanas e anacondas. 

O solo rico em fosfato do Marrocos ajudou a preservar os fósseis de muitas espécies de Mosasauros com mandíbulas titânicas repletas de dentes capazes de rasgar e dilacerar peixes e lulas, além de esmagar animais com escamas. Os Mosasauros comiam de tudo - peixes, cefalópodes, tartarugas, pássaros, megalodons e até mesmo outros mosassauros. Eles eram bestas sempre famintas que caçavam solitariamente. O Thalassotitan era uma máquina de matar que não parava diante de nada, o predador definitivo. 


"O Thalassotitan, tinha um crânio enorme medindo 1.80 metros e seu corpo podia crescer até atingir 16 metros de comprimento, maior que qualquer crocodilo moderno. Ainda que muitos mosassauros tivessem uma mandíbula longa e dentes finos para agarrar peixes, o Thalassotitan tinha um focinho mais curto e dentes cônicos como das baleias orca. Isso permitia a ele uma força de mordedura ainda maior capaz de dilacerar os ossos de suas presas com uma única bocada".

Os dentes desses monstros eram adaptáveis, eles rachavam e cresciam novamente mais fortes que antes, capazes de atravessar a couraça de répteis marinhos, inclusive outros mosassauros. Nada que caía na bocarra do Thalassotitan sobrevivia à sua voracidade. A mordida era tão potente que superava a do atual crocodilo de água salgada em aproximadamente 18 vezes. Fragmentos de fósseis encontrados perto de ossadas de Thalassotitan incluem os restos de peixes predadores, cascos de tartaruga Marinha partidos e até a cabeça de um plesiosauro - arrancada com uma única mordida e semi-digerida antes de ser regurgitada.

Os fósseis de presas também incluíam as mandíbulas e dentes de outras espécies de Mosassauro o que demonstra o espírito competitivo da espécie. Marcas deixadas em ossos revelam que os Thalassotitan lutavam frequentemente entre si, disputando comida ou parceiras para a procriação.

"Nos 25 milhões de anos antes do meteoro se chocar com a Terra, os Mosassauros estavam se tornando mais e mais diversos. Adaptados e especializados em dominar o meio em que viviam. Sem falar que seu tamanho continuava aumentando. Se não tivessem sido extintos, quem sabe até que tamanho poderiam chegar".

Embora a descoberta desse predador alfa do Período Cretácio constitua uma descoberta fascinante, a verdadeira revelação vinda dessa câmara de tesouros de fósseis é a constatação de que esses animais não estavam em declínio como acreditavam alguns estudiosos. Longrich discorda de que os Mosassauros estavam em decadência mesmo depois das mudanças climáticas deflagradas pelo choque do meteoro na Península de Yucatan que decretou o fim de seu reinado. 


"Os fósseis de Mosassauros mostram que o ambiente não estava se deteriorando, pelo contrário, estava em expansão".

Até onde sabemos, a região que hoje compreende o Marrocos possuía vida marinha em abundância. Os mosassauros que lá viviam, inclusive o Thalassotitan tinham muita comida, muito espaço e perspectivas de sobrevivência. O que aconteceu é que as outras espécies não conseguiram se adaptar tão bem quanto eles e começaram a desaparecer.

Longrich supõe que os Mosassauros em um determinado momento de seu reinado ficaram sem presas que pudessem satisfazer seu apetite voraz. "Eles literalmente comeram todos animais que estavam à sua volta e tiveram que lutar uns contra os outros por comida. Era comer ou ser comido!"

No fim, o que colocou fim ao domínio desses monstros marinhos foi a sua própria incapacidade de conter seu apetite voraz. Eles esgotaram o seu ambiente paradisíaco e quando não encontraram mais nada capaz de lhes satisfazer disputaram uma arena na qual restaria apenas um deles. E este inevitavelmente também acabaria perecendo sem comida.

É divertido pensar em criaturas como o Thalassotitan vivendo nos dias atuais ou despertando para reivindicar os sete mares, mas para o bem ou para o mal tais monstros marinhos estão extintos há muito tempo. Ainda assim, nos faz pensar o que aconteceria se tal criatura nadasse em nossos mares.  

Um comentário:

  1. Como alguém disse, "por isso os dinossauros são tão legais, eles são a prova de que os monstros existiram!" XD

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