quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Montanhas Malditas - Lendas e superstições dos Montes mais assombrados da África


Ao longo da história humana, as montanhas sempre exerceram enorme fascínio e admiração nas pessoas. Pairando sobre a paisagem, elas deram origem a lendas, mitos e histórias estranhas gravitando ao seu redor. Para alguns, elas são a morada de Deuses e espíritos, para outros, elas próprias seriam divindades gigantescas adormecidas. Há picos desolados guardando segredos, eles constituem uma presença intimidadora que alcança os céus. As montanhas são o palco perfeito para o mundo do estranho, e aqui veremos uma seleção de montanhas na África consideradas amaldiçoadas, assombradas ou ambas as coisas.

Localizada no norte de Kwa Zulu, África do Sul, fica a Reserva de Caça Mkuze, que abrange uma vasta faixa de savana de acácias, pântanos e uma variedade de bosques e florestas ribeirinhas povoadas por muitos animais e mais de 420 espécies diferentes de pássaros. Pairando sobre esta majestosa região selvagem está a assustadora Montanha Fantasma, que se projeta da cordilheira Ubombo. Ela é figura imponente na paisagem selvagem, com um pico cinza que dizem ter o formato da cabeça de uma velha. Este é um lugar que há muito tempo está impregnado de lendas e manteve os nativos em um estado de admiração e medo. Ele possui uma história turbulenta e sangrenta marcada por batalhas e contos de assombrações.

A montanha foi o local de uma violenta invasão da tribo Ndwandwe, liderada pela família Gaza. Eles foram dizimados pelo Rei zulu Shaka e seus guerreiros em 1819, forçando-os a recuar para Moçambique. Depois disso, houve a Guerra Anglo-Zulu de 1879 quando os britânicos tentaram governar a Zululândia dividindo-a em 13 estados. Houve rivalidade feroz e lutas entre diferentes facções da outrora grande nação zulu. Em 1884, esses ferozes guerreiros lutaram contra um exército de guerreiros usuthu e colonos holandeses bôeres na sangrenta Batalha de Tshaneni. Após essa carnificina, o campo de batalha ficou coberto com milhares de corpos de guerreiros mortos. O coronel bôer Reitz mencionaria que quando viajou pela região na década de 1920, haviam inúmeros esqueletos espalhados nas encostas da Montanha Fantasma.


De fato, com tantas tragédias, a montanha parece ter bebido o sangue de muitos homens e desde tempos imemoriais sempre foi relacionada com a morte e o mundo espiritual. Há relatos de sussurros e gemidos típicos de um campo de batalha ouvidos décadas depois da batalha ter sido travada. O som dos feridos e moribundos agonizando sob o sol abrasante é carregado pelo vento. Também se fala de brados de guerra e de gritos de gelar o sangue que parecem reverberar nos campos como se a batalha continuasse ao longo dos séculos. Alguns descrevem ainda um fedor nauseante de sangue, morte e corrupção emergindo do próprio solo.  

Certamente essa longa história de batalha transformou a Montanha Fantasma num lugar ligado a Fenômenos sobrenaturais de toda ordem. Além de luzes estranhas vistas na encosta íngreme, há explosões subterrâneas misteriosas que fazem o chão tremer e  aparições sombrias que espreitam entre as árvores antigas. As lendas dão conta de que um número anormal de pessoas desaparece aqui, supostamente vítimas de espíritos famintos que os agarram e levam para seu reino sombrio. 

Diz a lenda que a Montanha Fantasma por algum tempo foi considerada sagrada pois era lá que ocorria o sepultamento de chefes tribais do Clã Gaza. Os súditos realizavam uma longa peregrinação levando os corpos mumificados de seus reis em liteiras carregadas pela selva. Os corpos envolvidos em linho eram então sepultados em cavernas profundas escavadas na encosta da montanha. No século XIX, os Zulu dominaram a região e passaram a impedir esse costume. As rotas que levavam ao topo da Montanha foram fechadas. Há uma história sombria sobre uma comitiva que levava o cadáver de um Rei morto e que foi atacada implacavelmente pelos Zulus. Os peregrinos foram emboscados e massacrados com golpes de facão e machado. A seguir, seus cadáveres foram pendurados pelos pés no alto de árvores em um espetáculo macabro.  


Também na África do Sul encontra-se a cordilheira conhecida como Drakensberg que se eleva a mais de 3400 metros e se estende de nordeste a sudoeste por 1150 quilômetros. Nomeadas como Patrimônio Mundial da UNESCO, as montanhas são conhecidas por sua ancestral arte rupestre e história humana. Há fósseis que remontam a milhares de anos tanto de animais pré-históricos, quanto de homens primitivos. Seus picos altos justificam o apelido de "Reino no Céu". O trecho mais elevado das Drakensberg está localizado no Lesoto, em uma região há muito marcada por guerras sangrentas, bem como vários mitos, lendas e tradições tribais.

Uma lenda muito difundida dá conta de que essas montanhas foram um dia habitadas por uma raça de lagartos gigantes que aterrorizavam a região. Há arte rupestre retratando essas bestas reptilianas gigantes e serpentes colossais adornando as paredes de cavernas e rochas sagradas. Essas histórias eram tão comuns que os colonos holandeses que ali se estabeleceram nomearam a montanha Drakensberg, que significa no dialeto afrikaner "Montanha do Dragão”. Os dragões ou lagartos gigantes figuram em incontáveis lendas, como monstros terríveis que perseguiam, atacavam e devoravam pessoas que invadissem seu território de caça. O medo era tamanho que quando os colonos se exploraram a região, a encontraram desabitada e os nativos se negavam a acompanhá-los por temer a presença dos monstros.

As lendas sobre lagartos monstruosos vivendo nas Drakensberg alimentou todo tipo de lenda e fantasia sobre uma "terra que o tempo esqueceu", onde possivelmente viveriam os últimos remanescentes dos dinossauros. De fato, foi encontrada uma quantidade notável de fósseis de grandes sáurios do jurássico, o que evidencia que as montanhas serviram de habitat para essas criaturas. É possível que a descoberta de ossadas ancestrais tenham contribuído para a criação do mito de que ali viviam répteis gigantes.


Outro tipo de criatura sobrenatural encontrado nessas montanhas era uma raça de criaturas meio-humanas dotadas de enormes chifres recurvos conhecidos como "Homens de Eland". Estes seres de pele cinza-azulada eram considerados ferozes e altamente territoriais atacando quaisquer invasores em suas terras. As histórias davam conta de que eles também caçavam e escravizavam as tribos vizinhas, obtendo prisioneiros que eram levados para as aldeias e devorados em orgias de canibalismo.

Relatos envolvendo tribos canibais cruéis na região eram tão difundidos que colonos e exploradores evitaram a Drakensberg por décadas. É possível que os boatos sobre canibalismo tenham origem no fato de que quando o povo Sotho estava fugindo de guerreiros Zulu, se barricaram nas montanhas e recorreram ao canibalismo quando a fome desceu sobre eles. Diz-se que os Sotho se tornaram canibais e que devoraram cerca de 300.000 pessoas durante um período de 25 anos. Esse número de vítimas também explicaria as histórias de espíritos inquietos, muitos deles mutilados, vagando pelas montanhas como almas penadas.

Outra montanha mística assombrada fica na moderna nação do Malawi, onde se ergue o pico envolto em névoa chamado Monte Mulanje. Elevando-se abruptamente das pradarias circundantes com uma elevação de 3000 metros, o maciço é o planalto mais alto do país. Conhecido desde tempos imemoriais como "Chilumba mu mlengalenga", que significa "Ilha dos Deuses no Céu" ele atraiu para si todo tipo de lenda sobrenatural.


Grande parte do folclore local gira em torno do Pico Sapitwa, há muito conhecido como um refúgio para espíritos perversos que são considerados uma ameaça a qualquer um que ouse entrar em seus domínios. De fato, o nome “Sapitwa” se traduz literalmente como "lugar onde as pessoas não vão". Há muito tempo ele é visto como um lugar onde as pessoas que entram, não retornam. Dizem que dezenas de pessoas desaparecem nessa montanha todos os anos, e se os rumores forem levados à sério, isso se deve à ira dos espíritos. Estes arrastam suas vítimas aos gritos para recessos profundos onde os devoram por inteiro.

As lendas falam sobre os Wanziih um tipo de espírito aterrorizante que espreita pelas escarpas íngremes e que se esconde em túneis durante o dia para caçar à noite. Esses seres sobrenaturais, muito altos e magros caminham ser deixar rastro e se aproximam sem fazer qualquer barulho. Suas garras longas pendem nos dedos compridos como lâminas afiadas. Eles não possuem feições, tem o corpo andrógino cinzento e com músculos estriados colados aos ossos que aparecem sob a pele esticada. O horror de ver um Wanziih é tamanho que segundo as lendas a vítima fica paralisada e não consegue se mover enquanto a criatura usa suas garras para estripá-la.  


Contudo, nem todos os espíritos da montanha são malévolos. Há um lugar idílico chamado Dziwe la Nkhalamba, onde espíritos se banham em lagos cristalinos que formam piscinas naturais na encosta. As testemunhas que tem a sorte de ver tal coisa são abençoadas com boa sorte e uma vida longa. Há vários relatos de pessoas perdidas na natureza selvagem que encontraram comida cuidadosamente preparada e disposta para elas no meio do nada. Contudo, existe um porém. De acordo com as lendas locais, se alguém não aceitar essa ceia ou levar consigo o que sobrar depois de comer, será alvo da fúria dos espíritos. 

Outras histórias sobrenaturais abundam, e o explorador e escritor de viagens Mark Horrell, que viajou extensivamente pela montanha, conta algumas delas:

"Muitas das histórias de Mulanje são tão nebulosas quanto as lendárias névoas que cercam seu cume superior e escondem os picos por dias a fio. Quando visitei Mulanje coletei algumas delas. Conta-se que o pico mais alto foi conquistado apenas em 1894, mas não há como confirmar essa informação ou quem empreendeu a escalada. Muitos nativos afirmam que ninguém jamais esteve no topo do monte e que ele é a morada de deuses. Descobri que o escritor Laurens van der Post empreendeu uma expedição trágica em 1916, na qual parte de seu grupo pereceu em um deslizamento. Os nativos afirmam que viajantes desaparecem sem explicação nesse lugar desde o início dos tempos. Havia rumores sobre espíritos famintos que possuíam os vivos e os obrigavam a saltar das ravinas. De monstros canibais como os Wanziih e também sobre uma serpente voadora chamada Napolo que é responsável por soprar as névoas espessas que sobrem o cume."

Nossa viagem pelas Montanhas Malditas da África está apenas começando. Acompanhe-nos na continuação dessa postagem.

3 comentários:

  1. "sáurios do período cambriano" (!!!!!), pra variar, revisar a tradução feita às pressas dos artigos que reproduzem, nada!!!

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