terça-feira, 27 de agosto de 2024

Montanhas Sinistras - As lendas mais macabras sobre montanhas na África

Uma das montanhas mais sinistras do continente e africano se encontra no Zimbábue

Localizada em meio a uma natureza de tirar o fôlego nas Terras Altas Orientais fica o Parque Nacional Nyanga. Esse e um dos maiores e mais antigos parques nacionais do país. Uma terra de colinas verdes onduladas, vastas charnecas e extensões arborizadas, habitadas por uma grande variedade de animais selvagens, onde riachos serpenteiam território adentro. O parque é uma das principais atrações turísticas do Zimbábue, e ocupando o centro desse esplendor natural está o majestoso Monte Nyangani. Com 2.592 metros, o ponto mais alto de Zimbabwe, e seu cume se encontra eternamente coberto por névoa tão espessa que parecem impenetráveis.

Segundo o folclore local, o Monte Nyangani é habitado por poderosos espíritos ancestrais e é um lugar sagrado. Também é dito ser o refúgio de espíritos malignos ou vingativos e todos os tipos de entidades e criaturas sobrenaturais. A montanha é temida há muito tempo pelo povo da região, um lugar a ser abordado com cautela, pois há inúmeras regras que, de acordo com a tradição, devem ser seguidas ao se aventurar lá. Não se deve aproximar ou entrar em locais sagrados na montanha, pois diz-se que isso resultará na ira dos espíritos. Aqueles que adentram o território sagrado são perseguidos e caçados por feras invisíveis e monstros que vagam nas encostas. Tribos de homens serpentes, anões de pele cobreada e feras com seis patas são apenas alguns dos terrores que espreitam nesse lugar.

Também é dito que se alguém se deparar com uma cobra colorida, uma panela de comida ou um tijolo de ouro, são os espíritos enganando você, e que é melhor ignorá-los e seguir em frente rapidamente. Dizem que os mesmos espíritos gostam de empurrar as pessoas de saliências íngremes e fazer com que elas despenquem nas ravinas obre pedras afiadas como navalha. É recomendado aos visitantes se abster de acender fogueiras e não usar roupas vermelhas sob hipótese nenhuma pois isso irritaria os espíritos. Mesmo que alguém planeje seguir essas regras definidas, os visitantes são fortemente aconselhados a pedir permissão aos anciãos da aldeia para escalar a montanha.


Há lendas obscuras que têm sido sussurradas entre as tribos locais desde tempos imemoriais. Visitantes e moradores que visitaram a misteriosa montanha relatam uma ampla gama de estranheza ocorrendo ali. Dizem que bússolas e equipamentos elétricos às vezes enlouquecem ou quebram completamente, que fotos tiradas não revelam corretamente. O clima não obedece a nenhuma previsão racional, com rajadas de vento parecendo rugir nos momentos mais inoportunos e neblinas espessas se materializando do nada. Também há vários relatos de visitantes ficando atordoados, confusos ou desorientados sem motivo aparente, com até mesmo exploradores experientes sentindo uma inexplicável tontura e náusea. Outras estranhezas incluem sons não identificáveis, luzes bizarras e animais que parecem se comportar de maneira incomum. Há relatos de árvores distorcidas com o rosto de pessoas se formando em seus troncos e vozes incorpóreas que sussurram. Isso sem falar de riachos que adquirem uma cor vermelho sangue.

A área ao redor da montanha é repleta de histórias assustadoras sobre locais mágicos e feras bizarras. Por exemplo, duas represas que estavam em construção na área nos anos 60 foram supostamente amaldiçoadas, enfrentando problemas com acontecimentos inexplicáveis. Os moradores locais culpavam os espíritos por essas ocorrências estranhas. Além de bizarros acidentes de construção, mau funcionamento de equipamentos e súbitas mudanças de tempo, havia ainda desaparecimentos de pessoal. Gente que sumia sem deixar vestígios! As coisas ficaram tão tensas que sacerdotes tribais foram convocados para conduzir rituais que visavam apaziguar os espíritos furiosos.

O Monte Nyangani tem a fama de engolir viajantes incautos e fazer com que eles vaguem pela eternidade como fantasma. Embora não se saiba quantas pessoas realmente desapareceram nos arredores do Monte Nyangani, há casos recentes de desaparecimentos que permanecem sem solução. Uma onda de tais desaparecimentos ocorreu na década de 1980. Em 1981, duas jovens filhas adolescentes de um ex-funcionário do governo chamado Tichaendepi Masaya desapareceram sem deixar vestígios na montanha, e uma busca massiva por ar e terra não revelou um único fragmento de evidência do que havia acontecido com elas. O desaparecimento continua sendo um mistério completo. Alguns anos depois, houve o misterioso desaparecimento de um estudante de 12 anos chamado Robert Ackhurst, que se afastou de um grupo em uma excursão escolar e desapareceu da face da terra. O professor de Robert supostamente ficou tão perturbado por ter perdido uma criança sob seus cuidados que cometeu suicídio no ano seguinte. A década de 80 veria pelo menos mais três desaparecimentos inexplicáveis ​​na montanha, e em todos os casos nenhum vestígio das vítimas foi encontrado.


Um caso mais recente envolve Zayd Dada, de 31 anos, que era um turista zimbabuense de ascendência indiana. Em 4 de janeiro de 2014, Dada fez uma caminhada montanha acima com sua esposa e outro casal da qual ele nunca voltaria. Supostamente, quando o grupo chegou na metade da montanha, Dada se afastou por um momento para observar a paisagem. Quando ele não retornou, seus amigos o procuraram, mas não o encontraram em lugar nenhum. Uma busca extensiva foi lançada envolvendo o Exército Nacional e a Força Aérea do Zimbábue, além da polícia e bombeiros, que varreram a paisagem usando tecnologia avançada, como mapas de satélite 3D e scanners infravermelhos. Todas as rotas possíveis para escalar a montanha foram meticulosamente vasculhadas, sem sucesso, e a história virou notícia no país. Mesmo depois que a busca oficial não encontrou nenhum sinal do turista desaparecido, a família distribuiu panfletos em vários idiomas. Os amigos e a família de Dada estavam tão desesperados para encontrá-lo que até buscaram conselho de chefes tribais locais, que organizaram rituais para apaziguar os espíritos da montanha, mas isso também se mostrou inútil.

Talvez ainda mais estranho do que aqueles que desapareceram sem deixar vestígios no misterioso Monte Nyangani são aqueles que desapareceram apenas para reaparecer mais tarde com histórias bizarras para contar. Um desses relatos diz respeito a um alto funcionário do governo que desapareceu na montanha no início dos anos 1980 durante uma excursão com dois companheiros. O grupo ficou desaparecido por um total de 4 dias, durante os quais as operações de busca não conseguiram encontrar nenhum vestígio deles. Durante esse tempo, o grupo alegou mais tarde que havia vagado sem rumo em um estado confuso e que não se sentia cansado, desidratado ou com fome o tempo todo. Eles também relataram que viram equipes de resgate procurando por eles, mas que eles próprios pareciam estar invisíveis, não sendo vistos nem ouvidos quando chamaram seus possíveis socorristas.

Dizem que foi somente quando os líderes tribais da área fizeram um sacrifício de sangue desesperado aos espíritos da montanha que o oficial desaparecido e seus companheiros foram milagrosamente encontrados novamente, e embora estivessem desaparecidos por 4 dias, eles próprios acreditavam que estavam desaparecidos há apenas algumas horas. Foi alegado na época que eles estavam presos em uma espécie de reino intermediário entre realidades, mantidos pelos espíritos da montanha até que fossem apaziguados, presos em uma espécie de estado de suspensão ou limbo chamado chimidza pelos nativos. De fato, outros que desapareceram no Monte Nyangani e voltaram vivos relataram uma espécie de estado de transe. Mesmo quando encontrados foram incapazes de lembrar onde estavam ou o que exatamente aconteceu com eles. Seria possível que essas pessoas estivessem escravizadas por forças obscuras capazes de prendê-los em outra realidade?

Ainda mais recentemente é o caso de um turista britânico de 20 anos chamado Thomas Gaisford, que corajosamente saiu para explorar o Monte Nyangani em novembro de 2016. Um estudante universitário do segundo ano, Gaisford era um experiente explorador. O jovem aventureiro embarcou em uma viagem ao cume da montanha sozinho, mas estava entusiasmado e otimista sobre a provação. No entanto, as coisas tomariam um rumo estranho bem rápido.


Por volta das 15h, Gaisford contou que uma neblina anormalmente espessa desceu da montanha para envolvê-lo completamente. Desorientado e incapaz de encontrar seu caminho através do nevoeiro que o cercava, ele decidiu montar acampamento e armar uma barraca para esperar o tempo amainar. Logo depois uma chuva forte e abrupta começou a cair sobre ele. O rapaz acabaria ficando lá durante a noite, e na escuridão crescente relatou que observou formas estranhas que mantiveram sobre ele uma vigília incômoda. Ele seguiu os conselhos e advertências dos moradores locais que lhe disseram para ignorar qualquer presença fantasmagórica e não acender fogueiras. Mais tarde ele contaria sobre a experiência bizarra e perturbadora:

"Eu fiquei lá por 12 horas, sozinho e no escuro. Eu rezei e pedi proteção. Várias cobras assustadoras se aproximaram de mim. Eu nunca as perturbei. Eu percebi sombras ameaçadoras e vultos gigantescos ocultos no nevoeiro. Eu me mantive imóvel, como se não estivesse vendo nada, apesar de perceber as formas medonhas que me observavam. Vi ainda olhos vermelhos brilhantes me encarando. Eu sei que fui testado, mas permaneci firme. Acordei na manhã seguinte depois que a neblina se dissipou e parti sem olhar para trás. Foi a experiência mais aterrorizante da minha vida".

Seria esse o relato de um homem assustado e sozinho em uma montanha famosa por seu clima imprevisível ou haveria algo mais, como ele próprio disse. Talvez as lendas sinistras tenham reverberado no fundo de sua mente para amplificar o terror da situação, mas quem pode saber ao certo? Se Gaisford não tivesse montado acampamento e esperado a névoa misteriosa que o envolvia, ele também teria se tornado mais uma das vítimas da montanha, condenado a desaparecer da face da terra como os outros? O próprio Gaisford era cético sobre a tradição assustadora que cercava a montanha antes de sua jornada, mas lá em cima, sozinho, ele obedeceu aos conselhos dos líderes tribais sobre como se comportar. Ele refletiria sobre a experiência, dizendo:

"Eu tinha ouvido muitas histórias estranhas sobre essa montanha, mas nunca acreditei nelas. Tentei colocar isso no fundo da minha mente. Nunca levei à sério as lendas, mas depois percebi que deveria ter feito isso. Estou feliz por estar vivo. Há mais para vivenciar. Aprendi muito sobre o Zimbábue e sobre mim mesmo sozinho naquele lugar assustador".


Se você perguntar às tribos da área, elas contarão histórias fabulosas sobre espíritos errantes raivosos, magia negra e zonas proibidas entre dimensões que prendem almas. Os anciãos tribais há muito alertam que é absolutamente necessário seguir as regras da montanha e não irritar os muitos espíritos errantes que a guardam eternamente. De acordo com os moradores locais, as pessoas desaparecidas estão sendo mantidas em cativeiro pelos espíritos da montanha e, se tivessem seguido as regras estariam bem. Eles também afirmam que a única possibilidade de trazer essas pessoas perdidas de volta é por meio de rituais intensos para pedir perdão a esses espíritos. Um morador local chamado Sekuru Nhando relembrou uma das buscas e como ela se relacionava com essas regras:

"A busca foi cancelada devido aos ventos fortes e a mudança abrupta no clima. Apenas quando os sacerdotes tribais se reuniram e fizeram uma oração para apaziguar os espíritos a ventania diminuiu. Antes ela era tão forte que nem os helicópteros eram capazes de voar em segurança. Havia homens temendo serem empurrados lá do alto ou ficarem cercados pelas névoas espessas. Alguns deles ficaram tão apavorados com o avanço do nevoeiro sobre eles e com coisas que disseram ter visto parcialmente que não queriam seguir adiante. Voltaram para suas casas com olhares assombrados".

Montanhas, não apenas da África, mas do mundo inteiro, são propícias a estranhezas, e não se sabe exatamente o que acontece nesses lugares ou sobre a influência que elas exercem sobre as pessoas. De fato, não há como precisar o que aconteceu nos casos apresentados. Haveriam poderes além da nossa compreensão se reunindo em torno desses montes? Ou é tudo simples folclore e mito propagados pelos habitantes supersticiosos? Seja qual for o caso, as montanhas provavelmente continuarão a atrair histórias estranhas sobre o paranormal e continuarão a exercer sobre nós eterno fascínio.

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