sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ku Klux Klan - A face mais vil do preconceito racial

Chamada de Klu-Klux-Klan, a organização de ultra-direita dos Estados Unidos reunia extremistas, reacionários e partidários da superioridade racial branca. Mais conhecida como "The Klan" pelos seus membros, a sociedade foi criada no século XIX, no Sul dos Estados Unidos. Seu nome decorre da palavra grega "kuklos" que significa anel ou aliança.

A Ku Klux Klan tencionava ser um partido reconhecido, contrário a integração dos negros na sociedade americana. Quando surgiu, a sociedade funcionava como uma espécie de Clube ou Irmandade que congregava os brancos e protestantes do sul do país. Com o passar do tempo se converteu em um movimento radical e violento.

Contrário aos negros, judeus, imigrantes e católicos, a Ku Klux Klan chegou ao seu auge de poder em 1925, contando com mais de 5 milhões de associados em todo o país. Em alguns estados, a Klan agia como um partido legítimo, endossando e promovendo políticos conservadores que apoiassem seus ideais de "america-centrismo" e "pureza racial". Escritórios centrais davam suporte a partdários em todo o país e até no Canadá. Seus membros estavam presentes em todas as camadas da sociedade e podiam ser vistos em paradas, comícios e festivais sempre trajando o traje que se tornou um ícone do preconceito: o manto branco com capuz pontudo.

As roupas serviam não apenas para ocultar a identidade dos indivíduos, mas para intimidar a população supersticiosa das áreas rurais onde a Klan era mais forte. Muitos acreditavam que as figuras de branco eram fantasmas de soldados confederados mortos durante a Guerra Civil que voltavam do além. Os membros da Klan incentivavam esse pensamento e criavam uma aura sobrenatural para aterrorizar seus inimigos. Algumas cerimônias da KKK incorporavam aspectos de ocultismo e simbologia trazida das ordens de cavalaria medieval.

Os membros mais influentes da Klan, os chamados Dragões, afirmavam fazer parte de um Império Invisível, uma Irmandade que com o tempo seria capaz de controlar e tomar conta de todo o governo dos Estados Unidos. Para alguns essa era uma resposta dos confederados aos "pais da república" que eram maçons liberais. Assim como os rituais maçônicos, a KKK possuía seus próprios rituais e cerimônias. O caráter místico da Klan entretanto era bastante superficial, com dogmas copiados de outras sociedades.

Os "Cavaleiros da Klan", constituíam a linha de frente da Sociedade. Eles se envolviam em ações violentas tendo como alvo qualquer um que contrariasse sua visão distorcida. A Irmandade incentivava o uso de armas para defender seu ponto de vista: na cerimônia de aceitação de novos membros, estes recebiam além do manto cerimonial, uma arma de fogo e treinamento em seu uso. Na ocasião também prestavam o juramento de que aquela arma seria usada contra qualquer um que ousasse desafiar a Ku Klux Klan.

Os membros mais ativos levavam esse juramento solene à sério. Queimavam cruzes e perseguiam avidamente os chamados inimigos da raça branca. Em casos mais extremos organizavam linchamentos, plantavam bombas e ateavam fogo em prédios governamentais.

Na Louisiana, onde a Klan surgiu, seus membros controlavam praticamente todos os níveis de governo estadual e municipal. As pequenas cidades ficavam sob o domínio de prefeitos filiados a Klan. Ser um membro da Irmandade não era algo reprovável, muito pelo contrário, fazer parte do grupo garantia respeito e reconhecimento público. De fato, estimativas atestam que cerca de 20% da população masculina da Louisiana com direito de voto era parte da Irmandade. Filiar-se a Klan era muito fácil e os membros precisavam apenas pagar uma pequena anuidade para serem aceitos.

A influência da Klan era tamanha que em 1922, o Governador da Louisiana, John Parker, afirmou que seus telefones haviam sido grampeados e que sua correspondência era frequentemente aberta por seguidores fiéis à Klan. Funcionários públicos, xerifes e policiais eram parte da sociedade e faziam vista grossa para seu estilo de justiça, chamado no sul de "justiça vigilante". Esse estilo de justiça pelas próprias mãos se amparava no que os extremistas chamavam de "direito divino do homem branco de obter justiça quando a lei falhava em provê-la". Segundo eles o governo federal era corrupto e infiltrado por inimigos da Klan o que justificava suas ações. Na verdade a justiça vigilante era uma forma de exercer o poder pela força da forma que a Klan bem quisesse.

Donos de terras e comerciantes eram intimidados a não fazer negócios com negros ou judeus, caso contrário suas propriedades poderiam sofrer as consequências. Mulheres transgressoras - aquelas que saíam sozinhas ou pregavam a igualdade - eram agredidas e tinham os cabelos raspados. Sindicalistas eram agredidos e coagidos. Jornais liberais que se colocavam contra os interesses da Klan eram bombardeados e seus responsáveis amarrados em trilhos de trens ou mergulhados em tonéis de piche. Não havia limites para os desmandos.

Em um dos mais tenebrosos exemplos de abuso, membros da Klan compravam prisioneiros negros das penitenciárias estaduais e os forçavam a escravidão em fazendas e plantações, matando-os quando sua utilidade terminava.

A Ku Klux Klan possuía um amplo espectro de supostos inimigos. Católicos eram considerados traidores uma vez que se sujeitavam a autoridade do Papa. Judeus eram perseguidos como uma ameaça à estabilidade econômica e social. Imigrantes eram vistos como indivíduos inferiores que disputavam o emprego com trabalhadores americanos. No início do século sindicalistas e comunistas foram incluídos na cartilha do ódio como agitadores dispostos a derrubar o governo. A Klan, no entanto, se tornou célebre pela sua perseguição aos negros. Sendo um movimento nascido no sul dos Estados Unidos, a Klan misturava ao seu discurso o orgulho confederado. Para os líderes, a Guerra Civil havia sido travada como uma desculpa para encerrar com a escravidão, portanto a derrota do sul era culpa dos negros.

Nos estados do Sul, o preconceito racial vigorou até meados da década de 60. Negros eram abertamente marginalizados e proibidos de utilizar certos serviços ou transitar em áreas "só para os brancos". A política de descriminação chamada de Jim Crow vedava o acesso de negros a hotéis, bibliotecas, cinemas, teatros, restaurantes, hospitais e escolas. Presídios, transportes públicos, bebedouros e banheiros eram separados. Miscigenação constituía um tabu social e um dos maiores pecados que poderia ser cometido, a lei da Louisiana proibia a união civil entre pessoas de diferentes raças. Nem todas, mas a grande maioria dessas leis decorria da influência da Klan. Acima da força da lei, a pressão social era muito forte. Aqueles que ficavam contra o status quo eram marginalizados, excluídos e em casos mais extremos simplesmente desapareciam.

De fato, a única parte da Louisiana que estava livre das ações da KKK era a cidade predominantemente católica de Nova Orleans. A população local era abertamente hostil a Irmandade e os consideravam "caipiras ignorantes". Mas mesmo em menor número, a Klan estava presente na cidade, agindo nas sombras para atingir seus alvos costumeiros. A Universidade de Notre Dame foi atacada em 1925 por membros da Klan vestindo os trajes cerimoniais e a capela da Universidade católica foi destruída. Em 1926 a Klan tentou se infiltrar em um julgamento de assassinato para capturar o acusado, um imigrante irlandês, que por pouco não foi linchado.

Mas o domínio irrestrito da KKK não durou muito tempo. A partir de 1923 o FBI começou a infiltrar agentes na base da Irmandade considerada uma clara ameaça a estabilidade nacional. Em 1926, a clan sofreu um duro golpe quando a sociedade se fragmentou em duas facções. Escândalos, assassinatos e brigas internas pelo poder terminaram por enfraquecer a Klan de forma decisiva. O número de membros foi diminuíndo gradualmente. A KKK tentou se reestabelecer em meados dos anos 40 se aproximando de movimentos fascistas na Alemanha, mas a entrada dos EUA na Segunda Guerra esfacelou qualquer tentativa. Muitos dos membros se uniram ao exército após Pearl Harbor elegendo os japoneses como seus novos inimigos.

Na década de 60, os movimentos sociais pela igualdade racial incentivados pela administração Kennedy serviram como estopim para reativar a Klan. A Irmandade recrutou agitadores e partidários, mas sem um gabinete central foi facilmente desarticulada pelos federais.
Hoje a KKK atua de forma clandestina e seus agentes são bem mais discretos e cuidadosos, isso não significa que ela tenha desaparecido. Em absoluto, preconceito e ódio racial infelizmente são uma parte vergonhosa da natureza humana, uma que anda de mãos dadas com a ignorância.

3 comentários:

  1. ...é a Klan é uma das organizações que mais me causa aversão e repulsa ( so perde para os partidos Nazi-Fascistas )...me causa arrepios imaginar um bando de rascistas compactuando com Forças Inimaginaveis...otimo post...para quem quiser saber mais ou ter outras fontes de referencia cito o filme " O Nascimento de uma Nação " ( 1915 - mudo e em preto e branco com legendas )...

    ResponderExcluir
  2. Ótimo Post.

    Saudações, Hoje muitos dos que defendiam a idealização de raça "pura" não são compreendidos, entre eles o partido Nazista, entretanto a "KKK" é dada não como o direito de uma raça e sim o desprezo por outra, pois sabemos de onde partem a descendência de seus principais membros, que são misturas vis de raças, para os que estudam a Teoria das Raças, declarada na Alemanha, sabe-se que a reprodução seletiva fortalece nações, entretanto podem enfraquecer outra, e uma delas é a Norte America, onde que por sua vez as milhares de doenças Nativas extermina qualquer não-nativo, foi para isso que muitos que estão hoje vivos naquela terra são misturas indígenas, e até Africanas. Declaro por ultimo que a causa da Klu-Klux-Klan, possui uma essência e até motivações científicas, só que o Mundo já se disse contra tais atitudes, e agora adotar pelo Ódio só trará mais ódio. (não que eu seja de todo pacifista xD)

    vlW (y), Thay.Narrador

    ResponderExcluir
  3. Ultra-direita que compartilha de ideias nazistas, sabendo que o nazismo era nacional socialista (de esquerda)? Ultra-direita que tem ideias totalitárias e não respeita a liberdade individual das pessoas, de elas serem judias, negras, etc.? Ainda mais diante do símbolo que é feito com a mão, que foi o mesmo feito por Hitler e Stálin?

    Texto tendencioso.

    ResponderExcluir