terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Murder of Crows (parte 1) - Resumo do Cenário de Call of Cthulhu na Louisiana de 1923

Todo ano acontece a tradicional sessão de Cthulhu do Halloween.

Esse ano não foi diferente. O cenário escolhido foi "A Murder of Crows" uma aventura de Call of Cthulhu clássico se passando na pitoresca Louisiana de 1923, envolvendo o desaparecimento de dois irmãos gêmeos, uma cidadezinha no meio do pântano, indivíduos pouco amigáveis, um carregamento perdido de ouro confederado e as horríveis forças dos Mythos de Cthulhu.

O cenário foi adaptado a partir da aventura de mesmo nome do livro Mortal Coils editado pela Pagan Publishing.

OS INVESTIGADORES

HARRY "MARTELO" COLTRANE
36 anos, Detetive Particular à serviço da Agência Pinkerton

Harry é o estereótipo do detetive durão da literatura policial. Esperto, mau humorado e cínico até a raiz dos cabelos. Durante a Grande Guerra ele serviu na França e para sobreviver ao horror das trincheiras teve de fazer coisas das quais não se orgulha. Ele mesmo não lembra dos detalhes, só se recorda de ter matado muitos alemães depois que sua tropa se perdeu e foi encurralada pelos inimigos. Harry ficou em um sanatório militar por cerca de 6 meses depois da guerra para se recuperar. Quando foi liberado do exército trabalhou como estivador até ganhar uma chance com um colega do exército que lhe ofereceu trabalho como detetive. Desde então ele leva a vida investigando casos para a agência Pinkerton.

DWIGHT "BUCKY" GREENE
30 anos, Detetive Particular a serviço da Agência Pinkerton

Dwight cresceu em reformatórios até descobrir sua vocação para o baseball. Ele foi um profissional, eleito um dos melhores arremessadores da Liga. Dwight estava com o contrato pronto para jogar pelos White Sox, mas um escândalo no meio esportivo acabou fazendo com que ele perdesse sua chance. Ele foi acusado de entregar um jogo e afastado do esporte. Apesar de ser inocente as dívidas que ele tinha acabaram arranhando sua reputação. Abandonando o Baseball, Dwight se tornou detetive particular investigando casos menores de adultério e fraude. Recentemente ele auxiliou um detetive da renomada Agência Pinkerton e seu trabalho foi tão apreciado que ele acabou contratado.

RAYMOND "RAY" LARABY
32 anos, Ex-golpista, Investigador de Seguros

O início da carreira de Ray foi marcado por pequenos golpes e truques para separar o dinheiro de “otários”. Ele foi um bem sucedido golpista e operou esquemas de fraude bastante rentáveis. Depois de ter sido apanhado por um investigador particular, Ray conseguiu convencê-lo a não o entregar à polícia, ao invés disso ele se ofereceu para trabalhar como ajudante. Quem melhor do que um golpista para reconhecer outro? Ray tomou gosto pelo trabalho e depois de muitas idas e vindas acabou contratado pela própria agência Pinkerton, trabalhando em casos envolvendo seguros pessoais.


WILLIAN "WILL" BARTON
22 anos, estudante graduado em Arqueologia

Jovem estudante da Miskatonic University. Colega de David e Alan Carter a quem estava ajudando a escrever a Tese de Formatura dos irmãos. Deveria ter viajado com eles para a Louisiana, mas por conta de uma gripe não pôde acompanhá-los. Fascinado pela cultura dos índios abenaki, sua especialização acadêmica é em culturas nativo-americanas. Entusiasta de jazz e um boêmio por natureza, Bill como é chamado pels colegas, freqüenta os Speakeasies e a vida noturna nos arredores do campus na Miskatonic University em Arkham. Ele é um dos atletas do time de natação da Universidade.

PROF. HORATIO CAMPBELL47 anos, Professor de Química e pesquisador

Formado como um brilhante bio-químico, atuou na área de pesquisas industriais. Durante a Grande Guerra trabalhou para o exército em um setor que desenvolvia armas químicas para ser empregado no front. Ficou horrorizado quando surgiram os efeitos de seu trabalho. Tem pesadelos a respeito até hoje. Largou o trabalho e se tornou professor em tempo integral. Recentemente perdeu a esposa vencida por um longo e debilitante câncer, desde então tem procurado seu rumo na vida. Ele foi colega de estudos do Dr. Robert Carter e é o padrinho de seus filhos.

Cena 1: Entrevista com o Dr. Robert Carter - 2 de Outubro de 1923

Os jogadores que interpretam o Professor Campbell e o jovem estudante Will Barton são informados dos últimos acontecimentos envolvendo os filhos do Dr. Robert Carter, David e Allan.

Os irmãos são brilhantes estudantes na Universidade Miskatonic, David o mais velho está se formando em Antropologia, enquanto Allan cursa Arqueologia. Os dois são especialistas em Cultura e História Americana com um profundo interesse em folclore. David, próximo de se graduar, está preparando uma tese na companhia de seu irmão sobre Religiões Primitivas na América. William que é um estudante de Arqueologia e amigo dos irmãos os ajudava em algumas pesquisas. Recentemente os irmãos Carter viajaram para Nova Orleans onde pretendiam fazer pesquisas de campo para complementar sua tese. Os dois passaram 3 semanas em Nova Orleans, sob a tutela do Professor Francis Whitwell da Universidade de Tulane.

A última carta enviada pelos irmãos Carter tem o carimbo postal de Morgan City, uma pequena cidade na Paróquia de St. Mary nos Everglades. Na carta, datada de 15 de Agosto, David pede desculpas pelas poucas notícias, mas afirma que ele e o irmão estão bem e que fizeram uma descoberta em Nova Orleans que motivou a viagem para o interior do estado em busca de maiores informações sobre um "assunto simplesmente fantástico que dará uma guinada em toda sua tese". Os irmãos tentam tranquilizar o pai dizendo que apesar de algumas dificuldades ao tratar com os habitantes da região estão em segurança.

Os irmãos Cater em uma foto recente enviada de Nova Orleans. Allan (à direita) e David (à esquerda) na foto cedida pelo Dr. Robert Carter.

Infelizmente essa foi a última carta enviada pelos irmãos e seu pai está bastante aflito.

Após conversar com o Professor Campbell e com William a respeito do ocorrido, Robert pede que eles estejam presentes a uma reunião com detetives da renomada Agência Pinkerton, contratados para descobrir o paradeiro de seus filhos.

Os três detetives do escritório da Pinkerton em Boston chegam a casa da família Carter no horário marcado e ouvem a narrativa do médico. Em seguida ele explica que pagará as despesas de viagem e demais custos para que o grupo siga o quanto antes para o Sul e encontre informações sobre seus filhos. William e o Professor Campbell insistem em acompanhar os investigadores apesar dos protestos destes.

Robert cede uma fotografia dos seus filhos e as cartas escritas por eles antes de desaparecerem. Nada estranho. Um cartão postal retrata a Pensão Washburn em Morgan City e Dwight comenta que seria um bom lugar para buscar pistas. No verso do cartão os irmãos dizem estar pesquisando arquivos na Sociedade Histórica da cidade.

O Dr. Crow conta que entrou em contato com o delegado de Morgan City um tal Kyle Gibson, mas que ele cooperou muito pouco. O grupo pode procurar por ele para saber mais a respeito da investigação conduzida pelo delegado. Na opinião do Dr. Crow ele foi relapso e demonstrou pouco interesse.

O grupo decide que seria interessante fazer uma parada em Nova Orleans para conversar com o Professor Whitwell e saber mais a respeito da pesquisa dos irmãos na ciadde e o que fez com que eles viajassem para o interior. Posteriormente eles devem seguir para o mesmo destino.

Cena 2: Bem vindos à Louisiana

O grupo decide seguir logo na manhã seguinte para o Sul do país. Em casos de desaparecimento cada minuto é vital. Eles decidem seguir para a Louisiana de trem, uma viagem de 4 dias a partir de Boston.

A viagem transcorre sem maiores eventos e o grupo aproveita o tempo junto para se conhecer e fazer amizade. Bucky conversa com Will a respeito de Baseball, Campbell corrige as provas de seus alunos enquanto Harry e Raymond jogam cartas.

Os investigadores chegam a Nova Orleans na manhã do dia 7 em um dia quente e úmido. Depois de se hospedar em um Hotel no French Quarter e trocar de roupa eles seguem para a renomada Universidade de Tulane (imagem ao lado) para conversar com o Prof. Whitwell. O professor é um cavalheiro sulista bastante culto e atencioso, ele afirma que gostou da companhia dos jovens e que os auxiliou em suas pesquisas na Universidade a respeito do folclore da Louisiana.

Segundo ele, os rapazes estavam muito interessados em lendas e superstições locais, em especial religiões africanas: santeria, hoodoo e vodu. Esses assuntos pareciam fascinar os rapazes que buscavam informações sobre cultos e práticas de magia negra. Whitwell indicou dois contatos em Nova Orleans:

O primeiro uma loja de "artigos cerimoniais", uma espécie de empório chamado "Magic de la Nuit" e o outro, o ex-inspetor de polícia John Raymond Legrasse.

O grupo decide visitar primeiro o ex-inspetor em sua residência no Market District. Legrasse é um senhor de idade que recebe o grupo na varanda da casa. O ex-policial parece reticente em falar com o grupo a respeito da visita dos irmãos Carter, mas depois de saber que eles desapareceram aceita compartilhar com o grupo o mesmo que falou para os rapazes.

Eles queriam informações a respeito de antigos cultos na cidade e sobre a participação de Legrasse em uma ação policial no ano de 1907. Legrasse contou então a estória: Posseiros vinham se queixando de práticas bizarras no interior do Pântano ao sul da cidade. Um bando de maníacos praticantes de vodu era acusado de raptar mulheres e crianças. Legrasse coordenou a ação policial que desarticulou o que se revelou um terrível culto satânico.

O inspetor narra com olhos assombrados como ele e seus homens atacaram o culto e deram voz de prisão aos envolvidos em uma celebração profana conduzida ao som de tambores. Na ação vários desses baderneiros que praticavam um horrível ritual foram capturados e outros tantos fugiram para a parte mais profunda do pântano.

Após a confusão Legrasse recuperou um estranho ídolo de pedra que era adorado pelos maníacos. Ele mostra a estatueta guardada em uma caixa de chapéu em seu armário. O ídolo de pedra esverdeada esculpido em baixo-relevo é simplesmente hediondo, uma espécie de deus primitivo com cabeça de polvo, asas de morcego e grandes garras. Will fica fascinado pela imagem, mas os demais mal conseguem conter a respulsa ao examinar a peça. Legrasse diz que os rapazes tinham interesse em saber mais a respeito desse culto em especial e embora tenha tentado dissuadí-los de fazê-lo eles se mostravam irredutíveis.

Ele reconhece que se os irmãos se envolveram em uma investigação sobre o culto podem estar em sério perigo.

Cena 3: Magic de la Nuit e conversa com Dr. John

Após se despedir de Legrasse e degustar um almoço típico da culinária cajun, o grupo segue para o Magic de la Nuit. Trata-se de uma loja que vende ervas, raízes e plantas medicinais, mas que também oferece mercadorias relacionadas a religiões africanas. A loja é frequentada por brancos e negros em busca de artigos para sanar suas aflições.

Os investigadores conversam com Delfine, a jovem atendente da loja. Ela lembra dos irmãos com estranho sotaque que vieram saber a respeito de magia e rituais. Delfine diz que os rapazes compraram vários artigos e que pediram uma entrevista com Dr. John, um conhecido sacerdote voodoísta de Nova Orleans.

Delfine deu a eles o endereço onde costumam ocorrer encontros e cerimônias, um lugar chamado Ursuline, nos arrebaldes da cidade. "Onde brancos raramente vão..." completa ela com um sorriso provocador. O grupo pega a mesma informação e decide ir até lá à noite para conversar com o tal Dr. John.

Ao cair da noite o grupo segue em um automóvel alugado até Ursuline, uma região próxima do pântano, fora da cidade. Trata-se de um movimentado centro religioso, cheio de terreiros iluminados por tochas. Lá eles conseguem encontrar o tal Dr. John em uma festividade frequentada por praticantes de vodu que cantam e dançam. Ele os recebe em sua cabana vestindo trajes de hungan (alto sacerdote vodu).

Dr. John parece saber o que o grupo quer com ele. E fala a respeito da visita dos jovens irmãos que queriam saber dos costumes e dos rituais do vodu. Os rapazes tiveram permissão para assistir aos rituais, inclusive o Chevalier, quando pessoas são tomadas por espíritos. Os dois estavam muito impressionados, mas queriam saber sobre coisas mais obscuras. Dr. John conta que existem práticas mais antigas que a adoração dos loas e dos espíritos do vodu, Práticas que são abomináveis para praticantes de sua religião pois envolvem forças diabólicas e espíritos destrutivos.

Dr. John já ouviu falar desses cultos malignos. "São eles que fazem com que praticantes sérios da verdadeira, sejam hostilizados" - comenta taciturno.

"Os rapazes brancos queriam saber sobre o culto do Grande Deus Sonhador. Aquele que mesmo morto continua sonhando em sua tumba no fundo do mar. Eu disse a eles que esquecessem isso. Mas eles insistiram. Cada um colhe o destino que semeia, eu os avisei para tomar cuidado com o que desejavam". Ele diz sombrio como se soubesse que os irmãos tiveram um terrível destino.

"Eu disse a eles que o culto ainda existe ao sul, no coração do pântano. E que nem todos os homens e mulheres que participavam do culto foram presos ou mortos pela polícia. Em seu covil eles praticam seus rituais venerando o Deus Sonhador".

O grupo se despede do sacerdote hungan que dá a eles o mesmo conselho que deu aos rapazes. "Esqueçam esse assunto, voltem para casa vocês não devem se envolver em assuntos que não lhes diz respeito!'.

Harry responde cético: "Não se preocupe, não acreditamos nesse mambo-jambo"

Dr. John então pondera: "Mas eles acreditam o suficiente... e a crença deles lhes dá poder de vida e morte. Voltem para casa antes que seja tarde." comenta antes de entrar na cabana.

(continua)

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