Na cadeira montanhosa do Himalaia indiano existe um lago glacial chamado Roopkund.
Esse lago perdido é conhecido por um nome bastante sinistro - O Lago dos Esqueletos. O corpo de água do tamanho aproximado de um campo de futebol fica a uma altitude de mais de 5000 metros (16.000 pés) acima do nível do mar, em um vale absolutamente isolado, cercado por montanhas escarpadas inacessíveis. Ninguém vive nessa região e viajar através dessa paisagem desolada pode ser extremamente perigoso pois avalanches acontecem frequentemente.
Em meados de 1942, um destacamento de soldados britânicos montanhistas estava explorando a região quando descobriu por acaso o Lago dos Esqueletos. Os soldados viram algo que os poucos viajantes que haviam transposto a montanha conheciam, mas que nenhum ocidental jamais lançara os olhos. Nas margens do pequeno lago avistaram centenas de esqueletos humanos. Aproximando-se cautelosamente descobriram que alguns estavam semi-enterrados na borda do lago enquanto outros estavam de baixo do gelo ou sob a película congelada de água. O grupo removeu alguns ossos e os levou ao seu acampamento, onde informaram ter descoberto o sítio de um horrível massacre.
O Roopkund no verão e os ossos na borda |
Meses depois, após o degelo de verão, o mesmo grupo retornou ao local e ficou aparente que haviam muitos outros esqueletos na água. Alguns deles com restos de pele e cabelos, simplesmente flutuavam na superfície ou se amontoavam lançados na margem. Uma contagem concluiu que havia pelo menos 600 esqueletos no entorno: homens, algumas mulheres e até mesmo alguns adolescentes. Vestiam roupas simples, bem pouco indicadas a temperatura local e não portavam armas.
A sinistra descoberta acendeu uma faísca de curiosidade para descobrir de onde vieram aqueles restos humanos. O clima de instabilidade política em 1942 fez com que muitos assumissem que os esqueletos estariam de alguma forma relacionados a Guerra que começara três anos antes e se alastrava pelo globo. A suspeita recaiu sobre os japoneses ou bandos de rebeldes chineses. Entretanto, uma breve análise em alguns restos removidos do local, evidenciavam que eles eram muito mais antigos.
Um estudo foi realizado para tentar descobrir a quem pertenciam e a quanto tempo aquelas pessoas haviam morrido. O estudo foi inconclusivo, mas ao menos serviu para demonstrar que os ossos não eram modernos. Eles estavam ali há muito tempo, mas com os métodos da época era impossível determinar uma solução para o mistério. Os antropólogos forenses conseguiram determinar que os esqueletos pertenciam a dois grupos étnicos distintos, mas ainda mais estranho, um desses grupos não era nativo da região.
Visitantes ao longo das décadas empilharam os ossos |
Algumas teorias foram formuladas, é claro. Talvez eles tivessem morrido vítimas de alguma praga ou doença virulenta, de fome, em uma batalha ou ainda em algum desastre natural.
Guias e viajantes entrevistados pelos britânicos contaram que os esqueletos já estavam ali há muito tempo. Os poucos mercadores que usavam aquela arriscada rota, disseram que os pais, e os pais de seus pais já conheciam o misteriosos lago, mas que ninguém sabia a quem pertenciam os ossos, e ninguém realmente queria saber... em uma região tão isolada, os rumores sobre espíritos e assombrações eram muito comuns. Aqueles que haviam visto o Roopkund diziam que o lugar inteiro era amaldiçoado por espíritos vingativos. Haviam estórias sobre vultos misteriosos e sussurros vindos de lugar nenhum.
O mistério continuou sem que ninguém pudesse dizer qualquer coisa.
A borda e a incrível concentração de ossos |
Apenas em 2004, cientistas utilizando métodos modernos conseguiram lançar alguma luz sobre o que havia causado a morte daquelas pessoas. A datação através de rádio-carbono, determinou que todos haviam morrido aproximadamente entre o ano 830 e 850 dC. É possível que eles fossem um grupo de viajantes, como sugeriam alguns dos objetos encontrados com os esqueletos ou enterrados no entorno do lago. A razão que os levou a viajar é desconhecida, mas é talvez eles estivessem em algum tipo de peregrinação religiosa. É provável que eles também não estivessem viajando próximo ao Roopkund, seus restos podem ter sido arrastados para o vale através de avalanches e do movimento de congelamento da geleira.
Há entretanto um fator em comum: todos os esqueletos do lago compartilham de evidências de ferimentos contundentes. Todos eles sofreram algum tipo de dano na cabeça ou nas costas, condizente com um forte impacto. Os ferimentos parecem ter sido infligidos por objetos pesados que os levaram a morte.
Em um primeiro momento havia a suspeita que os ferimentos haviam sido provocados em alguma luta entre as duas etnias. Mas evidencias sugerem que esses traumas podem ter sido causados por um deslizamento ou até mesmo por uma forte nevasca.
A ideia de que tantas pessoas pudessem ter morrido em decorrência de uma tempestade de gelo parece estranha, entretanto essas pessoas podem ter sido mortas ainda em uma devastadora avalanche. Se eles realmente estavam nas montanhas, não haveria nenhuma forma deles encontrarem abrigo. Mesmo assim, a questão dos ferimentos localizados continua sem uma explicação decente. Porque os ferimentos se concentram na cabeça e nas costas? Seria de se esperar que alguns apresentassem ferimentos diferentes ou alguns não tivessem fraturas localizadas.
Recentemente cientistas de uma Universidade britânica levantaram uma nova e surpreendente hipótese.
O grupo poderia ser uma comitiva formada por membros de seita religiosa cujo propósito era realizar um ritual de suicídio em massa. Eles teriam escalado a cadeia de montanhas que compõe o Himalaia e se sujeitado a um ritual voluntário de morte, provocadas por golpes na base do crânio ou na coluna. Os corpos teriam sido lançados do alto da montanha e eventualmente eles acabaram arrastados até o Roopkund.
O Roopkund durante o inverno |
Se essa é a verdade, qual o propósito e significado desse ato? Para os especialistas, seitas adeptas do suicídio ritual não eram raras na época ou na região em que esses peregrinos morreram. A quantidade de pessoas, no entanto é algo que chama a atenção... um sacrifício dessa natureza, deveria ter algum motivo muito sério para mobilizar 600 indivíduos em uma viagem da qual sabiam, jamais iriam retornar.
Até surgir uma explicação razoável - o que talvez jamais aconteça, uma teoria é tão boa quanto qualquer outra... enquanto isso, os ossos continuam no alto da montanha, testemunhas silenciosas de seu próprio destino.
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