sexta-feira, 11 de julho de 2014

Por trás do Escudo II - Escudos de Mestre para que te quero!


Escudo do Mestre.

Nem todos os narradores de RPG são fãs dessas divisórias de papelão  coloridas cheias de desenhos empolgantes que servem principalmente para demarcar os limites espaciais entre o Mestre e os jogadores.

Conheço narradores de mão cheia que afirmam ter orgulho de rolar os dados apenas diante de todos os jogadores. Doa a quem doer, o resultado jamais fica restrito ao mestre.

Outros não dispensam o Escudo de Mestre, não para ocultar os seus dados, mas como uma maneira de manter todas as informações pertinentes ao alcance dos olhos, bem como para assegurar que suas anotações secretas ficarão escondidas e longe de olhares curiosos. 

Eu pessoalmente sou um grande fã de Escudos de Mestre (também chamados de Shields, Divisória ou Screens).

Sempre que me interesso por um jogo ou tenho planos para narrar uma determinada ambientação acabo sucumbindo ao impulso consumidor de adquirir também o Escudo oficial da ambientação. Confesso que nem sempre os Escudos são imprescindíveis, já que nem todos possuem informações realmente úteis ou que precisem ser lembradas no correr da sessão, mas eu gosto de usá-los sobretudo para esconder minhas anotações.

Para falar a verdade, quando vou narrar uma mesa em que não tenho Escudo, parece que está faltando alguma coisa... como se algo estivesse incompleto.

Além de usá-los sempre que posso, eu também gosto de colecioná-los. É uma mania; tenho conhecidos que adoram dados e que possuem uma coleção enorme deles, às vezes, um set para cada ambientação, já comigo, meu fraco é pelos Escudos. Em especial pelo fato de que todos os escudos um dia foram usados em mesas de jogo.

Esses dias um colega veio aqui em casa e chamou a atenção para a quantidade de Escudos de Mestre e aconselhou escrever um artigo a respeito deles para o Mundo Tentacular

Uma vez que uma postagem antiga sobre o tema está no TOP 10 de artigos mais lidos, acho que o assunto é realmente interessante para um bom número de leitores, então, aqui está ele.

Tudo começou com A(dvanced) D(ungeons) & D(ragons) e suas muitas ambientações...

Uma das minhas frustrações é ter ao longo dos anos perdido os Escudos mais antigos que eu tinha, que pertenciam às ambientações de AD&D nos tempos da Segunda Edição/ TSR. Eu lembro de ter os Screens antigos de Ravenloft, Dragonlance e Forgotten Realms que acompanhavam os Boxed Set dessas ambientações clássicas, sem falar no Escudo genérico de AD&D, mas estes infelizmente não estão mais na coleção.

Sobraram apenas dois dessa época de ouro dos jogos da TSR:



O Screen no topo é o de Dark Sun (que vinha na caixa da segunda edição) o outro é de Al Qadim, minha ambientação favorita nos tempos em que D&D vinha com um "A" na frente.


Esses daqui já são dos tempos da terceira edição, o de cima é o de Ravenloft e do Dungeons and Dragons, 3.0 Ed. Ambos exemplos de Screens mais bonitos do que realmente uteis...


Já esse do Conan RPG (usando as regras do sistema D20) foi bastante usado. Grande jogo com um Escudo à altura... ele vinha acompanhado de um mapa da Era Hiboriana e tinha uma arte simplesmente deslumbrante que remetia ao estilo dos grandes desenhistas dos Quadrinhos do Gigante Cimério.



O Escudo da Edição 4.0 de D&D foi um dos que viu menos jogos, infelizmente. O design dele é muito bacana e o conteúdo bem completo, mas como o sistema não me empolgou, acabou ficando na prateleira por um bom tempo.

Eu gosto dessa ilustração no Escudo de D&D 3,5 (que veio encartado em uma edição da Dragon Magazine americana). O grupo de heróis preparados para enfrentar um temível Pit Fiend e o mesmo grupo massacrado pelo monstro no último painel.

É um tipo de mensagem subliminar que diz: "Vocês estão perdidos!"



No alto o Escudo de Al-Qadim novamente.

Na parte de baixo da foto um Escudo mais raro, pertencente ao Star Trek - The Next Generation Narrator's Kit, RPG lançado por volta de 2000 pela Last Unicorn Games. É engraçado, mas esse Screen (hoje simples) foi por algum tempo um dos mais legais, uma vez que foi um dos primeiros a ser totalmente colorido na frente e no verso.


E falando de Escudos "raros" esses aqui são bem difíceis de encontrar (ao menos eu só vi uma vez).

O do alto pertence a Fading Suns - uma ambientação de ficção científica que parece muito, muito, mas muito mesmo com uma adaptação do Universo de Duna. Saudades da minha campanha de FS que infelizmente não terminou...

Já o de baixo é o Gamemasters Veil de Nephilim. Para quem não conhece, Nephilim  é um RPG obscuro editado pela Chaosium na metade dos anos 1990. É um jogo danado de estranho que utiliza um sistema semelhante ao BRP e lida com vários aspectos do ocultismo clássico.


E esses são os screens de Vampire.

Eu sei, faltam os de Masquerade, mas acabei dando estes para uma amiga depois que parei de jogar as ambientações da White Wolf.

O que restou foi esse de Vampire Dark Ages que é bonito pra caramba com esses desenhos em preto e branco.


Já o vermelho é para Vampire Requiem.

Muita gente torceu o nariz para o Novo World of Darkness, mas o Escudo é incrivelmente completo, sem falar que tem ótimo acabamento. O papelão dele é tão resistente que o pessoal brincava que podia parar uma bala de pequeno calibre (ou machucar algum jogador que por ventura despertasse a ira do storyteller).



Estes aqui são consideravelmente mais recentes.

Acima é o Escudo de "The One Ring", ambientação de fantasia que se inspira no universo de J.R.R. Tolkien, sobretudo no "Hobbit". Esse é outro screen muito bonito e útil.

Mas em se tratando de beleza e utilidades, difícil bater os Escudos da Fantasy Flight Games.

Esse é o de Dark Heresy, uma das ambientações chave no vasto Universo do RPG Warhammer 40000 (também chamado 40k).


Todos os Screens dedicados ao Warhammer Roleplay são de cair o queixo tanto na aparência quanto no conteúdo. O de One Ring também não fica atrás...


...agora, esse aqui de Warhammer Fantasy Roleplay é outro assunto!

Talvez seja o melhor Escudo de Mestre que eu já vi.


O padrão da Fantasy Flight é difícil de igualar, o negócio é simplesmente de cair o queixo. Com cinco painéis totalmente coloridos e toneladas de informações e regras que ajudam a compreender melhor a mecânica do sistema (que não é lá muito fácil!).

Esse é o tipo do Escudo que o Narrador precisa ter em sua mesa para que o jogo funcione, pois ele realmente ajuda a agilizar a sessão.


Esses dois aqui também são muito bem feitos.

É o Escudo de Deadlands Reloaded e Deadlands Noir, duas ambientações do Sistema Savage Worlds que via de regra utiliza um Screen genérico e modular que você imprime os painéis.


Uma vez que Deadlands foi idealizado para ser o carro chefe do Savage Worlds, eles preferiram fazer um Screen só para ele.  E o de Noir (update do Deadlands clássico para os anos 20-30) seguiu a onda.


O que nos leva aos Escudos dedicados a Cthulhu.

O de cima na fotografia é o Escudo de Rastro de Cthulhu (Trail of Cthulhu) que tem uma das artes mais bacanas e detalhadas. Esse desenho é simplesmente de tirar o fôlego!

Na mesma foto, na parte de baixo, está o Keeper's Screen de Call of Cthulhu sexta edição, com adendos com regras para a versão D20 de CoC. A arte nesse painel também é maravilhosa!


Esses detalhes são do Escudo de Trail. Eu consegui pegar o autógrafo do pessoal responsável pelo jogo. Esse acima é do Simon Rogers (editor do livro) que escreveu "Continue seguindo o rastro".


O autógrafo do Robin D. Laws, criador do sistema Gumshoe.


E do Kenneth Hite, autor do Rastro de Cthulhu.


Esse daqui é o clássico Keeper's Screen da Quinta Edição de Call of Cthulhu, conhecido como Elder Sign Screen por motivos óbvios.

Na parte inferior da foto está o Screen da Mega-Campanha Beyond the Mountains of Madness.


Eu nunca gostei muito dos Screens de Call of Cthulhu, até que a Chaosium começou a adotar o modelo de Escudo editado na França que é de cair o queixo.

                            

Esses são os Escudos de Call of Cthulhu norte-americano e o francês, editado pela sensacional Editora Sans-Detour responsável pelo jogo na Terra de Napoleão. 

Os desenhos são ótimos, cheios de detalhes e o verso possui tabelas e excelentes informações para o jogo.



Consegui o autógrafo de Sandy Petersen no Escudo de Call of Cthulhu. O mais engraçado é que ele olhou meio contrariado para o escudo e perguntou se ele realmente era de Call of Cthulhu: "Não me lembro desse material", ele comentou enquanto autografava. 


A Sans Detour costuma fazer um Escudo para cada uma das grandes campanhas de Call of Cthulhu. Esses dois são os escudos para o narrador de Masks of Nyarlathotep e para Beyond the Mountains of Madness.


E esse aqui é o meu xodó. Um Escudo personalizado para Call of Cthulhu, que foi o tema de um artigo específico nesse link.

Bom, é isso aí!

2 comentários:

  1. Baita colecao Luciano. Bem impressionante. Também sou fa dos escudos, principalmente para ocultar rolamentos importantes. Tudo em nome da narrativa.

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  2. Bela coleção! Escudos como os da Fantasy Flight são sonhos de consumo de muitos Narradores. Falando nisso, gostaria muito de um post sobre o Dark Heresy, é um sistema fantástico e um cenário de certas formas semelhante a CoC.

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