Mesmo com toda nossa tecnologia e conhecimento sobre os perigos oferecidos pela Antártida, ela permanece potencialmente letal para qualquer visitante. Em seu interior, as baixíssimas temperaturas podem cair até quase 90 graus negativos, o bastante para matar uma pessoa em minutos pela exposição. Mesmo com proteções adequadas, o frio é tão severo que uma pessoa pode sofrer efeitos de hipotermia. Mas não é apenas o frio! Em alguns lugares o vento atinge incríveis 322 km/h, uma lufada é o bastante para jogar um homem adulto a 10 metros e continuar carregando-o para longe. Uma pessoa pega de surpresa pode ser atirada do alto de uma ravina ou para as águas congelantes, ambos os casos significando provável morte. O vento é tão poderoso que corta através de casacos produzindo queimaduras de frio extremamente dolorosas.
Muitos corpos de cientistas e exploradores que pereceram nesse lugar severo não puderam ser resgatados. Alguns só foram encontrados décadas depois ou até um século após suas mortes. Mas muitos dos que desapareceram sem deixar vestígio jamais foram ou serão encontrados, enterrados no gelo ou nas profundezas de fissuras das quais nunca irão emergir. Também podem ter sido lançados no mar congelante ou esmagados por uma avalanche de neve que os enterrou para sempre.
Não são poucos os perigos encontrados na Antártida. Praticamente tudo nesse ambiente é extremamente hostil e capaz de matar. As histórias por trás dessas mortes variam de mistérios não-identificados a acidentes absurdamente estranhos. A seguir os relatos de alguns casos especialmente curiosos.
Na Ilha de Livingston, próximo das Shetlands do Sul, na costa da Península Antártica, um crânio e um fêmur humanos foram encontrados congelados repousando sobre uma pedra. Eles são os mais antigos restos humanos descobertos no Continente, e estão lá há pelo menos 175 anos.
Os ossos foram achados em uma praia rochosa em 1980. Os pesquisadores de nacionalidade chilena que os examinaram concluíram que pertenciam a uma mulher que morreu com aproximadamente 21 anos de idade. Ela tinha ascendência indígena com características correlatas ao sul do Chile. O problema é que as tribos residentes mais próximas viviam a 1000 km de distância e raramente se deslocavam uma distância tão grande, sobretudo para o sul, que era considerada uma terra estéril e perigosa.
Os exames dos ossos sugerem que a mulher morreu entre 1819 e 1825. Os ossos dela foram cuidadosamente dispostos sobre uma rocha chata, o crânio por cima do fêmur como se estivesse apoiado nele. A localização, cerca de 20 metros além da linha da água indica que alguém deliberadamente os colocou ali para evitar que o mar reclamasse os restos. Eles congelaram naquele ponto e permaneceram ali, desde então.
Seja quem for, essa mulher é considerada a primeira pessoa de que se tem notícia a tocar o solo da Antártida e ser colocada ali para descansar. Contudo essa fantástica descoberta levanta muito mais perguntas do que respostas.
A primeira e mais importante questão é: quem foi essa mulher? As tradicionais canoas usadas pelos nativos chilenos não conseguiriam suportar uma jornada através de mares bravios, com imensas ondas e icebergs. Elas se partiriam rapidamente. Além disso, uma pessoa navegando exposta ao clima acabaria congelando rapidamente, jamais sendo capaz de atingir tamanha distância. Os nativos não possuíam embarcações muito maiores e mesmo seus barcos de pesca encontrariam enormes dificuldades em atingir a Ilha de Livingston, cuja costa é marcada por rochas ocultas.
Jamais houve qualquer evidência de que tribos chilenas chegaram tão longe em suas explorações. Historicamente os povos da Terra do Fogo evitavam se afastar mais de 400 quilômetros da costa conhecida, uma vez que as condições climáticas tornavam virtualmente impossível ir além desse ponto.
Uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores chilenos é que a mulher fosse um tipo de guia para marinheiros explorando o hemisfério sul. As Ilhas haviam sido descobertas por William Smith em meados de 1819. Contudo, é bem pouco provável que uma mulher fosse aceita em uma expedição desse tipo. De fato, não há nenhuma informação sobre tal coisa acontecendo em qualquer diário de expedição.
A maioria das expedições que exploraram a região no século XIX estabeleceram relações cordiais com tribos nativas do sul do Chile. Por vezes eles faziam escambo de peles de foca entre si. Não é impossível que marinheiros tenham trocado informações também. Contudo, nem todas as interações entre culturas tão diferentes foram amistosas. Algumas vezes o encontro resultava em violência e os marinheiros poderiam ter tomado uma mulher nativas como prisioneira para trabalhar, cozinhar ou servir como amantes. A ausência de diários de bordo cobrindo esse tipo de pormenor, para todos os efeitos uma grave transgressão entre a maioria das expedições científicas, torna extremamente difícil traçar a história dessa mulher.
Sua história única e o destino final de seus ossos a colocam como uma das primeiras pessoas no Continente Gelado. Para todos os efeitos, ela jamais deveria ter chegado até lá, mas de alguma forma chegou. Seus restos mortais marcam o início da atividade humana na Antártida e são um testemunho do quão inclemente é esse continente com seus visitantes.
A Corrida final de Scott (1912)
A equipe de exploradores britânicos liderada por Robert Falcon Scott chegou ao Polo Sul em 17 de janeiro de 1912, apenas três semanas depois do time Norueguês de Roald Amundsen ter partido do mesmo ponto.
Chegar ao polo era um verdadeiro feito de resistência humana e Scott estava sobre terrível pressão para completar a missão que lhe havia sido dada. Além de ter de lidar com os desafios do ambiente, com um clima severo, a falta de recursos naturais como madeira para construir abrigos o preocupava. Scott comandava mais de 60 homens que dependiam de suas decisões e que poderiam morrer se ele tomasse a medida errada. Seus colegas na Real Sociedade Geográfica depositavam nele sua total confiança e acreditavam que Scott era o único capaz de bater os rivais noruegueses.
Os diários de Scott apresentam suas grandes façanhas, mas também suas falhas, suas dúvidas e temores. A mentalidade de "vencer ou morrer" fazia com que ele submetesse o time a riscos que para nós, hoje em dia, seriam absurdos. Para acelerar as jornadas ele reduzia o tempo para alimentação e descanso, diminuía as rações para poupar cada grama de suprimentos e manipulava os relógios para tornar mais longas as marchas. No trecho final, Scott separou a equipe e confiando em um grupo de quatro dos seus melhores homens, partiu para uma desesperada corrida final.
Mas nada disso surtiu efeito. Os noruegueses conseguiram atingir a meta primeiro e se tornaram os primeiros a chegar ao Pólo Sul. Ao chegar ao seu destino, os britânicos encontraram uma barraca pertencente aos noruegueses. O moral dos britânicos foi esmagado quando eles descobriram que haviam perdido a corrida. Mas logo, essa decepção seria substituída por preocupações muito mais sérias.
Na jornada de volta os problemas começaram. Um dos colegas mais próximos de Scott, Edgar Evans morreu, cedendo ao esgotamento físico e mental. O grupo prosseguiu em sua desabalada marcha de volta para a civilização, mas então foi a vez de Lawrence Oates que ferido preferiu desistir. Ele considerava a si mesmo um fardo para os demais e por isso se separou do grupo se perdendo na neve. "Eu vou sair do caminho de vocês" escreveu em um pedaço de papel antes de desaparecer.
Talvez ele não estivesse ciente de que os demais também não iriam muito longe. Os corpos de Oates e Evans jamais foram encontrados, mas Edward Wilson, Henry Bowers e o próprio Robert Falcon Scott foram encontrados vários meses após as suas mortes. Extenuados e além de toda a resistência, eles ficaram pelo caminho. O grupo de resgate que localizou os restos dos três homens preferiu cobrir os cadáveres com gelo e deixá-los onde estavam. Era o tributo final à sua incrível jornada.
Na anotação final de seu diário pessoal, Scott escreveu: "Não creio que nenhum ser humano passou pelas provações que enfrentamos nesse último mês". O grupo tinha noção de que estava a pouco mais de 18 quilômetros de um depósito de suprimentos que poderia salvar as suas vidas, mas eles estavam fracos, doentes e totalmente esgotados. Não conseguiam dar mais nenhum passo e do lado de fora da barraca caía uma forte nevasca.
Sozinhos na vastidão gelada, eles acabaram encontrando seu fim.
O Trator desaparecido (1965)
Três homens estavam conduzindo um trator Muskeg pela desolação da Antártida, próximo às Montanhas de Heimefront. Atrás deles seguia um trenó puxado por cães. O Muskeg é um veículo pesado para uso em neve, com esteiras móveis desenhado para puxar equipamento e suprimentos a longas distâncias pelo gelo.
A equipe estava satisfeita, após um dia de trabalho pesado, eles estavam retornando à base britânica. Sua missão, levar suprimentos até um acampamento móvel, havia sido um sucesso e tudo o que eles queriam era chegar na base e descansar após uma viagem desgastante de quatro horas pela paisagem agreste. Jeremy (Jerry) Bailey, um cientista especializado em gelo conduzia o trator. David (Dai) Wild, um explorador experiente e John Wilson, um médico completavam a equipe. John Ross, tratador de animais e explorador era o quarto membro do grupo, ele vinha atrás com o trenó puxado por oito cães huskies.
Ross seguia a uma distância de 200 metros quando de repente os cães pararam e começaram a latir. Com a pesada balaclava e duas proteções faciais, Ross não era capaz de escutar nada, mas os animais o salvaram. Cuidadosamente ele observou o terreno adiante havia cedido e uma nuvem de partículas de gelo se erguia da fissura adiante. O trator havia desaparecido naquele buraco.
Após amarrar os animais, ele prosseguiu cautelosamente testando o gelo com uma vara de bambu de dois metros e meio. O chão estava quebradiço, mas suportava seu peso. Ele se aproximou da fissura devagar e observou o fundo. O Muskeg havia caído de uma altura de 30 metros e suas esteiras estavam presas verticalmente em um paredão de gelo enquanto a cabine havia sido esmagada pelo impacto contra o lado oposto.
Ross deitou na beirada do precipício e gritou para os colegas que estavam dentro do veículo. Depois de 20 minutos gritando, ele ouviu uma resposta. O diálogo, conforme foi relatado posteriormente por Ross foi breve, mas aterrorizante:
Ross: Dai? Você está aí?
Bailey: Dai’ esta morto. Sou eu...
Ross: Quem está aí? John ou Jerry?
Bailey: Sou eu, Jerry.
Ross: Como você está? E John?
Bailey: John está morto, amigo.
Ross: E você? Consegue sair?
Bailey: Eu estou todo quebrado.
Ross: Você consegue se mover ou amarrar uma corda em volta de seu corpo?
Ross não quis saber: Amarrou uma corda na beirada e tentou descer, mas o terreno estava muito instável. Bailey o alertou mais uma vez para que ele não se arriscasse, mas Ross tentou de qualquer maneira. Após várias tentativas infrutíferas, Bailey não respondeu mais aos chamados de Ross. Ele então ouviu um grito e Bailey se silenciou para sempre.
Fissuras - grandes rachaduras no gelo se estendendo por vários metros, são um dos maiores perigos quando se viaja pela paisagem da Antártida. Elas podem se abrir repentinamente revelando abismos profundos que literalmente engolem tudo que estiver na superfície. Fissuras com profundidade de até 100 metros já foram reportadas por exploradores. Infelizmente as pessoas que caem em seu interior raramente conseguem escapar. A temperatura congelante e os ferimentos produzidos por uma queda dessa natureza tendem a ser uma combinação fatal.
Em 14 de outubro de 1965, o trator Muskeg da equipe britânica mergulhou 34 metros no vazio. A fissura havia sido encoberta por cristais de gelo que impediram o motorista perceber para onde estava seguindo. Os corpos de David Wild e John Wilson foram recuperados da fissura depois de muitas tentativas empreendidas pelo restante da equipe que veio ajudar no resgate. Os dois haviam morrido imediatamente após a queda do trator.
Jeremy Bailey não foi encontrado. A porta do lado do motorista estava aberta e o cinto de segurança solto. Para não colocar a vida de Ross que planejava salvá-lo em risco, supõe-se que Bailey tenha aberto a porta e se deixado cair no abismo. Seus companheiros tentaram localizar seu corpo, descendo além do local onde o trator ficou entalado, mas não encontraram nada. A fissura seguia ainda por vários metros e tentar descer ali era muito arriscado.
Perdidos na Ilha (1982)
A missão era realizar uma expedição até a Ilha de Petersen. O inverno antártico estava se aproximando e aquela era a última oportunidade de visitar o local antes do período mais severo do ano.
A equipe composta de cientistas norte-americanos tinha como objetivo estudar na ilha a influência da Aurora Meridional. Eles deveriam permanecer lá por no máximo uma semana, uma vez que logo se daria a evacuação da estação para o recesso de inverno, quando as condições climáticas se tornavam insustentáveis. O time formado por quatro homens chegou na ilha em segurança, cruzando o mar congelado em um trator de gelo. Eles se estabeleceram em uma cabana próxima da costa. Logo deram início ao seu trabalho e tudo ia conforme o planejado.
Mas se existe uma verdade a respeito da Antártida é que o clima nesse continente é absolutamente imprevisível. Uma enorme tempestade se formou em menos de 24 horas e os cientistas se viram ameaçados. Eles tentaram realizar uma travessia improvisada para retornar à base, mas a tempestade foi tão forte que o mar congelado se partiu impedindo sua rota de fuga. O grupo ficou preso na Ilha de Petersen sem escapatória. Até então havia preocupação, mas a equipe estava confiante de que poderia resistir até a chegada de um grupo de resgate. Eles tinham suprimentos suficientes na cabana para durar um mês.
Nos dias que se seguiram a tempestade prosseguia e o gelo não chegava a se formar para permitir a travessia. Para piorar, a tempestade foi tão poderosa que alterou a geografia do canal, tornando a travessia mais longa.
A equipe composta de cientistas norte-americanos tinha como objetivo estudar na ilha a influência da Aurora Meridional. Eles deveriam permanecer lá por no máximo uma semana, uma vez que logo se daria a evacuação da estação para o recesso de inverno, quando as condições climáticas se tornavam insustentáveis. O time formado por quatro homens chegou na ilha em segurança, cruzando o mar congelado em um trator de gelo. Eles se estabeleceram em uma cabana próxima da costa. Logo deram início ao seu trabalho e tudo ia conforme o planejado.
Mas se existe uma verdade a respeito da Antártida é que o clima nesse continente é absolutamente imprevisível. Uma enorme tempestade se formou em menos de 24 horas e os cientistas se viram ameaçados. Eles tentaram realizar uma travessia improvisada para retornar à base, mas a tempestade foi tão forte que o mar congelado se partiu impedindo sua rota de fuga. O grupo ficou preso na Ilha de Petersen sem escapatória. Até então havia preocupação, mas a equipe estava confiante de que poderia resistir até a chegada de um grupo de resgate. Eles tinham suprimentos suficientes na cabana para durar um mês.
Nos dias que se seguiram a tempestade prosseguia e o gelo não chegava a se formar para permitir a travessia. Para piorar, a tempestade foi tão poderosa que alterou a geografia do canal, tornando a travessia mais longa.
O contato entre os homens presos na cabana e o mundo exterior era limitado a transmissões de rádio para a estação. A equipe tentava manter o moral enquanto aguardava. Logo haviam se passado duas semanas. As transmissões eram breves, uma vez que as baterias de rádios iam enfraquecendo dia a dia. A equipe começou então a ficar inquieta com visitantes indesejáveis. Pinguins da espécie Gentoo e Adelie começaram a cercar a cabana. Os pinguins não constituíam uma ameaça, contudo esses animais exalam um mau cheiro terrível que começou a perturbar a equipe.
Para piorar, o grupo experimentava problemas de saúde, com membros sofrendo de constante enjoo e problemas estomacais. Depois ficou-se sabendo que boa parte dos suprimentos existentes na cabana estavam deteriorados. O fedor dos pinguins tornava tudo ainda mais desagradável. Desesperados os homens se armaram com rifles e tentaram afugentar as aves para longe, mas eram muitas, talvez milhares delas. Com poucos suprimentos eles chegaram a matar dois ou três animais para aumentar suas reservas alimentícias.
Os homens aguardavam com enorme frustração. Esperavam que as águas congelassem o bastante para que pudessem fazer a travessia ou que a tempestade diminuísse e eles pudessem ser resgatados por helicóptero. Em 13 de agosto de 1982, cerca de um mês depois de chegar à ilha, as baterias se exauriram por completo. Ao menos, o mar havia congelado fornecendo alguma esperança para que eles realizassem a arriscada travessia.
Em 15 de agosto, conforme descrevia os diários, a equipe se preparou para cruzar o canal que pelos seus cálculos havia se solidificado o bastante. Era sua última cartada já que o grupo estava sem comida, debilitado e nos limites de suas resistências.
Eles partiram no começo do dia e deram início a sua jornada por terra, mas ninguém jamais soube até onde chegaram. Uma imensa tempestade atingiu a Ilha de Petersen em 16 de agosto e quando o clima amainou o gelo havia se partido novamente. O mais provável é que a tempestade os tenha atingido em cheio quando estavam no meio do caminho e o gelo sob os seus pés tenha ficado cada vez mais fino. Em dado momento ele acabou se partindo e os homens mergulharam em uma água tão fria que a exposição de segundos seria suficiente para provocar hipotermia.
Meses mais tarde, várias buscas foram realizadas mas nenhum corpo foi recuperado.
A dramática situação dos homens na Ilha de Petersen demonstra o quão implacável podem ser as forças da natureza na Antártida e como a humanidade está em desvantagem para enfrentar seus desafios.
Para piorar, o grupo experimentava problemas de saúde, com membros sofrendo de constante enjoo e problemas estomacais. Depois ficou-se sabendo que boa parte dos suprimentos existentes na cabana estavam deteriorados. O fedor dos pinguins tornava tudo ainda mais desagradável. Desesperados os homens se armaram com rifles e tentaram afugentar as aves para longe, mas eram muitas, talvez milhares delas. Com poucos suprimentos eles chegaram a matar dois ou três animais para aumentar suas reservas alimentícias.
Os homens aguardavam com enorme frustração. Esperavam que as águas congelassem o bastante para que pudessem fazer a travessia ou que a tempestade diminuísse e eles pudessem ser resgatados por helicóptero. Em 13 de agosto de 1982, cerca de um mês depois de chegar à ilha, as baterias se exauriram por completo. Ao menos, o mar havia congelado fornecendo alguma esperança para que eles realizassem a arriscada travessia.
Em 15 de agosto, conforme descrevia os diários, a equipe se preparou para cruzar o canal que pelos seus cálculos havia se solidificado o bastante. Era sua última cartada já que o grupo estava sem comida, debilitado e nos limites de suas resistências.
Eles partiram no começo do dia e deram início a sua jornada por terra, mas ninguém jamais soube até onde chegaram. Uma imensa tempestade atingiu a Ilha de Petersen em 16 de agosto e quando o clima amainou o gelo havia se partido novamente. O mais provável é que a tempestade os tenha atingido em cheio quando estavam no meio do caminho e o gelo sob os seus pés tenha ficado cada vez mais fino. Em dado momento ele acabou se partindo e os homens mergulharam em uma água tão fria que a exposição de segundos seria suficiente para provocar hipotermia.
Meses mais tarde, várias buscas foram realizadas mas nenhum corpo foi recuperado.
A dramática situação dos homens na Ilha de Petersen demonstra o quão implacável podem ser as forças da natureza na Antártida e como a humanidade está em desvantagem para enfrentar seus desafios.
* * *
Para aqueles que experimentam a perda de colegas ou amigos na Antártida, o luto pode ser especialmente difícil. Quando um amigo desaparece ou seu corpo não pode ser recuperado, os rituais típicos de morte – funeral e enterro – são a única coisa que ajuda a superar a perda.
Não faltam mortos descansando na vastidão da Antártida, alguns em cemitérios improvisados ocupando um espaço nas estações, bases e acampamentos científicos. Outros tantos, porém estão perdidos para sempre na paisagem gélida.
Perdidos, mas não esquecidos.
Do lado de fora do Instituto Scott de Pesquisa Polar na Inglaterra, de onde partiu uma das primeiras expedições para o Continente Gelado, encontram-se dois pilares de carvalho maciço cuidadosamente dispostos no pátio. Eles permanecem apoiados um sobre o outro, sem jamais se tocar. Ele serve como memorial para lembrar daqueles que se foram. Nele estão escritos os nomes de todos os que pereceram na Antártida desde o início de sua exploração no século XIX.
Os nomes somam mais de uma centena mas propositalmente há espaço de sobra para muitos outros. A exploração continua, mas a fronteira final está longe de ser domada.
Não faltam mortos descansando na vastidão da Antártida, alguns em cemitérios improvisados ocupando um espaço nas estações, bases e acampamentos científicos. Outros tantos, porém estão perdidos para sempre na paisagem gélida.
Perdidos, mas não esquecidos.
Do lado de fora do Instituto Scott de Pesquisa Polar na Inglaterra, de onde partiu uma das primeiras expedições para o Continente Gelado, encontram-se dois pilares de carvalho maciço cuidadosamente dispostos no pátio. Eles permanecem apoiados um sobre o outro, sem jamais se tocar. Ele serve como memorial para lembrar daqueles que se foram. Nele estão escritos os nomes de todos os que pereceram na Antártida desde o início de sua exploração no século XIX.
Os nomes somam mais de uma centena mas propositalmente há espaço de sobra para muitos outros. A exploração continua, mas a fronteira final está longe de ser domada.
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