quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Criptozoologia do Mythos | Yeti - No rastro do Abominável Homem das Neves


Uma enorme criatura, não humana, mas que anda como um homem vive nas montanhas do Tibet. O termo "Abominável Homem das Neves" foi acidentalmente cunhado pelo correspondente do Calcutta Statesman, que na época (1921) escreveu um artigo a respeito da expedição de Howard Bury que teria avistado um grupo dessas criaturas.

Também chamados de Yeti, Raksha (demônio em sânscrito), Mehto-Kangmi, Yeh-Teh e Meh-Teh, esta criatura teria mais de dois a três metros de altura, corpo coberto de pelo e um odor desagradável. Descrições de tal criatura fazem parte do folclore do Nepal, China, India, Sibéria, Canadá e Estados Unidos.

Ao contrário da crença comum, o Abominável Homem das Neves não é branco, seus pêlos são escuros, mas cobertos de neve. Tampouco se trata de uma única criatura, mas de uma espécie. A lenda afirma que essas criaturas vivem em regiões isoladas e cobertas de névoas no Himalaia.

Ao longo dos anos, inúmeras pessoas, nativos e exploradores, afirmam ter visto esses seres, encontrado suas pegadas deixadas na neve ou ainda ouvido o som de seus assustadores uivos à distância.


No Himalaia, onde a lenda é mais conhecida, eles são conhecidos como Yeti. Em toda a Ásia Central, desde o Deserto de Gobi na Mongólia até a cordilheira de Assan no norte da India, comunidades nativas ainda crêem na sua existência. Ele também é chamado de Meeti, Shokpa, Migo, Kang-Mi e outros nomes. Nos EUA ele é o Pé-Grande e nas Montanhas Rochosas Canadenses o chamam de Sasquatch.

Seja qual for o nome, a descrição é sempre semelhante: altura superior a dois metros, peso de pelo menos 150 quilos, coberto de cabelo, simiesco ainda que se mova de forma ereto.

Espécie? Desconhecida.

Bernard Heulvelmans, um estudioso do mito, acredita que o Abominável Homem das Neves possam ser sobreviventes dos Pithecanthropus, uma raça pré-humana que habitou a Ásia Central no período Plioceno. Outra opção é que eles seriam descendentes dos Gigantopithecus.

Habitar florestas densas ou montanhas quase inacessíveis parece ser uma característica inerente a essas criaturas, o que suporta a teoria de que eles seriam o que restou de uma espécie que luta para sobreviver em um ambiente hostil e num mundo passando por transformações profundas.

O falecido pesquisador Ivan T. Sanderson - um dos mais famosos zoólogos do mundo e um dos pioneiros na criptozoologia, detentor de credenciais nas mais importantes instituições de pesquisa, acreditava que haviam quatro subraças de abomináveis homens das neves ainda andando sob a superfície da Terra. A mais conhecida habitando a Asia Central, mas com ramificações em outras regiões do planeta.


Desde o início da exploração do Himalaia, estórias sobre humanoides cabeludos vistos à distância foram relatadas. Os guias foram responsáveis por disseminar essas estórias levadas adiante pelos exploradores. Lendas sobre humanos simiescos habitando áreas isoladas são conhecidas também na Europa, sobretudo na Escandinávia desde o século XV. Contudo, foi a partir do século XIX que essas lendas ganharam interesse, sobretudo após os primeiros relatos de exploradores britânicos.

Em 1832, um correspondente inglês no Nepal disse ter testemunhado uma criatura humanóide de andar ereto, mas coberta de cabelos, atacar seus servos. Os nativos a chamavam de Raksha e temiam muito a sua fúria. Até onde se sabe, esse foi o primeiro relato oficial do mito feito por um ocidental.

Mais de meio século depois, em 1889, o Major Lawrence Austine Waddel do Corpo Médico do Exército britânico na India descobriu, enquanto explorava o Himalaia, estranhas pegadas a cerca de 17 mil pés. As pegadas pareciam ter sido deixadas por um animal de grande porte. Seus carregadores afirmaram se tratar dos rastros de um Yeti, um monstro das montanhas conhecido por atacar seres humanos e arrastá-los para sua toca onde se alimentava da carne. Os carregadores convenceram Waddel de que seria perigoso seguir os rastros e deram a entender que iriam abandoná-lo à própria sorte se ele o fizesse. Contrariado o militar desistiu da caçada.

No ano de 1913 surgiram rumores de que um grupo de caçadores chineses teriam ferido e capturado uma criatura que eles chamavam de homem das neves. Essa criatura foi supostamente mantida presa em Patang, na Província de Sinkiang até morrer alguns meses depois. Ela foi descrita como uma espécie de macaco com face escura e corpo recoberto de pelo de coloração dourada/branca com comprimento de vários centímetros. As mãos e pés eram semelhantes aos de um homem e ela era capaz de andar em postura ereta. Ela fazia ruídos guturais e era capaz de emitir assovios agudos. Inacreditavelmente nenhum fotógrafo foi capaz de registrar a captura e após a sua morte os restos da criatura teriam sido queimados pelos supersticiosos aldeões.


Em 1921, o coronel C.K. Howard Bury (depois Sir) teria avistado um bando de humanóides próximo da passagem de Laptha-La no Everest. As criaturas, segundo o relato do militar pareciam humanos pois andavam de forma ereta e distinta, contudo eram cobertas por um denso cobertor de pelos. Ao perceber a expedição as criaturas rosnaram e atiraram pedras, fugindo em seguida. Dois anos mais tarde, a expedição do Major Alan Cameron ao Nepal, observou um grupo de criaturas similares com pelo escuro vagando pela mesma região. Fotografias das pegadas das criaturas foram obtidas e apresentadas como prova da sua existência.

Em 1925 um fotógrafo grego chamado N.A. Tombazi, membro da Royal Geographical Society, viu uma criatura que ele descreveu como "semelhante a um ser humano, andando ereto e parando ocasionalmente para escavar em busca de alimento". Tombazi afirmou ter visto a criatura na Geleira de Zamu a 15 mil pés. No momento em que ele preparou seu material fotográfico o animal já havia desaparecido, mas ele registrou os rastros deixados por ela na neve. As pegadas pareciam de um colossal pé humano com cerca de 55 centímetros de comprimento. Ela possuía 3 dedos pequenos e um grande correspondendo ao nosso dedão.

Durante o século XX inúmeros relatos a respeito do Abominável Homem das Neves chegaram ao Ocidente e foram alardeados pelos jornais. Um ataque de Yeti teria sido o responsável pelo desaparecimento de uma expedição inglesa em 1928 ao escalar a face norte do Nezu-Kilm. Os guias sobreviventes apresentaram uma mão simiesca de uma das bestas abatidas a tiros como prova do ataque.

Mais de uma dezena de expedições foram realizadas especificamente com o objetivo de buscar por esses seres, que seriam tímidos, fugindo ao contato com humanos. Os resultados nunca foram animadores, mas a quantidade de testemunhos de encontros casuais só fez crescer nas últimas décadas.


Em 1986 um alpinista inglês fotografou o que alguns juram ser o yeti, perto de uma aldeia no Nepal. Primeiro fotografou as pegadas e depois o próprio ser. As fotos foram submetidas à investigaçãopela International Society for Cryptozoology e divulgadas ao público, provocando reações diversas entre os cientistas, alguns entendendo se tratar de outro animal, outros acreditando ser possível que se tivesse, finalmente, encontrado o Yeti.

O fato de que jamais terem sido encontradas carcaças ou tiradas fotografias absolutamente confiáveis desses seres, leva a crer, que provavelmente o habitat deles seja a imaginação das pessoas.

O Yeti no Mythos de Cthulhu:

H.P. Lovecraft vivei na época dos relatos a respeito de expedições nas montanhas do Himalaia. Com certeza ele deve ter acompanhado com interesse as notícias fantásticas sobre avistamento dessas criaturas misteriosas.

Na literatura de Lovecraft os "Abomináveis Homens da Neve" são citados uma única vez na estória "Um Sussurro nas Trevas" quando os Mi-Go são relacionados a esse mito.

Embora os Fungos de Yuggoth explorem regiões montanhosas em busca de minérios e supostamente tenham bases no interior do Himalaia, confundir uma criatura com aparência crustácea com um monstro simiesco parece pouco provável.

É possível que as criaturas avistadas sejam uma espécie de disfarce dos Mi-Go, usando algum tipo de traje protetor que lhes confere características humanóides ou que os Yeti sejam na verdade algum tipo de raça servil utilizada pelos Fungos em suas expedições prospectoras.

Outra possibilidade é que os Yeti sejam descendentes da muito mais antiga raça de humanóides primitivos conhecidos como Voormis. Os voormis são descritos como seres simiescos cobertos de pelos, possuíndo dentes afiados, garras e uma inteligência selvagem. Eles eram predadores brutais que habitavam o remoto Monte Voormithadreth uma das regiões mais perigosas da antiga Hyperborea. Anos de caça por parte dos hiperbóreos diminuiu significativamente a população de voormis que com o passar dos séculos adotou o culto de Tsathoggua e Rham-Tegoth.

Clark Ashton Smith, o criador dos Voormis sugeriu em seu conto seminal "The Seven Geases" que eles seriam os antepassados não só dos yeti, pé grande e sasquatch, mas também dos trolls escandinavos. Todas essas subespécies teriam involuído a um grau de primitivismo extremo com o pessar das eras. Os poucos espécimes remanescentes habitariam lugares isolados do planeta.

Outra possibilidade contemplada é que os Yeti teriam alguma conexão com os Ghasts, grotescos seres subterrâneos que habitam as cavernas das Dreamlands. Túneis permitiriam o raro acesso dessas criaturas ao mundo desperto. A forma simiesca dos ghasts poderia gerar a confusão e a presunção de que seriam humanóides primitivos.

É preciso também fazer uma distinção entre o Yeti e o mito do Wendigo que se refere a uma criatura de aparência semelhante, mas cuja origem é diversa. No Mythos, o wendigo tem relação com o Grande Antigo Ithaqua.

Tanto na mitologia de Lovecraft quanto na do mundo verdadeiro, os abomináveis homens das neves constituem um mistério insondável sobre o qual podemos apenas lançar suposições... e temores.

6 comentários:

  1. Poxa vida, seria legal conseguir essas fotos que você citou ao longo do post. Utilizá-las em uma aventura poderia dar um clima especial ao jogo, hehehe.

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  2. Eu sei. Procurei essas fotos na internet mas não encontrei em lugar nenhum.

    Até achei que poderia ser uma fonte falsa, mas achei a referência a elas em mais dois lugares. Mas as fotos mesmo, nada.

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  3. No ocultismo os yetis são descendendes dos humanos chamados Imohau.

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  4. Imohau?

    Não sabia desse disso... será que você poderia elaborar um pouco mais a respeito. Fiquei curioso.

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  5. Eu também tenho interesse nesse Imohau...

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  6. Ótimo texto, sempre penso em criar uma aventura nos Himalaias.

    Quem quiser se aprofundar no tema existe um livro excelente escrito por um primatopólogo chamado "Sasquatch The Legend meets Science".

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