Tulzcha é apresentado no conto O Festival ("The Festival") por H.P. Lovecraft.
Muito se fala a respeito da tenebrosa Corte dos Outros Deuses, localizada no Centro do Universo. Ela é tida como um dos locais mais aterrorizantes do Cosmos, pois é lá que o poderoso Sultão Demoníaco, Azathoth, possivelmente a Entidade mais poderosa do Universo, aquele definido como a Pura Entropia, rege sua Corte, tal qual um astro-rei profano, emitindo luminescência cinéria. Ao seu redor, flutuam em uma órbita infindável estes Outros Deuses, com suas mentes apagadas e sua existência blasfema. Eles giram, evoluem e colidem eternamente ao som mefítico de flautas e címbalos emitindo um som metálico e fluido de cacofonia planetária.
Muito se fala a respeito da tenebrosa Corte dos Outros Deuses, localizada no Centro do Universo. Ela é tida como um dos locais mais aterrorizantes do Cosmos, pois é lá que o poderoso Sultão Demoníaco, Azathoth, possivelmente a Entidade mais poderosa do Universo, aquele definido como a Pura Entropia, rege sua Corte, tal qual um astro-rei profano, emitindo luminescência cinéria. Ao seu redor, flutuam em uma órbita infindável estes Outros Deuses, com suas mentes apagadas e sua existência blasfema. Eles giram, evoluem e colidem eternamente ao som mefítico de flautas e címbalos emitindo um som metálico e fluido de cacofonia planetária.
Muitos são os horrores que perfazem essa dança cósmica. Um véu de cores prismáticas sela essa realidade distinta de todo o resto do Universo Ordenado, pois o Caos ali contido é veneno para as leis convencionais do espaço e tempo. Entre os comensais que circundam Azathoth estão divindades obscuras, muitas dos quais sem nome ou serventia, sem consciência de seu próprio poder. São colossos abomináveis, servidos pela alma e pela mente dos Deuses, o próprio Caos Rastejante, Nyarlathotep. Esse Deus cumpre em nome deles as tarefas que eles próprios jamais poderiam executar. Contudo, entre as aberrações estúpidas da Corte, existem entidades que escolheram habitar esse recôndito do Universo e coexistir com os horrores que lá habitam como se fossem um deles.
Em meio ao séquito rodopiante destaca-se uma colossal bola flamejante que crepita eternamente com chamas esverdeadas. Ela não emite calor, pois não é fogo - ao menos não como nós compreendemos em nosso mundo. Ela evolui lentamente, mas quando determinada, é capaz de cruzar enormes distâncias em um piscar de olhos. Brotando nos recessos mais distantes da Corte como um turbilhão esmeralda, essa divindade não se confunde com os demais deuses beócios, sobretudo porque não lhe falta inteligência. Nos tomos ancestrais de conhecimento atávico, encontra-se registrado o nome desse horror, onde ele é chamado Tulzcha, a Chama Verde.
Tulzcha talvez seja um dos Deuses Exteriores menos compreendidos dentre as Deidades Cósmicas que compõe esse seleto grupo. Assim como Yog-Sothoth, Shub-Niggurath ou o próprio Azathoth, Tulzcha também representa um conceito cósmico. Contudo, enquanto seus irmãos de poder podem ser compreendidos como a encarnação do tempo/espaço, vida e entropia, a noção do que seria Tulzcha escapa à compreensão humana. É possível que a força cósmica representada por essa entidade seja ainda desconhecida e que sua mera noção constitua um enigma indevassável para nossa percepção. Alguns filósofos dos Mythos especulam que ele pode reger o sincronismo cósmico. A entidade dessa forma teria influência sobre as probabilidades e os incidentes, regulando a quebra de paradigmas e certezas como uma força atuante por detrás do acaso. Tais teorias, contudo, jamais foram devidamente comprovadas.
Na ausência de uma explicação do propósito cósmico de Tulzcha, alguns estudiosos resolveram enquadrá-lo em uma categoria genérica como uma entidade maligna. O "Monstros e suas Espécies" - um volume extremamente raro, menciona o caráter subversivo dos rituais dedicados a Tulzcha e o relaciona aos mitos do tormento e eterna danação nas profundezas da terra. Nesse contexto, é fácil compreender porque Tulzcha acabou por ser incluído na relação das entidades demonizadas. Ele seria um dos Reis do Inferno judaico-cristão, o senhor da tortura, da chama que alimenta os braseiros, piras e fogueiras e da dor infligida aos pecadores.
O volume encadernado com pele humana intitulado "Cultes des Goules", menciona brevemente Tulzcha como uma divindade reverenciada por sectos de ghouls que rendem homenagem através de sacrifícios e orgias. O Deus é visto novamente como uma força subterrânea que lança sua luz esverdeada sobre recessos nas profundezas. Uma vez que esse culto parece ter sido banido ou exterminado pelos seus irmãos necrófagos, não há como comprovar as alegações de seus sacerdotes.
Finalmente, talvez a melhor descrição do que é Tulzcha possa ser extraída das páginas funestas do próprio Necronomicom. Esse compêndio nocivo reconhece a existência da entidade, mas mesmo ali não existem muitas informações. Tulzcha é descrito como a Chama Verdejante que brota das profundezas, tal qual um pilar de energia flamejante, projetando-se na direção do céu, espalhando-se pelo firmamento.
Nos parágrafos mal traçados por Abdul Al-Hazrad, o árabe louco relata como Tulzcha era invocado na antiga Sarmakand por uma Seita de Feiticeiros em busca de poder e conhecimento arcano. Ele menciona que Tulzcha pode ser convencido a auxiliar aqueles que trilham o caminho da magia. De maneira similar a Yog-Sothoth, ele se relaciona com bruxos e escolhe alguns para serem o simulacro de sua sabedoria. O preço, adverte Hazred tende a ser muito alto: ele afirma que muitos feiticeiros acabaram descobrindo sua própria imortalidade, ainda que seus corpos continuassem a se deteriorar pela eternidade.
De Sarkomand o pequeno secto dedicado a Tulzcha parece ter se disseminado para outras terras. É possível que em algum momento de sua conturbada existência; Irem, a infame Cidade dos Pilares tenha sido uma base de cultistas dedicados à Chama Verde. Da Península arábica, a semente de um proto-culto viajou para a França e para a Itália, onde se estabeleceu brevemente em pequenas comunidades isoladas. Os cultistas veneravam Tulzcha em celebrações nos solstícios, equinócios e outras datas astronômicas significativas.
Os últimos remanescentes desses cultos europeus desapareceram há muito tempo, possivelmente após perseguições e o extermínio de religiões pagãs. O derradeiro culto que venerava Tulzcha partiu dos Países Baixos em meados do século XVI, tomando duas direções distintas: uma parte deles se instalou na América, na cidade portuária de Kingsport e a outra nas Índias Ocidentais.
Aqueles que se fixaram na colônia da Nova Inglaterra continuaram a cultuar Tulzcha de maneira secreta rendendo a ele rituais, sacrifícios e cerimônias orgiásticas em bosques e colinas. Tal grupo chegou a empreender festivais profanos nos quais a chama viva era invocada dos recessos da terra para receber seus tributos. Essa facção parece ter desaparecido da face da terra em meados do século XVIII, deixando para trás alguns poucos traços de sua passagem. Dentre os tesouros valiosos que esse grupo detinha, estava um volume carcomido do Necronomicom em idioma latino, trazido do velho mundo. [Que é mencionado na história "O Festival" de H.P. Lovecraft]
A outra ramificação do culto que se moveu para as Índias Ocidentais fixou-se com sucesso nas Bahamas e Antilhas e continuou a realizar seus ritos sagrados. Com o tempo, esse culto foi transferido para Cuba e Haiti, e lá recebeu uma forte influência das crenças regionais, acrescentando elementos de Vodu e Santeria aos seus dogmas religiosos. Nesse período, os cultistas começaram a se afastar progressivamente de Tulzcha (uma divindade egoísta e extremamente severa em seus castigos) para se dedicar a Yig que se tornou o Culto mais poderoso nessa parte do mundo. O último enclave de feiticeiros puros, devotados exclusivamente à Chama Verde na região se encontrava em Cuba, mas após a Revolução de 1959 não se sabe ao certo se ele sobreviveu.
Tulzcha pode ser invocado para nosso mundo através de rituais em datas propícias. Os rituais envolvem cânticos, mantras e oferendas na forma de sacrifícios de sangue ou energia mística. Se atraído pelo ritual, Tulzcha se desloca de sua morada na Corte de Azathoth até a Terra. Ele assume uma forma gasosa e penetra em nosso planeta pelo núcleo, subindo rumo a superfície na forma de uma erupção como um gigantesco pilar de fogo verde. Uma vez manifestando-se dessa maneira, o Deus é incapaz de se mover até se dissipar por vontade própria.
Descrito como um turbilhão de fogo cor de esmeralda, Tulzcha gira em sua base cuspindo labaredas em todas as direções. Testemunhas suficientemente próximas conseguem divisar formas bizarras aparecendo e desaparecendo em meio ao vórtice rodopiante; criaturas alienígenas, geralmente em estado cadavérico ou em decomposição, que são absorvidos pela massa e desaparecem silenciosamente.
O pilar de fogo, que corresponde ao corpo de Tulzcha pode ter qualquer altura. Em ambientes fechados ela tende a atingir o teto e se espalhar como uma cascata espumosa, engolfando o que estiver em seu caminho. Pedra e metal são cobertos de uma fuligem nitrosa de cor verdejante doentia após o toque. Muitos objetos ficam completamente inutilizados. Em lugares abertos, o pilar ascende a alturas vertiginosas, desaparecendo no céu ou entre as nuvens, pintando a abóboda celeste de uma vasta região com tons esmeraldinos. Um detalhe especialmente desconcertante a respeito dessa combustão de aparência vulcânica, diz respeito ao fato da entidade não criar sombra e não gerar calor. O "fogo" de Tulzcha mais parece uma massa viscosa, como uma densa maresia coalescente de natureza desconhecida que fica contida no vórtex.
O toque de Tulzcha é especialmente maléfico e conhecido por todos os cultistas. Para atingir quem o desagrada, ele arremessa "bolas de fogo" ou estende "línguas flamejantes" com um alcance efetivo de até 15 metros. O mais leve contato com Tulzcha é incrivelmente nocivo para qualquer forma de vida, causando uma espécie de disrupção em nível celular. As células vivas literalmente se desfazem, a medida que o corpo é drenado de sua energia e viço claramente envelhecendo. A pele se torna pálida e cheia de rugas, ressecada e quebradiça, cabelos e dentes caem, ossos se tornam fracos e órgãos experimentam uma falência temporária. A dor beira o insuportável, como se uma severa câimbra acometesse cada músculo do corpo repentinamente. Não é raro que vítimas tocadas por Tulzcha entrem em choque perdendo a consciência. Se o contato for prolongado a morte é inevitável e tudo que resta do cadáver é uma massa retorcida com sangue jorrando de cada orifício.
Cultistas da Chama Verde conhecem a sua ira e sabem que ele costuma punir aqueles que o desagradam com esse toque nefasto. Não por acaso, muitos preferem morrer pelas próprias mãos antes de enfrentar esse suplício.
Links para Explorar outros horrores dos Mythos de Cthulhu:
Ghatanothoa, o Senhor do Vulcão
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Ghatanothoa, o Senhor do Vulcão
Muito bom! Sempre gostei do conto "O Festival". Em quais histórias aparecem as outras entidades obscuras (Chaugnar Faugn, Glaaki, e cia?)
ResponderExcluirVou fazer um update nas postagens e colocar em qual conto eles aparecem originalmente.
ExcluirOpa, tudo bom?
ResponderExcluirDescobri o blog hoje e gostaria de parabenizá-los por esse site fantástico!
Por sinal, há anos tenho interesse em ler as obras do Lovecraft, mas só recentemente resolvi começar de fato. Só que não faço a menor ideia por onde começar, comprei agora na Amazon "O Chamado de Cthulhu e Outros Contos", mas pelo pouco que li aqui no blog não sei se é correto começar por aí. Teriam como me ajudar? Me dar uma luz se existe algum tipo de ordem a se seguir na leitura?
Abraços!
Opa LeviT, não existe uma ordem para começar a ler os contos de Lovecraft. Existem no entanto, alguns contos considerados os mais importantes para compreender a mitologia dos Mythos e o papel das entidades que o compõem.
ExcluirLê essa postagem aqui:
http://mundotentacular.blogspot.com.br/2013/03/os-cinco-fundamentais-de-lovecraft.html
Pô, valeu, bicho!
ExcluirVou olhar aqui!
Drogas muitas drogas
ResponderExcluirCaraca
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