terça-feira, 21 de junho de 2022

Anomalias Históricas - Objetos que desafiam nossa compreensão


A história está repleta de todos os tipos de mistérios que continuam a nos deixar perplexos. Muitos deles permanecem até os tempos modernos nos intrigando e desafiando a fornecer uma explicação para sua mera existência. De muitas maneiras, por vezes, parece que há tanto que não sabemos quanto o que sabemos. 

Dentre as maiores estranhezas que surgem das profundezas da história encontram-se os "artefatos fora do tempo", itens que desafiam uma classificação razoável pois não se enquadram no período histórico em que foram criados. Esses objetos misteriosos podem simplesmente nos causar confusão, mas outros ameaçam mudar a história como a conhecemos. São anomalias indescritíveis que custamos a compreender o propósito, como foram feitos e por quem. 

Há artefatos surpreendentes que simplesmente não deveriam existir, mas que continuam a aparecer em escavações arqueológicas, em tumbas ancestrais ou nos restos de naufrágios. Aqui está uma seleção de estranhas Anomalias Históricas que foram encontradas ao longo dos anos.

Muitas dessas descobertas assumem a forma de artefatos achados em lugares onde não deveriam estar. Em 1933, uma escavação arqueológica liderada pelo arqueólogo José García Payón no Vale de Toluca, a apenas 70 quilômetros da Cidade do México, encontrou algo bastante estranho entre os muitos artefatos pré e pós-colombianos desenterrados no local. A área foi reconhecida como sendo um túmulo e, como tal, continha muitas oferendas deixadas por visitantes há muito esquecidos. Vários objetos eram feitos com metais e pedras preciosas; de ouro, cobre, turquesa, cristal de rocha, azeviche, osso, concha e cerâmica, todos datados de entre 1476 e 1510 dC. Entretanto, em meio a estes tesouros mais mundanos, foi encontrada uma pequena cabeça de terracota que não se encaixava em nenhuma das representações familiares a pessoas daquela região. 


Quando a cabeça foi examinada, ficou imediatamente claro que ela era muito mais antiga que os demais objetos e que tinha um estilo distinto. De fato, era muito semelhante aos artefatos encontrados na Roma antiga, o que não parecia fazer nenhum sentido, pois foi achada num Túmulo pré-colombiano em pleno México. A datação posterior realizada por carbono colocou as origens da peça em algum lugar entre os séculos IX e XI dC, tornando-a consideravelmente mais antiga do que o local em que foi encontrada e gerando teorias de que seria evidência de algum tipo de contato entre os antigos romanos e os mesoamericanos. 

De sua parte, o próprio Payón varreu a estranha descoberta para debaixo do tapete, não publicando nada sobre a descoberta até 1960. Em anos posteriores, o que veio a ser conhecido como a cabeça Tecaxic-Calixtlahuaca foi mais discutido e analisado. Em 2001, ela foi examinado pelo arqueólogo Romeo H. Hristov, da Universidade do Novo México. Hristov chegou à conclusão de que na verdade datava do século II dC, e que devido à sua idade e ao penteado e barba característicos da figura representada, ela deve ter sido um artefato romano que foi trazido para a região em tempos pré-colombianos , afirmação que seria compartilhada por Bernard Andreae, diretor emérito do Instituto de Arqueologia em Roma, que escreveria:

"[a cabeça] é, sem dúvida, romana, e a análise de laboratório confirmou que é bastante antiga. O exame estilístico diz-nos mais precisamente que se trata de uma obra romana de por volta do século II d.C., e o penteado e a forma da barba apresentam os traços típicos do período dos imperadores severianos [193-235 d.C.], exatamente à 'moda ' da época. Não haveria como tal objeto ter surgido em uma cultura distinta, pois até memso o estilo de sua confecção se iguala ao usado na Roma Antiga no referido período".


As origens da misteriosa cabeça e como ela teria aparecido no México continuaram a ser discutidas e debatidas, e muitas outras ideias surgiram sobre o assunto. Para alguns, se tratava simplesmente de um artefato trazido pelos primeiros exploradores europeus ou mesmo pelos vikings nos tempos pré-colombianos, embora não esteja claro como ela acabou indo parar naquele túmulo. Ela também poderia ter sido trazida em algum momento por comerciantes da Ásia, como China ou Índia, onde de alguma forma chegou até aquele local. Poderia até mesmo ter, de alguma forma, se deslocado para o México a partir de algum naufrágio romano distante ou ainda, poderia ser tão somente uma farsa completa que foi plantada no local como uma brincadeira. O mistério persiste, mas uma coisa é certa, não existe uma explicação sobre como uma antiga cabeça romana de terracota teria surgido na Cidade do México.

Quase tão estranha foi uma descoberta feita em 1954, quando um arqueólogo amador chamado Guy Mellgren tropeçou em algo decididamente estranho enquanto explorava no estado de Maine, nos Estados Unidos. Mellgren estava vasculhando o local do que foi um assentamento de nativos americanos em Naskeag Point, quando encontrou um depósito de antigos artefatos nativos. Enquanto vasculhava sua descoberta, encontrou o que parecia ser uma antiga moeda de prata, terrivelmente deslocada ali entre as relíquias nativas. Sem saber o que havia encontrado, Mellgren levou a moeda a especialistas e então, as coisas ficariam ainda mais estranhas.


Especialistas que examinaram o objeto altamente corroído, a princípio pensaram que se tratava de uma moeda britânica do século XII. Ela foi posteriormente arquivada com outras relíquias como uma mera curiosidade. Contudo, em 1978 a moeda foi reexaminada e descobriu-se que era de fato uma moeda muito mais antiga. Era uma moeda norueguesa, que remonta ao reinado de Olaf Kyrre, que foi rei da Noruega entre os anos de 1067 a 1093 dC. Esse dado foi confirmado por outros especialistas e não está realmente em disputa, mas o que é menos claro é como ela acabou indo parar em um assentamento nativo americano que data de algo em torno de 1240? 

Embora saibamos que os navegadores nórdicos montaram assentamentos na Groenlândia e que de lá se lançaram na direção da Terra Nova, muito antes de Colombo, chegar até o litoral do Maine seria uma façanha pouco provável. As teorias variam desde que os vikings viajaram para o sul, onde fizeram contato com os nativos da região, o que reescreveria a história como a conhecemos, ou que os nativos do norte trocaram a moeda com outras tribos, após o que, ela fez o seu caminho para o Maine. 

O que torna tudo ainda mais desconcertante é que entre os 30.000 artefatos encontrados no local, esta moeda é a única coisa de origem nórdica descoberta. Um contato entre dois povos não deveria ter gerado algo mais além de uma simples moeda? É claro que também existe a ideia de que a moeda não passaria de uma fraude, mas no final a "Goddard Coin", também chamada de "Maine Penny", continua sendo um curioso mistério não resolvido.


Mas nem todos artefatos que podem ser chamados de Anomalias Históricas são pequenos e conseguiriam ser transportados facilmente de um canto para o outro do mundo. Um bom exemplo desse tipo de descoberta impressionante é um gigantesco pedregulho de 80 toneladas encontrado em uma encosta da Hidden Mountain, no estado do Novo México no ano de 1933. Ele foi achado por Frank Hibben, um arqueólogo da Universidade do Novo México e desde então tem causado grande alvoroço. 

Um guia local, alegou que ela havia sido encontrada pela primeira vez na década de 1880, e foi este guia quem levou Hibben até a notável pedra monolítica. Sobre uma enorme laje de rocha sólida havia uma área achatada sobre a qual foi inscrita cuidadosamente uma passagem no que parecia ser hebraico antigo. Tudo isso era muito estranho, considerando que a data da inscrição foi estimada entre 500 a 2.000 anos. Isso a coloca bem fora do período de tempo para os antigos habitantes da região e para qualquer presença de hebreus na América do Norte.

Especialistas que examinaram o que veio a ser conhecido como a Pedra do Decálogo de Las Lunas, acreditam que ela pode ter sido usada como uma antiga mezuzá samaritana, que eram pedras colocadas em sinagogas e outros lugares importantes e gravadas com passagens do Decálogo. Objetos similares foram encontrados no Oriente Médio e algumas partes do Norte da África, contudo, isso não explica como essa foi parar no Novo México 2 mil anos atrás. 


Embora algumas pessoas considerem que a pedra possa ser evidência de visitação pré-colombiana por exploradores semitas, também há muitas críticas que atestam ser ela provavelmente uma farsa engendrada por colonos no século XIX ou talvez até mesmo realizado pelo próprio Hibben. O arqueólogo Kenneth Feder está entre os céticos e negou a autenticidade da pedra, dizendo:

"Não há antigos assentamentos hebreus pré-colombianos, nem sítios contendo os detritos cotidianos de uma comunidade de antigos hebreus, nada que mesmo um conhecimento superficial de como as formas de registro arqueológico exigiriam que existisse. Do ponto de vista arqueológico, isso é claramente impossível."

No entanto, a pedra ainda é amplamente discutida e debatida, e seu mistério está longe de ser resolvido. É difícil estudá-la, pois seu tamanho imenso a torna incapaz de ser movida para um museu. Vândalos destruíram parte das inscrições e nunca houve um consenso sobre de onde veio essa pedra misteriosa ou por que ela contém trechos em hebraico antigo. Essa pedra monstruosa com suas marcas enigmáticas é evidência da presença pré-colombiana de colonos de língua hebraica no Novo Mundo, ou é tudo falso? 


Algumas anomalias históricas, não estão necessariamente fora de lugar, mas ainda assim conseguem permanecer enigmáticas. Em 1929, o teólogo alemão Gustav Adolf Deissmann estava catalogando itens na vasta biblioteca do Palácio Topkapi, em Istambul, na Turquia, quando se deparou com um maço velho e empoeirado de pergaminho de pele de gazela aparentemente descartado. Teria parecido basicamente lixo na época, mas quando o pergaminho foi desenrolado, viu-se que continha dentro de si uma descoberta surpreendente.

Ali sobre o pergaminho havia parte de um mapa intrincado, diferente de tudo que Deissmann já tinha visto, e quando foi analisado por especialistas, descobriu-se que foi feito pelo almirante e cartógrafo otomano Piri Reis no ano de 1513 dC. Embora apenas um terço do mapa estivesse intacto, faltando o restante, descobriu-se que este não era apenas um mapa antigo comum, pois parecia ser parte de um planisfério real. A carta era ainda mais chocante por ser incrivelmente precisa para a época em que foi confeccionada. Aquele era um mapa que delineava corretamente terras tão distantes como Europa, África, ilhas do Caribe e até América do Sul, ilhas como Açores e Ilhas Canárias e Japão, bem como áreas até então desconhecidas, como Nova Escócia, a costa da Antártida e a Cordilheira dos Andes. Tudo isso em uma época em que muitos desses lugares ainda não haviam sido descobertos.

O mais intrigante é que todos esses lugares eram descritos com uma precisão impressionante, virtualmente impossível para a época. De fato, alguns especialistas chegaram a afirmar que o mapa simplesmente não poderia ter sido feito sem contar com imagens de satélite, pois os recortes da costa e litoral, eram incrivelmente apurados. E tudo isso num mapa elaborado em 1513!



Ninguém conseguia explicar como tais informações poderiam estar presentes naquela carta náutica. Como Piri Reis poderia ter obtido aquelas informações? No entanto, havia indícios de que o mapa listava outras fontes, incluindo vários outros mapas árabes e indianos, e até mesmo mencionando um mapa mítico supostamente compilado por Cristóvão Colombo antes dele empreender sua viagem. Acredita-se que este mapa perdido pudesse ter sido o primeiro mapa do mundo e especula-se que ele foi feito no século XII. Este mapa nunca foi encontrado, mas supõe-se que Piri Reis o viu e o usou junto com cerca de vinte outros mapas na criação de sua própria carta geográfica.

Até hoje, a impressionante precisão do Mapa de Piri Reis persiste como uma anomalia desconcertante que deixa os historiadores sem palavras. Como ele conseguiu essas informações? Como foi capaz de mapear lugares que sequer haviam sido descobertos na época? O que as porções perdidas revelariam?

Algumas anomalias históricas são ainda mais intrigantes, pois ninguém sabe ao certo o que são e qual o seu propósito. Ao longo de muitas partes do que já foi o Império Romano, foram encontrados centenas de pequenos objetos de bronze medindo de 2 a 5 polegadas de diâmetro e com uma forma única de 12 faces pentagonais planas com buracos e botões sobre eles. Embora muitos exemplos desses artefatos tenham sido encontrados, e eles tenham certamente origem romana, ninguém tem a menor ideia de para que eles foram usados. Não há registros escritos ou planos de design conhecidos para eles, e esses "dodecaedros" foram considerados como ferramentas de navegação, instrumentos do zodíaco, ferramentas de astronomia, instrumentos de tricô, calendários, castiçais ou até brinquedos infantis. 



Seu palpite é tão bom quanto o de qualquer um e, embora existam muitos desses objetos e eles pareçam bastante comuns, provavelmente os dodecaedros romanos permanecerão um mistério impenetrável.

Nem todos os objetos históricos enigmáticos são tão antigos, e também houve algumas dessas estranhezas em tempos mais recentes. Em 1968, um prédio em Chicago, nos Estados Unidos, estava sendo reformado quando um muro foi derrubado para revelar que lá se escondia uma motocicleta novinha em folha da Primeira Guerra Mundial. Seu design contudo era o que a tornava única, era tão distinto que ninguém jamais havia visto tal coisa. Ela tinha um design de motor único, desconhecido nas motocicletas da época, um sistema de freio inovador, peças feitas especialmente para esse modelo e detalhes jamais vistos em outras motocicletas da época. 

No geral, ela era muito mais avançada do que qualquer outra coisa criada em sua época. Além disso, o veículo ainda funcionava sem problemas e não parecia ter se desgastado após décadas escondido atrás de uma parede. O mais estranho de tudo, a motocicleta tinha uma única palavra escrita nela, "Traub" cujo significado é quase tão enigmático quanto quem e como ela foi construída.


Quando os primeiros proprietários do prédio foram localizados, eles conseguiram esclarecer um pouco do mistério, dizendo que seu filho havia roubado a motocicleta e a escondido atrás do muro antes de partir para lutar no exterior durante a Grande Guerra. Contudo, isso de pouco adiantou. para explicar de onde veio ou quem a construiu. A misteriosa moto desde então passou a fazer parte da coleção do Museu Wheels Through Time, e até hoje não foi encontrado nenhum outro exemplar desta moto com seu design moderno. Não surgiu também quaisquer outras peças para ela, modelo, planta ou equipamento. Ninguém sabe quem a fez, e continua sendo um artefato impossível.

Ainda mais recentemente, em 2014, foi feito um achado incomum por guardas florestais no Great Basin National Park, em Nevada. Enquanto patrulhavam uma área bastante remota do parque, eles encontraram uma árvore no meio do nada que tinha encostado nela um rifle de aparência muito antiga, apenas cuidadosamente apoiado e abandonado naquele ermo. Logo se descobriu que o rifle era um antigo rifle Winchester Modelo 1873 que havia sido fabricado entre os anos de 1873 e 1919, e que teria sido considerado uma valiosa herança. 

A arma também estava em muito boas condições, e mesmo agora ninguém consegue descobrir por que alguém simplesmente deixaria essa arma antiga simplesmente encostada na árvore. Ela foi deixado lá por algum pioneiro, garimpeiro ou caçador do século XIX? Foi abandonada por um colecionador de armas por razões que nunca saberemos? Ou ainda, foi deixado para trás por um viajante do tempo? Quem sabe? A arma está em um museu sem dono conhecido.


Neste artigo vimos apenas algumas amostras de Anomalias Históricas que conseguiram escapar da compreensão por estarem fora do lugar, vindo do nada ou que são simplesmente muito estranhas. É interessante imaginar que, por mais que pensemos que conhecemos a história, ainda sabemos muito pouco sobre nosso passado. 

Esses artefatos que surgem de tempos em tempos desafiam nossas percepções e constituem enigmas que talvez jamais venhamos a resolver. Certamente parece que a história ainda está longe de ser inteiramente decifrada, uma vez que, escondida nos cantos, ainda existem sombras difíceis de iluminar.

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