Como acontece frequentemente com construções históricas antigas e de grande simbolismo nas cidades, ele é tido como assombrado. Apelidado de "Torre do Fantasma", há pessoas na capital argentina que acreditam ser aquele, um dos endereços mais aterradores e não entrariam ali nem que obrigadas. O fantasma que supostamente habita o lugar, viveria no topo da torre, de onde muitas pessoas afirmam terem ouvido murmúrios e sussurros abafados. Alguns também relatam gritos e passos, que são ouvidos mesmo quando o prédio está vazio.
De acordo com a lenda mais famosa, o fantasma pertence a uma artista chamada Clementina, uma jovem artista que viveu lá há quase um século. A história da morte de Clementina envolve uma rica fazendeira, uma repórter determinada e uma estranha criatura chamada Follet, um monstro típico do folclore catalão, que é de muitas formas, similar aos goblins.
A história tem início com uma fazendeira chamada Maria Luisa Auvert Arnaud que era proprietária de uma grande estância rural nos arredores de Buenos Aires. Suas terras eram bastante rentáveis, usadas para plantio e para criação de gado, o que a tornava uma das pessoas mais ricas da cidade. No fim do século XIX, a Argentina havia se tornado o destino de muitos imigrantes vindos da Europa. Apesar do sobrenome francês, a Família Auvert tinha suas raízes históricas na Catalunia. Eles haviam chegado a Argentina com planos de se estabelecer e conquistar fortuna. Adquiriram um pedaço de terra e nele prosperaram ao custo de muito trabalho.
Em determinado momento, Maria Auvert decidiu que iria se mudar com a família para a Capital. Para tanto, contratou um arquiteto catalão, Guillermo Alvarez e lhe deu ordens para construir uma casa que tivesse o mesmo estilo de sua terra natal. Para a obra, a fazendeira não poupou despesas, mandou trazer da Espanha móveis e material usado na construção. Também mandou vir plantas, inclusive um tipo de cogumelo típico da Catalunia para adornar as varandas.
Quando a empreitada foi concluída em 1908, Auvert ficou extremamente satisfeita e resolveu se mudar com toda família. O Castelo deveria ser a sua Casa dos Sonhos, contudo ela ficou em seu novo lar pouco menos de um ano antes de arrumar as malas e ir embora. Ninguém sabia o motivo para que ela tivesse partido tão repentinamente, embora os vizinhos comentassem ouvir gritos no meio da madrugada. Comentava-se ainda que a mulher estava pálida e que havia perdido muito peso, seus filhos não saiam de casa e todos pareciam esconder algum segredo. Quando deixaram a morada pareciam aliviados, como se um pesado fardo tivesse sido removido de suas costas.
O dono seguinte do castelo, um rico empresário comprou a casa por um valor bastante barato. Ele concluiu que a morada era grande demais e decidiu que era melhor desmembrá-la em quartos para aluguel. Clementina, uma jovem pintora vinda da cidadezinha de Venado Tuerto, alugou a cobertura. Embora jovem, Clementina era bastante popular e talentosa. Ela havia conquistado certa fama na cidade após ser convidada por uma famosa galeria a expor as suas obras. A fama da artista atraiu a atenção de uma jornalista chamada Eleonora que era uma crítica de arte.
Eleonora foi até a casa da artista para fazer uma entrevista. Clementina conhecia a repórter e sabia que aquilo poderia ser bom para sua carreira, por isso a recebeu em seu estúdio. Ela estava terminando uma série de quadros que alguns amigos consideravam que seria a sua obra mais importante até então. Eleonora pediu para que a artista permitisse que ela fizesse algumas fotografias no ateliê. A entrevista correu bem e foi bastante natural, Eleonora contou que a moça parecia feliz e estava alegre com a perspectiva de uma nova exposição.
Dois dias depois da visita ocorreu a tragédia!
Clementina, tomada por uma inexplicável crise de loucura havia cometido suicídio saltando da varanda no alto do Castelo. Seu corpo mergulhou em um espaço de quase quinze metros, indo cair pesadamente no pátio de pedra em frente da construção. Ela tinha uma expressão transfigurada de absoluto horror em sua face.
Seus parentes e amigos ficaram chocados com a notícia. Ninguém conseguia entender as razões que levaram aquela moça alegre e cheia de vida a cometer aquele ato de insanidade. Nada fazia sentido! Por que Clementina teria tirado sua própria vida?
Enquanto isso, Eleonora mandou revelar as fotografias para a matéria que seria publicada. A maioria das fotografias foi revelada perfeitamente, a não ser por uma fotografia que mostrava Clementina diante de um de seus quadros que ainda não estava concluído. Nessa foto em especial, Eleonora conseguiu perceber três pequenas formas que refletiam em um espelho. Eram como pequenas criaturas humanoides que pareciam se esforçar para se esconder. Impressionada com o que havia inadvertidamente capturado em suas fotografias, Eleonora decidiu investigar a história do suicídio da artista e do Castelo de la Boca.
A busca de Eleonora por respostas, eventualmente a levou até Maria Auvert, que havia desistido de viver em Buenos Aires e estava radicada uma cidade chamada Rauch. Depois de contatar Auvert pelo telefone, Eleonora pegou um trem e foi fazer uma visita a fazendeira. Ela então revelou a terrível verdade a respeito de sua antiga casa...
Havia goblins vivendo nela! Não simples personagens de contos de fada, mas criaturas de carne e osso. Eram duendes perversos que se escondiam pelos cantos e costumavam fazer brincadeiras cruéis com aqueles que os viam. Chamados de Follet, perseguiam aqueles que os enxergavam e não era raro que pessoas acabassem machucadas por eles, algumas vezes, seriamente. Segundo Maria Auvert, esses seres faziam parte do folclore catalão.
Os Follet são um tipo de povo pequenino que habita cavernas, eles seriam nativos das florestas da Catalunha. Descritos como criaturas feias e malvadas, os Follett não medem mais do que 20 centímetros, são esguios e rápidos, sempre se escondendo pelos cantos. Costumam usar um barrete vermelho na cabeça, mas por vezes também deixam o cabelo crescer comprido. Eles roubam comida e mudam objetos de lugar na calada da noite, também são famosos pelas suas brincadeiras. A tradição dita que quem vê um deles, deve fingir não ter visto nada, do contrário eles passam a atormentar a pessoa até levá-la à loucura.
Auvert explicou que segundo a lenda esses goblins podem se transformar em cogumelos quando querem se escondem dos humanos. A mulher contou que os cogumelos trazidos da Catalunha provavelmente eram Follet disfarçados. A princípio, os goblins não causaram muitos incômodos. Entretanto, certo dia, uma criada viu um dos monstrinhos e apavorada chamou o marido para ajudar. O homem encurralou a criaturinha na despensa e a esmagou sob a sua bota.
Depois disso, as coisas saíram do controle! Os follet transformaram a vida dos moradores da casa em um verdadeiro inferno, destruindo objetos, cortando a perna de móveis, estragando comida e colocando veneno na água. Eles mataram o cão da família e tentaram fazer o mesmo uma das crianças que ficou com um corte feio na garganta. Certo dia, um deles arremessou uma faca contra um criado que sofreu um ferimento leve na face; o homem pediu demissão logo depois. Temerosos de que as coisas poderiam ficar ainda mais perigosas, a Família resolveu partir o mais rápido possível. Uma vez que Maria Auvert tinha receio de ser taxada como louca caso a história fosse à público, nem ela e nem os empregados falaram a respeito do que aconteceu.
Depois de ter prometido manter a história em sigilo, Eleonora retornou a Buenos Aires. Ela jamais soube o que realmente aconteceu com Clementina, mas há uma suposição. Os follet ficaram furiosos quando a fotografia deles foi tirada, já que detestam luzes fortes e o flash da máquina os incomodou. Como vingança eles atacaram a jovem artista, correndo atrás dela e forçando-a à única saída possível de seu estúdio: a varanda.
Depois de sua morte, o fantasma de Clementina teria retornado ao Castelo de la Boca para continuar residindo em seu interior como uma presença invisível. Alguns acreditam que o fantasma continua aterrorizado com a presença dos Follet que vivem atrás das paredes e sob o piso de madeira da casa. Testemunhas teriam ouvido frases soltas como "onde estão vocês" e "fiquem longe de mim, suas pragas", além de gritos de mulher. Muitas pessoas afirmam ter visto um vulto no balcão do Castelo, sobretudo quando a lua está cheia, como estava na noite em que a artista mergulhou para a morte.
Dizem ainda que o quadro da artista, fotografado pela repórter teria desaparecido após a sua morte. O quadro teria sido roubado pelos Follet, escondido em algum esconderijo inacessível. Por esse motivo o fantasma de Clementina continuava vagando pelos cômodos tentando encontrar onde sua obra prima fora escondida.
Se um dia o quadro for achado, talvez a maldição de Clementina chegue ao fim...
Enquanto isso não acontece, o Castelo de la Boca continua encantando visitantes com sua história de tragédia e goblins.
Legal essa lenda! Minha irmã mora em Buenos Aires e quando vi essa postagem mandei pra ela. Ela riu e disse q o bairro inteiro é assombrado. Só q por ladrões! HAUaHUAHauHAuhaUAHuaHAUHaUHAUha!
ResponderExcluirJá fui lá, e infelizmente é verdade...rs
ExcluirInteressante....
ResponderExcluirrealmente La Boca é assombrado...história interessante, tem potencial para uma aventura!
ResponderExcluirhttps://bardodanevoa.blogspot.com/
Ok, eu lembrei daquele episodio do Chapolim em que ele está numa casa cheia de gnomos e dá água de jamaica para eles
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