Continuação...
O boletim do Oficial Portuário Moledo atestava que em 15 de março de 1918, ele e mais três agentes bateram a porta do Templo dos Mistérios Verdadeiros, na Ponta do Felix querendo conversar com o Pastor Tapio. Estavam em busca também de um homem chamado Norberto um bandido conhecido na região portuária. Alguns insistiam ter visto o sujeito em mais de uma reunião do Templo, apontando-o até mesmo como uma espécie de braço direito do Pastor. Assumiram que, ou ele fazia parte da congregação ou tinha algum tipo de negócio com ele.
Os agentes portuários foram expulsos e quando disseram que voltariam com apoio policial, acabaram ameaçados por alguns fiéis. Um eles alegadamente chegou a lhes mostrar uma arma de fogo como forma de intimidação. Dois dias mais tarde, Moledo retornou ao local conforme prometido, dessa vez acompanhado de duas viaturas e 12 homens enviados de diferentes delegacias da região. Os homens estavam armados e prontos para qualquer eventualidade. Alguns moradores locais, quando viram a chegada e souberam que haveria uma batida no Templo dos Mistérios, se voluntariaram a acompanhar o grupo. Afirmavam que estavam fartos da presença do estranho culto em Antonina e queriam sua remoção imediata.
Ao chegar ao templo no começo da noite, a diligência foi recebida por uma turba armada com porretes, pedras, facas e ao menos duas armas de fogo. Os homens se puseram diante da entrada com a clara intenção de impedir a ação. A resistência ferrenha eventualmente descambou para violência e os policiais terminaram por revidar, o que resultou em seis feridos, ao menos dois, fatalmente. Com os tiros, o bando se dispersou, sendo que alguns correram para o interior do depósito que servia de templo. Os policiais então os seguiram, adentrando no salão onde encontraram um grupo formado principalmente por mulheres e crianças que os recebeu com indignação. O bando foi rendido e escoltado para fora. Lá dentro prosseguiram até o salão contíguo, onde souberam mais tarde ocorriam as cerimônias. Foi ali que os policiais se depararam com acontecimentos de difícil explicação.
Havia um bando de indivíduos no amplo salão, todos homens de aparência grosseira e disposição rude, verdadeira malta. Alguns deles gritavam impropérios e desferiam xingamentos aos policiais, rasgavam suas roupas e chegavam ao absurdo de rosnar e babar conforme descreveu Moledo. Os homens tinham um olhar selvagem e arreganhavam os dentes ameaçadoramente. O pior é que eles estavam acompanhados de três enormes cães negros que o agente descreveu como maiores e mais agressivos que os infames capa-pretas (como se referia ao pastor alemão). As feras investiram contra os membros da diligência que logo se viu acossada pelos enormes animais - dois policiais e um civil foram derrubados no chão em meio a um turbilhão de garras e presas que os rodeava. Enquanto os homens gritavam em pânico, outros cederam ao medo irracional e fugiram apavorados. Felizmente alguns mantiveram sua determinação e dispararam contra os cães demoníacos que segundo Moledo, não largavam suas presas mesmo depois de alvejados repetidas vezes. O agente nesse momento se permitiu um estranho comentário afirmando que quando os animais eram feridos, os homens em torno gritavam como se os feridos fossem eles próprios (!)
A algazarra de gritos e latidos se espalhou pelo ambiente, até que os animais foram abatidos e os homens arrastados para um canto e colocados sob vigia dos policiais armados. Terminada a luta haviam três policiais mortos, vítimas dos cães. Uma das feras ainda gania baixo em seus estertores. Moledo questionou os prisioneiros sobre o Pastor Tapio, mas não obteve nenhuma resposta coerente; estava claro que aqueles homens eram loucos e não haveria diálogo com eles. Gritavam palavras estranhas e clamavam por nomes bizarros, a medida que babavam em um frenesi como se fossem possessos.
Nesse momento, nova gritaria irrompeu dessa vez do lado de fora do templo. Os homens correram para saber do que se tratava já apavorados com tudo aquilo. Encontraram ali dois policiais que haviam sido incumbidos de guardar o depósito e impedir a saída de suspeitos. Um dos policiais, um sujeito muito querido entre os demais chamado Manuel do Carmo, estava caído numa poça de sangue, seu rosto e garganta dilacerados pelo ataque de um animal de grande porte. Uma fera parecia tê-lo agarrado pelo pescoço e depois de sacudi-lo de um lado para o outro, como fazem os animais com suas vítimas, simplesmente o jogou de lado tal qual um boneco de pano. O outro, um rapazote de nome Antonio Bispo, estava agachado num canto tampando os olhos. Foi difícil fazê-lo contar o que aconteceu. Questionado, gritava sem parar, ora gargalhando, ora chorando. Quando finalmente conseguiu parar de matraquear, disse coisas sem sentido que fizeram as pessoas que ouviram a narrativa se benzer.
Ele concedeu uma explicação esdrúxula sobre o que os atacou na entrada do Templo. Era, segundo o tal Antonio Bispo, um enorme cão preto que investiu contra eles como uma tempestade; derrubou Manuel em um átimo e o matou facilmente. A enorme fera, muito maior que qualquer cão que o rapaz pudesse imaginar existir, era magro e musculoso, patas poderosas e uma bocarra repleta de presas. Andava de quatro, mas por vezes parecia um homem se colocando nas patas de trás. Quando passou por Antonio rosnou e o encarou com olhos injetados de predador que fizeram as forças abandonar seu corpo. Ao contar isso, o rapaz voltou a chorar e segundo Moledo, o pobre coitado ficou tão abalado que teve de ser mandado para longe.
Os homens se entreolharam assustados. Imaginavam que seria uma simples batida para prender contrabandistas, mas aquilo era muito pior. Um deles sussurrou que o lugar era o covil do diabo e que só algo cuspido pelo inferno seria capaz daquela atrocidade. Diante de todo aquele sangue e espetáculo de morte, ninguém se sentia pronto para contradizer essa noção.
Moledo relatou que mais tarde procurou explicação para o que havia sucedido. Ainda que absurda, a descrição da criatura demoníaca, acabou sendo repetida por três testemunhas que juraram ter visto uma fera de corpo sinuoso e escuro correndo pelo porto, oculta pelas sombras. Ninguém se interpôs no caminho dela e todos sentiram que se o fizessem, a fera os liquidaria de pronto. Foram categóricos em dizer que ela parecia feita de escuridão, quase uma sombra viva. E na escuridão desapareceu sem deixar rastro e menos ainda paradeiro.
Os cultistas mais furiosos, capturados no interior da Igreja foram escoltados para fora e colocados em algemas e na falta destas, amarrados com cordames. Não reagiam, mas continuavam sussurrando aquelas palavras sem aparente significado. Posteriormente foram levados para uma delegacia e colocados atrás de grades. Moledo não deu detalhes, pois parecia incomodado sobre o assunto e vago ao relatar que fim levaram aqueles sujeitos rudes. Ele contou que não encontraram o Pastor Tapio ou Norberto em lugar algum e assumiram que os dois escaparam. Talvez tenham sabido da batida e nem estivessem no templo em primeiro lugar. Fato é que as pessoas não queriam conjecturar muito a respeito, principalmente depois que alguns sugeriram que o enorme cão negro parecia ter vindo justamente dos aposentos do Pastor Tapio. Superstição e tolice, salientou o Oficial Moledo na carta, como se tentasse ele próprio afastar conceitos sobre os quais é bom não elucubrar em demasia.
Os jornais nos dias seguintes deram amplo destaque ao ocorrido, jornalistas escreveram sobre os acontecimentos e explicitaram o caráter estranho do culto e de seus integrantes. Contudo, foram bastante econômicos nos detalhes mais escabrosos, possivelmente por conta de um pedido expresso de pessoas ilustres que não queriam manchetes mencionando fanatismo no estado. Considerando tudo que aconteceu, foi um verdadeiro milagre a história não ter sido contada na íntegra. Por outro lado, quem acreditaria no que foi relatado, quanto mais sabendo que haviam ainda mais detalhes perturbadores.
Estes detalhes adicionais constavam na carta enviada por Vitorino Moledo ao Reverendo Granberg. Eram pormenores que deixaram o religioso particularmente incomodado. De fato, ele ficou tão consternado com a história que muitos afirmaram tê-lo afetado a ponto de perder parte de sua disposição e vigor. Até então, o Reverendo era um homem cheio de energia e alegria, tornara-se por conseguinte taciturno e introspectivo. Talvez tenha ponderado muito a respeito de queimar a narrativa nos anos seguintes, e provavelmente o teria feito, se imaginasse que isso pudesse fazê-lo esquecer do incidente. Mas é claro, não poderia! Sentia haver verdade naquelas palavras e não duvidou em momento algum que Moledo ofereceu um panorama fidedigno dos acontecimentos. Não exagerou em nada, talvez pelo contrário, tenha censurado algo que julgou inacreditável.
O primeiro elemento macabro que preocupou o religioso mencionava que após a batida na igreja, as vítimas naturalmente haviam sido removidos do local. Os corpos acabaram sendo amontoados em duas carroças cedidas por um comerciante de peixe local que as cobriu com uma lona para o féretro. As duas seguiram para uma casa de saúde, onde os corpos seriam preparados para serem entregues às famílias ou sepultados. Por falta de outro método para transportar os cadáveres, a carcaça dos cães negros também foram colocadas numa carroça a fim de serem incineradas conforme ordenou o Oficial Moledo. Entretanto, quando o comboio chegou ao seu destino, houve uma grande surpresa. O enfermeiro incumbido de remover os restos se deparou com um mistério. Encontrou numa carroça mais corpos do que o esperado. De fato, haviam três homens com ferimentos de balas na carroça onde foram colocados os cães. Um destes não era outro além de Norberto, o braço direito do Pastor Tapio. Em contrapartida, dos cães demoníacos não havia sinal e deles nunca se soube.
Em uma cidade pequena é difícil manter tal incidente em segredo. Sempre há alguém que revela o ocorrido, confiando na discrição do interlocutor. Muito se comentou a respeito do sumiço dos cães demoníacos e do surgimento dos corpos nus crivados de balas dentro da carroça. Felizmente, nem todos acreditaram no ocorrido e muitos disseram que se tratava de exagero ou de uma mentira deslavada. Muitos optaram por assumir uma coisa ou outra. Na impossibilidade de se explicar aquilo que não ten explicação, melhor duvidar de tudo.
O corpo de Norberto e dos outros dois homens não identificados foram enterrados em um terreno colado ao cemitério, sem identificação ou lápide. Foram simplesmente jogados ali numa vala e cobertos de terra.
O segundo detalhe perturbador ocorreu no dia seguinte. Uma vez esvaziado, o Templo foi revistado e de dentro dele começaram a ser trazidos alguns objetos de natureza inquietante. O incansável Oficial Moledo tomou parte nessa ação, coordenando o esforço. Alguns civis se ofereceram para ajudar, mais por curiosidade a respeito do que existia ali dentro do que qualquer outra coisa. No entanto, bastava uma olhada nas salas para que o ânimo deles arrefecesse. Havia uma aura ruim ali dentro e mesmo sem ninguém que os ameaçasse, as pessoas ali se sentiam intimidadas.
Na lista de objetos apreendidos constavam estranhas estátuas de aparência bizarra, coisas esculpidas em madeira, pedra e bronze, com figuras estranhas que suscitaram dúvidas quanto ao que o escultor quis representar. Algumas delas eram estranhas além da conta e um dos homens ao vê-las correu para fora dizendo que não ficaria nem mais um minuto naquele antro.
No aposento que pertencia ao Pastor Tapio, encontraram bíblias que nas palavras do oficial "não eram exatamente bíblias". Ele as descreveu como tomos volumosos de páginas amareladas com capas emboloradas repletas de desenhos medonhos. Estavam escritos em latim e outros idiomas que o oficial não foi capaz de decifrar. Contudo, ele não precisava compreender o que diziam para saber que aquelas páginas malditas estavam cheias de maus agouros. De fato, meramente folhear o material fez-lho ordenar que alguém ateasse fogo àquilo. No Templo em si recuperaram um cálice, uma faca de lâmina recurva e uma bacia de cobre, tudo manchado de sangue seco. Moledo mandou que destruíssem e queimassem tudo aquilo e só fez ressalva para alguns itens que recolheu e mais tarde colocou em uma caixa para remeter ao Reverendo Grenberg. Estes, chegaram às mãos do religioso algumas semanas mais tarde. Na caixa junto com o relatório estava uma daquelas "bíblias", um crucifixo enrolado num pano vermelho e a mitra que o Pastor usava.
O livro sem título chamou a atenção de Grenberg que folheou o volume incapaz de disfarçar o desgosto que sentia. A coisa era medonha, escrita em vários idiomas - que iam do latim ao português, do alfabeto cirílico a outros que ele sequer foi capaz de compreender. Haviam ainda incontáveis caligrafias que denotavam que passara de mão em mão ao longo de gerações. O conteúdo era pavoroso pelo pouco que o Reverendo conseguiu entender, trazia uma versão ainda mais blasfema das crenças da Seita, com trechos que o fizeram sentir náuseas. As gravuras eram grosseiras, mas com um poder latente de causar choque e asco. As cenas remetiam a rituais, quase todos sanguinolentos e de uma natureza atroz. Cães e lobos figuravam em várias páginas, destacados como os Predadores à serviço de um Deus vingativo e intempestivo, dado a arroubos de cólera e fúria.
Contudo, foi o crucifixo que fez o Reverendo Grenberg quase perder o rumo. A peça estava embalada em um pano vermelho com glifos bordados. Era um objeto pesado e grotesco feito de madeira talhada (na cruz) e bronze moldado (na imagem). Era muito antigo, disso tinha certeza, verdadeiro artefato digno de museu. Representava um Cristo crucificado como os que são vistos na parede de qualquer casa cristã. Contudo, havia uma diferença marcante absolutamente blasfema naquele item: a cabeça do Cristo havia sido substituída pela de um cão. Uma besta nefasta similar à descrição daquelas feras abatidas no templo.
O Reverendo levou o crucifixo até seu escritório onde a mantinha trancada numa gaveta. Sempre que o analisava, o fazia com a porta trancada, retornando acabrunhado da experiência. Não desejava que mais ninguém visse a coisa profana, pois temia pela sanidade dos que pousavam demasiadamente os olhos nela. Averiguou que haviam inscrições no verso da cruz, em algum idioma desconhecido, supostamente os mesmos símbolos desconhecidos contidos no tomo. Talvez não saber o que dizia fosse melhor para todos.
Uma das poucas pessoas que teve acesso ao objeto foi justamente o biólogo João Forlan que visitou o amigo no ano seguinte. Ouviu atentamente a narrativa, leu o relatório e manipulou os artefatos mesmo depois do Reverendo dizer que aquelas coisas tinham a capacidade de atrapalhar o sono e causar pesadelos. Forlan copiou os símbolos cabalísticos e se encarregou de pesquisar suas origens. Disse que os símbolos remetiam aos que ele havia visto nas paredes do templo quando esteve na Assembléia um ano antes.
Nas suas pesquisas ele encontrou indícios de que os glifos estavam associados a um culto obscuro da Europa Oriental, "O Culto do Cão" oriundo do Norte da África. Este se espalhara por outras partes do globo, levado por seus cultistas. A Seita era devotada a uma divindade do Submundo, associada ao Deus Egípcio Anúbis e com a divindade Suméria Bau, ambos deuses com cabeça canídea. Ambos estavam ligados a Sirius - não por acaso uma estrela azul importante em tradições místicas. O Deus, no entanto, era ainda mais antigo e seu nome jamais era revelado. Diziam que a divindade também era reverenciado pelos temidos ghûls, os escavadores das profundezas que se fartavam com a carne dos mortos. Seus seguidores humanos eram dados a rituais terríveis que incluíam necrofilia, canibalismo e outras perversões. Em tempos idos ficaram conhecidos por lançar bebês recém nascidos nas presas de cães ferozes. Seus mitos eram descritos em livros raros, guardados em bibliotecas restritas. Forlan vasculhou esses lugares em sua busca e apurou outros detalhes. Rumores dando conta de que o culto ainda existia e que fora carregado para o Novo Mundo, atingindo terras distantes onde se entranhou na sociedade assumindo certos elementos de sincretismo religioso.
No fim, João Forlan acabou perdendo o interesse no assunto e se radicou na América em meados de 1923. Deu-se por enojado a respeito do tema, incapaz de prosseguir nele sem arriscar sua saúde física e mental. Ele faleceu em 1928, na Epidemia de Gripe espanhola que assolou Boston.
Triste sina também acompanhou os demais envolvidos no incidente que jamais conseguiram se desvencilhar de sua participação no ocorrido. O Reverendo Grenberg viveu pouco mais de cinco anos, falecendo no início de 1924 depois que um derrame deixou o lado esquerdo de seu corpo paralisado. Era acometido por frequentes pesadelos nos quais se via perseguido por uma fera de aspecto sombrio. Acordava aos gritos com frequência. Um dos seus últimos atos foi enviar a carta, o livro e o Crucifixo para um dos seus superiores clericais. Seu intuito era de que este tomasse ciência do ocorrido e se manifestasse a respeito. Até onde se sabe, a carta chegou à pessoa escolhida, mas se ele esta a levou a sério ou não, quem pode saber? O material supostamente permanecem em poder da Diocese de São Paulo.
O último personagem envolvido no incidente, o Oficial Portuário Vitorino Moledo responsável pelo relato faleceu em 1919, pouco menos de um ano após os eventos no Porto de Antonina. As circunstâncias de sua morte foram consideradas trágicas, e embora incomuns, não ensejaram investigação oficial, embora muitos a tenham considerado estranha a ponto de demandar tal coisa. Não existem muitos detalhes, mas sabe-se que o oficial não retornou de uma diligência ocorrida em um porto de Santa Catarina. Os rumores dão conta de que em algum momento durante uma inspeção na área de Navegantes, ele foi vítima de pessoa, ou pessoas que o atacaram, possivelmente com o intuito de roubá-lo. Testemunhas afirmaram ter visto o oficial cercado de três ou quatro homens armados com facas e porretes. Após ser agredido ele teria sido colocado em um barco que deixou o porto às pressas. Algumas pessoas revelaram algo curioso, afirmando ter ouvido muitos latidos e uivos na noite em questão. Uma testemunha teria ido mais longe, afirmando ter visto uma Besta se esgueirando nas sombras naquela na data fatídica. Mas como diferenciar exageros de fatos?
Seja lá o que tenha acontecido, Moledo sumiu e não se soube mais dele. Alguns amigos e parentes próximos contaram que o Oficial Portuário vinha agindo de maneira preocupada, sempre olhando por cima do ombro, reparando em quem estivesse próximo. Carregava no bolso uma pistola a partir de então, afirmando que com ela se defenderia de agressores que um dia haveriam de procurá-lo. Quando perguntado a respeito de quem seriam, ele não respondeu às indagações. Aqueles que eram mais íntimos dele afirmaram que ele parecia esperar esse confronto, dando-o como certo. Apesar das testemunhas, a falta de suspeitos tornou o crime difícil de ser resolvido. No final das contas, assumiram que o gênio irascível do Oficial e sua famosa retidão moral acabaram incomodando algum criminoso mais ousado.
É claro, os jornais noticiaram o fato e lembraram de sua participação na Batida no Porto de Antonina, mas não houve muitos que fizessem a conexão necessária para presumir crime de vingança. Um repórter chegou a mencionar que um Culto semelhante àquele que se instalou em Antonina havia se fixado no Norte de Santa Catarina, novamente em um porto. Mas, o autor não confirmou a fonte da notícia, se limitando a citar pessoas que viviam na área, gente simples que reclamava de uivos e rosnados nas noites em que a tal congregação se reunia sempre à portas fechadas para realizar seus rituais. O que se passava naquele lugar permanece mistério que ninguém soube explicar.
Passado o terror que se instalou no Porto de Antonina, as coisas voltaram aos poucos à sua normalidade. A vida dura nas docas demandava que as pessoas deixassem de lado os boatos e se concentrassem no dia a dia. Logo, mesmo aqueles que testemunharam os fatos começaram a deixar de lado o assunto, tornando-o dentro de algum tempo um simples rumor e mais tarde uma história de pescadores na qual era difícil de acreditar. Talvez o fato do antigo depósito na Ponta do Felix ter se incendido poucos meses depois tenha contribuído para a história ser gradualmente esquecida. Houve suspeitas de que os próprios trabalhadores das docas atearam fogo ao lugar como se vê-lo arder em chamas fosse um remédio contra as más lembranças que a sua presença incômoda conjurava. Ninguém assumiu a façanha, mas com certeza ela serviu para fazer a pequena comunidade dormir melhor.
Contudo, mesmo hoje, quando o som de latidos e uivos se faz ouvir em Antonina, os mais velhos que lembram daqueles dias estranhos se voltam para a Ponta do Felix preocupados com o que ali existia.
Ele concedeu uma explicação esdrúxula sobre o que os atacou na entrada do Templo. Era, segundo o tal Antonio Bispo, um enorme cão preto que investiu contra eles como uma tempestade; derrubou Manuel em um átimo e o matou facilmente. A enorme fera, muito maior que qualquer cão que o rapaz pudesse imaginar existir, era magro e musculoso, patas poderosas e uma bocarra repleta de presas. Andava de quatro, mas por vezes parecia um homem se colocando nas patas de trás. Quando passou por Antonio rosnou e o encarou com olhos injetados de predador que fizeram as forças abandonar seu corpo. Ao contar isso, o rapaz voltou a chorar e segundo Moledo, o pobre coitado ficou tão abalado que teve de ser mandado para longe.
Os homens se entreolharam assustados. Imaginavam que seria uma simples batida para prender contrabandistas, mas aquilo era muito pior. Um deles sussurrou que o lugar era o covil do diabo e que só algo cuspido pelo inferno seria capaz daquela atrocidade. Diante de todo aquele sangue e espetáculo de morte, ninguém se sentia pronto para contradizer essa noção.
Moledo relatou que mais tarde procurou explicação para o que havia sucedido. Ainda que absurda, a descrição da criatura demoníaca, acabou sendo repetida por três testemunhas que juraram ter visto uma fera de corpo sinuoso e escuro correndo pelo porto, oculta pelas sombras. Ninguém se interpôs no caminho dela e todos sentiram que se o fizessem, a fera os liquidaria de pronto. Foram categóricos em dizer que ela parecia feita de escuridão, quase uma sombra viva. E na escuridão desapareceu sem deixar rastro e menos ainda paradeiro.
Os cultistas mais furiosos, capturados no interior da Igreja foram escoltados para fora e colocados em algemas e na falta destas, amarrados com cordames. Não reagiam, mas continuavam sussurrando aquelas palavras sem aparente significado. Posteriormente foram levados para uma delegacia e colocados atrás de grades. Moledo não deu detalhes, pois parecia incomodado sobre o assunto e vago ao relatar que fim levaram aqueles sujeitos rudes. Ele contou que não encontraram o Pastor Tapio ou Norberto em lugar algum e assumiram que os dois escaparam. Talvez tenham sabido da batida e nem estivessem no templo em primeiro lugar. Fato é que as pessoas não queriam conjecturar muito a respeito, principalmente depois que alguns sugeriram que o enorme cão negro parecia ter vindo justamente dos aposentos do Pastor Tapio. Superstição e tolice, salientou o Oficial Moledo na carta, como se tentasse ele próprio afastar conceitos sobre os quais é bom não elucubrar em demasia.
Os jornais nos dias seguintes deram amplo destaque ao ocorrido, jornalistas escreveram sobre os acontecimentos e explicitaram o caráter estranho do culto e de seus integrantes. Contudo, foram bastante econômicos nos detalhes mais escabrosos, possivelmente por conta de um pedido expresso de pessoas ilustres que não queriam manchetes mencionando fanatismo no estado. Considerando tudo que aconteceu, foi um verdadeiro milagre a história não ter sido contada na íntegra. Por outro lado, quem acreditaria no que foi relatado, quanto mais sabendo que haviam ainda mais detalhes perturbadores.
Estes detalhes adicionais constavam na carta enviada por Vitorino Moledo ao Reverendo Granberg. Eram pormenores que deixaram o religioso particularmente incomodado. De fato, ele ficou tão consternado com a história que muitos afirmaram tê-lo afetado a ponto de perder parte de sua disposição e vigor. Até então, o Reverendo era um homem cheio de energia e alegria, tornara-se por conseguinte taciturno e introspectivo. Talvez tenha ponderado muito a respeito de queimar a narrativa nos anos seguintes, e provavelmente o teria feito, se imaginasse que isso pudesse fazê-lo esquecer do incidente. Mas é claro, não poderia! Sentia haver verdade naquelas palavras e não duvidou em momento algum que Moledo ofereceu um panorama fidedigno dos acontecimentos. Não exagerou em nada, talvez pelo contrário, tenha censurado algo que julgou inacreditável.
O primeiro elemento macabro que preocupou o religioso mencionava que após a batida na igreja, as vítimas naturalmente haviam sido removidos do local. Os corpos acabaram sendo amontoados em duas carroças cedidas por um comerciante de peixe local que as cobriu com uma lona para o féretro. As duas seguiram para uma casa de saúde, onde os corpos seriam preparados para serem entregues às famílias ou sepultados. Por falta de outro método para transportar os cadáveres, a carcaça dos cães negros também foram colocadas numa carroça a fim de serem incineradas conforme ordenou o Oficial Moledo. Entretanto, quando o comboio chegou ao seu destino, houve uma grande surpresa. O enfermeiro incumbido de remover os restos se deparou com um mistério. Encontrou numa carroça mais corpos do que o esperado. De fato, haviam três homens com ferimentos de balas na carroça onde foram colocados os cães. Um destes não era outro além de Norberto, o braço direito do Pastor Tapio. Em contrapartida, dos cães demoníacos não havia sinal e deles nunca se soube.
Em uma cidade pequena é difícil manter tal incidente em segredo. Sempre há alguém que revela o ocorrido, confiando na discrição do interlocutor. Muito se comentou a respeito do sumiço dos cães demoníacos e do surgimento dos corpos nus crivados de balas dentro da carroça. Felizmente, nem todos acreditaram no ocorrido e muitos disseram que se tratava de exagero ou de uma mentira deslavada. Muitos optaram por assumir uma coisa ou outra. Na impossibilidade de se explicar aquilo que não ten explicação, melhor duvidar de tudo.
O corpo de Norberto e dos outros dois homens não identificados foram enterrados em um terreno colado ao cemitério, sem identificação ou lápide. Foram simplesmente jogados ali numa vala e cobertos de terra.
O segundo detalhe perturbador ocorreu no dia seguinte. Uma vez esvaziado, o Templo foi revistado e de dentro dele começaram a ser trazidos alguns objetos de natureza inquietante. O incansável Oficial Moledo tomou parte nessa ação, coordenando o esforço. Alguns civis se ofereceram para ajudar, mais por curiosidade a respeito do que existia ali dentro do que qualquer outra coisa. No entanto, bastava uma olhada nas salas para que o ânimo deles arrefecesse. Havia uma aura ruim ali dentro e mesmo sem ninguém que os ameaçasse, as pessoas ali se sentiam intimidadas.
Na lista de objetos apreendidos constavam estranhas estátuas de aparência bizarra, coisas esculpidas em madeira, pedra e bronze, com figuras estranhas que suscitaram dúvidas quanto ao que o escultor quis representar. Algumas delas eram estranhas além da conta e um dos homens ao vê-las correu para fora dizendo que não ficaria nem mais um minuto naquele antro.
No aposento que pertencia ao Pastor Tapio, encontraram bíblias que nas palavras do oficial "não eram exatamente bíblias". Ele as descreveu como tomos volumosos de páginas amareladas com capas emboloradas repletas de desenhos medonhos. Estavam escritos em latim e outros idiomas que o oficial não foi capaz de decifrar. Contudo, ele não precisava compreender o que diziam para saber que aquelas páginas malditas estavam cheias de maus agouros. De fato, meramente folhear o material fez-lho ordenar que alguém ateasse fogo àquilo. No Templo em si recuperaram um cálice, uma faca de lâmina recurva e uma bacia de cobre, tudo manchado de sangue seco. Moledo mandou que destruíssem e queimassem tudo aquilo e só fez ressalva para alguns itens que recolheu e mais tarde colocou em uma caixa para remeter ao Reverendo Grenberg. Estes, chegaram às mãos do religioso algumas semanas mais tarde. Na caixa junto com o relatório estava uma daquelas "bíblias", um crucifixo enrolado num pano vermelho e a mitra que o Pastor usava.
O livro sem título chamou a atenção de Grenberg que folheou o volume incapaz de disfarçar o desgosto que sentia. A coisa era medonha, escrita em vários idiomas - que iam do latim ao português, do alfabeto cirílico a outros que ele sequer foi capaz de compreender. Haviam ainda incontáveis caligrafias que denotavam que passara de mão em mão ao longo de gerações. O conteúdo era pavoroso pelo pouco que o Reverendo conseguiu entender, trazia uma versão ainda mais blasfema das crenças da Seita, com trechos que o fizeram sentir náuseas. As gravuras eram grosseiras, mas com um poder latente de causar choque e asco. As cenas remetiam a rituais, quase todos sanguinolentos e de uma natureza atroz. Cães e lobos figuravam em várias páginas, destacados como os Predadores à serviço de um Deus vingativo e intempestivo, dado a arroubos de cólera e fúria.
Contudo, foi o crucifixo que fez o Reverendo Grenberg quase perder o rumo. A peça estava embalada em um pano vermelho com glifos bordados. Era um objeto pesado e grotesco feito de madeira talhada (na cruz) e bronze moldado (na imagem). Era muito antigo, disso tinha certeza, verdadeiro artefato digno de museu. Representava um Cristo crucificado como os que são vistos na parede de qualquer casa cristã. Contudo, havia uma diferença marcante absolutamente blasfema naquele item: a cabeça do Cristo havia sido substituída pela de um cão. Uma besta nefasta similar à descrição daquelas feras abatidas no templo.
O Reverendo levou o crucifixo até seu escritório onde a mantinha trancada numa gaveta. Sempre que o analisava, o fazia com a porta trancada, retornando acabrunhado da experiência. Não desejava que mais ninguém visse a coisa profana, pois temia pela sanidade dos que pousavam demasiadamente os olhos nela. Averiguou que haviam inscrições no verso da cruz, em algum idioma desconhecido, supostamente os mesmos símbolos desconhecidos contidos no tomo. Talvez não saber o que dizia fosse melhor para todos.
Uma das poucas pessoas que teve acesso ao objeto foi justamente o biólogo João Forlan que visitou o amigo no ano seguinte. Ouviu atentamente a narrativa, leu o relatório e manipulou os artefatos mesmo depois do Reverendo dizer que aquelas coisas tinham a capacidade de atrapalhar o sono e causar pesadelos. Forlan copiou os símbolos cabalísticos e se encarregou de pesquisar suas origens. Disse que os símbolos remetiam aos que ele havia visto nas paredes do templo quando esteve na Assembléia um ano antes.
Nas suas pesquisas ele encontrou indícios de que os glifos estavam associados a um culto obscuro da Europa Oriental, "O Culto do Cão" oriundo do Norte da África. Este se espalhara por outras partes do globo, levado por seus cultistas. A Seita era devotada a uma divindade do Submundo, associada ao Deus Egípcio Anúbis e com a divindade Suméria Bau, ambos deuses com cabeça canídea. Ambos estavam ligados a Sirius - não por acaso uma estrela azul importante em tradições místicas. O Deus, no entanto, era ainda mais antigo e seu nome jamais era revelado. Diziam que a divindade também era reverenciado pelos temidos ghûls, os escavadores das profundezas que se fartavam com a carne dos mortos. Seus seguidores humanos eram dados a rituais terríveis que incluíam necrofilia, canibalismo e outras perversões. Em tempos idos ficaram conhecidos por lançar bebês recém nascidos nas presas de cães ferozes. Seus mitos eram descritos em livros raros, guardados em bibliotecas restritas. Forlan vasculhou esses lugares em sua busca e apurou outros detalhes. Rumores dando conta de que o culto ainda existia e que fora carregado para o Novo Mundo, atingindo terras distantes onde se entranhou na sociedade assumindo certos elementos de sincretismo religioso.
No fim, João Forlan acabou perdendo o interesse no assunto e se radicou na América em meados de 1923. Deu-se por enojado a respeito do tema, incapaz de prosseguir nele sem arriscar sua saúde física e mental. Ele faleceu em 1928, na Epidemia de Gripe espanhola que assolou Boston.
Triste sina também acompanhou os demais envolvidos no incidente que jamais conseguiram se desvencilhar de sua participação no ocorrido. O Reverendo Grenberg viveu pouco mais de cinco anos, falecendo no início de 1924 depois que um derrame deixou o lado esquerdo de seu corpo paralisado. Era acometido por frequentes pesadelos nos quais se via perseguido por uma fera de aspecto sombrio. Acordava aos gritos com frequência. Um dos seus últimos atos foi enviar a carta, o livro e o Crucifixo para um dos seus superiores clericais. Seu intuito era de que este tomasse ciência do ocorrido e se manifestasse a respeito. Até onde se sabe, a carta chegou à pessoa escolhida, mas se ele esta a levou a sério ou não, quem pode saber? O material supostamente permanecem em poder da Diocese de São Paulo.
O último personagem envolvido no incidente, o Oficial Portuário Vitorino Moledo responsável pelo relato faleceu em 1919, pouco menos de um ano após os eventos no Porto de Antonina. As circunstâncias de sua morte foram consideradas trágicas, e embora incomuns, não ensejaram investigação oficial, embora muitos a tenham considerado estranha a ponto de demandar tal coisa. Não existem muitos detalhes, mas sabe-se que o oficial não retornou de uma diligência ocorrida em um porto de Santa Catarina. Os rumores dão conta de que em algum momento durante uma inspeção na área de Navegantes, ele foi vítima de pessoa, ou pessoas que o atacaram, possivelmente com o intuito de roubá-lo. Testemunhas afirmaram ter visto o oficial cercado de três ou quatro homens armados com facas e porretes. Após ser agredido ele teria sido colocado em um barco que deixou o porto às pressas. Algumas pessoas revelaram algo curioso, afirmando ter ouvido muitos latidos e uivos na noite em questão. Uma testemunha teria ido mais longe, afirmando ter visto uma Besta se esgueirando nas sombras naquela na data fatídica. Mas como diferenciar exageros de fatos?
Seja lá o que tenha acontecido, Moledo sumiu e não se soube mais dele. Alguns amigos e parentes próximos contaram que o Oficial Portuário vinha agindo de maneira preocupada, sempre olhando por cima do ombro, reparando em quem estivesse próximo. Carregava no bolso uma pistola a partir de então, afirmando que com ela se defenderia de agressores que um dia haveriam de procurá-lo. Quando perguntado a respeito de quem seriam, ele não respondeu às indagações. Aqueles que eram mais íntimos dele afirmaram que ele parecia esperar esse confronto, dando-o como certo. Apesar das testemunhas, a falta de suspeitos tornou o crime difícil de ser resolvido. No final das contas, assumiram que o gênio irascível do Oficial e sua famosa retidão moral acabaram incomodando algum criminoso mais ousado.
É claro, os jornais noticiaram o fato e lembraram de sua participação na Batida no Porto de Antonina, mas não houve muitos que fizessem a conexão necessária para presumir crime de vingança. Um repórter chegou a mencionar que um Culto semelhante àquele que se instalou em Antonina havia se fixado no Norte de Santa Catarina, novamente em um porto. Mas, o autor não confirmou a fonte da notícia, se limitando a citar pessoas que viviam na área, gente simples que reclamava de uivos e rosnados nas noites em que a tal congregação se reunia sempre à portas fechadas para realizar seus rituais. O que se passava naquele lugar permanece mistério que ninguém soube explicar.
Passado o terror que se instalou no Porto de Antonina, as coisas voltaram aos poucos à sua normalidade. A vida dura nas docas demandava que as pessoas deixassem de lado os boatos e se concentrassem no dia a dia. Logo, mesmo aqueles que testemunharam os fatos começaram a deixar de lado o assunto, tornando-o dentro de algum tempo um simples rumor e mais tarde uma história de pescadores na qual era difícil de acreditar. Talvez o fato do antigo depósito na Ponta do Felix ter se incendido poucos meses depois tenha contribuído para a história ser gradualmente esquecida. Houve suspeitas de que os próprios trabalhadores das docas atearam fogo ao lugar como se vê-lo arder em chamas fosse um remédio contra as más lembranças que a sua presença incômoda conjurava. Ninguém assumiu a façanha, mas com certeza ela serviu para fazer a pequena comunidade dormir melhor.
Contudo, mesmo hoje, quando o som de latidos e uivos se faz ouvir em Antonina, os mais velhos que lembram daqueles dias estranhos se voltam para a Ponta do Felix preocupados com o que ali existia.
Só uma palavra pra narrativa: FODA!!
ResponderExcluirPerfeito. Macabro e intrigante! Parabéns!
ResponderExcluirParabéns pelo conto
ResponderExcluirSe toda campanha de Cthulhu fosse transcrita como um conto assim,seria épico
ResponderExcluirParabéns! Muito bem escrito.
ResponderExcluirExcelente, Luciano! Começou como se estivesse lendo “Red Hook” ... licantropia patrocinada por deuses antigos??? Realmente da uma bela aventura! Parabéns!
ResponderExcluirCreio eu que a entidade dos Mythos que mais se encaixe nessa descrição seja Mordiggan o sombrio de da morte e dos ghols, uma entidade relacionada ao conceito de morte.
ResponderExcluirDe acordo com determinadas fontes a aparência de Mordiggan seja a de uma gigantesca sombra, outras fontes dizem que sua forma é incorporea e ao olhar em sua direção você sentiria fortes dores de cabeça e veria imagens de corpos e feridas grotescas piscando na sua visão.
É dito também que o deus dede assumir uma forma corpórea similar a um grande cão de caça negro com asas membranosas.
Ele seria adorado por homens, ghols e tcho-tchos, com o seu culto mais famoso sitiado no Platô de Leng.
Essa, teoricamente, é a entidade que está por trás dos acontecimentos do conto "O cão de caça" ou "O sabujo".
As informações sobre Mordiggian são escassas e variadas, sendo o livro de regras de Rastro de Cthulhu, o livro com a visão mais diferenciada e interessante dessa entidade.
Luciano eu adoraria ver um artigo dedicado a essa entidade e ao seu culto, seria muito interessante ver as informações novas sobre essa entidade tão obscura.
<3 Luciano seu blog é incrível <3
Sim, Mordiggian é a entidade mais provável nesse conto. Eu tive em mente a criatura do conto "The Hound" e os ghouls como referência para a Divindade. Mordiggian é bem obscuro, mas sempre achei o conceito dele bastante interessante.
ResponderExcluirCaramba, q texto foooooda! Muito bom, cara! Vida longa ao blog!
ResponderExcluirAcho que li tão rápido, que quase pulei algumas linhas hahahaah simplesmente amo contos/estórias que se passam no Brasil, acho que a angústia é maior quando você conhece os lugares citados. Muito bem escrito, amei!
ResponderExcluirParabéns! Muito bom e muito bem escrito!
ResponderExcluirFiquei aturdido,aguardo ansiosamente por mais contos como esse. Detalhe moro em São José dos Pinhais, que fica a cerca de 40 minutos de Antonina.
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