quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A Narrativa do Oficial Moledo - Um estranho relato de profanação e horror


Nos primeiros meses de 1916, um estranho visitante chegou ao Porto de Antonina no litoral Leste do Paraná. Muito pouco se sabia a respeito dele, além de que havia viajado desde a Bacia do Rio da Prata e que havia chegado à bordo de um pequeno navio de passageiros. O sujeito era estranho, com um olhar nervoso que parecia sempre examinar atentamente os arredores. Sua barba escura crescia sem cuidado e suas roupas estavam amarrotadas. Ele falava com um sotaque estranho e embora dominasse o idioma local, pontuava suas frases com estranha reticência. 

O homem, como alguns logo ficaram sabendo, era uma espécie de pastor itinerante. Ele viajava de porto em porto pregando e fazendo discursos religiosos. Naquela época isso era bastante comum, embora a maioria das pessoas não se desse muito ao trabalho de ouvir as palavras desses pregadores sem um endereço fixo. Os rudes e atarefados trabalhadores das docas também davam pouca importância a eles. Contudo, aquele forasteiro tinha definitivamente algo de diferente. Já na embarcação em que havia chegado, reuniu um pequeno grupo de seguidores, consistindo em sua maioria de imigrantes e alguns calejados pescadores locais. O bando era visto frequentemente rezando e repetindo palavras em castelhano, no idioma açoriano, num português quebrado ou noutros tantos dialetos. A maioria dos que passavam, davam de ombros e continuavam com seus afazeres. Mas alguns paravam para ouvir, sobretudo os mais desesperados.

Semanas se passaram e quem prestava atenção percebia que o grupo composto à princípio de meia dúzia de pessoas havia crescido. Tinham se tornado pouco mais de uma dezena, depois duas dezenas e então uma pequena aglomeração formada por algo entre 30 e 40 indivíduos. O estranho pastor, que chefiava o grupo falava e falava, as pessoas que o seguiam repetiam, sorriam, choravam e davam socos no peito. Era estranho, mas não particularmente bizarro. Vestiam-se de forma austera sempre de preto, os homens na frente, as mulheres e algumas crianças mais atrás. 

Em tempo, a estranha congregação se transferiu para um depósito abandonado nas docas da Ponta do Felix, prédio que havia se incendiado fazia algum tempo e cujas ruínas enegrecidas não tinham serventia para ninguém. Os marinheiros e estivadores até ficaram satisfeitos ao ver o grupo saindo do caminho, os oficiais portuários deram graças pois era um incômodo ter de lidar com aquela gente mau encarada que olhavam com raiva quando advertidos a não atrapalhar o funcionamento do porto. Felizmente, os encontros da congregação passaram a ser realizados à noite, quando as docas ficavam quase desertas e ninguém se sentia incomodado por eles. De fato, o grupo reformou o depósito, limpou a fachada e começou a restaurar o lugar em ruínas. Havia menos mendigos nas ruas e mesmo nas docas as coisas pareciam mais organizadas. Certo dia, alguém percebeu que haviam colocado sobre o portão de entrada uma placa onde se lia: "Primeira Congregação dos Verdadeiros Mistérios".

Poucos anos mais tarde, um estudante chamado João Henrique Forlan viajava pela área com intuito de coletar animais, visto que era biólogo. Dava especial interesse ao ramo da entomologia, o estudo e catalogação de insetos. Além de seus estudos de entomologia, ele também escrevia extensivas narrativas a respeito de tradições locais e folclore. Suas observações detalhadas e repletas de colorido permitiram que colecionasse vários colegas com quem mantinha correspondência regular.

Ao retornar para casa, Forlan escreveu uma carta particular ao Reverendo Emanuel Granberg um amigo de longa data que residia em São Paulo onde prestava trabalho na Diocese da cidade. Na carta ele descrevia um estranho culto que havia conhecido em sua excursão a Antonina. Granberg havia nascido no Leste do Paraná e embora não residisse mais lá, continuava sendo um homem respeitado que mantinha contato com suas raízes. Curiosamente, ele nada sabia a respeito da Congregação descrita pelo colega.

Na carta Forlan manifestava uma profunda preocupação com suas descobertas e pedia conselho ao Reverendo sobre o que fazer. Ele descreveu um encontro com um velho marinheiro bêbado (ou talvez louco) que dizia fazer parte de uma congregação diferente. O homem, em troca de um prato de sopa, contou que a congregação se diferenciava de todas as outras uma vez que venerava a verdadeira forma de Deus. O chefe do Tabernáculo era um homem santo, um Pastor itinerante que chamava a si mesmo de Tapio e que revelava durante suas pregações os mistérios desse Deus. 

As palavras do marinheiro não eram muito coerentes, assegurava o estudante, mas a narrativa entusiasmada, pelo que ele conseguiu entender, envolvia uma Estrela Azul de onde Deus havia vindo na companhia de anjos, para lutar com uma raça de Gigantes na aurora dos tempos. Os tais Gigantes haviam escravizado e abusado dos homens por milênios e Deus prometeu interceder por eles. A batalha teria sido monumental, e os homens por pouco não foram extintos, visto que os Gigantes, cruéis e perversos, matavam os que se bandeavam para o lado de Deus. A tal batalha teria durado séculos e no fim os Gigantes foram derrotados. Contudo, Deus estava exausto e decidiu partir para dormir e se recuperar, deixando os anjos para zelar pelos homens. Infelizmente, nas palavras do marinheiro, os homens haviam se esquecido da luta e passaram a venerar falsos deuses, ignorando o Deus verdadeiro que quase foi esquecido. A Congregação era, segundo ele, uma Igreja criada para restaurar a crença no único e verdadeiro Deus, que estaria prestes a despertar.

Forlan achou a história curiosa, pediu mais detalhes e o homem, secando a sopa que escorria do queixo e da barba, forneceu a direção até o Templo dos Verdadeiros Mistérios. Ao chegar lá, o estudante foi recebido por um grupo de pessoas que o olharam com desconfiança, ele pensou consigo mesmo que mais pareciam mendigos, com roupas pretas remendadas. Quando disse que queria entrar para conhecer a paróquia lhe informaram que estava fechada para estranhos e que interessados em conhecer a igreja, só eram admitidos em uma noite específica. Como ele ficaria na cidade por mais uma semana poderia participar do encontro, já que este aconteceria dali poucas noites.

No dia combinado, Forlan compareceu e foi recebido por um grupo bem mais amistoso, ainda que igualmente mau encarado. Eles ficaram claramente surpresos em conhecer alguém que se dizia um acadêmico, visto que a maioria dos membros vinham de classe muito baixa. De fato, João Forlan percebeu que os outros que lá estavam pela primeira vez, pareciam vagabundos, mendigos e imigrantes. Ele e os demais visitantes tiveram o mesmo tratamento e foram convidados a depois da missa fazer uma ceia no refeitório do templo. Até então Forlan não havia percebido nada de anormal na congregação, apesar das pessoas parecerem estranhas, não havia nada que o incomodasse sobremaneira. O salão paroquial era amplo e com cadeiras dispostas aqui e ali, diante de uma espécie de palco de paquete. As paredes pintadas de roxo eram decoradas com estranhos símbolos geométricos amarelos que ele não conseguiu reconhecer. Não havia altar, mas um pequeno púlpito de onde o Pastor se dirigia aos fiéis. Parecia uma igreja humilde, como qualquer outra, mas sua opinião mudou quando o Reverendo Tapio lhe foi apresentado.

O homem usava uma túnica cerimonial preta com escapulário remendado, um tipo de estola roxa bordada com aqueles símbolos e um ridículo chapéu de tecido que lembrava uma mitra. Não era nativo dessas paragens, com toda certeza e Forlan assumiu que fosse provavelmente um imigrante ucraniano, polonês ou mesmo russo. A maioria esmagadora dessas pessoas, gente reservada e esforçada, veio parar por aquelas bandas por conta dos fluxos migratórios. Buscavam oportunidades de trabalho em terras distantes e tinham uma vida dura e honesta. Mas havia alguns entre eles com outros interesses, como constatou Forlan. Tapio tinha uma barba escura que crescia selvagem pelo rosto comprido e seus olhos azuis reluziam com incrível poder de persuasão. Era alto e seu traje austero lhe concedia uma aparência ainda mais esguia e autoritária. 

O biólogo não simpatizou com o homem, embora não fosse capaz de precisar o motivo. Ele foi cortês e apertou sua mão com firmeza, olhando-o olho no olho quando as apresentações foram feitas. O Pastor não sorriu ou manifestou satisfação em conhecê-lo em momento algum, manteve um frio distanciamento pouco condizente com um religioso. Não lhe faltava carisma, não era isso, ponderou, era mais, uma flagrante ausência de empatia. 

Foi quando o Pastor Tapio falou, que Forlan se sentiu mais perturbado. Não apenas pelo que ele disse (e o que ele disse foi suficientemente estranho), mas como ele escolheu dizer. Há palavras que carregam peso e batem fundo na alma produzindo resultados inesperados. Aquele homem sabia como se comunicar e como ser convincente, mesmo que falasse absurdos. Era positivamente um fanático e suas palavras estavam repletas de um zelo messiânico virulento - o tipo de coisa que fazia os de mente fraca se mutilar, sacrificar e pior, matar quem deles discordasse. Ao discursar e apresentar os dogmas de sua estranha crença, o Pastor Tapio jamais ergueu sua voz, mas tinha uma determinação e seriedade, que traduziam um tom implícito de grave ameaça. Aquilo incomodou tanto o biólogo que ele considerou deixar o recinto e só não o fez por temer que alguém se sentisse ofendido pela atitude. Decidiu que seria de bom tom ficar lá até o fim, mesmo que as palavras transbordassem com insânia.

O Pastor Tapio revelou sua versão apocalíptica da Guerra entre seu Deus e os anjos, travada contra os Gigantes. Mas revelou detalhes que o marinheiro bêbado havia deixado de fora. Forlan lamentou que o tivesse feito, do contrário ele teria simplesmente ignorado o convite para conhecer a Congregação. Ao ouvir o discurso, ele prestou atenção na expressão de quem estava em volta e percebeu faces transfiguradas pela cega devoção e inabalável crença naquela fábula bizarra.

Para Derrotar os Gigantes, disse o Pregador Tapio, Deus havia ensinado a alguns homens seus mais profundos segredos, sendo o maior deles a transformação no que ele chamava de "feras". Essa habilidade havia sido transmitida apenas a alguns sacerdotes imbuídos de preservar esse conhecimento sagrado. Tapio alegava que aqueles com a habilidade de mudar sua forma tinham em suas veias correndo sangue divino. Para dividir com o restante da congregação esse sangue, o grupo realizava um tipo de Eucaristia na qual, ao invés de pão e vinho representado o corpo e sangue do salvador, os participantes bebiam o sangue do próprio Pastor. Forlan viu um cálice de metal baço e ensebado ser passado entre os membros mais importantes da congregação, que cerimoniosamente bebiam dele. Sorviam o que quer que estivesse ali dentro com respeito e reviravam os olhos até que só o branco deles ficasse à mostra. Com alívio ele soube que novos membros não tinham permissão de pousar os lábios no cálice.

O Pregador proclamou que o sangue servia para operar a mudança e fazer com que os escolhidos pudessem se tornar feras quando chegasse o momento. Ele disse ainda que o despertar de Deus estava próximo e que quando este acordasse apenas uns poucos, os que realmente acreditavam, estariam ao seu lado. Os demais, seriam punidos por serem ímpios, e caberia aos fiéis levar a esses inimigos a redenção. "Não somos as ovelhas do rebanho, somos as feras que caçam para o Deus Verdadeiro", proclamou em determinado momento, para júbilo geral.

Após o culto, o Pastor se retirou e a ceia foi servida conforme prometido. Membros da seita perguntaram a Forlan o que ele havia achado e o biólogo pensou que seria melhor manter sua opinião para si, se limitando a dizer que achara interessante. Os outros iniciados naquela noite, contudo pareciam convencidos das palavras do Pregador, mais ainda, estavam dispostos a retornar para assumir um lugar como parte do Culto.
    
Em sua carta ao Reverendo Emanuel Granberg, o biólogo João Forlan havia deixado claro a estranheza do culto, que ele acreditava contar com talvez uma centena de adeptos. Seu temor era que esses fanáticos pudessem mais cedo ou mais tarde cometer algum ato temerário. A região já havia sofrido com movimentos messiânicos que ensejaram levantes radicais e que descambaram para a violência. Bandos formados por fanáticos foram responsáveis por episódios traumáticos bastante recentes, em especial o Contestado, cujas cicatrizes ainda estavam abertas vertendo amargor.

O Reverendo agradeceu a Forlan pela carta e tratou de se informar sobre o que acontecia. Para tanto, entrou em contato com parentes que moravam nos arredores de Antonina e perguntou se sabiam algo a respeito da estranha congregação que se estabeleceu na Ponta do Felix. A resposta não tardou a chegar. Na carta uma parente distante, que tendia ao exagero (conforme reconhecia o próprio Reverendo), mencionava que as pessoas não sabiam exatamente do que tratava a Igreja surgida nas docas, mas que muitos desconfiavam do Chefe da Congregação, um sujeito taciturno que alguns tratavam como demente, mas que outros tinham como um homem santo. 

Diziam que ele comandava o lugar, frequentado por toda ordem de maltrapilhos e indigentes, alguns envolvidos com contrabando, jogo e prostituição, coisas infelizmente endêmicas em toda zona portuária. Havia no entanto, coisas ainda mais sérias que foram comunicadas como rumores, mas que faziam o povo de Antonina perder o sono e se preocupar. Primeiro eram os sons e ruídos misteriosos ouvidos na calada da noite - pareciam uivos, conforme mencionavam, lamentos longos que reverberavam pelo porto. Alguns se enervavam com aquela algazarra e já haviam reclamado, se perguntando se os fiéis mantinham animais no templo.  

Outro boato inquietante dava conta de estranhos desaparecimentos e de violência contra quem falava mal da Igreja. Alguns tinham medo e evitavam passar pela Ponta do Felix sobretudo à noite. A série de rumores atingiu o auge quando um fiscal das docas, que havia tido um entrevero com membros da congregação, sumiu. Seu corpo nu e mutilado foi içado das águas lamacentas menos de três semanas antes da Carta do Reverendo chegar e o incidente causou rebuliço. Embora muitos desconfiassem dos paroquianos, não havia provas que os ligassem ao ocorrido. Estranhamente, o corpo tinha ferimentos condizentes com mordidas de cachorro e uivos foram ouvidos na noite em que o fiscal sumira. As autoridades não sabiam o que pensar e os residentes estavam amedrontados. 

Mas além dos rumores, parecia haver algo mais... algo que os parentes do Reverendo alegaram não querer se aprofundar para que o parente da cosmopolita São Paulo não os tomasse como tolos supersticiosos de uma cidade provinciana. Se limitaram a afirmar que a seita estava metida com algo ruim e deveras reprovável. 

Granberg conversou com alguns conhecidos, gente importante de quem cobrou providências. Na época, o medo de levantes motivados por miseráveis com inclinação religiosa era palpável. Ninguém queria outro "monge" José Maria insuflando agitação popular. Prometeu-se investigar o caso, mas nada de concreto foi apurado. Sim, o culto era estranho e sim, a maioria das pessoas torcia o nariz para suas atividades, contudo não havia nada que corroborasse as suspeitas de algo mais sério. A solução para a angústia do Reverendo veio de um lugar improvável, através de um Agente Portuário da vizinha Paranaguá, um sujeito chamado Vitorino Moledo. 

Moledo tinha fama de incorruptível a ponto de não aceitar os agrados dados por contrabandistas que usavam o litoral sul para escoar suas mercadorias. Colecionava desafetos e efetuara uma quantidade impressionante de prisões e apreensões de carga ilegal. O Reverendo entrou em contato com Moledo por indicação de um amigo em comum. Na carta destacou habilmente que membros da Igreja estavam envolvidos em atividades ilícitas que justificavam uma investigação criteriosa. Ao que parece, já havia uma suspeita e a carta vinda de São Paulo, acrescida do nome de alguns políticos influentes, deu o empurrão necessário para colocar as autoridades em movimento. 

O Reverendo Granberg ficou sabendo da tragédia que transcorreu no Porto de Antonina alguns dias depois. Leu em jornais da capital pequenas notas de rodapé sobre uma confrontação ocorrida em sua cidade natal e buscou saber mais. Todas fontes diziam que policiais e membros de uma seita haviam se enfrentado e pessoas dos dois lados haviam morrido e se ferido. Contudo a ausência de detalhes, o deixava incomodado. Cogitou seguir para o Paraná assim que possível, para se inteirar em primeira mão sobre o que acontecera. Só não o fez pois chegou até seu endereço uma inesperada caixa de madeira, remetida pelo Oficial Portuário Vitorino Moledo. 

O pacote entregue às pressas continha objetos confiscados na Igreja e um relato detalhado dos acontecimentos sucedidos antes e depois da batida efetuada no lugar. Incapaz de interpretar o que eram aquelas coisas e ainda perturbado pela maneira como a ação transcorreu, o Oficial considerava ser melhor o Reverendo decidir o que fazer. Recomendava, no entanto, que ele destruísse aquilo tudo, o que ele, Moledo, só não fez por achar que cabia a um religioso interpretar o material. No relato transcrito por Moledo, composto de 20 páginas manuscritas, havia a menção de que os objetos foram confiscados na ação conduzida por ele no Templo, ocasião em que policiais e suspeitos acabaram mortos e outros tantos feridos. Policiais também acabaram afastados permanentemente de suas funções. O próprio Moledo afirmava que não fosse sua obrigação profissional, preferia não ter tomado parte na diligência. Ele mesmo reconhecia estar confuso com a situação que sobreveio à batida policial. 

"Se pudesse escolher, preferia jamais ter tomado parte naquilo, pois me sinto assombrado pelo que vi naquele antro" comentava na caligrafia impecável que introduzia o material despachado. "De toda forma, penso que lhe devo satisfação dos acontecimentos para sua ciência", ponderava antes de iniciar a transcrição dos eventos conforme segue.

(continua)

5 comentários:

  1. Excelente! Qualidade Excepcional! Na expectativa pela continuação...

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  2. Muito bom. Conseguiu captar o estilo dos contos de Lovercraft com maestria

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  3. Tenho interesse especial nesse artigo. Moro na cidade vizinha Paranaguá. Aguardo ansiosamente a continuação.

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