Como diz o ditado, o mundo real pode ser mais estranho que a ficção mais delirante. E também muitíssimo mais assustador.
Todos gostam de uma boa história de terror para ouvir e passar adiante, portanto não é nenhuma surpresa que milhares de pessoas ao redor do mundo compartilhem pequenas histórias assustadoras que juram ser reais. Não raramente, são histórias que envolvem morte, loucura e estranheza. Encontros perturbadores com um universo sinistro e imprevisível. Coisas bizarras que fazem visitas no meio da madrugada e se agarram à nossa imaginação desafiando nossa capacidade de lidar com aquilo que foge ao racional. São sombras que se destacam mesmo na escuridão, ruídos que nenhuma garganta humana poderia imitar e odores que remetem a pensamentos de perda e dor.
Aqui estão pequenas pérolas de sabedoria obscura contadas por pessoas que as viveram. Cabe ao leitor decidir por si mesmo se elas são verdade ou mentira.
Mas não seja rápido em julgar... é possível que um dia, você também tenha uma dessas histórias para contar, e mesmo sabendo que aconteceu, nem todos estarão dispostos a acreditar.
1. Pesadelo Recorrente
Minha avó teve a vida inteira o mesmo pesadelo recorrente. Nesse sonho ela andava por um longo corredor escuro, virava à esquerda e abria uma porta, se deparando com algo horrível. Mas ela jamais conseguia lembrar o que havia no quarto pois despertava antes. Geralmente ofegante.
Quando estava com 40 anos, ela, meu avô, meu pai e tia saíram de viagem. Eles ficaram em um hotel de beira de estrada que tinha dois quartos disponíveis com camas de solteiro. Minha tia ficou com a minha avó, meu pai com meu avô.
Meu pai acordou por volta das 3 da manhã e sem saber exatamente porque, sentiu que algo não estava certo. Ele chamou no escuro pelo pai. Nenhuma resposta. Acendeu então a luz e perguntou mais alto. Ainda não havia resposta. Preocupado saiu da cama e sacudiu o pai. Ele não acordava!
Meu pai correu até o quarto onde estava minha avó e tia e começou a bater. Minha avó acordou e abriu a porta preocupada, ouviu então do filho: "Tem alguma coisa errada com o pai"!
Ela saiu pelo corredor longo e escuro, virou à esquerda e se ofegante se deparou com a porta do quarto. Ao abrir descobriu o marido morto na cama. Ataque cardíaco fulminante.
Mas daquela vez, ela não conseguiu despertar do pesadelo.
2. O Cavalinho de Madeira
Meu pai contou que quando tinha 8 ou 9 anos não conseguia dormir. Meus avós haviam comprado uma casa nova e acabado de se mudar. O quarto do meu pai era grande com uma cama de centro e um espaço enorme para brincar.
Uma noite ele estava dormindo e foi acordado por um ruído. Virou-se e percebeu que um dos seus brinquedos favoritos, um cavalinho de madeira, estava balançando para frente e para trás como se alguém o embalasse. Ele ficou fazendo isso por um bom tempo, enquanto meu pai se encolhia de baixo das cobertas rezando para aquilo parar. Eventualmente, ele pegou no sono.
Na manhã seguinte quando acordou, respirou aliviado pois o Cavalinho estava guardado no armário. Ele tentou colocar na cabeça que tudo não passou de um sonho, mas na mesa do café da manhã, meu avô o repreendeu por ter ficado acordado até tarde brincando. O quarto deles ficava exatamente abaixo do quarto de brinquedos e eles ouviram o ruído do cavalinho de madeira até tarde da noite.
3. A Ponte
Eu estava de férias com meu namorado. Nós estávamos passeando e paramos para observar a paisagem do alto de um mirante. Resolvemos ficar ali por alguns instantes pois o lugar era deslumbrante.
Percebemos então que uma mulher vinha subindo as escadas na direção de onde estávamos. Era uma senhora de olhar tímido que se aproximou de nós dizendo "boa noite". Ela então se ofereceu para tirar nossa foto.
Nós agradecemos e ela sorriu ao devolver o celular. Ela foi então se afastando até chegar na outra extremidade do mirante, onde agilmente subiu no parapeito e se atirou lá embaixo. Não houve nem um segundo de hesitação. O som de uma pessoa batendo contra as pedras é algo que você não consegue esquecer.
O mais estranho é que a foto que ela tirou nos mostra com uma expressão triste e preocupada, embora eu lembre de que estávamos sorrindo.
Estávamos voltando para casa tarde da noite. As ruas estavam desertas, mas mesmo assim meu colega que estava dirigindo parou num sinal vermelho. De repente, outro carro parou exatamente ao nosso lado ficando apenas alguns metros de distância.
Era um carro preto antigo, mas em perfeitas condições.
O motorista não se moveu ou olhou na nossa direção, apenas ficou olhando fixamente para frente como se não estivéssemos ali. Eu tive um sobressalto, mas não disse nada. Então o sinal abriu e ele foi embora.
Meu colega ficou paralisado por alguns instantes e não conseguia fazer o carro se mover. Eu perguntei o que tinha acontecido e ele confirmou a mesma impressão que eu tive quando olhei para o carro ao lado. O motorista tinha um par de chifres no topo da cabeça.
5. "Você não deve responder"
Uma colega do trabalho tem um filho de 5 anos chamado Peter. Ela contou que Peter tinha pesadelos frequentes que o deixavam apavorado.
Uma noite, John o marido dela, acordou e foi ver o que Peter queria pois o havia chamado. Era estranho pois o menino não chamou "Papai", como costumava fazer, mas gritou por "John". Ao chegar no quarto ele encontrou o menino dormindo. Ele o acordou para se certificar que estava tudo em ordem: "Peter, você estava me chamando? O que foi?". O menino ainda sonolento respondeu "Papai, quando eles chamam, você não deve responder. Não era eu!", e virou para o lado pegando no sono novamente.
Na manhã seguinte John perguntou ao filho a respeito daquilo e a criança disse que não lembrava.
John ainda tinha arrepios quando lembrava daquilo, sobretudo porque em retrospectiva, ele lembrou que a voz que o chamou realmente não parecia a voz de Peter.
6. A Confissão Oculta
Meus pais compraram sua primeira casa em 1972. Era um imóvel que precisava de renovação, mas ainda assim valia o investimento. Eles decidiram começar a trabalhar nas reformas e se mudar quando estivesse tudo pronto.
Alguns dias antes da mudança, um dos vizinhos veio se apresentar a eles. Após conversarem por algum tempo, ficaram sabendo que a família que antes vivia lá, havia se mudado depois de um divórcio complicado. Eles haviam perdido seu segundo filho vítima da SMLS (Síndrome da Morte Súbita do Lactante), e o casamento foi por água abaixo. Eles se mudaram algum tempo depois. A mulher ficou com o filho de 6 anos e o mais triste é que o pai sequer o visitava. Meus pais ficaram horrorizados, sobretudo porque minha mãe estava grávida de 3 meses.
Mas eles decidiram esquecer a história. Não tinham nada com aquilo, afinal de contas. Eles estavam muito envolvidos em começar sua nova vida na sua nova casa. Minha mãe decidiu trocar o papel de parede do quarto que serviria para mim. Ele ainda estava novo, quase como se tivesse sido pendurado recentemente, tanto que meu pai sugeriu deixar como estava. Mas minha mãe insistiu em arrancar tudo e pintar o quarto. Quando ela começou a soltar o papel, seus olhos caíram sobre algo que fez seu sangue gelar. Escrito com lápis de cera, na altura dos olhos de uma criança, estava rabiscado em garranchos infantis as palavras:
"Desculpa papai, fui eu que matei o bebê".
7. O Necrotério
Eu trabalhava como faxineira no turno noturno do Necrotério de minha cidade. Era um trabalho como qualquer outro. Ou assim eu imaginava.
Uma das coisas que eu nunca consegui esquecer, foi quando vi o legista encarregado do turno da noite sair correndo pelo corredor à toda velocidade. O sujeito era um senhor gentil de meia idade com 50 e poucos anos. Um médico do interior... Ele não estava apenas correndo, estava em disparada. Eu nunca tinha visto alguém tão assustado. Estava branco e parecia prestes a desmaiar. Quando ele passou por mim, olhou na minha direção e gaguejou.
"Chega! Nunca mais! Nunca mais eu volto aqui!"
Ele manteve a palavra e nunca mais voltou a trabalhar lá. Sequer veio apanhar os objetos pessoais que foram enviados para sua casa pelo correio.
Não sei o que é pior, que as pessoas levantassem suposições a respeito do que ele viu, ou que ele jamais tenha contado o que o assustou tanto.
Eu trabalhava como zelador de um parquinho. Certo dia cheguei para o trabalho como fazia toda manhã por volta das 7:30. Quando abri o portão vi que havia uma mulher de pé perto dos brinquedos do parquinho. Eu me aproximei e então percebi que ela havia se enforcado na trave dos balanços, seus pés estavam pendendo no ar uns 10 centímetros do chão.
Minha voz na ligação para a emergência soou estranha. O atendente pediu que eu me aproximasse e tocasse a face dela para confirmar se estava fria. Estava gelada e úmida pois havia chovido durante a madrugada.
A parte estranha é que bem diante do parque há uma creche para crianças. O lugar abre às 6:30 para que os pais à caminho do trabalho possam deixar os filhos lá. Aquele era um dia de semana, de modo que mais de uma centena de pais e filhos passaram na frente do portão e ninguém, absolutamente ninguém percebeu aquela mulher morta delicadamente balançando na trave.
9. A Carona
Quando eu era criança eu sempre era um dos últimos a ser buscado na escola. Nossa casa era distante e por isso meu pai chegava quando todos já haviam ido embora.
Um dia eu estava esperando, sentado no acostamento quando um carro encostou. O motorista baixou o vidro e me chamou pelo meu nome. Ele disse que era um colega do meu pai e que havia vindo me apanhar e dar uma carona. Eu achei aquilo estranho. Ele disse então meu endereço corretamente e que eu deveria acompanhá-lo pois meus pais não poderiam vir. Eu cheguei a levantar e colocar a mão na maçaneta, mas nesse momento congelei e dei um passo para trás.
"Vamos garoto, não tenho o dia todo" ele disse e eu senti uma apreensão enorme. Como se alguma coisa estivesse me avisando para não entrar no carro. Quando respondi que não ia a lugar nenhum ele fechou a cara e arrancou.
Cinco minutos depois o carro dos meus pais dobrou a esquina. Eles não sabiam de nada a respeito daquele sujeito. Nós fomos à polícia, fiz um retrato falado e demos queixa.
Nunca descobrimos quem ele era, o que queria e como ele sabia tanto a nosso respeito.
10. Alguém no quarto vazio
Isso não é algo que eu ouvi falar ou me contaram, aconteceu comigo e me apavora sempre que falo a respeito. Eu trabalhei como acompanhante de idosos por algum tempo e meu trabalho envolvia cuidar de uma senhora chamada Nancy que estava nos primeiros estágios de demência.
Para facilitar nós havíamos instalado um monitor para bebês no quarto de Nancy para que pudéssemos ouvir quando ela levantava. Nós também tínhamos colocado pequenos sinos presos nos lençóis da cama de modo que quando ela fazia barulho eu podia ir até lá para ajudar. Era comum ouvir pelo aparelho de monitoramento ela conversar com o "tal homem" que ela dizia visitá-la. Perguntava "Quem é você?" e "O que você quer?" quando o quarto estava vazio. Uma noite nós estávamos na sala quando ouvimos o som dos sinos. É importante dizer que estávamos só nós duas na casa, as janelas estavam fechadas, não havia ventilador e o ar condicionado estava desligado.
A senhora olhou na direção do quarto e disse para mim: "É o homem que me visita".
Eu aumentei o som do monitor e então ouvi um sussurro baixo mas perfeitamente discernível: "Nancy? Onde você está?"
Eu sempre tive uma sensação desagradável naquela casa, com coisas saindo do lugar, portas e gavetas se abrindo e fechando, além do som de passos à noite quando todos estavam recolhidos. Eu fiquei feliz quando ela se mudou e não precisei mais dormir naquela casa.
Adoro essas estórias curtas. É o para o terror, o q as piadas são para a comédia.
ResponderExcluirCara, eu tbm adoro. E ótima analogia essa :D
ExcluirVerdade ou não, talvez, nunca saibamos, mas são bem legais
ResponderExcluirtodas aterrorizantes, algumas mais que outras, mas nenhuma que não certo grau de medo ou incômodo.
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