domingo, 22 de janeiro de 2023

Pera da Angústia - Uma horrenda Ferramenta de Tortura


A maldade humana talvez só possa ser comparada com a incrível capacidade de inventar maneiras de ressaltar essa maldade. A criatividade parece não conhecer limites quando o objetivo é causar desconforto, humilhação e sofrimento em nossos semelhantes.

Tomemos por exemplo esse simples e ao mesmo tempo diabólico objeto de tortura conhecido como Pera da Angústia. Esse dispositivo de tortura foi usado na Europa Medieval e amplamente difundido em partes da Alemanha, Austria, Itália e Suíça.

A Pera era utilizada para extrair confissões de criminosos e fazer com que eles revelassem algum detalhe que o torturador desejava saber e que eles estivessem resistentes de revelar. A Pera funcionava de uma forma bastante simples: ela era inserida na boca da vítima, em seguida um mecanismo em forma de chave era girado repetidas vezes fazendo com que ela abrisse, aumentando sua area causando imensa dor a medida que as aletas de ferro deslocavam a mandíbula, rasgavam as bochechas e quebravam os dentes da vítima.

Esse implemento brutal feito de metal foi criado por mestres ferreiros que se especializavam em projetar tais dispositivos. De fato, alguns dos melhores artífices do período ganhavam a vida criando objetos de tortura como esse, sabendo que seriam muito bem pagos e contariam com muita demanda.

Não há como saber ao certo quando a Pera foi criada, mas alguns estudiosos assumem que os primeiros modelos tenham surgido em algum momento entre os séculos XI e XIII.


Em uma época de grande perturbação política e social, a tortura era quase que sinônimo de prisão. Aqueles trancafiados numa masmorra podiam esperar que a qualquer momento estariam diante de um torturador.

É óbvio que, como ocorria com todo objeto de tortura, a Pera da Angústia foi sendo adaptada ao longo do tempo. Essa adaptação visava claramente torná-la ainda mais atroz.

O objeto foi utilizado em outras partes da anatomia humana, tornando-se uma punição frequente para mulheres adúlteras e homesexuais acusados de sodomia. Esse tipo de tortura se tornou infame na Áustria, onde versões com lâminas e espinhos também foram criadas.


Embora relegada na maior parte do mundo à um periodo horrendo da história, a Pera da Angústia continuou sendo empregada até meados do século XVIII. Até mesmo na Guerra Civil espanhola (em pleno seculo XX), essa tortura foi reavivada por ambos os lados que utilizaram o método contra seus inimigos.

Nas últimas décadas, alguns historiadores questionaram o uso e mesmo a existência da Pera da Angústia antes do século XVIII. Segundo alguns a maioria das peças teriam sido produzidas como adornos ou objetos cênicos. Ainda que boa parte dos itens encontrados em museus sejam mais novos e jamais tenham sido usados em torturas, alguns se provaram genuínos.

É o caso de uma Pera no Museu Medieval da Thuringia, na Alemanha, que data do século XV. Ela foi usada por "Questionadores Judiciais" do tribunal de Achen, o equivalente a detetives que utilizavam essa coisa para persuadir os presos a falar.

Outro item, presente em Modena, na Itália data do século XVI e foi utilizada até meados de 1670 em interrogatórios oficiais e procedimento investigativo. Segundo um relatório a Pera da Angústia era empregada primeiro em cadáveres antes de ser utilizada em suspeitos. Quando a mandíbula e dentes literalmente se partiam com o som de uma garrafa se partindo, a maioria das pessoas decidia cooperar.

A maioria das peras presentes em coleções, contudo se provaram fraudes, sendo que boa parte delas, inclusive estavam em museus.

O conceito da Pera é realmente terrível e o fato dela incluir uma grotesca violação sexual, sem falar na dor física, a tornam algo digno dos circulos mais profundos do Inferno de Dante.

Se serve de consolo, ao menos a Pera a Angustia não parece ter sido tão comum quanto se imagina. Ainda assim, a Idade Média foi o que poderíamos chamar de Idade de Ouro da tortura um tempo em que causar sofrimento físico era algo trivial a ponto de ser corriqueiro.

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