A entidade se manifesta como uma enorme massa amorfa parcialmente visível que flutua no ar de forma perene. Ele é como uma miragem tremeluzindo no ar quente de um deserto ou como círculos concêntricos se formando na superfície de um lago. Mordiggian pode se fazer mais perceptível coalescendo em uma forma visível semelhante a um redemoinho de partículas de poeira ou um torvelino granuloso semelhante a cinzas de um crematório. Por vezes ele faz brotar apêndices da sua forma central, com longos tentáculos que sondam os arredores e agarram o vazio. O contato com esses tentáculos é nocivo para todas as formas de vida que se corrompem ao mais leve toque. A pele empalidece e a carne se decompõe deixando uma ferida ulcerada pingando icor. Esta marca jamais fecha e cura por inteiro.
O abraço de Mordiggian tem um efeito similar, ele é grande o bastante para engolfar uma dezena de pessoas ao mesmo tempo, erguendo-as no ar e carregando para seu interior turbulento. A reação em cadeia é rápida e reduz o organismo a poeira em segundos. Ao comer, Mordiggian faz uso de um método semelhante através do qual a carne é desintegrada rapidamente. Embora os cultistas se refiram a isso como a maneira da criatura se alimentar, não há como determinar ao certo se a ação visa obter nutrição. É um fato, no entanto, que o Deus consome inteiramente os cadáveres que lhe são ofertados dessa maneira.
Mordiggian possui vários avatares diferentes cada qual, com uma aparência específica dependendo de quem o invoca e com qual feitiço. O avatar se manifesta por um curto período de tempo, obedecendo a circunstâncias especiais e alinhamentos astrais que lhes favorecem. Em geral, um avatar é convocado para receber sacrifícios ou para oficializar rituais diante de uma congregação.
A seguir temos uma relação de alguns avatares de Mordiggian, ainda que possam existir muitos outros:
O Deus Cadáver
Este avatar é mais conhecido no sudeste asiático e talvez seja a mais antropomórfica de suas formas, o que não a torna menos abominável. Ele se assemelha a um gigantesco cadáver humano de pele amarela-esmaecida, que emana uma luz fosforescente. O fedor de seu corpo é repulsivo, rescendendo a carne apodrecida por vários dias. A entidade flutua no ar e permanece imóvel senão pelos olhos mortiços que rolam nas órbitas e por um murmúrio hediondo que gorgoleja de sua boca semiaberta.
O Deus Cadáver é uma entidade neutra que geralmente não interage com os cultistas, mas que pode ser convocada para oficializar rituais nefastos. Os carniçais raramente o invocam e geralmente são humanos que tiveram acesso a algum feitiço que clamam pela sua presença. Para trazer esse avatar é necessária a oferenda da carcaça podre de uma animal do tamanho de um porco ou maior, cântaros com sangue coagulado e velas de gordura humana acesas no cair da noite. A criatura surge por alguns segundos e parte em seguida desaparecendo no ar.
Durante o sistemático genocídio ocorrido no Camboja na década de 1970, o Deus Cadáver foi visto por inúmeras testemunhas que garantiam vislumbrar sua forma pairando sobre os Campos da Morte deixados pelo Kmer Rouge. O Delta Green investigou o caso e manteve as conclusões em documentos sigilosos.
O Grande Verme Pálido
Na Idade Média, Mordiggian assumia essa forma asquerosa quando era convocado pelos seus cultistas na Europa, sobretudo, na França. O Grande Verme Pálido é uma criatura de enormes proporções, similar a um ascarídeo inchado e gordo que se arrasta sobre o próprio dorso deixando um rastro limoso. A criatura tem uma carne mole e purulenta de coloração branca e extremidades castanhas. A cabeça é afilada, dotada de olhos róseos estranhamente inteligentes e uma boca anelada guarnecida de cerdas.
Muitos afirmam que o avatar é o Pai de todos Vermes de Cemitério que devoram a carne dos mortos e se alimentam fartamente da podridão. Não por acaso, esse avatar era convocado para receber sacrifícios e oferendas humanas deixadas em altares nos subterrâneos de necrópoles abandonadas. Os carniçais a reconhecem como uma das formas mais tradicionais de Mordiggian e rendem a ele pedidos para que ele favoreça seus covis e nunca deixe faltar comida.
Alternativamente esse horror pode assumir a forma de uma massa composta por milhares de vermes que se movem como uma única criatura. Nessa encarnação, o Grande Verme Pálido recebe sacrifícios e se alimenta de oferendas consumindo vorazmente cadáveres em poucos minutos.
Hiina
Possivelmente um dos únicos avatares de Mordiggian conhecidos no continente africano, Hiina é uma monstruosidade venerada pelos carniçais que habitam o Noroeste da África, sobretudo o Mali, Mauritânia e Niger. Ele também foi adorado por cultistas humanos descendentes de franceses que se estabeleceram na Colônia do Senegal no século XIX.
A criatura se assemelha a uma imensa hiena de corpo musculoso, com pelagem castanha esverdeada e manchada por doença. Ela geralmente surge coberta com uma substância gelatinosa semelhante a sangue coagulado. Assim como os demais avatares, ele emana um fedor de corrupção e é associado a prática do canibalismo. Dizem que Hiina (nome do qual deriva a palavra hiena) é invocado para se alimentar de cadáveres oferecidos e para punir os transgressores de suas leis. Hiina é uma divindade severa que se farta com os restos humanos e que supostamente possui algum tipo de controle sobre hienas, abutres e urubus que habitam os desertos africanos. Alguns povos nativos rendiam louvores a Hiina graças a sua proximidade com os carniçais. Estes acreditavam que a saliva da criatura podia acelerar a transformação de um humano em carniçal e possuíam um ritual que envolvia se deixar lamber pela monstruosidade.
Ikuta
Conhecido apenas pelos Yacumã, uma tribo degenerada que habita os limites da fronteira norte do Brasil com a Venezuela, Ikuta é o Deus do Massacre e dos Festivais da Carne. Os Yanumã descendem quase que integralmente de carniçais com quem tiveram contato através da Terra dos Sonhos. De fato, uma parte considerável de membros da tribo passam pela transição e se transformam em carniçais ao longo da vida.
Descobertos nos anos 1950 por antropólogos a serviço da extinta Secretaria de Proteção ao Indígena, os Yacumã eram uma tribo de antropófagos que viviam numa das regiões mais isoladas do estado de Roraima. Cercados de selvas densas e intransponíveis eles eram extremamente territoriais e perigosos, embrenhando-se na mata virgem e usando a vegetação em seu benefício. Uma equipe de filmagem italiana na década de 1970 conseguiu encontrar os Yacumã e ter com eles um breve contato, filmando alguns de seus costumes e rituais. A equipe infelizmente acabou desaparecendo na selva. Há histórias de que a tribo se juntou aos carniçais na Terra dos Sonhos.
Seu Deus, Ikuta é um avatar de Mordiggian que assume a forma de uma coluna rodopiante de cinzas que se ergue do chão até os céus. Ele devora tudo que o toca e se alimenta de cadáveres lançados em uma cova subterrânea onde ele era costumava ser invocado.
O Patriarca
Habitando as profundezas de metrópoles e grandes centros urbanos, o Patriarca é um avatar de Mordiggian venerado por grandes comunidades formadas por Carniçais mais esclarecidos. Estes acreditam ardorosamente que o crescimento, progresso e sobrevivência das cidades depende de sacrifícios feitos em homenagem a Mordiggian quando este assume a forma do Patriarca.
Os carniçais tendem a utilizar contatos entre os humanos cuja função é obter sacrifícios que são coletados em lugares miseráveis, vizinhanças perigosas ou túneis de metrô. Eles são levados até os subterrâneos habitados pelos carniçais e ritualisticamente preparados para serem oferecidos ao Patriarca, Se ele estiver satisfeito com o tributo, o Patriarca aceita poupar as cidades na superfície de sua ira e abençoar sua existência.
O Patriarca é uma abominação amorfa gigantesca de cor perolada, dotado de incontáveis bocas avermelhadas que parecem sempre estalar ansiosas por mastigar e devorar carne humana. Ele é invocado apenas nas profundezas por bandos de carniçais que um dia foram humanos. Acredita-se que existam comunidades de carniçais que veneram esse avatar de Mordiggian em Chicago, Nova York e Boston, mas há rumores que dão conta de que tais grupos também podem ser achados nas entranhas de grandes metrópoles ao redor do mundo: Cidade do México, Rio de Janeiro, Londres, Tóquio e Moscou para citar apenas algumas.
Medonho em cada pequeno detalhe, Mordiggian é uma entidade enigmática cujo entendimento parece escapar às mentes sãs. Talvez a compreensão sobre esse Deus demande transcender a razão e desafiar os tabus mais profundos da humanidade. Só aqueles que se entregam a tal juízo tem um vislumbre do que é realmente Mordiggian.
Acho muito legal matérias assim sobre os antigos e ou criaturas, será q o cthulhu tem avatares tbm ? Nunca me deparei com nada que afirmasse isso
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