sexta-feira, 15 de março de 2024

Prisão Assombrada - Os assustadores Fantasmas de Alcatraz


Se, como muitos acreditam, fantasmas regressam para assombrar o lugar onde tiveram experiências traumáticas quando estavam vivos, então, a lendária Prisão Federal da Ilha de Alcatraz deve ser cheia de fantasmas. 

De acordo com fontes, um bom número de guardas que serviu lá entre seus anos de funcionamento, entre 1934 e 1963 relataram estranhos incidentes. Dos pátios da prisão até as cavernas abaixo dos prédios administrativos, dos enormes pavilhões ao complexo labiríntico de corredores intermináveis, sempre houve comentários a respeito coisas incomuns acontecendo em Alcatraz. Suspiros e sussurros descarnados, odores inexplicáveis, lugares frios e aparições espectrais, a velha prisão é um compêndio de incidentes paranormais. Mesmo visitantes e familiares apenas de passagem pela prisão mencionavam ver fantasmas de prisioneiros e soldados que um dia viveram na Rocha (como a Ilha era conhecida pelos seus habitantes).

Não faltam histórias bizarras sobre a intensa atividade paranormal que supostamente domina a Prisão desativada. Alcatraz é um lugar de memórias amargas e de emoções pesadas que provavelmente ficaram represadas nessas paredes. No mundo da parapsicologia, cargas emocionais são consideradas como o catalizador de energias negativas e estas acabam impregnando determinados lugares. É como se esses incidentes criassem um eco que reverbera para sempre.

Uma narrativa muito conhecida na Rocha menciona um guarda de segurança chamado Ray O'Connel que realizava patrulhas de rotina pelos corredores da Prisão em 1976. O guarda sempre mencionava ouvir o som de batidas numa porta de ferro que lacrava um corredor que levava para um dos pavilhões. Certo dia ele decidiu que iria abrir essa porta e espiar e ter certeza de que não havia ninguém ali dentro. Ele colocou a mão na tranca deslizante da porta e teve uma estranha sensação. Era um frio que nada tinha a ver com a temperatura do lugar, um temor que ele não foi capaz de explicar. Lentamente ele tirou a mão da tranca e decidiu que era melhor não tentar compreender certas coisas.


Os sons de batidas no metal sempre eram ouvidos quando ele passava por aquela área fazendo sua ronda. Colegas de O'Connel também ouviam o som, mas ninguém abria a porta, preferindo ignorar seja lá quem (ou o que) estava batendo na porta. Considerando que aquela era uma ala destinada a presos de máxima periculosidade, conhecida como Corredor do Inferno, O'Connel tinha suas razões para não abrir a porta e fazer de conta que estava imaginando as batidas.

Certo dia, outro guarda foi transferido para a Rocha. Era um rapaz novo e com pouca experiência. Ele garantiu para seus novos companheiros que não acreditava em fantasmas e que não iria cair em nenhuma pegadinha dos outros guardas tentando assustá-lo. O'Connel disse ao rapaz que às vezes, Alcatraz podia ser um lugar muito estranho e que era melhor ele ignorar certas coisas para seu próprio bem. 

Uma noite, o novato estava fazendo a ronda de rotina e passou diante do Corredor do Inferno. Não há como afirmar, mas Ray O´Connel e seus colegas suspeitam que o rapaz ouviu as batidas na porta de metal, aquelas que todos que trabalhavam lá já haviam ouvido ao menos uma vez. Nenhum deles havia ousado abrir a porta, mas aquele rapaz era jovem e queria mostrar aos demais que não se assustava facilmente.


Os guardas encontraram o novato caído diante da porta de ferro que levava para o Pavilhão de Máxima Segurança, o Corredor do Inferno. A porta estava encostada. O rapaz estava encolhido no chão, murmurando coisas sem sentido e seu corpo todo gelado. Estava em choque e só se recuperou da experiência dias depois, contudo nunca retornou para o serviço. Quem tinha contato com ele contou que o novato nunca voltou ao normal, que recebeu uma dispensa do serviço e ficou em casa dali em diante apavorado por lugares confinados e ambientes fechados. Outros iam ainda mais longe, afirmavam que ele ficou instável e que precisou ser internado num asilo. Ray e os demais, concordavam em um pormenor da narrativa: que quando acharam o novato, seus cabelos estavam brancos feito giz.

As batidas insistentes ainda seriam ouvidas muitas e muitas vezes, mas ninguém abriria novamente aquela porta. Desde então, o corredor  passou a ser conhecido como um dos locais mais assombrados de Alcatraz. A história pode ou não ser verdadeira, mas um fato é incontestável, que a porta de metal que leva para o Corredor do Inferno foi soldada para que ninguém cometesse o erro de tentar abri-la novamente. 

Mas este não é o único lugar em Alcatraz que possui uma história macabra associada a ele.


Os vigias noturnos falam de uma cela em particular, a de número 788 que possui status quase lendário entre os funcionários que trabalharam na Rocha. O cubículo não parece em absoluto diferente de nenhuma das outras celas: tem as mesmas medidas e idêntica configuração, com cama, armário e latrina, mas por alguma razão, ele atrai histórias desde quando a prisão estava em funcionamento.

Os funcionários mais antigos afirmam que a cela 788 era infame por ter abrigado assassinos, estupradores e maníacos de todo tipo. Que as pessoas que dormiam na cela experimentavam pesadelos horríveis nos quais reviviam os crimes pelos quais haviam sido condenados. Homens duros e sem medo acordavam aos gritos depois de uma noite ali dentro. Uma história famosa mencionava um suposto assassino da máfia, sentenciado a prisão perpétua e que foi colocado na Cela 788. Ele dividia o beliche com um criminoso raia-miúda que teve o azar de ser colocado ali. Em algum momento da madrugada, o assassino acordou aos berros e fez com que os guardas viessem ver o que estava acontecendo. O homem, chorando como um garotinho, pediu (ou melhor, implorou) para que o tirassem dali, pois em suas palavras "havia algo horrível naquela cela". Os guardas não lhe deram ouvidos e simplesmente o trancafiaram novamente na 788.

Na manhã seguinte, ao abrir as portas para fazer a contagem, ninguém saiu da cela. Quando um dos carcereiros foi até lá ver o que havia acontecido se deparou com algo bizarro. Encontraram o mafioso,  caído no chão em uma poça de sangue - ele havia rasgado os pulsos com os próprios dentes. O rosto dele estava transfigurado pelo pavor vivido em seus últimos momentos. O companheiro estava chocado e tudo que conseguiu contar é que ouviu vozes estranhas, pessoas falando e o sujeito chorando baixinho.  A coisa aconteceu no meio da madrugada e nenhum dos presos nas celas vizinhas viu ou ouviu nada.

A fama da Cela 788 de Alcatraz era tamanha que os guardas a reservavam para os presos de quem não gostavam. Os prisioneiros, obviamente conheciam as lendas sobre a cela e temiam ser colocados nela. Em 1959, um preso ocupando a cela teria matado o companheiro em um surto psicótico repentino. Ele enfiou os dois polegares nos olhos do colega enquanto este dormia e afundou os dedos tão fundo que chegou a arranhar o cérebro dele. Quando perguntado a respeito, ele disse que não lembrava de ter feito aquilo e que estava tão surpreso quanto os guardas. Mais curioso ainda é que um dos agentes carcerários havia passado pelo corredor diante da cela 788 instantes antes da descoberta sanguinolenta. Ele não percebeu nada de estranho e os dois ocupantes dormiam tranquilos.


Outra cela famosa em Alcatraz era a 14-D, no bloco de solitárias, conhecido como "buraco" no jargão prisional. Essas celas minúsculas eram reservadas aos presos que causavam confusão ou que tinham que ser disciplinados de maneira mais severa pelas suas transgressões. A solitária é um lugar terrível em que o prisioneiro tem seus sentidos privados pela escuridão e pela passagem do tempo. 

A cela 14-D teve um hóspede famoso, o assaltante à mão armada Henry Bates que em 1938 intentou uma ousada fuga de Alcatraz. Ele foi recapturado e colocado no buraco 14-D para cumprir um período de 19 dias em total isolamento. O período máximo de tempo na solitária era de 20 dias, já que os presos ficavam em um ambiente totalmente insalubre, nus e na escuridão completa. Temia-se que um tempo mais prolongado pudesse causar danos psicológicos irreparáveis em virtude das condições de total isolamento.

Pois bem, Henry Bates foi mantido na cela por 1092 dias, quase 3 anos completos. 

Quando saiu da solitária ele era pouco mais do que um animal irracional que havia enlouquecido por completo. Seu primeiro instinto quando devolvido à população carcerária foi saltar sobre um dos presos e matá-lo com as próprias mãos. Durante o julgamento de Bates, o caso veio à tona e o incidente deu início a uma reforma prisional e afastamento do diretor da instituição que tentou acobertar o ocorrido. A Cela 14-D depois disso ganhou fama como um lugar amaldiçoado, tendo uma aura de agonia e desesperança tão pesada que contaminava todos que passavam algum tempo dentro dela. Rumores afirmam que em 1947, um preso engoliu a própria língua depois de passar três dias aos berros dentro da solitária. Em 1951 outro teve convulsões e acabou morrendo lá dentro.   

"Há uma sensação intensa que surge de maneira repentina quando se passa mais do que alguns minutos naquela cela", conta um dos guardas que atualmente cuida do bloco. "Essa cela, a 14-D, está sempre gelada. Ela é estranhamente mais fria do que as outras três celas escuras. Às vezes fica quente aqui fora - tão quente que você tem que tirar o casaco. Mas a temperatura dentro daquela cela é diferente... tão fria que você precisa de uma jaqueta se for passar algum tempo nela."


Estranhamente, os guardas e os presos não foram os únicos a ter experiências incomuns naquela cela em particular. Vários turistas que vem conhecer a prisão mencionam uma sensação incômoda perto das solitárias, em particular a 14-D. Há menções sobre pessoas sentindo palpitações, tendo arrepios e até desmaios ao passar diante da infame cela. Em 1988 a visita a essa ala foi retirada do roteiro de visitação uma vez que ela "atraía problemas". A sala voltou a ser reintegrada a visita da Rocha, mas os guardas sugerem que aqueles que são sensíveis ou sugestionáveis evitem descer os 32 degraus que levam para o lendário "buraco".

Outra história bizarra muito famosa em Alcatraz menciona uma figura misteriosa, uma sombra que parece se esgueirar pelas paredes e corredores do antigo Bloco C, um dos mais temidos da instituição prisional, uma vez que recebia os presos com problemas psiquiátricos. O lugar, apelidado de "Depósito de Loucos" era dos mais assustadores já que a população era composta por maníacos psicóticos de máxima periculosidade. O Bloco C ficava afastado e o protocolo de segurança era seguido à risca para restringir ao máximo o contato entre guardas com os homens mantidos ali. 

Há o boato de que, mesmo quando ainda estava em atividade, os presos confinados nessa ala falavam de um espectro aterrorizante que se alimentava dos presos. Os relatos davam conta de que se tratava de "uma criatura com olhos brilhantes, alta, esguia e com presas afiadas na boca". Os presos diziam que a coisa estava ali trancada com eles e que se aproveitava do fato que ninguém acreditava neles - visto que todos eram mentalmente insanos.


Os enfermeiros contavam a história que era uma fonte inesgotável de rumores entre os guardas. Embora ninguém realmente levasse muito à sério essas histórias, era comum ela ser citada pelos internos. Por vezes algum condenado gritava em desespero dizendo ver a tal criatura feita de sombras surgir e desaparecer no ar. Há um relato especialmente apavorante sobre um preso recém chegado que foi colocado no Bloco C por volta de 1960. Os guardas estavam acostumados com gritos e por isso não se importaram quando os berros continuaram noite adentro até que finalmente houve silêncio. 

Na manhã seguinte, quando inspecionaram a cela, encontraram o condenado morto. Uma expressão pavorosa estava congelada no rosto do homem e havia sinais inequívocos de dedos em volta de sua garganta! A autópsia revelou que ele morreu em decorrência de estrangulamento e que este jamais poderia ter sido auto infligido. Alguns funcionários suspeitavam que o sujeito podia ter sido sufocado por um dos guardas, farto dos gritos do homem, mas ninguém jamais foi acusado formalmente.

Alguns condenados acreditavam que o espírito maligno pertencia a Harry Siskel, um ex-policial que se tornou prisioneiro em Alcatraz, acusado de estuprar várias mulheres e crianças. Ele foi espancado até a morte por outros prisioneiros que fizeram justiça com as próprias mãos. Alguns acham que o fantasma de Siskel habitava os corredores do Bloco C, extraindo vingança contra os companheiros de cela que o mataram. 

Mas nem todas as lendas de Alcatraz envolvem os fantasmas tradicionais.


Dizem que o antigo farol da ilha, que ficava na ponta de uma restinga artificial e que foi demolido há décadas, por vezes surge nas noites de nevoeiro denso, acompanhado por um assobio fantasmagórico e por uma grande luz intermitente que passa lentamente por toda a ilha. Dizem ainda que aqueles que são banhados por essa luz tétrica acabam morrendo de forma acidental pouco tempo depois.

Há também o inexplicável som de explosões, tiros de arma de fogo e gritos surgidos do nada que muitas vezes fazem com que até mesmo os vigias mais experientes tenham um sobressalto. Esses sons já foram acompanhados de visões espectrais que remetem a uma grande rebelião ocorrida na Prisão Federal na década de 1960. As testemunhas diziam poder ouvir os gritos de luta e algazarra ecoando no pátio onde prisioneiros foram degolados pelos seus colegas em sanguinolentos ajustes de contas. Este incidente seria um clássico fenômeno parapsicológico ecoando indefinidamente, fadado a se repetir para sempre.

A antiga lavanderia que um dia foi usada pelos soldados que viviam em Alcatraz, antes dela ser convertida em Prisão, também é um lugar muito assombrado. Dizem as lendas que ali aconteceu um grande incêndio que vitimou vários homens. O lugar, segundo testemunhas exala um forte cheiro de fumaça, como se algo estivesse constantemente pegando fogo. A sensação da fumaça sufocante era tamanha que expulsava os guardas e os fazia buscar por focos de incêndio que justificassem aquele odor. Alguns guardas mencionavam um cheiro ainda mais pronunciado no ar, um que era especialmente forte nas datas de aniversário do trágico incêndio. Diziam que aquele era o inimitável fedor de carne humana queimando: gordura derretendo e cabelo se incendiando.

Com o passar dos anos, caçadores de fantasmas, autores, entusiastas de true crime e curiosos de todo tipo visitaram a ilha e muitos deles partiram com um sentimento de estranheza. É provável que aqueles que vivenciam o "lado fantasmagórico" de Alcatraz com mais frequência sejam os funcionários do Serviço de Parques Nacionais que cuidam atualmente da Prisão. São eles quem passam muitas horas sozinhos na Rocha. Na maioria das vezes, os guardas afirmam não acreditar no sobrenatural, mas ocasionalmente, um deles admite que acontecem coisas estranhas em Alcatraz, coisas que eles não conseguem explicar.


O renomado caçador de fantasmas Richard Senate e um médium famoso chamado Douglas Seagrove passaram uma noite em Alcatraz como parte de uma promoção da rádio KGO de San Francisco em 1998. De acordo com Senate, as emanações fantasmagóricas em Alcatraz pareciam escorrer de todos os cantos à medida que a longa noite avançava. 

Ele e o médium visitaram todos os locais considerados assombrados e se detiveram diante de manifestações fantasmagóricas que pareciam se ressentir com a presença deles em seus domínios.  Senate chegou a se trancar na cela 14-D que dizem ser especialmente aterrorizante. Quando a pesada porta de aço foi fechada, Senate imediatamente sentiu dedos gelados em seu pescoço e seus cabelos se arrepiaram. Ele relatou que não se sentia sozinho e que uma presença maligna o acompanhou durante todo experimento. 

Já o vidente, Seagrove teve a visão de corpos retorcidos e desmembrados num pátio na parte de trás do Bloco A, onde mais tarde lhe informaram ser o antigo cemitério usado para enterrar presos. Seagrove disse acreditar que toda angustia, sofrimento e dor experimentada pelas pessoas que viveram em Alcatraz durante anos ficou presa atrás dos muros da velha cadeia. Essa energia seria a causadora dos fenômenos paranormais que ainda podiam ser sentidos. Quando questionado a respeito do que poderia ser feito para contornar a situação, o médium foi enfático: "Essa não é um bom lugar para ser visitado! Ele não deveria ser uma atração turística! Essas paredes deveriam ser derrubadas e o lugar todo colocado abaixo. Só isso, talvez conseguisse eliminar essa aura negativa".

Enquanto ninguém tem coragem de fazer isso, a Prisão Federal desativada da Ilha de Alcatraz continua recebendo visitantes curiosos com um dos cartões postais mais estranhos da cidade de San Francisco. Aqueles que entram na Rocha por vontade própria, são capazes de sentir que há algo no ar habitando as ruínas da prisão. Imagine o sentimento de quem chamou esse lugar maldito de lar.

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