The Midnight Meat Train é um daqueles filmes que se propõem ser uma "jornada rumo ao inferno".
A estória se passa em Nova York onde o fotógrafo freelance Leon Kauffman (Bradley Cooper) vive com sua namorada a garçonete Maya Jones (Leslie Bibb). Leon ganha a vida tirando e vendendo fotos escabrosas de crimes violentos e acidentes ocorridos nas ruas da cidade. Ele é apresentado a uma influente artista (Brooke Shields) que se mostra pouco impressionada pelo seu trabalho. Provocado a encontrar algo verdadeiramente chocante que justifique uma exposição, Leon passa a buscar alguma inspiração. Sua busca eventualmente o leva até o sistema de metrô de Nova York onde uma modelo desapareceu sem deixar vestígios. Investigando os eventos por trás do desaparecimento, o fotógrafo descobre apavorantes assassinatos cometidos por um serial killer (Vinnie Jones) que usa o metrô nos violentos crimes.
Dirigido pelo cineasta japonês Ryuhei Kitamura, Trem da Carne da Meia-Noite é baseado em uma estória curta de mesmo nome escrita pelo britânico Clive Barker. O conto foi publicado originalmente em 1984 no primeiro dos seis volumes da coleção Livros de Sangue. Quem leu o conto original (publicado aqui no Brasil na década de 90 pela Editora Civilização Brasileira) sabe que existem diferenças entre o enredo acima e o conto original. Mas isso é até justificável já que o roteirista teve de preencher uma hora e quarenta minutos a partir de uma estória de 20 e poucas páginas.
No conto Nova York é atormentada por uma série de assassinatos e um infeliz acaba sendo arrastado para o meio deles inadvertidamente ao cochilar no trem. Já no filme, o fotógrafo encontra o que estava procurando, uma estória, embora jamais pudesse imaginar no que realmente estava se metendo. Em comum a reviravolta final que explica qual o verdadeiro propósito do assassino e para onde vai o misterioso trem da carne qe transporta suas vítimas.
Sem estragar a diversão de quem não viu o filme ou leu o conto, o que posso dizer é que existe algo levemente Lovecraftiano no final, ainda que nem o conto e menos ainda o filme se refiram diretamente aos mitos ancestrais. Quando li o conto achei bastante interessante e fiz algumas anotações para transformar a estrutura central da trama em um cenário de Call of Cthulhu, mas infelizmente ele nunca saiu do papel. Uma pena, pois agora que meu grupo assistiu o filme as chances de trasformar ele em uma aventura são quase nulas. Ainda assim é interessante assistir o filme para tirar umas idéias nem que seja para inspirar algumas descrições sanguinárias.
Qualquer um que assistir ao trailer terá uma boa idéia do que trata o filme: um serial killer com uma marreta matando gente no metrô. Até aí, grande novidade! O que realmente vale a pena são os 20 minutos finais que inserem um novo e dantesco significado ao sanguinário trabalho do solitário personagem de Vinnie Jones. Curiosamente muita gente se queixou justamente do final atípico que foge ao padrão de filme de matador psicótico. Quem é familiarizado com os horrores de Lovecraft, vai entender e aceitar melhor algumas coisas que ficam em aberto no transcorrer do filme. Eu pessoalmente gostei, ainda que na versão literária as coisas sejam conduzidas de uma forma mais satisfatória.
O filme têm um bom ritmo e os elementos de mistério são suficientes para manter quem assiste intrigado e curioso para saber o que virá em seguida e como as coisas vão terminar. Não se trata de um clássico, mas para uma tarde de chuva o filme cumpre seu propósito sobretudopara quem for assisti-lo sem muita espectatíva (como eu!).
Ah sim, aqui vai um justo aviso. Trem da Carne possui algumas cenas bastante chocantes que vão agradar ao pessoal do quanto mais sangue melhor, mas que podem incomodar quem é mais sensível. Francamente, quem aluga ou compra um filme com esse título deveria estar preparado para ver sangue, morte e mutilação. As cenas dos assassinatos são extremamente gráficas e executadas com um estilo perturbador recorrendo a ótimo enquadramento e ângulos. Eu chamo a atenção para a cena em que um infeliz leva uma martelada na parte de trás da cabeça e os olhos literalmente pulam fora. Fora isso ainda existe espaço para sangue correndo em profusão, ganchos de carne usados para pendurar cadáveres, um tiro no olho, empalamentos, facadas, línguas arrancadas e outras cenas brutais executadas com equipamento de matadouro.
Com um orçamento estimado em US$15 milhões, The Midnight Meat Train não chegou a ser apresentado em cinemas, tendo sido lançado diretamente no mercado de DVD. Não deixa de ser uma pena, pois embora seja um filme de horror menor, recheado de gore, a trama é bem razoável e as atuações seguras com destaque para o matador interpretado por Vinnie Jones.
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As criaturas no final do conto, os canibais Patriarcas que incumbem Mahogany de trazer-lhes carne ao meu ver tem uma clara inspiração lovecraftiana. Não sei até que ponto Barker se inspirou nos ghouls ao escrever esse conto mas a representação daqueles humanóides canibais vivendo nos túneis do metrô remetem quase que imediatamente a esses monstros.
Ausente no filme, mas presente no conto, os Patriarcas serviam a uma entidade tenebrosa e bizarra que vivia nas profundezas da cidade. As mortes (e a carne) das vítimas segundo o conto eram usadas como sacrifício para que essa aberração (um Great Old One???) não destruísse a cidade e permitisse que Nova York se progredisse. Eu até entendo que essa parte tenha sido limada do filme (afinal, colocar um monstro no final deixaria as coisas ainda mais bizarras) contudo no livro a explicação da tarefa do assassino e da razão de ser dos Patriarcas ficou muito bem explicada.
O filme é até legal, o conto no entanto é bem melhor. Barker sabe como ninguém descrever coisas estranhas, bizarras e perturbadoras.
Trailer:
Excelente resenha, me deixou curioso para ver o filme e parabéns pelo blog! O Juliano que jogou no Torneio Tentacular me apresentou e posso dizer que gosto muito dos artigos, continue assim!
ResponderExcluirJá que não poderia surpreender seus jogadores, porque não faz o cenário pro Blog?
ResponderExcluirEu me lembro que o Luciano fez uma excelenete adaptaçao do Conto para o rpg KULT. Podia postar aqui aquela adaptaçao Luciano! Ou quem sabe ate fazer uma também pra BRP.
ResponderExcluirChico - Obrigado pelos comentários e continue acompanhando o Blog. ;-)
ResponderExcluirJNS - Eu estou pensando em fazer algo baseado no conto desde que assisti o filme. Vamos ver se rola alguma coisa.
Tiago - Opa Tiago, blz? Eu tenho em algum lugar a adaptação para KULT, eram horrores baseados na obra de Clive Barker (Hellraiser, candyman, raça das trevas). Vou dar uma procurada, quem sabe seria interessante uma série de artigos sobre Barker e suas criações bizarras.
Pelo visto só eu achei esse filme muito sem noção, ele realmente te deixa intrigado, querendo saber o que esta acontecendo, e o assassino é realmente misterioso, mas a partir de um momento o filme perde a linha demais, eu achei Creep (A plataforma do medo) melhor, apesar de não serem exatamente a mesma coisa, tem elementos semelhantes como o fato de estar se passando no metro e de ter criaturas estranhas.
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