quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Explorando os Mythos mais Obscuros - Chaugnar Faugn, o Horror das Colinas


Chaugnar Faugn fez sua primeira aparição no conto "The Horror from the Hills" por Frank Belknapp Long.

é uma entidade hiper dimensional gerada no início do Universo. Segundo alguns textos, é possível que ele seja ainda mais antigo, tendo surgido em um período anterior a existência do atual Universo em uma linha de tempo/espaço que se desfez antes do início da atual cronologia e continuum. A origem de Chaugnar Faugn é desconhecida, o pouco que se sabe a respeito dele, diz respeito ao período em que ele passou a ser adorado por raças primitivas de pré-humanos na aurora de nosso planeta.

Segundo os escassos registros existentes, quando Chaugnar Faugn veio à Terra, as formas de vida mais avançadas eram anfíbios. Almejando ter uma raça de serviçais, ele usou tecidos extraídos desses anfíbios, para criar os Miri Nigri, anões de pele azeviche dotados de uma inteligência rudimentar que cumpririam todas as suas vontades. Ao longo de eras os Miri Nigri continuaram fiéis a Chaugnar Faugn adorando-o como um Deus Vivo. Os Miri Nigri cruzaram com as primeiras espécies de hominídeos dando origem a uma raça híbrida, que eventualmente se tornaram os antepassados do povo Tcho-Tcho.

Nos tempos antigos, Chaugnar Faugn e seus "irmãos", seres semelhantes ao Deus ainda que com menos poder, se estabeleceram na região montanhosa dos Pirineus no Norte da Espanha. Durante o período da ocupação romana, há registros de que a cidade de Pompelo se viu atormentada por descendentes dos Miri-Nigri que viviam nas montanhas próximas e costumavam sequestrar aldeões para sacrificá-los em seus rituais. Esses Miri Nigri em virtude dos anos de miscigenação podiam se passar por humanos, ainda que tivessem características medonhas. Eles eram cultuadores de Chaugnar Faugn a quem devotavam as mais bestiais cerimônias, conduzidas em escarpas intransponíveis e cavernas profundas. Alguns documentos, dão conta de que o Governador Geral da Província Romana ordenou o envio de uma expedição militar até os Pirineus para acabar com a proliferação de "estranhos cultos nos arredores de Pompelo. Embora os Miri Nigri tenham destruído essa força, os sacerdotes instruídos por Chaugnar Faugn, ordenaram que o culto fosse transferido para outro lugar, longe da ameaça dos romanos.

Os Miri Nigri
Obedecendo esse comando, os cultistas iniciaram sua longa peregrinação rumo ao oriente, atravessando o continente em toda sua extensão, transpondo os Balcãs, cruzando o Mar Negro e os desertos gelados da Ásia Central. A jornada consumiu décadas, tendo os cultistas se estabelecido temporariamente em algumas regiões onde disseminaram o nome de seu Deus. Na maioria dos lugares, suas horríveis crenças foram repelidas, mas em algumas poucas localidades, a semente de Chaugnar Faugn encontrou um solo fértil para crescer. Sabe-se que o culto foi implantado no Afeganistão, no atual Paquistão e no Norte da Índia (onde o Deus passou a ser associado a divindade hindu Ganesha), mas o destino final da viagem dos peregrinos os levou até o coração da Ásia, onde finalmente Chaugnar Faugn ordenou que se estabelecessem permanentemente.

O local escolhido por Chaugnar Faugn, e que se converteu no seu novo centro de poder, se localiza nos arredores do Platô de Tsang, na fronteira montanhosa entre a China e o Tibet. É nesse lugar quase intransponível que os sacerdotes construíram no interior de um complexo de cavernas o grande templo devotado ao seu Deus.

No centro do magnífico Templo erigido com mármore, uma grandiosa estátua de Chaugnar Faugn repousa sobre um pedestal de ônix, guarnecido de oferendas em ouro e incenso almiscarado, iluminada por milhares de velas que pontuam a escuridão da grande câmara. A grotesca estátua do tamanho de três homens é uma visão atordoante, que não por acaso passou a ser conhecida como "O Horror das Colinas". A representação de Chaugnar Faugn é capaz de provocar ondas de aversão, náusea e terror em quem a contempla pela primeira vez.

O ídolo de Chaugnar Faugn
Ela é descrita como uma abominação antropomórfica, com o corpo de um homem obscenamente obeso, sentado como se fosse uma detestável caricatura de um Buda. As pernas curtas permanecem cruzadas em uma posição meditativa, os braços atrofiados largados sobre o colo e as mãos esqueléticas com as palmas voltadas para cima. Os ombros da criatura são largos e rígidos, com um peito titânico e um vasto estômago arredondado que lhe confere uma aparência de decadente apetite. O maior horror de Chaugnar Faugn, no entanto, é a sua  bizarras face. Alguns se referem a ele como um deus elefante, contudo, uma observação mais criteriosa percebe que não se trata realmente de um ser elefantino, mas de algo muito mais bizarro e desconcertante.

A entidade possui primeiramente uma tromba rugosa que surge no centro de sua face e desce pelo peito terminando aninhada na altura da barriga. Essa probóscide é uma fusão do nariz e do lábio superior que desce por mais ou menos um metro e meio, terminando em um disco nasal bojudo. As orelhas são como uma ramificação de cartilagem fina que se estende nas laterais da sua enorme cabeça, abertas como asas. A boca pequena surge por baixo da tromba, com duas presas cristalinas esverdeadas uma de cada lado que se projetam como dentes aguçados. Os olhos da criatura são pequenos e profundos, enterrados na face repleta de vincos, sulcos e rugas; eles se destacam como duas orbes negras e cintilantes.

Com exceção das presas, a estátua parece ter sido inteiramente talhada de um único bloco de pedra escura com rajas de um verde esmeraldino. Não obstante o horror que evoca, a obra denota claramente ter sido cinzelada por um artista de notável talento para o incomum ou por alguém capaz de extrair da pedra o mais dantesco pesadelo.

O segredo mais aterrador a respeito dessa estátua extravagante reside no fato dela não ser meramente uma representação do Deus, mas o próprio. Por longos períodos de tempo, décadas ou mesmo séculos, Chaugnar Faugn adota essa forma inerte como se realmente não passasse de uma sólida escultura de pedra. Contudo, quando certos rituais vetustos são realizados aos seus pés, a figura aos poucos vai ganhando vida, com a rocha gradualmente assumindo contornos de vida, respirando e pulsando. Uma vez vivo, Chaugnar Faugn se comporta como uma divindade colérica, que se lança vorazmente sobre qualquer um que dela se aproxime. Por essa razão, os cultistas sempre oferecem sacrifícios para aplacar a fome do deus nas ocasiões em que ele é convocado a andar.

Chaugnar Faugn é uma entidade vampírica. Ele se alimenta de sangue fresco, extraído do corpo de suas vítimas por intermédio da estrutura em forma de disco na extremidade da sua tromba. Uma vez em contato com sua presa, o disco se fixa por sucção, enquanto filamentos penetram na pele e começam a sugar o sangue como um sifão. Em poucos minutos, o Horror das Colinas é capaz de drenar totalmente os líquidos do corpo de um homem adulto, deixando uma casca vazia de ossos, tecidos e órgãos ressequidos. Após se satisfazer, o Deus por vezes compartilha com seus fiéis uma dádiva, aspergindo sobre eles um borrifo de sangue negro que segundo os cultistas prolonga a vida e constitui uma espécie de comunhão sacrossanta.

Chaugnar Faugn se mostra um temível oponente se forçado a lutar. Seu corpo robusto se move com inegável velocidade para uma criatura com suas dimensões. Ele também é incrivelmente forte, podendo facilmente triturar os ossos de um homem sob as suas patas, arrancar seus membros com as próprias mãos ou empalar um inimigo com suas presas cristalinas. Por sua vez, a carne dele é quase impenetrável não podendo ser ferida, rompida ou lacerada por nenhuma arma branca ou de fogo. Nas ocasiões em que não está furioso ou faminto, o Deus se diverte em simplesmente brincar com seus cativos, enterrando neles suas unhas, rasgando sua carne ou arrancando pedaços inteiros de pele, isso até ele se cansar. Enfrentar fisicamente esse colosso, por razões óbvias, não é das ideias mais brilhantes.

Se de alguma maneira, Chaugnar Faugn for gravemente ferido, ele simplesmente reverte a sua forma rochosa ficando estático. Para voltar a vida, ele precisará de uma série de sacrifícios e rituais capazes de retornar sua majestade.

Além de suas capacidades físicas, Chaugnar Faugn é dotado de poderosas faculdades psíquicas. Ele é capaz de enviar sonhos a determinados indivíduos sensitivos fazendo com que estes escolhidos experimentem visões de eras distantes e interajam em meio a acontecimentos importantes. Ele também é capaz de hipnotizar uma vítima, implantando em sua mente o desejo incontrolável de se oferecer como sacrifício. Finalmente, o Horror das Colinas pode afetar fisicamente uma pessoa provocando um efeito semelhante a um ataque cardíaco fulminante. Um indivíduo assaltado por esse ataque tem o coração esmagado por uma força implacável que parece sentar sobre o seu peito.

Segundo a tradição, Chaugnar Faugn respeita a coragem, mesmo em seus oponentes e vítimas. Se uma pessoa suporta as torturas indescritíveis executadas pelos Tcho-Tcho por três dias consecutivos, Chaugnar Faugn reconhece sua bravura e em algumas circunstâncias permite que essa pessoa seja libertada. A demonstração de coragem no entanto deve ser notável a ponto de despertar a atenção de um Deus.

O Deus parece desgostar ou até temer áreas com grandes corpos de água, e tenta evitá-los a todo custo. Ele não atravessa rios ou lagos, e pessoas em fuga podem buscar refúgio nessas áreas para se ver livres de sua perseguição. Apesar disso conceder certo grau de proteção, dificilmente Chaugnar Faugn se esqueceria de uma provocação e ignoraria alguém que cruzou o seu caminho.

Existem teorias que conjecturam a existência de outras estátuas de Chaugnar Faugn e que o Deus é capaz de habitá-las, concedendo a elas aspecto de vida.

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4 comentários:

  1. Muito bom essa série dos mythos mais obscuros.

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  2. Muito bom! Ele é aterrador mesmo! Dá várias ideias para jogo e também para escrever contos de horror e mistério.

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  3. É a criatura dos Mythos que mais se parece com um monstro do Dungeons and Dragons, que já vi.

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