domingo, 24 de agosto de 2014

Explorando os Mythos mais Obscuros: Ghatanathoa - O Abominável Senhor do Vulcão

















Ghatanathoa fez sua primeira aparição no conto "Out of the Aeons" escrito por H.P. LovecraftHazel Heald.

é uma força ancestral, um Grande Antigo reverenciado quase que exclusivamente no passado remoto da humanidade. A razão para essa entidade ser mais temida do que venerada é o horror que recai sobre qualquer mortal que tem um vislumbre de sua forma detestável.

Existem muitas lendas a respeito de Ghatanathoa e hoje não se pode dizer ao certo quais são verdadeiros e quais são o resultado dos murmúrios de videntes insanos.

Há rumores de que Ghatanathoa foi trazido para a Terra por intermédio dos Fungos de Yugoth para ser usado como arma contra o Grande Cthulhu e suas crias da distante Xoth numa das várias guerras ocorridas na pré-história do nosso planeta. 

Sobre a origem dele, pouco se sabe, alguns acreditam que a criatura pode ter sido construída artificialmente nos laboratórios dos Mi-Go ou ter sido capturada pelos implacáveis fungos em um dos inúmeros mundos que eles colonizaram. Subjugado e trazido para a Terra, Ghatanathoa se rebelou quando os Mi-Go não conseguiram forçá-lo em seus planos de conquista. Outros especulam que Ghatanathoa possa ser um dos três irmãos - os outros sendo Zoth-Ommog e Ithogtha, gerados pelo próprio Cthulhu. Tais rumores não podem ser corroborados e sem dúvida seriam considerados heréticos pelos sacerdotes que um dia se prostraram perante esse horror blasfemo.


A mais antiga morada conhecida de Ghatanathoa se localiza nas cavernas insondáveis sob o Monte Yaddith-Gho, na agora submersa Terra de Mu. O Povo de Mu realizava sacrifícios em homenagem ao Deus e seus sacerdotes, afirmavam que se sua vontade não fosse obedecida, ele viria à superfície e destruiria a humanidade, tamanha sua cólera. A congregação devotada ao Deus das Profundezas selecionava os sacrifícios entre os habitantes mais belos e saudáveis de suas cidades, preferencialmente mulheres e crianças que eram colocadas em liteiras e carregadas por escravos eunucos, cobertas em seda e ouro para às profundezas de onde jamais retornavam. Nessas câmaras abismais, vítimas paralisadas como estátuas repousavam com as faces tomadas pelo mais absoluto terror. Alguns poucos sátrapas se devotavam a tarefa de servir o Senhor das Profundezas em sua morada profana. Esses "homens santos", perfuravam os próprios olhos para que cegos ficassem imunes a forma malévola de seu Deus. Eles vestiam máscaras de ouro sobre o rosto, com esmeraldas enfiadas nas órbitas vazias.

Dizem que o culto se tornou demasiado ambicioso e decadente. Nas profundas cavernas os sacerdotes comungaram com horrores incorpóreos e malignos, os legendários Lloigor. Estes teriam pervertido cada aspecto da religião de Ghatanathoa transformando-a numa crença ainda mais impiedosa, baseada exclusivamente na submissão. Os Lloigor desejavam conquistar a Terra de Mu e para isso se infiltraram no culto, assumindo a forma de répteis para lançar o terror no coração dos homens. Com efeito, o culto passou a ser temido em toda Mu.

Uma lenda muito antiga, relatada nas páginas do Unaussprechlichen Kulten, cita um herói de nome T'yog que ousou desafiar o Culto de Ghatanathoa. T'yog era um protegido da Deusa Mãe Shub-Niggurath, nutrido desde a infância com o leite negro que o tornou um poderoso guerreiro. Ele teria escrito um manuscrito místico no couro de um pássaro Shantak que o protegeria dos efeitos danosos da presença do Deus. O herói resolveu se aventurar nas cavernas de Yaddith-Gho a fim de enfrentar o deus face a face. Diz a lenda que os Lloigor descobriram o plano e conseguiram roubar o manuscrito, trocando-o por outro que seria inútil. T'yog jamais retornou de sua jornada e seu destino permanece um mistério.


Após esse acontecimento, o Culto de Ghatanathoa se tornou ainda mais influente em Mu. Seus seguidores fanáticos desafiaram as outras seitas e derrubaram as paredes dos templos rivais. O tabernáculo de Zoth-Ommog, o Santuário de Ythogtha e até mesmo o sacrário dedicado ao Grande Cthulhu foram invadidos e pilhados. Mas o pior estava reservado ao templo de Shub-Niggurath que foi queimado até o chão. Antes de aniquilar o lugar, os fanáticos humilharam as prostitutas consagradas e assassinaram as crianças nutridas com leite negro. A ação foi tão atroz que incontáveis seguidores dessas seitas cometeram suicídio, imolando seus corpos em chamas como forma de implorar aos seus deuses que ouvissem seu apelo e fizessem cair sobre o Culto de Ghatanathoa uma vingança implacável.

Um dos alto-sacerdotes de Mu, o poderoso feiticeiro Zanthu que servia a Ythogtha tomou para si a missão de retribuir a afronta sofrida. Usando uma fórmula descoberta na biblioteca da cidade-estado, ele provocou o despertar de Ythogtha que habitava uma fissura submarina abaixo de Mu. O resultado foi um terremoto marítimo e consequentemente uma onda colossal que varreu o continente e decretou a sua aniquilação. Zanthu e alguns poucos aprendizes, deixaram a nação em carruagens voadoras que os carregaram até o Plateau de Leng sãos e salvos.

A hecatombe fez com que Mu fosse totalmente submersa sob as ondas e quase que inteiramente esquecida. Ghatanathoa, no entanto escapou ileso da fúria marinha, ele se abrigou na parte mais profunda do Yaddith-Gho onde entrou em hibernação voluntária.

Apesar de Mu ter desaparecido para sempre, alguns seguidores de Ghatanathoa sobreviveram e foram estimulados a viajar para longe e se estabelecer em terras distantes. Com eles, viajaram alguns Lloigor que mantiveram vivo seu ministério e o desejo de um dia governar a raça humana. De acordo com Von Junz, traços do culto podem ser encontrados em K'n-yan, na Pérsia, Babilônia, África Ocidental, no México e Peru. Certos costumes, sobretudo aqueles que evocam a realização de sacrifícios humanos, praticados extensivamente por esses povos, podem ter sido influenciado pelos seguidores de Ghatanathoa. A maioria dessas crenças, entretanto, acabaram sendo absorvidas, sofrendo mudanças e transformações que apagaram quase que inteiramente seu caráter original.


O único lugar da Terra em que o Culto de Ghatanathoa preserva alguns costumes remanescentes é em algumas ilhotas do Oceano Pacífico. A presença do Grande Antigo, sepultado nas profundezas, no interior de Yaddith-Gho parece de alguma maneira afetar seus cultistas de uma maneira semelhante ao "Chamado de Cthulhu", mas com uma amplitude bem menor. Enquanto Cthulhu é capaz de tocar a mente de indivíduos em todo globo, o alcance de Ghatanathoa se limita a alguns quilômetros.

Os cultos devotados a Ghatanathoa são selvagens e primitivos, tão violentos que o primeiro contato com navegadores e exploradores invariavelmente resultou em massacre. Algumas tribos de ilhéus degenerados, vivendo nos arredores de Palau, Kiribati e Tuvalu praticavam até meados do século XVIII rituais ensinados pelos seus ancestrais que remontavam a Mu.

Fisicamente esse povo tinha olhos azuis, cabelos lisos e pele escura sendo totalmente estranhos à luz da antropologia. A maioria desses aborígenes foram extintos em guerras intertribais ou por colonizadores europeus ofendidos pelos seus costumes degradantes. Na Polinésia Francesa (no Pacífico Sul) as autoridades extinguiram os últimos nativos no início do século XX, após rebeliões e assassinatos que aterrorizaram os colonos residentes. Na década de 1920, os poucos representantes desse povo se embrenhou no coração de selvas inóspitas e ilhas desconhecidas desaparecendo quase que por completo. Mas é provável que eles ainda estejam em algum lugar ermo, conduzindo rituais abomináveis para seu Deus Abominável.

Ghatanathoa é conhecido por ser especialmente pavoroso. 


Descrito como uma criatura de proporções colossais, com uma miríade de tentáculos branquicentos e compridos, que se expandem e retraem de uma imensa massa disforme. Nessa superfície esponjosa, recoberta de um lodo esverdeado brotam órgãos sensoriais; globos oculares, fossas auriculares e verdadeiras crateras bucais que na mesma medida que surgem são sistematicamente consumidas, desaparecendo em dobras de material repelente em constante mutação. Essa massa em parte rugosa, em parte escamosa goteja constantemente uma substância insalubre que vaza como bile a partir da sua base para facilitar seu movimento de arrasto.

O Deus primevo é uma monstruosidade tão aviltante para a humanidade que o mais simples vislumbre de sua forma é capaz de fulminar todos que o encaram. A condição é conhecida pelos estudiosos do Mythos como Maldição de Ghatanathoa e incide sobre qualquer um próximo o suficiente para enxergar sua majestosa glória. Os músculos do corpo endurecem por completo, resultando numa paralisia total. Em poucos segundos, carne e tendões se tornam rijos na consistência de couro batido. A vítima se transforma numa estátua medonhamente contorcida, com uma expressão de terror indescritível em sua face transfigurada pela visão apocalíptica.


Mais inquietante é que a "maldição" afeta apenas o lado exterior. O cérebro e os órgãos internos permanecem incólumes: frescos e vivos dentro da casca petrificada, perfeitamente consciente de seu insuportável aprisionamento. Apenas a destruição do cérebro pode por um fim a esse sofrimento. De outra forma, a vítima pode permanecer nesse estado pela eternidade, sem se deteriorar ou realmente morrer ao longo de eras vindouras. Alguns lamas tibetanos conjecturam que essa condição é a mais propícia para um tipo de meditação transcendental que supostamente permitiria comungar com o universo. Uma teoria arriscada de se por à prova já que não se sabe de nenhuma forma de reverter a Maldição de Ghatanathoa. É possível que o lendário manuscrito de T'yog fosse capaz de prevenir seu portador de sofrer dessas mazelas, mas seu paradeiro é desconhecido ainda que alguns sugiram ele estar em algum lugar das Grutas de Postúmia, na Itália.

Dentre os horrores conhecidos ligados aos Mythos de Cthulhu, talvez a Maldição do Vislumbre de Ghatanathoa seja a mais aterradora. O próprio árabe louco, Abdul Alhazred escreveu no Necronomicon seu parecer a respeito dessa condição:

"Morte em vida! Vida sem morte! Para os Antigos a longa existência pode ser algo trivial, mas, para o homem comum, da longevidade não natural, só pode advir a loucura. Ainda mais quando forçado a uma condição petrificada irreversível, tal qual as vítimas da lendária górgona helênica. Não há horror maior do que os eons passando por órbitas vítreas, incapazes de registrar o significado dos séculos e diferenciá-los das horas do dia. Quebrai tais estátuas, pois assim estará demonstrando piedade e misericórdia.".

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4 comentários:

  1. Muito bom, artigo excelente, mas se me permite uma sugestão, no final do texto vcs podiam dizer se a criatura aparece em algum livro ou conto do universo dos mitos. Seria interessante ler a obra.

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  2. Achei incrível o texto, mas por favor, coloca as referências aos contos que leu pra fazer o texto pra podermos ir atrás deles

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    1. assim, além do primeiro que ele apareceu, pra poder ler todos os contos que basearam esse texto fodão

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