sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Criaturas das Profundezas - Usando o Anglerfish como base para monstros


Ah, o Anglerfish

Não é à toa que esse bicho feioso atende pelo nome vulgar de Peixe Diabo.

Faz tempo que esse animal me apavora, ainda que ao mesmo tempo, ele seja fascinante.

É inegavelmente uma das coisas mais medonhas da natureza, mas por algum motivo eu sempre estou interessado em matérias sobre ele. Fotos, vídeos... essa coisa é bizarra demais.

Faz uns anos tive um sonho com um bicho desses que não nadava, mas voava (!!!). Foi um daqueles pesadelos que a gente não faz ideia de onde vem, mas que ficou na minha cabeça por alguns dias.

A ideia era tão medonha que eu cheguei a usá-la em parte, numa aventura de Chamado de Cthulhu e outra de Abismo Infinito

No cenário de Chamado, a criatura não era exatamente um peixe-diabo, mas uma espécie de monstro alienígena que parecia um: inteligente, astuto e ligado ao Mythos de Cthulhu. Seu nome, segundo um estudioso do Mythos era Aquavorax e ele fazia jus, "água voraz". 

O monstrengo nadava nos mares cinzentos de um outro planeta - um planeta sem terra, tomado por mares infindáveis e um firmamento cor de chumbo. Os pobres investigadores eram inadvertidamente transportados através de um portal dimensional para esse mundo e tinham de lidar com o monstro que espreitava a embarcação por eles usada. Foi tenso, para dizer o mínimo...

Já em uma estória de Abismo Infinito com as regras do BRP, o encontro com as malditas criaturas se dava no interior de uma estrutura em forma de pirâmide em um planeta isolado e escuro, muito distante de um sol capaz de iluminá-lo. Os bicharocos eram a forma de vida dominante nesse planeta, se deslocavam através do ar, flutuando lentamente, mas quando preciso, avançavam velozmente e mordiam arrancando pedaços inteiros de suas vítimas com seus dentes pontiagudos. 

Chamados de Ictiovolantis (peixe voador) pelos cripto-biólogos de uma expedição anterior (que teve um triste fim) as criaturas eram simplesmente tenebrosas. O pior é que eles não eram simples animais, meus "peixes-diabos do espaço" eram dotados de inteligência e dispunham de capacidades psíquicas latentes que lhes permitia manipular a mente humana e explorar seus medos mais profundos.

Aqui estão as estatísticas e detalhes sobre essas criaturas medonhas, caso alguém se anime de usá-la em sua mesa de jogo. Percebam que é possível adaptar esse monstrengo para qualquer sistema, bastando trabalhar a ideia central de um ser marinho especialmente maligno e disposta a tudo para atormentar e devorar suas vítimas.

Aquavorax, Raça Independente Maior

"Era algo imenso! Muito maior do que poderiam imaginar. Irrompeu das águas cinzentas como um leviatã, a mandíbula aberta projetando centenas de dentes incrivelmente finos e aguçados, alguns translúcidos como vidro. Os olhos baços e leitosos eram tenebrosos. O fedor nauseante. A criatura avançou na direção da embarcação, mas no último momento mergulhou fazendo-a balançar de um lado para o outro. Ela poderia destruir o barco facilmente como um graveto, mas parecia preferi atormentar a tripulação, antes de mandá-la para as profundezas". 


O Aquavorax é uma raça alienígena que habita mares e oceanos de planetas onde existe vasta concentração de água. Não se sabe ao certo qual o planeta de origem dessas criaturas. Eles possuem a notável capacidade de criar portais através dos quais se transportam de uma uma esfera para outra. A única condição para esse transporte é que o lugar de origem e o local de destino possuam condições específicas - sendo a mais importante um meio aquoso. Não se sabe ao certo como essas criaturas são capazes de empreender esse deslocamento espacial, mas ao que tudo indica trata-se de uma peculiaridade inerente à espécie, presente em todos Aquavorax. Uma vez aberto o portal, a criatura simplesmente desaparece e ressurge em outro ponto, precisando então de algumas horas, ou mesmo dias de descanso para repetir a façanha. O alcance parece ser infinito, os Aquavorax podem se transportar por distâncias incríveis. Considerando que a Terra possui grande parte de sua superfície coberta por oceanos é razoável supor que ela já foi visitada por membros dessa espécie. O fato deles serem conhecidos por estudiosos dos mitos reforça essa suspeita.

Os Aquavorax são obviamente criaturas aquáticas que se assemelham a formas de vida marinhas da Terra. Embora a aparência seja correlata, eles são por todas definições, alienígenas. As criaturas parecem com enormes peixes, guardando semelhança com animais que habitam grandes profundidades, como os lophiiformes, do qual fazem parte os anglerfish. Podendo atingir até 25 metros de comprimento (ou mais segundo alguns teóricos), o Aquavorax é um predador carnívoro que se alimenta de qualquer forma de vida que cruze seu caminho. Ele prefere se fixar em áreas profundas com correntes frias, mas pode se adaptar bem a praticamente qualquer ambiente, desde que haja alimento. A mera presença de uma dessas criaturas pode rapidamente desequilibrar um ecossistema, felizmente eles não se mantém em um único lugar por muito tempo.

A espécie é altamente desenvolvida e possui um coeficiente de inteligência equivalente ao humano. Extremamente curiosos a respeito de outras formas de vida, eles tendem a concentrar sua atenção em outras criaturas inteligentes, embora quase sempre terminem por devorá-las. Os Aquavorax consideram a si mesmos superiores a outras formas de vida e quando sentem alguma ameaça, não demonstram qualquer pudor em eliminá-la.

Os Aquavorax conhecem os Mythos, em particular as divindades marinhas como o Grande Cthulhu. Sua existência é citada apenas no tomo intitulado Chaat Aquadingen, onde eles são identificados pelo nome Aquavorax.

AQUAVORAX, Leviatãs de outras esferas

FORça                   7d6 +12          38-39
CONstituição        6d6 +6            27-28
TAManho             12d6                42-43
INTeligência         3d6                 10-11
PODer                   4d6                 13-14
DEStreza               2d6                   7-8

Pontos de Vida: 36
Bônus de Dano: +5d6

Ataques: Mordida 30%, dano 5d6
                Engolir 50%, dano especial
                Esmagar 60%, dano 1d6 +bônus de dano

Engolir - Em um ataque bem sucedido um Aquavorax pode engolir um humano adulto por inteiro, desde que este esteja na água quando sofre o ataque. Uma vez engolida, a vítima recebe 2d6 pontos de dano por rodada por esmagamento e sucos ácidos do estômago da criatura.

Armadura: 5 pontos de cartilagem resistente.

Feitiços: Aquavorax com INT igual ou maior que 14, podem conhecer pelo menos 3 feitiços.

Sanidade: 1d4/1d20


*     *     *

Ictiovolantis, Raça Independente Menor

"Os homens já haviam percebido que algo sinuoso parecia se mover além do alcance da luz de nossa fogueira. Mas eles preferiam não dizer nada. Haviam visto de relance a forma das criaturas e um brilho amarelado surgindo e sumindo. Ninguém quis ir até lá para verificar e todos se apegavam a esperança de que a luz da fogueira manteria aquelas coisas à distância. Em dado momento, um dos homens se levantou do círculo do acampamento e correu para a escuridão, atraído pelo brilho fosforescente. Nós tentamos segurá-lo, mas antes que pudéssemos agarrá-lo ele já havia se lançado na escuridão, como se tivesse sido engolido pelo negrume. Nós ouvimos os gritos logo em seguida. Um som que eu jamais esquecerei... o ruído desesperador de um homem sendo devorado vivo".


Os Ictiovolantis são uma forma de vida alienígena, possivelmente de origem dimensional citada pelo feiticeiro hiperbóreo Eibon em seu célebre Liber Ivonis (o Livro de Eibon). Não há registros do avistamento de tais criaturas na Terra, contudo através de portais dimensionais ou por viagens dessa natureza, o contato com tais seres é possível.

Supõe-se que eles sejam nativos de um planeta distante no Sistema Estelar de Balbo, um mundo imerso em perpétua escuridão. Os ictiovolantis são conhecidos por outras raças alienígenas, como os Fungos de Yuggoth, que tentaram usar essas criaturas como armas em seus estratagemas de conquista. Ictiovolantis transportados para outros planetas se mostraram difíceis de ser controlados, o que fez os Mi-Go desistirem de sua utilização. É possível que eles tenham introduzido essas perigosas criaturas em diferentes ambientes com resultados variados.

Os Ictiovalantis se assemelham a peixes terrestres, mais especificamente ao peixe-diabo (anglerfish) que habita os mares profundos da Terra. São animais sinuosos, cobertos de escamas negras ou de coloração castanha, medindo algo entre 45 centímetros e um metro de comprimento. A boca é extremamente larga com enormes dentes, afiados como navalhas. Essas criaturas não enxergam, se guiando exclusivamente através de um radar natural que lhes permite registrar campos eletromagnéticos. Fontes luminosas ou fogo os mantém afastados, mas não demora muito tempo até eles se habituarem e perderem o medo da luz. Os ictiovolantis conseguem criar uma espécie de campo nulo de gravidade através do qual flutuam no ar. Para se mover, usam suas barbatanas dorsais como se estivessem nadando no espaço. Carnívoras, essas criaturas são extremamente vorazes, podendo devorar umas às outras se não houver alimento disponível. Seu comportamento agressivo e territorial se assemelha ao das moreias.

Uma peculiaridade a respeito do Ictiovolantis é que a nadadeira frontal que se projeta em sua face emite um brilho amarelado fosforescente que afeta a mente das suas presas. O brilho pode ser visto à distância e ocasiona uma espécie de hipnose ou torpor mental que força a vítima a se aproximar inconsciente de qualquer perigo. Os Ictiovolantis esperam pacientemente até uma presa chegar perto e então se lançam sobre ela em um frenesi assassino no qual despedaçam a vítima com seus dentes afiados.

ICTIOVOLANTIS, carnívoros insaciáveis

FORça                  1d6+6               10
CONstituição        2d6+3              10
TAManho             1d6+3              7-8
INTeligência         1d6                  3-4
PODer                   2d6                  7-8
DEStreza               2d6+3              10-11

Pontos de Vida: 9
Bônus de Dano: +0

Ataques: Mordida 55%, dano 2d3

Brilho Hipnótico - O Ictiovolantis é capaz de hipnotizar sua presa com o brilho de sua barbatana frontal. Qualquer pessoa que vê esse brilho a uma distância de pelo menos 15 metros precisa realizar um teste na Tabela de Resistência contra o atributo PODER da criatura. Uma falha faz com que a vítima seja compelida a caminhar na direção da luz, sem registrar qualquer ameaça. Passando no teste, a vítima fica imune a essa influência por uma hora. Se alguém afetado for contido e forçado a romper o transe (com um tapa no rosto, por exemplo) ele desperta sem lembrar da influência hipnótica sofrida. Uma vez atacada, o transe se rompe naturalmente, mas a vítima é incapaz de agir na primeira rodada após o ataque, considerado para todos os efeitos, um ataque de surpresa.

Armadura: 1 ponto de cartilagem rígida

Feitiços: Nenhum

Sanidade: 1/1d4+1

2 comentários:

  1. Excelente post, Luciano!

    Só para não perder a viagem... Sou um daqueles que ouvem os comentários dos filmes, e ao ver "Procurando Nemo", tinha um comentário que os produtores ficaram receosos de realmente colocarem o peixe-diabo com toda aquela aparência tenebrosa, pensaram que iria assustar as crianças, coisa e tal... Ao fazerem um teste com uma audiência infantil, ouviram de um deles: "Não mudem o peixe-diabo! Ele faz parte do filme!". Concordo em tudo! Sem o jeito terrível dele, não haveria filme...

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  2. Achei muito legal esse monstro! A propósito, a reprodução sexual do anglerfish é a coisa mais bizarra que eu já vi. O macho, muito menor do que a fêmea, morde a lateral do corpo dela e fica ali, grudado, se alimentando de sangue. Depois, sua boca se funde à pele escamosa da fêmea e todos os seus órgãos se atrofiam, exceto os órgãos sexuais. E assim ele passa a ser quase um parasita que se alimenta do hospedeiro, mas oferece uma contrapartida, que é fornecer esperma para a fecundação dos ovos. Ou talvez seja mais apropriado dizer que o macho se converte num órgão a mais do corpo da fêmea, fazendo dela quase que um hermafrodita. Muito estranho!

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