terça-feira, 6 de dezembro de 2016

RPG do Mês - Precisamos falar de 7o Mar


Rapaz, eu já joguei muita coisa em mais de duas décadas de RPG.

Não estou dizendo isso para me gabar, mas eu realmente gosto desse tal "jogo de interpretação" e adoro experimentar as novidades que ele oferece. Sinceramente, acho que já joguei um pouco de tudo, mas é claro, tem aqueles jogos que marcam e que ficam na nossa memória. Sessões bacanas na companhia de amigos, mesas animadas com excelentes histórias, aquela partida especialmente divertida, aquele jogo incrivelmente empolgante.

Tudo isso fica para sempre e com certeza, não sou só eu!

Todo mestre ou jogador de RPG lembra com carinho de um jogo em especial. De uma mesa que deixou saudades. Daquele personagem construído com carinho e dedicação. Daquela ambientação que ganhou um espaço em seu coração. Em alguns casos, pode até ser um RPG que você jogou relativamente pouco, mas que, por algum motivo, ocupa um lugar nostálgico em suas memórias.

É claro, eu tenho os meus jogos favoritos. Existe uma variedade incrível de ambientações antigas e de novos jogos simplesmente fantásticos. O melhor é que eles surgem a todo momento! Não acho exagero dizer que vivemos uma Era de Ouro no RPG, onde ao mesmo tempo que aparecem novidades; clássicos, são reeditados com uma nova roupagem e uma diferente abordagem para atrair os jogadores.


Esse é o caso de 7th Sea, um jogo clássico, publicado originalmente no final dos anos 1990 pela extinta Editora Alderac (AEG) e trazido de volta sob a batuta do mesmo autor, John Wick, que esteve recentemente aqui no Brasil como convidado especial no Diversão Off-Line em Setembro último. Wick é um daqueles caras conhecidos no meio do RPG. Admirado pela sua simpatia e pelo notável estilo narrativo, ele escreveu outro RPG que arregimenta uma legião de fãs: Lenda dos Cinco Anéis.

No ano passado, Wick lançou uma Segunda Edição de 7th Sea no formato de um Financiamento Coletivo. O sucesso desse Financiamento foi nada menos do que estrondoso. Rapidamente, ele se converteu no maior Financiamento de um RPG até hoje, com quase um milhão e meio de dólares arrecadados e um tsunami de mais de 11 mil apoiadores.

Agora, 7th Sea, está prestes a atingir as terras do Brasil (poderíamos até dizer, "desembarcar"). A Editora New Order é a responsável pela empreitada e por intermédio de um Financiamento Coletivo este fantástico jogo deverá sair em nosso idioma para alegria dos fãs.

A Primeira Edição de 7th Sea quando havia um Livro do Jogador e um do Mestre
Minha expectativa com a segunda edição de 7th Sea era grande desde que ouvi os primeiros boatos a respeito de sua nova encarnação. Não é exagero dizer que eu amava intensamente a primeira edição e para provar, tenho praticamente todos os livros lançados pela Alderac na minha estante. Lá pelo final de 1990, quando conheci o jogo, ele se tornou rapidamente um dos meus favoritos - e por tabela um dos favoritos da minha esposa - "Chicks dig, 7th Sea" disse o autor quando comentei que minha esposa adorava o jogo.

7th Sea é uma mistura incrível de elementos que eu simplesmente adoro: capa e espada, esgrima, pirataria, heróis malandros, vilões cruéis, intriga palaciana, batalhas navais e o perfeito clima de aventura e excitação saído das sessões da tarde, com uma pitada dos clássicos em technicolor como Os Três Mosqueteiros, As Aventuras de Zorro, Pimpinela Escarlate e A Ilha do Tesouro. Alguns vão citar Piratas do Caribe, mas o lançamento da primeira edição é anterior ao filme da Disney, responsável por renovar o interesse de todos no gênero.

Ironicamente, eu joguei poucas sessões de 7th Sea, encarnando o audaz esgrimista de Castille Rodrigo Avillar de Avelaneda Ibañes em uma mesa animada mas que estava fadada a afundar em águas profundas. Participei também de um fantástico Live Action de 7th Sea, verdadeira super-produção com direito a um belo figurino e ótimo roteiro, ocorrido lá pelos idos de 1999.

Live Action de 7th Sea
Entretanto, foi como narrador que eu me aprofundei no jogo e emplaquei uma Campanha que durou pelo menos uma dúzia de aventuras. Eu gostava tanto da ambientação que cheguei a produzir um mapa gigantesco do Continente de Théah, o Mundo onde se passam as aventuras de 7th Sea. Quando Wick esteve aqui, pedi que ele assinasse a co-autoria do Mapa, na qualidade de cartógrafo, usando o alter-ego do "Capitão Juan Quick", o que ele fez muito gentilmente. Minha campanha envolvia viajar pelos mares, desvendar segredos, explorar ilhas perdidas e é claro, encontrar um tesouro monumental através de pistas espalhadas pelo mundo e escritas no mapa.

Foi divertido, embora a campanha não tenha chegado ao final planejado.

John Wick no Diversão Off-Line no Rio de Janeiro
Depois disso, 7th Sea entrou em um longo hiato e os livros ficaram fechados na estante. A Alderac até tentou uma adaptação para o Sistema D20 em uma mal fadada série de lançamentos para capitalizar em cima do open-game license da Wizards of the Coast. Eu não entrei nessa, preferia andar na prancha! Para mim, o encanto do jogo era o sistema próprio que valorizava o drama, o romance, a ação e a excitação. O D20, simplesmente não parecia adequado e não se encaixava nesse contexto. Ao que parece eu não fui o único que abandonou o barco. Mas esse não foi o capítulo final de 7th Sea.

Erguendo a Jolly Roger ao lado do Capitão em pessoa!

O cartaz de "Procura-se" do famigerado Capitão Quick
Quando, lá atrás, no início de 2015, começaram a circular boatos de que John Wick iria relançar 7th Sea eu fiquei curioso. Ao mesmo tempo em que estava animado, eu sentia aquele arrepio na espinha, causado pelo temor de que de alguma maneira a nova versão pudesse desvirtuar da ambientação clássica que eu tanto amava. Como ficariam as Nações de Théah? Como seriam as Novas regras? Será que haveria muitas mudanças na História? E quanto ao nefasto metaplot de civilizações ancestrais não-humanas que quase arruinaram a ambientação? Elas continuariam existindo? Seriam ignorados? E o vilanesco Vilanova? O cruel Capitão Pirata Reis? E quanto ao heroico Allende e a nobre Rainha Elaine? E o maquiavélico Rei Leon de Montaigne continuaria manipulando a política mundial? O que aconteceria com eles todos?

Bom, tive que esperar um bom tempo até conseguir colocar minhas mãos em uma cópia e conferir em pessoa. Aliás, agradeço ao pessoal da New Order que me confiou uma versão em PDF do livro para escrever essa resenha. Minha ideia com esse texto é primeiro apresentar a ambientação, falar de seus principais pontos, da trama e como é uma típica aventura de 7th Sea. Em seguida, falar das novas regras, focando nas novidades e no que foi alterado em relação à primeira edição. Finalmente, fazer uma análise criteriosa do livro em si, do material e de todos elementos que tornam esse jogo e consequentemente o Financiamento dele algo imperdível.

Mas já aviso: Espere muitas frases de duplo sentido e gíria náutica, tenha em mente ainda que 7th Sea pede por muito mais do que algumas linhas, portanto vai ser um texto longo.

Podemos começar? Então vamos lá, seus ratos do mar com escorbuto! Limpem o tombadilho! Tracem o curso!

Continua e vamos começar falando da Ambientação!


Ah sim! Nesse exato dia em que essa "introdução da resenha" entra no ar, anuncio que 7th Sea, ou melhor 7o Mar como será conhecido aqui, ACABA DE BATER A META do FINANCIAMENTO COLETIVO.

Então, ainda não participou? Dê uma olhada aqui:

7o Mar - Financiamento no Catarse

2 comentários:

  1. Olá, tive o prazer de conhecer o site com um amigo meu que me indicou o RPG de cthulhu, normalmente sou o mestre do grupo. Sei que já foram postados no site recursos e cenários para os guardiões, não pude pegar pois não conhecia o site, mas se não for incômodo, poderia me mandar alguns desses arquivos para esse e-mail: marcioaraujo.roberto@hotmail.com

    O site é de ótima qualidade! Desde já, obrigado.

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  2. Fiquei na espera do 7h Sea depois de bater um papo com o John Wick no Diversão Offline. O cara é muito bacana, com ótimas ideias e mesmo com a birra de que D&D não é RPG. Espero que em outro momento ele possa voltar e compartilhar essas histórias com vento salgado no rosto queimado pelo sol nos 7 mares.

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