Arqueólogos mexicanos descobriram um templo subterrâneo que acredita-se ter sido dedicado ao Deus Asteca Ehécatl-Quetzalcóatl. O templo foi encontrado enterrado exatamente abaixo de um supermercado que estava sendo demolido para a construção de um shopping center.
As ruínas consistem de uma plataforma piramidal com 11 metros de base e paredes de pedra ainda de pé, medindo aproximadamente 1,20 m. A parte superior da pirâmide foi destruída, mas provavelmente media algo em torno de 15 metros de altura e era acessada por uma plataforma ou rampa. O piso ainda está em boas condições, embora as paredes tenham sido abaladas pelo uso de bate-estacas.
Pesquisadores ficaram surpresos com uma descoberta tão significativa em um lugar abaixo de uma área urbana tão movimentada.
A escavação do sítio paralisou de imediato todas as obras e trouxe ao local especialistas do Instituto Nacional Mexicano de Antropologia e História que acreditam que o templo tenha algo em torno de 650 anos de idade. Uma análise da arquitetura revelou que o templo parece ter sido completado em estágios, sendo que o mais antigo remonta a meados de 1400, pouco antes do início da colonização européia.
Essa nova descoberta foi feita a apenas 100 metros de distância do Sítio Arqueológico de Tlatelolco, um local onde foram desenterradas várias ruínas pré-Colombianas. É possível que o local tenha sido um dos últimos baluartes de resistência da Civilização Asteca diante da invasão dos espanhóis. O Grande Conquistador Hernan Cortês teria mencionado em uma carta a existência deste complexo, considerado por ele um local que precisava ser tomado para que a resistência asteca se encerrasse.
A responsável pelo sítio de Tlatelolco, Edwina Villegas, revelou alguns detalhes sobre a descoberta. Segundo ela, o templo é dedicado a Ehecatl, o Deus dos Ventos da Cultura Asteca.
Ehecatl é considerado como uma das manifestações de Quetzalcóatl, a Serpente emplumada, tomando o nome de Ehécatl-Quetzalcoatl, representando o aspecto mais temível e ameaçador dessa divindade. Ele é considerado um dos deuses principais envolvido diretamente no Mito da Criação do Mundo.
Segundo o mito, o Deus era o responsável por mover o Sol no firmamento, por criar as nuvens que cobrem a abóboda celeste e por permitir a chuva. Também era um Deus da Ira, responsável por gerar tempestades, ciclones e ventanias que assolavam os vales causando destruição. O uivo do vento era considerado seu brado e quando ele soprava furioso, os nativos se encolhiam aterrorizados, pois era como se pudessem ouvir a voz de uma divindade. Sua fúria era temida e dificilmente aplacada. Quando ventos fortes sopravam, os sacerdotes observavam o céu em busca de formas e cores nas nuvens para interpretar qual a vontade do Deus. Ehecatl também era um dos Senhores da Transformação, criador da água necessária para o surgimento da vida seja de plantas, animais e homens. Era ele quem permitia a chuva e quem decidia quando as estações mudavam.
Apesar de sua importância para a vida, ele era considerado um Deus caprichoso e vingativo.
Quando Ehecatl se encontrava especialmente acometido pela cólera, apenas sacrifícios podiam acalmá-lo. Os Sacerdotes demandavam oferendas consideráveis na forma de milho, alimentos e bebida que eram lançados em fossos abaixo dos templos ou espalhados ao vento do alto de estruturas elevadas. Por vezes, apenas sacrifícios de sangue podiam acalmar o Deus e fazer com que os ventos diminuíssem. Animais eram um sacrifício comum, mas durante os festivais sagrados ou quando grandes tempestades persistiam, sacrifícios humanos ocorriam em altares no topo das pirâmides. Crianças e mulheres eram as vítimas preferenciais, estas eram dopadas com bebidas alucinógenas e estripadas pelo alto-sacerdote usando facas de sílex. Os corpos eram a seguir lançados do alto da pirâmide ou nas profundezas dos fossos onde desapareciam para sempre. Se os rituais fossem realizados com o intuito de aplacar uma tempestade ou conter inundações, sacrifícios poderiam ocorrer diariamente até surgir um aparente resultado.
Frequentemente, Ehecatl era representado como um homem vestindo uma máscara bucal de cor vermelha escarlate, como um estranho bico e uma touca em forma de cone na cabeça. Os adereços eram também utilizados pelos sacerdotes que o empregavam ritualisticamente, usando-o para molhar a ponta da máscara no sangue dos sacrifícios, simbolizando que o Deus estava se alimentando através do seu séquito. Durante os ritos, os sacerdotes recebiam substâncias alucinógenas que os forçavam a um transe no qual alegavam "ver" Ehecatl surgindo em forma etérea como um vento mágico. Por vezes, o transe era tamanho que os sacerdotes saltavam para a morte, acreditando que se lançando dessa forma teriam o espírito colhido nas mãos do Deus, enquanto seus corpos vazios se esborrachavam no solo.
Villegas revelou ainda que os arqueólogos encontraram uma cesta de vime contendo o esqueleto de um recém nascido junto com ossos, penas e bicos de pássaros (animais conectados com o Deus do ar), espinhos, incenso e peças de obsidiana e cerâmica. Os objetos possuem ligação ritualística e eram usados para representar a presença do Deus em seus templos.
Escavações revelaram ainda oito esqueletos: seis crianças, uma mulher adulta e um homem adulto espalhados pelo terreno. Ainda é cedo para dizer se eles foram vítimas de sacrifícios, mas uma vez que a prática era extremamente comum na sociedade Asteca tudo indica que os ossos foram dispostos em localizações chave como forma de consagrar o templo. Para que um templo fosse "digno" de receber os rituais sagrados os sacerdotes conduziam um festival de sacrifícios sangrentos. Por vezes, algumas famílias ofereciam crianças como sacrifício - uma grande honra, mas em outras ocasiões, os sacerdotes andavam pelas ruas apontando aqueles que deveriam morrer.
Especialistas estimam que até 100,000 pessoas foram sacrificadas a cada ano, no período de apogeu da Civilização Asteca, embora estas estimativas possam variar e evidências concretas permaneçam escassas.
A descoberta do Templo do Deus do Vento revela um pouco mais a respeito das tradições, costumes e mistérios que cercam a Civilização Asteca.
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Há algo nas Culturas Meso-Americanas pré-colombianas que causa uma estranha aura de medo e temor e chega a ferir nossas sensibilidades.
Ao mesmo tempo que elas são indiscutivelmente fascinantes com todo progresso, ciência e conhecimento acumulado, muitos de seus costumes, sobretudo aqueles envolvendo sacrifício, morte e adoração divina soam perturbadores para nossa noção de civilização. Ainda assim, para aqueles povos, o dia a dia era pontuado por esse misticismo e pela crença na presença constante dos deuses em cada aspecto de sua existência.
Não era uma questão de "se os deuses estiverem vendo".
Os deuses SEMPRE estavam vendo!
Os deuses SEMPRE estavam vendo!
Alguém já disse: "Mitologia é o nome que damos a religião dos outros povos".
Para os Astecas não se tratava de Mito, mas sim de realidade e viver sob a influência dos deuses devia ser na mesma medida incrível e assustador.
Realmente a cultura asteca era muito assustadora... As civilizações vizinhas, que viviam sob o jugo dos astecas e eram obrigadas a conviver com esta "sede inaplacável" dos deuses astecas, com certeza sofriam muito! Não à toa houve tribos que se aliaram aos conquistadores espanhóis
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