terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Mau Presságio - Um desastre iminente estaria à caminho do Japão


Os japoneses temem a chegada iminente de um desastre natural depois de terem sido encontrados nos últimos dez dias, na baía de Toyama, três peixes de águas profundas e cuja presença na costa é encarada como prenúncio de terremotos e tsunamis.

De acordo com jornais locais, dois destes três peixes foram encontrados na mesma costa, enquanto o terceiro espécime, que media mais de quatro metros de comprimento, ficou preso numa rede de pesca no porto de Imizu.

Os animais típicos de grande profundidade possuem longos corpos em tons de prata e barbatanas vermelhas, são raramente vistos na superfície, embora a lenda indique que o peixe-remo – conhecido no Japão como o “mensageiro do palácio do Deus do Mar” – sobe à superfície de tempos em tempos. Ele seria uma espécie de arauto de maus presságios, com a função de anunciar catástrofes e dificuldades vindas do mar. 


A origem dessa crença decorre de uma lenda muito antiga cuja origem se mistura com mitos.

Segundo ela, no passado longínquo, pescadores teriam encontrado o filho preferido do Deus do Mar na forma de um peixe-remo. Ele ficou preso em recifes e agonizava a medida que a maré baixava. Os homens do mar o salvaram e o devolveram ao mar. Como recompensa, o Deus, agradecido, prometeu enviar um mensageiro sempre que houvesse um desastre iminente.

Esta não é obviamente a primeira vez que esta espécie de peixe aparece no litoral japonês.




Em 1896 o Terremoto de Meiji-Sanriku causou devastação e a morte de 22 mil pessoas. Poucas semanas antes do tremor, 14 peixes-remo teriam sido avistados em praias na região. Em 1933, outro Terremoto em Sanriku destruiu milhares de casas e provocou 3 mil mortes. Dias antes, peixes-remo foram encontrados o que desencadeou grande comoção e demonstrações de desespero. Mais recentemente, antes do Grande Terremoto que atingiu o Japão em 2011, cerca de 20 peixes-remo foram encontrados nas praias da região de Tohoku. Naquela ocasião, o tremor de 9,0 na escala Richter - o maior da história do país, acabou por originar um tsunami que vitimou 29.000 mil pessoas. 

Os cientistas não chegaram ainda a um consenso a respeito deste mau presságio. Alguns especialistas defendem que não há uma ligação definitiva e direta entre o aparecimento dos peixes e terremotos, enquanto outros admitem que é possível que estas espécies sintam a chegada de desastres naturais que os obrigam a buscar a superfície.

Kiyoshi Wadatsumi, sismólogo chinês, afirma que os peixes de águas profundas são criaturas “muito sensíveis a movimentos irregulares” oriundos do fundo do mar. E, por este motivo, sustenta que é possível que o aparecimento destes animais esteja associado à um tremor submarino.


“Não há nenhuma evidência científica para a teoria de que os peixes-remos estejam associados a grandes terramotos, mas não podemos negar essa possibilidade“, considerou Kazusa Saiba, diretor do Uozu Aquarium, no Japão, em declarações à CNN.

A espécie, também conhecida como "serpente marinha" também foi encontrada na costa de outras regiões, como na Califórnia, nos Estados Unidos e no México, curiosamente ambas as regiões propensas a abalos sísmicos.

Não são apenas os japoneses que associam o aparecimento de determinadas espécies marinhas em alto mar a presságios de desastres naturais. Em 2018, uma criatura de grandes dimensões apareceu sem vida em uma praia das Filipinas, levando alguns locais a acreditar na chegada do Apocalipse. O animal em questão era uma Lula Gigante bastante rara. Segundo crenças de pescadores filipinos, o surgimento destes animais são sinal de má sorte e desgraça.

*     *     *

Sempre que me deparo com notícias assim, me recordo que conhecemos muito pouco a respeito das profundezas do mar. É irônico que saibamos mais a respeito de outros planetas do que a respeito do que existe nas profundezas insondáveis do planeta que tratamos como "nosso".

O que habita as profundezas? O que existe muito abaixo da superfície? Quantos mistérios ainda temos a descobrir nos abismos insondáveis?

Talvez, para o nosso próprio bem, seja melhor não saber...

4 comentários: