terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

True Detective: Recap do Episódio 7: "Alguém tem que lembrar"


Durante sua entrevista para o programa True Crime, concedida para a produtora Elisa Montgomery no episódio dessa semana, Wayne Hays faz duas declarações, sendo que apenas uma pode ser verdadeira. Pressionado a responder se ele foi de alguma forma obrigado a tomar "conclusões apressadas" quanto ao Caso Purcell, ele diz "Você apenas faz o possível e aprende a viver com a ambiguidade".

Para quem está assistindo, sabe que isso é bobagem! Se tem uma coisa que Hays não aprendeu a superar em sua vida é a ambiguidade. Para ele, o caso continua incomodando como uma ferida que o detetive não pode coçar.

De todas as declarações dele no curso da entrevista, esta talvez seja a maior das suas mentiras, entregue de forma hesitante e cuidadosa. Elisa mostra a seguir um trecho da entrevista do Promotor Geral Kindt, filmada em 1990 na qual a culpa primeiramente reputada a Woodard é jogada nas costas de Tom Purcell. A entrevistadora pergunta se Hays ficou satisfeito com essa conclusão. "Não" é sua resposta seca. "Mas de qualquer maneira, eu nunca fiquei satisfeito com nada nesse caso". E aqui ele parece estar falando a verdade.


Essas palavras definem a alma atormentada do Detetive Wayne Hays, um homem assombrado por uma verdade que teima em escapar de suas mãos, escorre pelos seus dedos e persiste em atormentá-lo por boa parte da sua existência. Ele sabe que há uma conspiração, sabe que o caso envolve pessoas poderosas e algum tipo de trama sórdida... mas ele não sabe como provar. É a frustração de quem sabe a resposta para um enigma, mas não consegue explicar como chegar até ela.

No episódio 7, o drama familiar e a investigação profissional parecem convergir para um mesmo ponto e o Caso Purcell produz danos devastadores na vida de Hays. Como aconteceu com todos que se aproximaram demais da verdade, ele também atraiu a atenção dos responsáveis pelo crime.

Logo no início do episódio descobrimos o destino de Tom Purcell, encontrado morto na torre de observação de Devil´s Den, local em que seus filhos foram vistos pela última vez. Tom teria se suicidado com um tiro na cabeça e deixado um muitíssimo suspeito bilhete datilografado (a versão anos 90 do meme "é real esse bilhete"). Pobre Tom, morto logo depois de ter descoberto o misterioso Quarto Rosa na mansão Hoyt. Me pergunto o que ele pode ter visto lá dentro? Será que por um instante ele teve um vislumbre da solução do caso? 

Seu assassino foi o ex-policial, transformado em chefe de segurança Harris James. Mais uma vez a morte de uma pessoa próxima do caso é usada para criar um bode expiatório e Tom acaba sendo considerado o responsável pelos crimes.


A outra testemunha em potencial que sabia a verdade sobre o envolvimento do todo poderoso Hoyt na história, Dan O'Brian (o primo Dan) também desaparece. Sabemos que seu cadáver foi encontrado posteriormente em uma pedreira, mas não quem o matou. Se foi Tom que o eliminou teria dado tempo de se livrar do cadáver? Também é possível que Harris tenha sido o responsável pela morte. Talvez ele tenha extraído a verdade de Tom depois de derrubá-lo. Fato é que Dan desapareceu do quarto de hotel barato onde estava hospedado, deixando para trás seus pertences e o carro. Segue a queima de arquivo!

Um dos aspectos interessantes na personalidade de Hays em 2015 é que o passado parece ao mesmo tempo absurdamente inacessível e incrivelmente próximo. A condição de Wayne faz com que esse sentimento se torne ainda mais intenso, quando seu eu no passado observa o vazio, sentindo a presença de seu eu futuro. Essas são cenas assustadoras e vou achar o máximo se em algum momento Wayne encontrar suas versões antigas para uma troca de ideias.

De volta a 1990, quando os detetives recebem ordens de abandonar o caso e seguir em frente. Cabe então à Amelia prosseguir em suas investigações para o livro. Ela resolve entrevistar uma amiga próxima de Lucy Purcell depois de ser surpreendida pelo homem negro de um olho no episódio anterior. A amiga não se recorda de Lucy na companhia de um homem com aquela descrição, mas ela encontra uma velha fotografia de Halloween na qual aparecem no fundo uma dupla de "fantasmas". Embora a face deles permaneça oculta, as mãos indicam que se trata de um homem negro e uma mulher branca, o casal que nos anos 1980 seguia as crianças antes do crime. Será que Lucy é a mulher branca? E quem seria o homem negro?


Avançamos para 2015 onde encontramos algumas respostas para essas questões. 

Elisa menciona o nome "Watts" que poderia ser o sobrenome do homem negro de um olho só. Já uma entrevista com uma ex-empregada da casa dos Hoyt revela outro nome: "Mr. June". June seria um sujeito pouco simpático que morava na casa principal e que tinha acesso a uma área subterrânea da propriedade, onde os demais empregados não tinham permissão de ir. Presumivelmente esse seria o Quarto Rosa onde Tom morreu.

A mulher finalmente fornece algumas pistas muito bem vindas a respeito da Família Hoyt. Ela conta a respeito da "Senhora Isabel", filha de Hoyt que perdeu o marido e a filha num acidente de carro em 1977. Depois da tragédia Isabel se tornou uma reclusa: "Essa Família não tinha sorte. Exceto nos negócios" ela conclui. Até que ponto essa filha de Hoyt, Isabel, poderia estar envolvida nessa história? Seria ela a mulher que andava por aí na companhia de Mr. June? Será que ela estava buscando por uma criança que pudesse substituir a sua filha morta em uma tragédia? Esse acidente parece ter enorme importância na trama, uma que ainda não ficou clara, mas eu não ficaria surpreso ao descobrir que Julie é neta de Hoyt. Uma criança ilegítima, quem sabe... Nesse caso o sequestro teria ocorrido para "devolver" a Isabel a sua filha perdida?


Finalmente na sequência mais tensa da noite, acompanhamos os detetives Hays e West em 1990 planejando a captura de Harris James. Rolland está obviamente relutante em participar da ação, mas Hays o manipula habilmente, lembrando a ele que Tom foi incriminado e que James pode ser a chave para limpar seu nome. Eles abordam o sujeito em uma estrada, o capturam e levam até um casebre abandonado onde o segurança recebe um "carinho" dos detetives para confessar sua participação na conspiração. 

Durante o interrogatório, conduzido com luvas de couro, James tenta escapar e pegar a arma de Wayne. Não resta outra opção à Roland senão atirar e matar o sujeito. Com a morte de Harris James, lá se vai uma das últimas testemunhas dos acontecimentos, uma que poderia abrir o bico e revelar a verdade. De certa forma, matando James, os detetives fizeram um favor a Hoyt. 


E por falar em Hoyt. Na manhã seguinte à morte de Harris James, Wayne recebe um telefonema do próprio todo-poderoso magnata dos abatedouros, o misterioso Sr. Hoyt. Diante do tom ameaçador do sujeito que cita o nome de Amelia e das crianças, fica claro que a conversa vai envolver pressão e ameaça, portanto, não resta muito a fazer, senão entrar num carro que aguarda do lado de fora. Antes de se despedir da esposa, Hays pede que Amelia confie nele "uma última vez", com o que ela concorda um tanto incerta. Nós sabemos que Wayne sobrevive a esse encontro já que ele está vivo em 2015, mas seja lá o que acontece nessa reunião, o caso permanecerá sem solução pelas décadas seguintes. 

Pistas e Indícios:

• Logo no início do episódio temos uma cena curiosa na qual somos apresentados a Rebecca Hays já adulta, prestes a ir para a faculdade. Isso deve ter lugar no final da década de 1990 e início de 2000. Nós sabíamos que Rebecca havia deixado o Arkansas, mas até aqui não sabíamos o que tinha acontecido com ela. Pai e filha parecem ter um bom relacionamento, mas tudo indica que eles tenham se distanciado pouco depois. O que causou isso? E onde ela está agora? Essa é outra questão que o episódio final precisa resolver.

• Será que Elisa Montgomery sabe a solução do caso? Ela sugere que as crianças Purcell teriam sido vítimas de uma Rede de Traficantes de crianças que atua no sul dos Estados Unidos, negociando menores para Círculos de Prostituição e Pedofilia. É possível que Lucy e o primo Dan tenham intermediado a venda de Julie e que Will morreu acidentalmente. Em seguida Elisa comenta a respeito da espiral que seria um símbolo usado por essa rede de criminosos, o que nos leva a um momento WOW da noite...

• A tal Rede de Traficantes teria ligação com outro caso ocorrido na Louisiana envolvendo dois detetives que resolveram um caso recentemente. Hays comenta inclusive ter ouvido falar do incidente! Claro que ela está se referindo ao caso do Rei Amarelo resolvido por Rust Cohle e Martin Hart. Para deixar isso bem claro, a entrevistadora mostra em seu laptop uma manchete a respeito do caso. Já sabíamos que as temporadas de True Detective se passavam no mesmo universo, mas não havia certeza de que os casos poderiam convergir para um ponto em comum. É possível que os Hoyt sejam outra família decadente, tradicional e poderosa, envolvida com sequestros de crianças. Será que também estão metidos com o sobrenatural? Teremos alguma menção ao Rei Amarelo? Provavelmente não, mas à essa altura, quem sabe?


• Elisa também faz referência a um "Caso no Nebraska". Esse caso misterioso também teria relação com o mesmo Círculo de Prostituição Infantil e Pedofilia que alimenta as Famílias poderosas do sul. Será que estamos vendo as bases para uma temporada 4 se desenhando? Uma história centrada em Nebraska poderia ser no mínimo... diferente. 

• Quem diabos estaria promovendo essa entrevista e as investigações conduzidas pelo True Crime? Sabemos que Elisa Montgomery é a produtora do programa, mas quem estaria patrocinando tudo isso e com qual objetivo? Me parece que essa entrevista não visa apenas a criação de um simples documentário, a coisa parece muito mais importante. Eles realizaram pesquisas, entrevistaram pessoas, pediram análise de laudo por especialistas. Aqui tem truta!

• O livro de Amelia é mencionado como uma versão moderna de "À Queima Roupa" de Truman Capote, uma investigação a respeito de um crime e suas repercussões nas mais variadas esferas. Quando ela menciona a Hays ainda nos anos 1980 que pensa em escrever um artigo ou ensaio a respeito do caso, é irônico que seja exatamente ele quem lhe dá força para ir adiante. Vou te dizer, depois dessa série, deu vontade de ler "À Queima Roupa" novamente.  


• O nome "Sr. June" me deixa um tanto incomodado. Julie usava o apelido "Mary July" quando fugiu do Quarto Rosa em 1990 e passou a viver nas ruas, uma "princesa" fugitiva de um "castelo cor de rosa". June (Junho) e July (Julho), pode ser uma pista?

• Toda essa trama a respeito de uma "trágica e reclusiva herdeira que perdeu o marido e filha em um acidente" pode indicar que o caso vai ter uma nova guinada. Está claro que os Hoyt estão envolvidos na conspiração até o pescoço, mas ainda não sabemos as suas razões.

• O que sabemos e já foi confirmado nos créditos dessa semana é a participação de Michael Hooker como o Sr. Hoyt. Hooker é um daqueles atores com presença onipresente, em geral no papel de vilão. Não é por acaso que a produção de True Detective se desdobrou para manter em segredo a sua participação na trama, mas ela vazou semana passada. A bem da verdade, na imagem que vimos na sala de Harris James, era possível ver uma fotografia do segurança ao lado de Hoyt numa caçada. ãs atentos descobriram que se tratava de Hooker e quando compartilharam a informação a internet pegou fogo. O fato do personagem ter ficado com Michael Hooker é sinal de que a participação de Hoyt no episódio final será nada menos do que essencial.


Semana que vem chegamos ao fim da jornada.

Ansioso para saber como isso termina.

4 comentários:

  1. Espero que essa semana passe o mais rápido possível.

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  2. Já me parece claro que Amélia continuou investigando e foi morta por isso. Talvez a editora (ou conglomerado dono dela) esteja querendo finalizar uma obra inacabada e patrocina a investigação.

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  3. Me pergunto se nesse último episódio eles vão finalmente revelar qual o papel da Maçonaria nessa temporada. Desde que vi o anel do Roland e percebi que uma das cenas da abertura da temporada mostra uma Loja Maçônica, fico me perguntando que tipo de coisa vai rolar ali.

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