por M.R. Terci
Apita o árbitro! Final do primeiro tempo!
Bem amigos do Mundo Tentacular, em matéria de cinema, estamos levando de goleada dos Argentinos. Mas isso não é novidade. Historicamente, o cinema argentino é o mais desenvolvido da América Latina. Desde a década de 1970, a produção cinematográfica argentina, apoiada pelo Estado e executada através de trabalho sério, converteu-se em uma das principais do idioma castelhano. Em conjunto eles – roteiristas, diretores, compositores, atores, entre outros trabalhadores do segmento –, têm colhido frutos. Não é por menos que os hermanos já foram indicados 19 vezes ao Oscar; 07 como Melhor Filme Estrangeiro, 11 vezes com filmes icônicos que tinham diretores, compositores e roteiristas argentinos e 01 como melhor roteiro original com Birdman (2014) escrito por Nicolás Giacobone. Gustavo Santaolalla, musico e compositor argentino, ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora por Brokeback Mountain (2005) e Babel (2006). Lalo Schifrin compositor e pianista argentino, entre outros sucessos, teve indicado ao Oscar a trilha sonora de Voyage of the Damned (1977) e The Amytiville Horror (1980). Assim, o cinema argentino já nos brindou com grande diversidade de filmes e temáticas. São muitos os exemplos de boas ideias argentinas utilizadas em prol da sétima arte, excelentes produções, frutos de seu tempo, filmes que sempre dialogam com o contexto em que foram realizados.
No cinema do horror não poderia ser diferente, os argentinos já mostraram que têm grandes talentos para trabalhar e, por que não dizer, revolucionar o gênero. Mas faltava aquele longa metragem que arrebatasse a arquibancada.
O árbitro autorizou o início da partida e tem jogador novo em campo.
Demián Rugna está com a bola. O camisa 10 tem no currículo vários curtas e dois longas, "Maldito Sean!" e "No Sabés con Quién Estás Hablando". Em seu novo trabalho, além de dirigir, ele também assina o roteiro. Sua direção em Aterrorizados é segura, sem exageros, e isso contribuiu para um filme convincente e maduro.
E, no melhor espírito esportivo, na linha fair play, NO SPOILERS.
Com uma narrativa não linear, dividida em três momentos ocorridos no subúrbio de Buenos Aires, o filme conta a história de uma vizinhança assombrada por seres de outra dimensão. Na primeira cena – em minha opinião, muito bem escolhida para abrir o longa –, uma mulher morre no banheiro diante de seu marido; na segunda tomada, um paranoico com mania de perseguição desaparece sem deixar vestígios. Na terceira cena, um garotinho retorna da sepultura após ter sido atropelado por um ônibus.
Da beirada do campo, fala o nosso comentarista: Com pouco mais de dez minutos em cena, o cadáver – imóvel – do menininho, colocou no chinelo os 103 minutos do garoto – que ri, faz gracinha, corre pela casa toda e mata o povo – na adaptação de Cemitério Maldito de Stephen King (produção de 11.5 milhões de dólares).
Se até essa marca, o diretor e roteirista, Demián Rugna, tivesse se dado por satisfeito e encerrado, o filme já seria destaque em qualquer revista especializada do gênero. Mas, em busca de mais alguns pontos na tabela, o argentino partiu para o ataque.
Conectados pelos estranhos eventos, um investigador veterano da polícia e três pesquisadores de assuntos paranormais se incumbem de desvendar os segredos desse insólito rincão. Para conduzirem seus estudos e coligir dados que os ajudem a entender o fenômeno, decidem dividir a equipe em grupos que passarão a noite nas casas onde os incidentes violentos e misteriosos se sucederam.
A partir desse ponto, o filme entra numa sequência de cenas que farão até os mais céticos pularem da cadeira. A mitologia criada por Rugna é, sem dúvida, uma das mais violentas e assustadoras violações da ordem natural do nosso universo.
Além de ser considerado por muitos críticos mundiais como um dos melhores expoentes do cinema de horror da América Latina dos últimos anos, Aterrorizados chamou a atenção do diretor Guillermo Del Toro, vencedor do Oscar 2018 de Melhor Filme por A Forma da Água, e, esse ano, vai ganhar um remake hollywoodiano produzido por ele.
"Vino con ustedes. Si. Vino con ustedes." Nunca pensei que diria isso, mas os argentinos foram fantásticos nessa película. E mais, revolucionaram. Porque cinema do horror revoluciona, não copia, não fica pulando de um pé para outro em cima de metáfora. Aterrorizados foi bem recebido porque, do começo ao fim, respeita o espectador.
Gostei do filme, mas alguma coisa nele me deixou com a sensação de estar assistindo um filme do final dos anos 90.
ResponderExcluirO filme é legal....mas não achei isso tudo não....esperava mais
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