segunda-feira, 16 de março de 2020

Doces para o Doce - Candyman história e estatísticas


Aqui estão duas versões do personagem Candyman, a primeira do conto "O Proibido" e a segunda do Filme de mesmo nome.

As estatísticas são para Chamado de Cthulhu e Rastro de Cthulhu, mas não me parece difícil criar um personagem como ele para qualquer outra ambientação em que o Horror possa estar presente. 

O PROIBIDO 

"Ele brilhava a ponto de ser espalhafatoso: sua carne, um amarelo pálido; seus lábios finos, um azul claro; seus olhos selvagens, reluzentes como se suas iris contivessem rubis incrustados. Sua jaqueta parecia feita de retalhos; as calças a mesma coisa (...) Ao se aproximar, seu paletó puído se abrira, e ela pode ver - embora seus sentidos protestassem - que o conteúdo de seu tronco apodrecido e oco estava ocupado por um ninho de abelhas. Elas enxameavam sua caixa torácica e agarravam-se em uma massa fervilhante, aos restos de carne que haviam ali." (versão de O Proibido - Livros de Sangue Vol. 5)


A criatura do conto "O Proibido" é um fantasma que assombra a região de Butt´s Court, nos arredores da metrópole de Londres. Essa vizinhança decadente é marcada por construções abandonadas, prédios em ruínas e ruas cobertas de lixo. Um dia o lugar foi um endereço requintado e luxuoso, mas esses tempos se foram há muito. O abandono agora é completo, apenas mendigos e vagabundos costumam se aventurar nessa área e mesmo estas almas perdidas evitam passar ali a noite.

Isso por conta das horríveis lendas sobre o local.

Pergunte a qualquer um dos vagabundos mais velhos e este será capaz de contar alguma história sobre o Proibido. Mais do que isso, ele contará à respeito de uma de suas vítimas sem nome. Pessoas de quem ninguém sente falta ou deseja recordar.

O Proibido é uma lenda urbana, uma criatura espectral que se alimenta do medo e do pavor das pessoas. Há lendas a respeito de sua origem, mas não um consenso. Na versão mais difundida ele seria o espirito de uma pessoa que viveu no período áureo de Butt´s Court quando as casas não estavam dilapidadas, os muros em pedaços e as janelas estilhaçadas. Ele teria obtido uma súbita ascensão social que lhe permitia residir com sua família naquele ambiente suntuoso. Entretanto, os que lá viviam consideraram ele e sua família como indesejados. Passaram a odiá-los por não se encaixarem no perfil da maioria. O destino interviu na forma de um acidente. A família teria sido vítima de circunstâncias que poderiam ser evitadas, mas os demais escolheram não mover um músculo. A existência do Proibido e daqueles que ele um dia amou se encerrou em meio a explosão, chamas e dor, mais dor do que ele acreditava ser possível sentir em uma única existência.

Mas ainda que corpo e sangue tenham ardido, o ódio e ressentimento fizeram com que ele retornasse exigindo o lugar para si. Ele também começou a buscar vingança sobre aqueles que lhe viraram as costas.

A aura do Proibido contaminou Butt´s Court e aos poucos a vizinhança foi se tornando mais e mais decadente. Todos que podiam deixaram o local, partiram, sentindo que havia algo ruim nas ruas.  Com o tempo as pessoas abandonaram a região, preferindo partir a se arriscar em ambiente tão opressivo.

Mas embora o Proibido seja o incontestável senhor de Butt´s Court, ele é também seu prisioneiro. Ele não é capaz de cruzar seus limites e não consegue se afastar sem perder seus poderes e ameaçar se desfazer. Em compensação, sua prisão é como uma gaiola dourada que lhe oferece poder. Nada que acontece na vizinhança escapa de sua atenção: ele pode ver, ouvir e sentir a menor perturbação.

Os poucos visitantes que exploram o lugar depois do anoitecer experimentam uma sensação desagradável no ar. É uma comoção indescritível, como se pressentissem a proximidade de uma grande ameaça pairando sobre suas cabeças. Alguns se referem a uma forte sensação de estar sendo observado. O Proibido prefere permanecer dessas forma, invisível e à espreita.

Ele sobrevive graças a esse medo que o atrai e faz com que ele se manifeste fisicamente. O Proibido é capaz de farejar o medo como um tubarão sente o cheiro de sangue. Sua intenção geral é extrair desse sentimento o sustento para permanecer ativo. O desespero, pânico e dor são como temperos que tornam o medo mais saboroso e ele sabe como causar essas sensações nas sua vítimas.

Os ataques do Proibido são extremamente violentos. Ele utiliza como arma um gancho extremamente afiado que substitui sua mão. As vítimas são brutalmente retalhadas, anda que ele tenha por hábito deixar algum sobrevivente como testemunha de sua arte sangrenta. 

Duvidar de sua existência, questionar quem foi o assassino ou invalidar seu boato de  alguma forma acaba o atraindo. O Proibido persegue as pessoas que duvidam de sua existência e quando estes adentram seus domínios são os primeiros a sofrer com a sua ira.

Estatísticas para O Proibido:

Estatísticas para Call of Cthulhu

CANDYMAN, Assombração Vingativa de Butt´s End

FOR 80 
CON 80 
DES 90 
TAM 60 
INT 50 
APA 20 
POD 100

Bonus de Dano: +1d4
Manobra: 1
Pontos de Vida: 14 

Ataques: Gancho 70%, dano 1d6+ 1+ BD.

Armadura: Nenhuma, contudo Candyman não pode ser ferido por nenhuma pessoa sob influência de sua Aura de Medo. Outras pessoas podem causar dano normal.

Indivíduos que falham no Teste de Sanidade ao ver o Proibido são consideradas sob influência da sua Aura de Medo. Elas perdem um adicional de +1d4 pontos de sanidade para cada teste de sanidade subsequente relacionado a ações do Proibido. 

Sanidade: 0/1d8 pontos ao ver Candyman.

Estatísticas para Rastro de Cthulhu

PROIBIDO


Habilidades: Atletismo 10, Briga 14, Vitalidade 12

Limiar de Acerto: 4

Modificador de Alerta: +1

Ataques: +1 (Gancho), dano 1d6

Armadura: Nenhum, mas pessoas que tenham falhado no Teste de Estabilidade não podem causar dano ao Proibido. Se ferido ele chegar a chegar a -12 de vitalidade, o Proibido se desfaz em uma explosão de abelhas. Ela irá se reformar se um grupo de pessoas acreditar em sua lenda. 

Perda de Estabilidade: Quando a natureza sobrenatural do Proibido fica clara, o custo é de +1.


CANDYMAN

"Era um homem negro, de quase dois metros. Bem vestido com um sobretudo marrom sobre os ombros e feições muito bonitas. Suas palavras eram doces, e havia um cheiro de mel no ar. Foi então que ela percebeu que dele gotejava sangue, e que no lugar de sua mão havia um gancho enferrujado de carne. "Seja minha vítima" ele disse convidativo, como quem propõe uma dança". (versão do filme Candyman)


O Candyman do filme homônimo é um ex-escravo negro que prosperou em vida após construir e patentear uma máquina para produzir sapatos. O engenho fez muito sucesso e ele conseguiu um contrato vantajoso durante a Guerra Civil como fornecedor de sapatos para as Tropas da União.

Candyman (cujo verdadeiro nome é desconhecido) prosperou e comprou uma propriedade nos arredores de Chicago. Ele passou a fazer parte da sociedade local e foi aceito em face de seu dinheiro. Diz a lenda que ele eventualmente acabou se apaixonando e tendo seu amor retribuído pela filha de um rico Dono de Terras que era seu vizinho. Candyman e o homem tinham sérias disputas por terrenos, o que acirrava a animosidade entre eles. O fato da jovem estar envolvida romanticamente com um homem de cor fez com que a sociedade local condenasse Candyman e virasse as costas a ele. Aquelas pessoas racistas podiam tolerar um homem negro e rico entre elas, mas jamais aceitariam uma jovem branca se tornando sua amante.

Certo dia o Senhor de Terras ordenou que homens a seu serviço armassem uma emboscada para seu desafeto. Eles o derrubaram do cavalo e o arrastaram até um descampado próximo onde hoje fica a vizinhança de Cabrini-Green. Lá o surraram até que ele perdesse os sentidos, então, cortaram sua mão com uma serra como uma punição por ele ter ousado colocar sua mão na moça. Em seguida, o levaram até uma fazenda próxima onde havia várias colmeias. Eles o chamaram de Candyman ("Homem Doce") e passaram mel em todo seu corpo, atiçando as abelhas em seguida. Nuvens de insetos furiosos o circularam e começaram a pousar em seu corpo, picando e ferroando sem parar até que ele expirasse em meio a terrível agonia.

O corpo de Candyman ficou largado no local até ser encontrado dias mais tarde, apodrecido e inchado com o veneno. Decidiram então acender uma pira e queimá-lo até não restar nada além de cinzas que seriam espalhadas pela área de Cabrini-Green.

Nos meses que se seguiram, ninguém disse nada a respeito do que havia acontecido, embora todos tivessem ouvido os gritos desesperados do homem enquanto ele era torturado. Demorou apenas mais algum tempo para que as mortes tivessem início: uma sucessão delas, uma mais violenta que a outra e sem explicação. "O trabalho de um maníaco" diziam as testemunhas que viram os cadáveres reduzidos a retalhos sangrentos por golpes de gancho.

Os primeiros a morrer foram justamente os homens envolvidos no assassinato, mas não parou por aí. Pessoas sozinhas que cruzavam o descampado: homens, mulheres e crianças, seja lá quem passasse através de Cabrini-Green poderia se tornar a próxima vítima. Algumas pessoas mencionam então um vulto, uma figura sombria com mão de gancho e vestindo um casaco longo. E o cheiro enjoativo de mel que ficava suspenso no ar atraindo abelhas de todo canto.


Os crimes de Cabrini-Green continuariam, muito embora a área passasse a ser evitada por todos. A transformação de Chicago em uma metrópole acabou engolindo mesmo aquela parte preterida e a cidade em seu ritmo alucinante de expansão cresceu por para aquelas bandas. Na década de 50, Cabrini-Green se tornou área de construção para Conjuntos Habitacionais, grandes prédios de apartamento para a população de baixa renda. Ironicamente, a maioria dessa população residente era composta por negros. Nos anos 60 e 70, o lugar se tornou sinônimo de superpopulação e miséria, situação que descambou para crime nos anos 1980 e 1990 com o surgimento de gangues.

Mas havia algo mais em meio à decadência... Poucos falavam a respeito, mas todos conheciam a Lenda do Candyman. "O mais Doce de Todos", assim o chamam em sussurros, uma figura espectral que podia ser invocada por aqueles que recitavam seu nome cinco vezes diante de um espelho. Candyman ouve o chamado e se materializa diante da pessoa disposto a torná-la sua próxima vítima e assim perpetrar sua lenda.

Candyman é uma assombração poderosa, motivada por um desejo irrefreável de matar e provocar dor em seres vivos. Para ele, não importa quem é sua vítima, desde que esta ajude a criar uma aura de medo, apreensão e paranoia na região sob seu controle. O estado normal desse espírito é incorpóreo e invisível. Quando ele opta por se fazer perceptível, em geral para sua vítima, e esta o vê, naturalmente é dominada por um medo incontrolável. É este medo que o torna  torna imediatamente corpóreo e o torna capaz de ferir e matar.

Candyman só consegue deixar a região de Cabrini-Green, que é seu ninho de poder, quando persegue alguém que caiu em sua Aura de Medo. Outras pessoas são imunes. 

Na iminência de seu corpo ser suficientemente ferido, ele se desfaz em uma explosão de abelhas. Ele poderá, no entanto se rematerializar através da crença de um determinado número de pessoas.

Em se tratando de estatísticas, Candyman é considerado como uma Assombração e uma Criatura Única.

Estatísticas para Chamado de Cthulhu

CANDYMAN, Assombração Vingativa de Cabrinni-Green

FOR 100 
CON 90 
DES 70 
TAM 90 
INT 70 
APA 70 
POD 100

Bonus de Dano: +1d6
Manobra: +2
Pontos de Vida: 18

Ataques: Gancho 85%, dano 1d6+ 1+ BD.

Abelhas, automático em qualquer pessoa a uma distância de 5 metros de Candyman. Todos precisam testar Sorte ou receber picadas que causam 1d4 pontos de dano.

Armadura: Nenhuma, contudo Candyman não pode ser ferido por nenhuma pessoa sob influência de sua Aura de Medo. Outras pessoas podem causar dano normal.


Indivíduos que falham no Teste de Sanidade ao ver Candyman são consideradas sob influência da sua Aura de Medo. Elas perdem um adicional de +1d4 pontos de sanidade para cada teste de sanidade subsequente relacionado a ações de Candyman. 

Sanidade: 0/1d8 pontos ao ver Candyman.

Estatísticas para Rastro de Cthulhu

CANDYMAN

Habilidades: Atletismo 12, Briga 14, Vitalidade 14

Limiar de Acerto: 4

Modificador de Alerta: +1

Ataques: +1 (Gancho), dano 1d6

Armadura: Nenhum, mas pessoas que tenham falhado no Teste de Estabilidade não podem causar dano a Candyman. Se ferido ele chegar a chegar a -14 de vitalidade, Candyman se desfaz em uma explosão de abelhas. Ela irá se reformar se um grupo de pessoas acreditar em sua lenda. 

Perda de Estabilidade: Quando a natureza sobrenatural de Candyman fica clara, o custo por vê-lo é de +1.

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