"Então nós soubemos que havíamos deixado para trás o Cairo Sarraceno, e que iríamos experimentar os mistérios mais profundos do Egito primal - do obscuro Kem, Re e Amen, Isis e Osíris"
H.P. Lovecraft
Aprisionado com os Faraós
O Egito sempre fez parte do imaginário popular, conjurando imagens de exotismo e glamour. Poucas pessoas são imunes a aura de romance e excitação ligada à antiga Terra dos Faraós.
A abertura da lendária Tumba de Tutankamon em novembro de 1922, e os tesouros de perder o fôlego encontrados em seu interior, geraram uma onda de Egiptomania que varreu o mundo inteiro. Jóias com design egípcio eram usadas por mulheres elegantes, executivos vestiam tarbouches nos escritórios de Wall Street, tapetes de trama intrincada adornavam os mais requintados salões, bares e restaurantes ofereciam cachimbos de narguilé e todos falavam a respeito de múmias, pirâmides, misticismo e história do Egito Antigo. A arte egípcia se misturou com as linhas limpas da Art Noveau criando todo um novo estilo decorativo.
Arqueólogos voltaram seus olhos para o Vale dos Reis com interesse renovado. De um momento para o outro, todos os Museus do mundo cobiçavam ter em seu acervo peças legítimas vindas do Egito. O público demandava ver com os próprios olhos tais tesouros. Expedições de vários países foram organizadas com o intuito de conduzir escavações próximas aos colossais monumentos - as pirâmides, a esfinge, todas as maravilhas de um tempo perdido.
Havia uma legítima excitação no ar do deserto, a certeza de que tesouros inestimáveis estavam esperando ocultos, bastava procurar. E muitos os encontraram! Ouro, jóias e objetos de arte afloravam de antigas câmaras, tumbas e ruínas. Exploradores mergulhavam na escuridão, em aposentos que não eram adentrados há gerações. Emergiam deles com seus prêmios reluzentes. Artesãos faziam fortuna copiando tais itens, muitos dos quais vendidos como peças genuínas em bazares e mercados. Muitos ficavam ricos negociando artefatos legítimos para ricos e excêntricos colecionadores. Verdadeiras fortunas eram pagas por estatuetas, tabletes, jóias e é claro, múmias.
O interesse pelo Egito motivou o surgimento de Sociedades Secretas que incorporavam antigos rituais egípcios em suas cerimônias. Religiões esquecidas foram redescobertas. Algumas se aproveitavam dos crédulos com promessas de magia, misticismo e até mesmo vida eterna. Pessoas de posses enviavam seus representantes para vasculhar o Egito em busca de algum resquício de seu esplendor. Isso quando não iam, em pompa e circunstância, formando verdadeiras entourages, visitar o país pessoalmente. O turismo arqueológico ficou em evidência incentivando o surgimento de hotéis luxuosos e toda uma estrutura para receber os visitantes. A alta sociedade bebia dessa fonte com uma sede insaciável.
Cairo, a Capital do Egito, lucrou imensamente com a atenção do resto do mundo. Os bazares ficavam lotados, as ruas fervilhavam, os portos transbordavam com o fluxo de navios despejando multidões de curiosos dispostos a experimentar o que esse Cenário de Sonhos, Terra de Fascinação, tinha a oferecer.
É provável que ainda hoje, não exista no mundo lugar semelhante.
O Egito oferece incontáveis histórias, uma tapeçaria rica de lendas e narrativas remetendo às fabulosas Mil e Uma Noites. É uma terra de estranheza e surpresas, com maldições e mistérios, morte e renascimento, terror e maravilhas sem igual.
O egito sempre foi a jóia da minha coroa das curiosidades, desde meus cinco ou seis anos.
ResponderExcluirMe recordo de ter procurado cada artigo possível neste blog sobre o egito, então estou bastante ansioso para o que virá desta série, desde já agradeço.