E quanto mais incomuns, bizarros e perturbadores estes crimes, mais eles acabam chamando a atenção de um público ávido por informações. Infelizmente, não faltam casos incomuns acontecendo quase que diariamente ara alimentar essa mórbida curiosidade. Estes casos geram controvérsia e polêmica, antes de sumirem, substituídos por novos incidentes anda mais extraordinários. Entretanto, alguns demoram mais tempo a desaparecer da memória, se tornam material para estudo em livros, dissertações de especialistas e programas policiais. Alguns passam a fazer parte de lendas urbanas e por vezes são absorvidos pela cultura popular através de filmes e romances, elevando o nome dos envolvidos ao status de mitos.
Contudo, certos crimes verdadeiramente chocantes talvez pelo teor espinhoso dos eventos ou pelo caráter visceral dos fatos são varridos para baixo do tapete. Como se a própria sociedade preferisse ignorar sua existência em face do horror que eles conjuram. Um desses casos envolve um homem que cavava sepulturas e assassinava em busca de um objetivo absurdo: roubar a beleza de suas vítimas.
A história estarrecedora e absurda tem início em abril de 1971 quando vários cemitérios de Nuremberg, na então Alemanha Ocidental noticiaram uma série de misteriosas profanações. Sepulturas eram destruídas, covas escavadas e os restos no interior destas removidos sem cerimônia. O criminoso abria os caixões para ter acesso aos cadáveres em seu interior. Sua preferência era por cadáveres recentes, sepultados há uma ou duas semanas, mas em certos casos ele exumava pessoas mortas há anos. Ele então dedicava seu tempo aos cadáveres, evidenciando que o criminoso não era apenas um profanador, mas um necrófilo. Ossos apresentavam marcas distintas de mordidas e alguns eram roídos até o tutano. Os cadáveres de mulheres apresentavam contato sexual.
Se isso já não fosse suficientemente chocante e perturbador, havia um macabro detalhe adicional. O criminoso levava consigo souvenirs, usando para isso uma faca afiada ou serra no intuito de extirpar órgãos ou decapitar suas presas. Por vezes ele se dedicava a recolher dedos, orelhas, nariz ou lábios, mas em outros casos voltava sua atenção para pés, mãos, pernas ou até mesmo o coração.
À princípio as autoridades acreditavam que fossem incidentes isolados, mas quando uma investigação foi levada à cabo, descobriu-se que um total de 35 corpos haviam sido exumados entre os anos de 1971 e 1972. Todos os indícios sugeriam que o mesmo indivíduo estava por traz desses crimes, alguém profundamente perturbado capaz de mutilar, comer e ter relações sexuais com corpos recém escavados.
A coisa se tornou ainda mais sinistra quando em 6 de maio de 1972, Markus Adler de 24 anos e sua noiva Ruth Lisse de 18, foram encontrados mortalmente baleados em seu carro. As vítimas foram tratados de maneira semelhante aquelas vilipendiadas nos cemitérios. Markus foi baleado na cabeça e morreu imediatamente, o corpo sofreu relativamente pouca perturbação por parte do assassino, que se limitou a remover sua camisa e sapatos. Ele dedicou mais tempo a Ruth que foi ferida com um disparo no estômago e levou mais tempo para morrer. Os investigadores descobriram que ela tinha marcas de mordida que evidenciavam um detalhe horrendo, enquanto ela ainda agonizava o assassino a mordeu e lambeu a ferida provocada para beber seu sangue. Ele ainda abusou do cadáver ainda quente, logo após sua morte.
Parecia uma mudança clara no modus operandi do monstro, que evoluiu da profanação para assassinato. É possível que essa reação tenha sido motivada pela vigília estabelecida em cemitérios que devem tê-lo assustado.
Em geral necrófilos não costumam matar, preferem recorrer a vítimas que não possam reagir ou vir a reconhecê-los. Eles tem noção da conduta reprovável e manifestam vergonha quando apanhados. Na maioria dos casos, aqueles que enveredam pelo macabro caminho da profanação e dessacralização de cadáveres são indivíduos passivos e tímidos, que não conseguem estabelecer um relacionamento com os vivos e preferem a companhia dos mortos. Podem parecer "estranhos", mas conseguem interagir socialmente, tendo trabalho e por vezes até casando.
A maioria dos Necrófilos tende ainda a serem fetichistas, pessoas atraídas sexualmente pelo objeto de sua obsessão, no caso, a morte. Apenas ao lado daquilo que os excita conseguem exteriorizar seu desejo sexual, sendo que em todos os outros casos se mostram normalmente impotentes. Fetichistas criam "rituais" que servem como uma preparação para o ato sexual. Sem estes rituais, nascidos em fantasias encenadas mentalmente, eles não conseguem atingir seu climax. Precisam de tempo para ficar com o objeto do fetiche e estabelecer com ele uma relação íntima, por isso seus crimes acontecem em áreas isoladas onde eles não são atrapalhados por curiosos. É por essa razão também que eles buscam "troféus". Partes do corpo, da roupa ou peças pessoais representam uma lembrança que ativa a memória e permite revisitar o incidente quantas vezes ele julgar necessário.
Fetichistas compulsivos incorporam a obtenção de troféus ao seu ritual. Eles guardam os prêmios conquistados pelo prazer que extraem da manipulação dos mesmos e das recordações que eles trazem que lhes permite um alívio na forma de auto-satisfação. Obviamente, nem todo fetichista se torna necrófilo, e menos ainda antropófago, mas a progressão em casos graves é presumível. Nos anos 80, Jeffrey Dahmer, o infame Canibal de Milwalkee começou sua "carreira" como fetichista, progrediu para a necrofilia até se tornar um canibal. O assassino de Nuremberg seguia um caminho similar.
Semanas após o duplo homicídio, outra mulher foi encontrada morta e profanada num terreno baldio nos subúrbios de Nuremberg. Marcas de mordida no pescoço, nas coxas e pulsos deixavam claro que o assassino havia produzido ferimentos para sorver o sangue enquanto ela agonizava. O ritual fetichista estava bem claro.
Os detetives não tinham dúvida que era o mesmo maníaco e que o tempo de refração (o período de tempo entre um crime e outro) estava diminuindo, evidenciando que o matador não encontrava mais prazer duradouro nos seus crimes. Ele estava "viciado" em matar e precisava obter o alívio que esse ato lhe fornecia.
A mídia sensacionalista não demorou a arranjar um nome para o maníaco; ele passou a ser conhecido como Vampiro de Nuremberg, um herdeiro do célebre "Vampiro de Dusseldorf" que na década de 1930 aterrorizou aquela cidade. O medo era evidente e as pessoas evitavam sair sozinhas ou ficar até tarde nas ruas: restaurantes, cafés e boites ficavam desertas. A noite pertencia ao louco e ele andava livremente.
Naquele mesmo mês, um estranho encontro levaria à captura do monstro. Numa tarde de maio de 1972, um atendente de casa funerária chamado George Warmuth estava fazendo sua ronda antes de fechar o negócio quando ouviu um som estranho no local onde os corpos eram mantidos. Ele se aproximou cautelosamente e percebeu uma forma agachada sobre uma mesa de preparação. Aproximando-se percebeu que se tratava de um homem que estava beijando um cadáver feminino enquanto se masturbava freneticamente. O sujeito havia arrebentado a tranca da porta nos fundos e acreditava estar sozinho. Ao ser surpreendido pelo atendente ele reagiu violentamente apanhando uma pistola e disparando. Por sorte, Warmuth não foi atingido e conseguiu escapar enquanto o louco fugia deixando para traz uma bolsa contendo uma macabra coleção de ferramentas: uma serra, uma faca e sacos plásticos.
A polícia foi chamada e o atendente fez uma descrição do homem que tentou matá-lo. Com um retrato falado sendo divulgado nos jornais, não demorou até alguém reconhecer a figura franzina e estranha. Investigando as pistas os policiais foram levados até o criminoso o que acrescentou um elemento ainda mais bizarro ao caso já chocante.
A polícia encontrou um homem de 41 anos chamado Kuno Hofmann um operário com longo histórico de doença mental. Ele havia entrado e saído de asilos toda sua vida, e havia escapado nada menos que 12 vezes até ser preso por roubo e encarcerado por 1 ano. Na prisão ele havia sido transferido depois de agredir outro interno com quem havia estabelecido um relacionamento homosexual. Kuno quase matou o colega de prisão com golpes de um martelo roubado na oficina de carpintaria.
A vida de Hoffman havia sido pontuada por extrema violência. Ele sofreu frequente espancamento nas mãos do pai que era alcoólatra e que possivelmente abusou dele sexualmente quando criança. Isso agravou os problemas de Hoffman deixando nele sequelas que incluíam gagueira, mutismo seletivo e retração emocional (certas palavras faziam com que ele se fechasse em estado catatônico). Retirado da guarda do pai ele foi enviado para instituições de auxílio a menores onde também foi exposto a abusos emocionais.
As autoridades interrogaram o suspeito e não demorou para que ele confessasse seus crimes. De fato, ele parecia animado em compartilhar com os detetives o que vinha fazendo. Hoffman trabalhou no necrotério da cidade logo depois de ser solto da cadeia e lá desenvolveu seus apetites macabros. Ele confessou que se deleitava manipulando cadáveres e que foi afastado do trabalho depois de ser flagrado em "atitude suspeita". Seus patrões diziam que ele parecia estranhamente animado quando era instruído a lavar os cadáveres e prepará-los para o enterro. Teria sido pego afagando o cadáver de uma moça de 17 anos, o que ele negou veementemente. Não obstante, foi despedido discretamente para evitar um escândalo.
O gatilho que conduziu aos crimes se deu quando seu contato com o objeto de obsessão foi subitamente interrompido. Ele precisava restabelecer o contato com os cadáveres e desesperado começou a escavar cemitérios. A progressão da profanação para assassinato se deu, conforme esperado quando seu acesso aos cadáveres foi cortado novamente. Kuno afirmava que "precisava" daquilo para viver e se não encontrava cadáveres, produziria os seus. Seu plano era ter seu próprio cadáver em casa, roubar um deles e mantê-lo em casa, mas sabendo que isso atrairia a atenção de vizinhos, se satisfazia com troféus funestos.
Fetichistas compulsivos incorporam a obtenção de troféus ao seu ritual. Eles guardam os prêmios conquistados pelo prazer que extraem da manipulação dos mesmos e das recordações que eles trazem que lhes permite um alívio na forma de auto-satisfação. Obviamente, nem todo fetichista se torna necrófilo, e menos ainda antropófago, mas a progressão em casos graves é presumível. Nos anos 80, Jeffrey Dahmer, o infame Canibal de Milwalkee começou sua "carreira" como fetichista, progrediu para a necrofilia até se tornar um canibal. O assassino de Nuremberg seguia um caminho similar.
Semanas após o duplo homicídio, outra mulher foi encontrada morta e profanada num terreno baldio nos subúrbios de Nuremberg. Marcas de mordida no pescoço, nas coxas e pulsos deixavam claro que o assassino havia produzido ferimentos para sorver o sangue enquanto ela agonizava. O ritual fetichista estava bem claro.
A mídia sensacionalista não demorou a arranjar um nome para o maníaco; ele passou a ser conhecido como Vampiro de Nuremberg, um herdeiro do célebre "Vampiro de Dusseldorf" que na década de 1930 aterrorizou aquela cidade. O medo era evidente e as pessoas evitavam sair sozinhas ou ficar até tarde nas ruas: restaurantes, cafés e boites ficavam desertas. A noite pertencia ao louco e ele andava livremente.
Naquele mesmo mês, um estranho encontro levaria à captura do monstro. Numa tarde de maio de 1972, um atendente de casa funerária chamado George Warmuth estava fazendo sua ronda antes de fechar o negócio quando ouviu um som estranho no local onde os corpos eram mantidos. Ele se aproximou cautelosamente e percebeu uma forma agachada sobre uma mesa de preparação. Aproximando-se percebeu que se tratava de um homem que estava beijando um cadáver feminino enquanto se masturbava freneticamente. O sujeito havia arrebentado a tranca da porta nos fundos e acreditava estar sozinho. Ao ser surpreendido pelo atendente ele reagiu violentamente apanhando uma pistola e disparando. Por sorte, Warmuth não foi atingido e conseguiu escapar enquanto o louco fugia deixando para traz uma bolsa contendo uma macabra coleção de ferramentas: uma serra, uma faca e sacos plásticos.
A polícia foi chamada e o atendente fez uma descrição do homem que tentou matá-lo. Com um retrato falado sendo divulgado nos jornais, não demorou até alguém reconhecer a figura franzina e estranha. Investigando as pistas os policiais foram levados até o criminoso o que acrescentou um elemento ainda mais bizarro ao caso já chocante.
A polícia encontrou um homem de 41 anos chamado Kuno Hofmann um operário com longo histórico de doença mental. Ele havia entrado e saído de asilos toda sua vida, e havia escapado nada menos que 12 vezes até ser preso por roubo e encarcerado por 1 ano. Na prisão ele havia sido transferido depois de agredir outro interno com quem havia estabelecido um relacionamento homosexual. Kuno quase matou o colega de prisão com golpes de um martelo roubado na oficina de carpintaria.
A vida de Hoffman havia sido pontuada por extrema violência. Ele sofreu frequente espancamento nas mãos do pai que era alcoólatra e que possivelmente abusou dele sexualmente quando criança. Isso agravou os problemas de Hoffman deixando nele sequelas que incluíam gagueira, mutismo seletivo e retração emocional (certas palavras faziam com que ele se fechasse em estado catatônico). Retirado da guarda do pai ele foi enviado para instituições de auxílio a menores onde também foi exposto a abusos emocionais.
As autoridades interrogaram o suspeito e não demorou para que ele confessasse seus crimes. De fato, ele parecia animado em compartilhar com os detetives o que vinha fazendo. Hoffman trabalhou no necrotério da cidade logo depois de ser solto da cadeia e lá desenvolveu seus apetites macabros. Ele confessou que se deleitava manipulando cadáveres e que foi afastado do trabalho depois de ser flagrado em "atitude suspeita". Seus patrões diziam que ele parecia estranhamente animado quando era instruído a lavar os cadáveres e prepará-los para o enterro. Teria sido pego afagando o cadáver de uma moça de 17 anos, o que ele negou veementemente. Não obstante, foi despedido discretamente para evitar um escândalo.
O gatilho que conduziu aos crimes se deu quando seu contato com o objeto de obsessão foi subitamente interrompido. Ele precisava restabelecer o contato com os cadáveres e desesperado começou a escavar cemitérios. A progressão da profanação para assassinato se deu, conforme esperado quando seu acesso aos cadáveres foi cortado novamente. Kuno afirmava que "precisava" daquilo para viver e se não encontrava cadáveres, produziria os seus. Seu plano era ter seu próprio cadáver em casa, roubar um deles e mantê-lo em casa, mas sabendo que isso atrairia a atenção de vizinhos, se satisfazia com troféus funestos.
Contudo, a condição de Kuno Hoffman extrapolava a noção de que ele precisava de cadáveres apenas para obter satisfação sexual. Havia algo mais que ele estava escondendo e foi preciso a intervenção de um psiquiatra para que ele revelasse um detalhe adicional de sua loucura.
O assassino revelou que quando esteve na prisão havia desenvolvido um forte interesse pelo ocultismo, lendo tudo que podia encontrar a respeito de rituais arcanos, magia negra, satanismo e vampirismo. Kuno chamava seu estudo das ciências ocultas de "preparação". "Preparação para o que"? - quis saber o psiquiatra e ele acabou descobrindo que Hoffman esperava se transformar em alguém mais forte e bonito matando. Ele havia se convencido de que matando suas vítimas como sacrifício seria favorecido por entidades diabólicas.
Kuno afirmou que frequentava a biblioteca local (fato comprovado pelos funcionários) e que buscava antigos livros de magia negra que versavam sobre pactos e barganhas com as forças das trevas. O psiquiatra acreditava que Kuno sofria de Esquizofrenia, ouvia vozes e sofria alucinações, estas se manifestavam com visões de seres demoníacos com os quais ele se relacionava. Estes mesmos seres explicavam o que ele devia fazer e o instruíram a matar e beber o sangue de mulheres. O assassino esperava que se tornando forte, bonito e popular poderia ser "normal" e que tal coisa só poderia ser conquistada por intermédio do sobrenatural.
A história toda era tão surreal e bizarra que a polícia de Nuremberg optou por não divulgar à imprensa os detalhes mais mórbidos do caso. Temia-se que as peculiaridades do caso pudessem incentivar outras pessoas ou causar comoção.
O julgamento foi rápido. A defesa se concentrou no aspecto da insanidade, mas o próprio réu afirmava que não era louco e que seus atos decorriam de um planejamento e disposição para atingir um objetivo. Eventualmente, ele foi condenado a prisão perpétua. Pesou para a decisão do juiz, que quando questionado a respeito de sua disposição para continuar matando e profanando caso fosse liberado, o réu apenas sorriu e disse que "seu trabalho não estava terminado": ele ainda não havia se tornado suficientemente forte e belo.
Kuno Hoffman foi trancafiado em um manicômio judiciário em Nuremberg onde ainda se encontra. Com quase 90 anos, é pouco provável que ele um dia venha a ser liberado.
Os assassinatos do Vampiro de Nuremberg constituem um dos mais macabros e perturbadores casos de Necrofilia de que se tem notícia. Especialistas tentaram realizar entrevistas com o monstro, saber como sua mente fraturada via o mundo, mas as autoridades negaram os pedidos alegando que detalhes sobre o caso são tão escabrosos que não deveriam ser revelados para a sociedade. Relatórios sobre o caso permanecem selados há mais de 40 anos apesar dos pedidos para que fossem divulgados.
E talvez o mundo realmente não precise conhecer esses pesadelos.