sábado, 14 de novembro de 2020

Os Seres no Milharal - Estranhos encontros atrás das fileiras


Você já reparou o quanto milharais podem ser sinistros?

Um dos piores lugares onde você poderia buscar se esconder de algo além de sua compreensão seria num milharal. Fileiras após fileiras de plantas alinhadas lado a lado formando paredes, farfalhando ao sabor do vento, ocultando sabe lá Deus o que por de trás. Estes parecem lugares perfeitos para sustos e medo. O enredo para histórias sinistras e estranhas. Pode parecer estranho, mas nos Estados Unidos, onde milharais imensos são uma visão comum, tais plantações são frequentemente citadas como alguns dos lugares mais temidos. Isso talvez explique as inúmeras histórias e relatos macabros sobre incidentes inexplicáveis ocorridos perto ou no interior de milharais.

O que existiria lá dentro? Que mistérios insondáveis parecem restritos em seu interior? Quais as razões para que simples plantações despertem tamanho temor?

Existe todo tipo de relato bizarro envolvendo coisas se materializado entre os pés de milho, em comum o fato dessas entidades serem na maioria das vezes absurdamente ameaçadoras e incrivelmente sinistras. Tomemos por exemplo o perturbador relato de Thomas Albright, um usuário do Reddit que em 2013 descreveu um incidente ocorrido numa noite, quando ele dirigia pela US 40 a cerca de 45 quilômetros a oeste de Indianápolis.

Ele escreveu o seguinte:

"Qualquer pessoa que dirige pela US 40 sabe que ela corta quilômetros e mais quilômetros de milharais. Não há nada para ver senão essas plantações. Uma vez que eu estava voltando para casa e conhecia bem o caminho, me distraí olhando a paisagem. Em determinada altura, percebi um estranho brilho alaranjado surgindo no meio do milharal. Não sei explicar porque, mas reduzi a velocidade e parei para tentar descobrir do que se tratava. Percebi então que uma estranha forma estava sentada na extremidade do milharal, próximo de onde parei. A coisa percebeu a minha presença e com um movimento se colocou de pé. Eu ainda estava confuso, tentando entender o que estava vendo, quando ela deu um passo vacilante na direção do automóvel. Era grande, com mais de dois metros de altura. Parecia um homem de coloração acinzentada, estranhamente inchado, com feições rudes e incompletas, como um grande boneco da Michelin. Ele vestia uma roupa marrom amarrotada que estava apertada em seu corpo. Ele deu mais um passo e pude perceber que seu rosto era uma espécie de caricatura humana, com olhos pequenos e desproporcionais, boca larga e fossas nasais no lugar de nariz. Ele olhava na minha direção e eu tive uma sensação desagradável, um medo abjeto e nauseante. Eu senti que estava em perigo e um arrepio de terror correu pelo meu corpo. Quando ele estava a uns 5 ou 6 metros da porta acelerei o carro e fugi. Eu olhei pelo espelho retrovisor e percebi que ele casualmente retornou para o lugar onde estava e desapareceu." 


O que poderia ser essa horrível coisa humanoide? Que tipo de criatura seria aquela e o que pretendia se aproximando de modo vacilante do veículo? O que faria se tivesse chegado mais perto? A descrição do ser bizarro se espalhou e mais impressionante, logo surgiram outros relatos sobre um ser incompleto e cinzento. Várias outras pessoas afirmaram ter encontrado a criatura nos campos de milho cortados pela autoestrada US 40.

Do estado vizinho de Illinois vem outro relato de um casal de testemunhas que dizem ter encontrado uma criatura estranha saída de um milharal. O casal estava dirigindo por uma estrada rural isolada, chamada Trilha Pickwick, no centro de Illinois margeada por milharais de ambos os lados.  Era um dia claro de verão e eles seguiam tranquilamente quando se depararam com algo chocante. 

A testemunha contou a seguinte história:

"Nós estávamos seguindo pela trilha Pickwick, quando algo cruzou nosso caminho de repente! Meu marido teve que desviar bruscamente para evitar atropelá-la. Ela tinha o tamanho de uma criança, mas parecia um esqueleto de tão magra. Seus braços e pernas eram compridos e muito finos. Ela também era muito pálida e rápida. Parece ridículo, mas a primeira impressão que tive, é que se tratava de um macaco. Eu estudei, não sou uma pessoa ignorante. Sei o quanto isso é absurdo! Sei também diferenciar um animal de uma pessoa, aquilo não parecia com nada que eu já tivesse visto, ou que espero ver um dia novamente. Meu marido e eu olhamos quando ela parou na estrada voltada na direção do carro. Ela então correu para o milharal e sumiu entre a vegetação. Eu insisti para irmos embora, não queria saber o que era, só queria sair dali imediatamente".

Estranhamente, esse não foi o único relato descrevendo uma criatura pequena e pálida vagando por essa mesma trilha rural margeada por quilômetros de milharais. Dias depois desse primeiro incidente, um sinistro encontro foi relatado por um engenheiro chamado Frank Semko, que residia na região e sempre fora respeitado como uma pessoa séria sem a menor razão para inventar histórias fantasiosas. Frank trabalhava em uma fazenda próxima. No verão de 2008, ele contou que estava cortando a Trilha Pickwick após o anoitecer, observando o voo de morcegos quando algo bizarro atraiu sua atenção. 


Ele descreveu a estranha sequência de eventos da seguinte maneira:

"Eu fiz aquele mesmo caminho inúmeras vezes e nunca vi nada estranho. Mas aquela noite percebi que algo se movia na beira da trilha. Tinha o tamanho de uma criança, mas muito, muito magra. Pálida a ponto de se destacar na escuridão e com um cabelo comprido que escorria pela cabeça em longos fios negros. Ele se movia de forma esquisita, pulando e saltando, quase como se estivesse dançando. As vezes ficava de quatro e usava os braços para impulsionar a corrida, Eram braços longos que encostavam no chão. Não parecia uma pessoa! O tamanho e a maneira como se movia, com um gingado simiesco, fazia ele parecer qualquer coisa, menos um ser humano. Estava nua e a pele era branca demais. Eu passei por ela devagar tentando entender o que era, e ela deu um salto na direção do carro. Eu tive de desviar para evitar atropelá-la. Ela perseguiu o carro por alguns metros e por pouco eu não perdi o controle e invadi o acostamento, pois estava olhando pelo retrovisor apavorado. Eu acelerei e ela foi ficando para trás. Não sei explicar o que era. Eu não consigo sequer descrever aquela coisa."

Semko contou sua história e nos dias seguintes ela se espalhou por toda região. A Trilha Pickwick foi visitada por centenas de pessoas, na sua maioria curiosos que desejavam ver a criatura e confirmar sua existência. Equipes de televisão também vasculharam a estrada à procura do ser que a essa altura era tratado como um demônio, um monstro ou um ser alienígena dependendo a quem se perguntava. Alguns mencionaram que estranhas pegadas, pertencentes a um pé pequeno teriam sido encontradas na área, bem como rastros que levavam para o interior do milharal. Contudo mais ninguém avistou a misteriosa criatura que foi apelidada pelos jornais como "A Criança do Milharal".


Seria a coisa uma assombração ou fantasma como diziam alguns? Ou um demônio como insistiam outros? Ou ainda, algo ainda mais inexplicável que não deveria existir num Mundo Racional? 

Um caso inacreditável que parece realmente ter natureza perturbadora foi reportado por uma testemunha chamada Jennifer Lozano, que vivia nos arredores de Akron, a leste do Estado de Indiana, numa região comumente conhecida como Cinturão do Milho pela quantidade de milharais. O relato de Jennifer foi publicado em revistas especializadas em casos bizarros e teve ampla cobertura também dos jornais locais. A testemunha vivia em uma propriedade na parte mais alta de um morro, a cerca de 10 quilômetros de Akron próxima dos grandes milharais que dominavam a paisagem. Certo final de tarde, Jennifer saiu de casa para passear com seu Golden Retriever, Chip, por um bosque, como costumava fazer habitualmente. Ela contou que esses passeios eram sempre tranquilos e pacíficos, até aquela noite em especial. 

Ela contou a horrenda experiência da seguinte maneira:      

"Eu estava voltando por uma trilha com meu cachorro, Chip. Era um final de tarde calmo e ainda não havia escurecido. Eu nunca tive medo de andar por ali, a área sempre foi muito segura, ainda que isolada. De repente Chip parou e ficou em posição de atenção, rosnando para alguma coisa adiante. Eu parei por instinto, perguntei se havia alguém ali, mas não obtive resposta. Fiquei aguardando por alguns segundos prestando atenção, assustada com a reação de Chip que latia sem parar e rosnava incomodado. Foi então que percebi um movimento: alguma coisa atrás de arbustos se esgueirando furtivamente. Não era uma pessoa, mas uma coisa que não consigo descrever claramente. Era pálida, com o corpo magro e muito alta. Ela meio que andava, meio que se arrastava pelo chão. Parecia que seu corpo todo era desproporcional, braços longos demais. Também estava nua, mas não havia como dizer se era macho ou fêmea, era inteiramente lisa. A cabeça era grande, inchada e esponjosa, lembrando um cogumelo cinzento. O rosto não tinha feições, apenas uma boca que abria e fechava emitindo um ruído que tentava imitar o rosnado de Chip. Ela saiu de trás da vegetação e para meu choque deu alguns passos na minha direção. Meu coração batia com força e eu sentia minhas pernas fraquejando. Estava tão apavorada que paralisei no lugar sem poder reagir!

Chip impediu a coisa de se aproximar latindo insistentemente. Com isso, ela vacilou. Foi o bastante para que eu conseguisse romper o terror e correr o mais rápido possível de volta para casa. Eu ouvi que ela me seguia, e continuei correndo sem olhar para trás, até que entrei em casa e tranquei a porta. Minha mãe estava ali e viu como eu estava aterrorizada. Ela ajudou a trancar o restante das portas e janelas. A seguir, telefonei para pedir ajuda dos vizinhos. Chip continuou latindo e nós ouvimos ruídos do lado de fora da casa. Ele estava tentando encontrar uma maneira de entrar. 

O pesadelo durou cerca de vinte minutos, quando finalmente um vizinho apareceu com sua pickup. Ele procurou pelos arredores, mas não encontrou nada. Chamamos a polícia e o delegado local ajudou a vasculhar o terreno acompanhado de alguns voluntários. Chegamos a encontrar rastros ao redor da casa, mas nenhum sinal daquela coisa".  


O mais estranho, no entanto, viria a seguir, quando o delegado e algumas pessoas presnetes contaram a Jenifer e sua mãe algumas histórias que o povo da região já conhecia há gerações.

"O Delegado e algumas outras pessoas contaram que havia uma lenda muito antiga, conhecida pelo povo mais velho de Akron. Envolvia essa mesma criatura bizarra que eu havia encontrado. Era uma história que fazia parte das lendas da região e muitos a tratavam como um tipo de assombração local. Ninguém realmente acreditava, mas a maioria dos moradores mais antigos conheciam. Nós vivíamos ali há pouco menos de dois anos e nunca havíamos ouvido falar. Foi um choque! Os locais a chamavam de "Coisa do Milharal" pois acreditavam que ela vivia nos campos, escondida entre as fileiras de milho, saindo apenas à noite. As histórias diziam que ele se aproximava de quem andava sozinho por essas trilhas e que quando conseguia agarrar alguém a arrastava até o centro do milharal. Suas vítimas sumiam para sempre! Dizem que ossadas humanas foram encontradas em um dos milharais certa vez, isso na década de 30 ou 40, mas ninguém sabia ao certo se era uma história ou fato".

Após esse incidente, a família Lozano decidiu deixar a casa em que viviam e buscar um local mais próximo do centro de Akron. A lenda sobre a misteriosa criatura do milharal foi pesquisada e de fato, haviam vários relatos a respeito de uma criatura semelhante a vista por Jenifer naquela noite. Contudo, nenhum relato sobre vítimas ou sobre ossos enterrados no milharal constavam nos jornais de Akron e adjacências.


É curioso, mas casos envolvendo estranhas "criaturas vivendo em milharais" são relativamente comuns em todo Cinturão do Milho. Nos velhos tempos, estes seres eram chamados de "espíritos do milho" e tratados como entidades que viviam escondidas no interior das plantações indevassáveis. 

De fato, no folclore de regiões produtoras de milho, como Iowa, Illinois, Indiana e Ohio não faltam lendas que parecem reminiscentes do período em que o mapa destes estados foi drasticamente alterado pela introdução de enormes plantações. Há boatos de que no passado a presença de tais criaturas não era apenas conhecida, mas tratada como um fato corriqueiro pelos fazendeiros. Algumas histórias registradas na forma de lendas, mencionam inclusive que estes fazendeiros tentavam estabelecer uma relação amistosa com esses seres, uma vez que eles supostamente podiam ajudar a promover colheitas fartas se devidamente satisfeitos. Para tanto, contava-se lendas sobre oferendas deixadas em clareiras especialmente preparadas no centro dos milharais. Essas ofertas podiam variar enormemente, mas as histórias mais macabras mencionavam sacrifícios humanos oferecidos como forma de aplacar suas necessidades e garantir a fertilidade dos campos de plantio.

A noção sobre a existência de tais criaturas não é exatamente uma novidade, em inúmeras culturas ao redor do mundo, seres mágicos e entidades agrárias habitam campos e lavouras. Quando devidamente agradadas, elas favorecem a colheita e permitem grandes safras. Da mesma forma, quando desafiadas ou contrariadas, as colheitas tendem a ser parcas. 

Na Europa Pagã, sacrifícios eram algo relativamente comum, ao menos até a introdução do cristianismo que desarticulou essas tradições milenares. Na América do Sul, os Incas e Maias possuíam seus próprios rituais que também envolviam sacrifícios para divindades agrárias. Algumas tribos de nativos americanos também possuíam seus mitos a respeito dessas mesmas entidades. Rituais sagrados para renovar os laços entre homens e seres sobrenaturais eram praticados nas estações propícias. 


Esses boatos sobre práticas estranhas e velhas tradições obviamente resultam em outros rumores incômodos. Por exemplo, a suspeita de que certas comunidades rurais isoladas continuaram a praticar tais rituais, esforçando-se para preservá-los à todo custo como forma de garantir suas colheitas e o manter vivo os costumes de seus antepassados. É claro, tais rituais envolvendo sacrifícios e oferendas a entidades mágicas não cairiam bem na sociedade moderna, o que obrigava aos envolvidos manter tudo no mais profundo sigilo.

Verdadeiras ou inventadas, essas histórias alimentam os rumores a respeito de milharais e sua inquietante natureza. Elas agitam a imaginação das pessoas e contribuem para manter as lendas vivas. O que vive no interior dos milharais, se é que existe algo, parece ser um mistério difícil de ser desvendado. Talvez não seja nada além de nossa imaginação nos pregando peças e justificando nossos medos primitivos, por outro lado, quem pode saber ao certo.

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