terça-feira, 6 de julho de 2021

Bem vindos a Waverly Hills, o Sanatório mais assombrado do mundo


Dentre os lugares assombrados do mundo, alguns dos mais conhecidos e, na verdade, mais assustadores foram, em seu passado, sanatórios e manicômios que hoje se encontram abandonados. Afinal de contas, esses são lugares carregados com supostas energias negativas deixadas por emoções fortes: dor, sofrimento e morte. A história de tais lugares está repleta de lembranças ruins, ocorrências sombrias e incidentes sinistros, o que os torna fonte para inúmeras lendas sobre fantasmas.

Entre os lugares mais conhecidos por sua história macabra, encontramos um infame sanatório localizado no estado do Kentucky, nos Estados Unidos, O lugar ganhou ao longo dos anos a reputação de ser um dos prédios mais assombrados de que se tem notícia, colecionando narrativas aterrorizantes de pessoas que afirmam ter testemunhado dentro dele acontecimentos inexplicáveis.  

Empoleirado no topo de uma colina a sudoeste de Louisville, Kentucky, encontra-se o antigo Waverly Hills Sanatorium, um edifício cinzento e monolítico que parece algo saído de um conto de horror gótico, o que, de muitas maneiras é verdade. Inaugurado em 1910 em um terreno que anteriormente abrigou uma escola, o sanatório foi projetado para lidar com a crescente epidemia de tuberculose que assolava a região. Naquela época, a tuberculose era uma doença extremamente temida e incurável, amplamente vista como uma sentença de morte. Ela causava um pânico entre as pessoas difícil de compreendermos hoje em dia. Sabia-se muito pouco a respeito da doença, como ela se espalhava, como combater sua ação e como lidar com os enfermos. Na ausência de informações, os pacientes eram simplesmente afastados do convívio com o resto do mundo e confinados em sanatórios. Como Louisville estava passando por um aumento repentino de casos que inundavam suas outras instalações, o Waverly Hills foi construído para compensar essa lacuna. Na época, ele era considerado uma instituição de ponta.


As dimensões da instalação se expandiu rapidamente para se tornar completamente autossuficiente. Waverly Hills contava com seus próprios campos e rebanho, hortas e plantações de vegetais, estação de tratamento de água e até sua própria estação de rádio, correio e código postal. Não é exagero dizer que ele funcionava como uma pequena cidade com uma população residente de médicos, enfermeiros, funcionários e é claro, pacientes. 

A ideia era ser completamente funcional e isolado, e de fato, todos que aceitaram trabalhar lá, sabiam que deveriam obrigatoriamente cortar todos os laços com o mundo exterior, dizer adeus a amigos e entes queridos e permanecer neste lugar por um tempo indeterminado. Quarteirões inteiros foram construídos nos limites da instituição, que possuía ainda praça, igreja e até mesmo um cinema. 

O único vínculo com o mundo externo ocorria nos dias de visitas ocasionais, estritamente controlados, limitados e supervisionados. De um modo geral, a população residente de Waverly Hills estava por conta própria. Ao longo dos anos, muitas expansões foram adicionadas, incluindo um hospital para casos avançados e um pavilhão infantil, vastas áreas verdes ao ar livre e praticamente um novo prédio construído por ano. Na época, o Sanatório era considerado um dos maiores e mais avançados do país, senão do mundo. Os pacientes tinham uma vida mais digna, já os médicos podiam pesquisar e compreender a doença que enfrentavam. Não resta dúvida que o Hospital contribuiu enormemente para o combate e compreensão da Tuberculose. 

Mas não se engane! Apesar das instalações bem equipadas, dos profissionais dedicados e do cenário plácido de florestas e paisagens bucólicas, não havia como afastar uma trágica verdade: Aquele era um lugar de escuridão.


No começo do século passado sabia-se muito pouco sobre como tratar a tuberculose e seus efeitos, tudo o que se sabia é que suas características letais raramente podiam ser superadas. Ar puro, luz do sol, coquetéis de  medicamentos e oração, eram as formas mais comuns de tratamento, mas infelizmente pouco disso trazia algum resultado. Com efeito, os médicos no Waverly Hills estavam dispostos a tentar tratamentos diferentes e testar suas teorias. Algumas vezes, estes métodos acabavam se tornando temerários e em muitas circunstâncias quase tão mortais quanto a própria doença. Com o intuito de curar os pacientes, os médicos realizavam procedimentos experimentais que pareciam saídos de histórias de terror. Um destes tratamentos era a infame pneumectomia, um procedimento cirúrgico em que partes infectadas do pulmão e às vezes todo o órgão eram removidos do paciente. Já a toracoplastia envolvia a remoção de vários ossos das costelas e da parede torácica para colapsar o pulmão. Hoje em dia, tudo isso pode parecer um absurdo insensato, mas naqueles tempos havia a convicção de que a cura só seria atingida através de tentativa e erro.

A maioria das pessoas enviadas para Waverly Hills sabiam que seria uma passagem apenas de ida e que ser admitido no lugar era uma verdadeira sentença de morte. Aqueles enviados para o Sanatório recebiam o apelido de "fantasmas vivos" e quando faziam a viagem derradeira até seu destino final, usavam um traje especial que os identificava: uma roupa cinzenta que alguns consideravam de péssimo gosto, uma vez que lembrava uma mortalha funerária.

A morte era uma ocorrência diária no Sanatório, com corpos despachados diariamente para cemitérios em caixões de metal lacrados. Tamanho era o movimento de cadáveres, que decidiu-se construir um cemitério e crematório nas instalações, afim de facilitar o trabalho. A morte era algo tão corriqueiro que chegou ao ponto em que era comum ver corpos sendo carregados diante de outros pacientes, embora na maioria das vezes esse transporte fosse realizado através de túneis secretos que conectavam a enfermaria e hospital ao necrotério. 

Os médicos consideravam desmoralizante reconhecer que seus métodos eram pouco eficazes. Além disso, tal coisa criava pânico entre a população que estava cada vez mais ciente de que os profissionais incumbidos de cuidar deles sabiam pouco a respeito da doença que os afligia. De fato, em muitos casos, os médicos e enfermeiros mentiam a respeito da recuperação de pacientes para os demais, afirmando que alguns haviam recebido alta ou que seriam transferidos para outras instalações, uma vez que apresentavam melhora. Na verdade, nada disso era verdade, as transferências decorrentes de cura eram um engodo para ocultar a alarmante média de mortes.


Apenas na década de 1940 surgiram avanço significativos no tratamento médico que sinalizariam com um raio de esperança para os doentes de tuberculose. Ironicamente estes também levariam ao fim do Waverly Hills, visto que os custos de manutenção e funcionamento da instalação eram imensos. Em 1944, com a introdução dos antibióticos a doença começou a ser tratada com sucesso. Outros procedimentos como a adoção da estreptomicina, reduziram expressivamente o número de óbitos e com essas melhorias, logo viu-se que não haveria mais a necessidade de um sanatório daquele tamanho. 

O Waverly Hills Sanatorium finalmente fechou as suas portas no ano de 1961. Ele foi brevemente ressuscitado como uma instalação geriátrica conhecida como Woodhaven Medical Services, antes de fechar definitivamente em 1981. Denúncias de maus tratos e negligência levaram a esse fechamento, mas muitos simplesmente diziam que o local era grande demais e muito opressor para os pacientes. Já nessa época, proliferavam rumores à respeito de fenômenos estranhos e ocorrências inexplicáveis no complexo. Testemunhas mencionavam sons bizarros: ruídos misteriosos, passos, gritos e assovios vindos de alas desativadas ou trancadas. Alguns mencionavam zonas frias, em que a temperatura despencava repentinamente e onde era impossível afastar a sensação de estar sendo observado. Muitos enfermeiros e pacientes afirmavam ver pessoas estranhas andando pelos corredores, pátios e áreas externas. Algumas dessas assombrações eram tão recorrentes que acabavam recebendo nomes e sendo conhecidas por todos. O Hospital, o antigo necrotério e obviamente, o cemitério eram os lugares que registravam a maior parte dos incidentes inexplicáveis. As pessoas reportavam portas batendo, objetos sendo arrancados das paredes e gritos de gelar o sangue. 

Após o fechamento do Hospital geriátrico, as enormes instalações foram mudando de dono, sendo usadas como hotel, centro de conferências e até mesmo modeladas num complexo prisional de mínima segurança. Todos os que se instalaram, ainda que brevemente no lugar, reportavam ocorrências estranhas. As assombrações vistas no Waverly Hills se mostravam quase sempre confusas, e supostamente pertenciam a pacientes que viveram seus últimos momentos nesse local soturno. Um dos fantasmas recorrentes é o de uma mulher, apelidada Mary, que veste o infame jaleco cinzento da instituição. Ela parece procurar a saída do hospital, como se pela eternidade estivesse compelida a buscar por uma fuga. Mas há outros... fantasmas de homens, mulheres e crianças, médicos e enfermeiros e até de animais domésticos parecem habitar esse lugar macabro. Um grande número de testemunhas afirmavam ter visto estranhos globos luminosos subindo e descendo os corredores ou atravessando paredes. Também mencionavam a sensação de serem tocados, empurrados e até mesmo mordidos por manifestações incorpóreas.  

Os túneis usados para transportar os cadáveres são outro lugar que fervilha com atividade paranormal. Pessoas transitando por eles reportam o som de gritos, gemidos e dos carrinhos que transportavam os cadáveres infectados. As instalações elétricas nesses túneis parecem sempre apresentar defeitos e não é raro que as pessoas andando por ali tenham de lidar com apagões que as deixavam no escuro. Funcionários e guardas da prisão afirmavam que o lugar passou a ser ainda mais temido depois que instituíram que ali seriam colocadas as solitárias para os presos rebeldes. Homens que passaram algum tempo nesses lugares afirmavam que não estavam exatamente sozinhos nos cubículos.


Quando a Prisão também foi desativada no final dos anos 1990, o lugar ficou desocupado por algum tempo, vindo a cair no abandono. Isso ajudou a aumentar ainda mais os rumores sobre assombrações habitando o local que sem cuidados lentamente se converteu numa ruína. Os atuais proprietários, Charles e Tina Mattingly, adquiriram as instalações decrépitas em 2011 e fizeram grandes esforços para tentar restaurá-lo e financiar sua reestruturação, mas tal coisa nunca aconteceu. 

Não faltam histórias a respeito de cantos especialmente assustadores no esqueleto abandonado do Waverly Hills. O antigo pavilhão das crianças é famoso por ser assombrado pelo espírito de um menino chamado Timmy, que é visto frequentemente vagando pelos quartos e corredores escuros. Alguns visitantes deixam brinquedos, roupas e doces para o espírito não se sentir sozinho ou para saber que ele é lembrado. Algumas vezes, esses presentes somem misteriosamente ou aparecem em outros cantos do hospital, o que por si só, soa absurdamente sinistro.

Outro aposento sinistro é a Sala 502, tida como assombrada por uma enfermeira que trabalhou no sanatório e se enforcou no quarto quando foi tomada por uma depressão paralisante. Dizem que o quarto 502 está tão imbuído de energia negativa que uma sensação de desânimo e tristeza avassaladoras dominam as pessoas mais sensíveis que o visitam. Alguns sensitivos afirmam ser impossível ficar lá por muito tempo. Há o boato que um preso, teria se atirado pela janela depois de experimentar pesadelos no período em que ocupou esse mesmo local amaldiçoado. 


O telhado do antigo prédio principal também é considerado intensamente assombrado. Palco de vários suicídios, algumas pessoas que subiram no telhado contaram se sentir profundamente incomodadas por sensações exasperantes de mágoa e desalento. Um encontro dramático foi relatado no site True Ghost Tales, por uma testemunha que visitou o Sanatório:

"Meus colegas e eu chegamos ao telhado e ficamos sentados lá por um tempo, pensando nas histórias que ouvimos sobre aquele lugar. Foi então que começamos a ver vultos se movendo na área do quinto andar, onde os pacientes comumente deitavam para tomar ar. Havia sombras se movendo por toda parte! Começamos a ver silhuetas de pessoas com pijamas e roupões. Meu amigo Chris quis fugir em desespero e tivemos de segurá-lo, pois ele quase despencou do telhado. 

Tínhamos de voltar por aquele mesmo caminho e todos ficamos apavorados diante dessa perspectiva. Mas não havia outra maneira! Não podíamos correr devido à escuridão e a quantidade de detritos espalhados pelo chão, então seguramos com força uns nos braços dos outros e seguimos pelo corredor. Queria fechar os olhos, mas precisava ver para onde estava indo. Eu continuava a ver as sombras que nos cercavam, senti mãos e dedos tocando e afagando minhas costas. Nós não estávamos sozinhos...

Quando chegamos às escadas e descemos ao andar inferior, nossos olhos estavam mais ajustados ao escuro. A luz da lua refletiu através do prédio e tivemos uma boa visão do corredor até o ponto onde ele se curvava ligeiramente. Tinha chovido na noite anterior e devido ao formato do prédio e nenhuma janela para bloquear, a água havia escorrido para dentro. No chão havia poças de água estagnada e começamos a ver pegadas descalças como se alguém tivesse acabado de atravessar a poça e deixado rastros.

Várias portas dos quartos que pertenceram aos pacientes estavam abertas, mesmo que poucas horas antes, quando passamos por ali, elas estivessem fechadas. Alguns de nós, começaram a chorar de forma espontânea. O som dos lamentos era o pior: gemidos baixos, estalos e ruídos que não sabíamos de onde vinham. Em determinado momento eu ouvi perfeitamente alguém dizendo: "Quero sair, mas eles não deixam!". Poucos segundos depois, um tijolo voou do telhado e caiu perto de onde havíamos acabado de passar. Foi a experiência mais aterrorizante da minha vida."


Outros fantasmas e espíritos diversos que vagam pelas ruínas de Waverly Hills incluem uma senhora idosa gritando a medida que arrasta correntes ensanguentadas, uma tímida aparição feminina que gosta de espiar os visitantes pelos cantos, o fantasma de uma adolescente que brinca de esconde-esconde, e inúmeros relatos de entidades que assumem a aparência de quem as observa, como se fossem doppelgangers. A mais sinistra das presenças que habitam o Sanatório dilapidado é uma entidade demoníaca e malévola apelidada de "O Rastejador", que anda de quatro e sobe tetos e paredes. Essa sombra aterrorizante já foi vista repetidas vezes se esgueirando em muros como um enorme lagarto, deslizando ligeiro por superfícies e desaparecendo em cantos escuros. 

Toda essa atividade garantiu que o Waverly Hills Sanatorium se tornasse uma meca para alegados caçadores de fantasmas. O sanatório já apareceu em dezenas de programas Paranormais, como Scariest Places on Earth, o Celebrity Paranormal Project da VH1, Ghost Hunters e Zone Reality's Creepy do Canal Syfy, o programa britânico Most Haunted Paranormal Challenge, o Ghost Adventures do Travel Channel e Ghost Asylum e Paranormal Lockdown, ambos no Destination America. Muitos dos apresentadores que visitaram o que restou do Sanatório afirmam que ele é um dos lugares mais assustadores em que já gravaram. Não por acaso, Waverly Hills conquistou a reputação de ser um dos endereços mais intensamente assombrados dos Estados Unidos.

Há muitas explicações para a reputação desse lugar fantasmagórico. O fato de que, em sua época, o sanatório ter conhecido tanta morte e sofrimento, diz muito a respeito dele. Médiuns acreditam que intensas emoções e sentimentos negativos podem macular um lugar. Como se o chão e as paredes ficassem eternamente manchadas por essa mácula. Isso acaba fazendo com que os espíritos fiquem aprisionados em seus limites, eternamente compelidos a relembrar de sua miséria.

Os materialistas e cínicos podem decretar que tudo isso não passa de imaginação fértil daqueles que exploram o lugar. Pessoas dispostas a crer no sobrenatural e que portanto enxergam justamente aquilo que desejam ver. Talvez estejam certos, mas é inegável que o Waverly Hills é um daqueles lugares naturalmente assustadores que não são bons para indivíduos impressionáveis ou com muita imaginação. Aqui, as sombras se movem de forma pouco natural, as janelas parecem observar e os corredores se estendem mais longe que a vista alcança.

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