quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Ctônianos - Os terríveis causadores de Terremotos


"Tentáculos serpenteando e um corpo alongado, cinza-escuro e polpudo... 
nenhuma característica distintiva além dos tentáculos que se estendiam e tateavam. 
Ou havia - sim - um nódulo na parte superior do corpo da coisa... 
uma espécie de recipiente para o cérebro, gânglios e órgãos doentios 
que governavam a vida repugnante daquele horror! „

- Brian Lumley, The Burrowers Underath

*     *     *

Ctônicos são criaturas que guardam pouca semelhança com qualquer outra forma de vida no planeta e podem, segundo alguns teóricos ser uma subespécie dos terríveis Dholes. Há semelhanças, como o fato de ambas espécies serem subterrâneas, vermiformes e que compartilham do mesmo habitat, contudo, o principal diferencial entre eles diz respeito ao tamanho, uma vez que os Dholes são monstros colossais com centenas de metros de comprimento.

Comparativamente, os Ctônicos são menores, com indivíduos adultos medindo entre 5 e 8 metros de comprimento e pesando entre quatro e cinco toneladas - embora indivíduos maiores já tenham sido avistados. As criaturas possuem um corpo alongado em formato tubular com uma grossa carapaça revestindo toda extensão. Essa camada coriácea é tão densa que resiste facilmente a temperaturas elevadas e protege as criaturas mesmo de potentes explosões. Uma espingarda disparada à queima roupa encontraria dificuldade em penetrar na carne da criatura e provocar algum ferimento. A parte posterior das criaturas é totalmente encouraçada, contudo a porção anterior, que corresponde à cabeça, é menos guarnecida pela armadura natural. Esta cabeça, uma massa de carne musculosa e úmida, fica alojada em uma espécie de estojo. Dela despontam entre 10 e 14 tentáculos prenseis que se alongam até 6 metros. Os tentáculos são geralmente lisos, contudo alguns podem formar grânulos de sucção que ajudam a criatura a apanhar e puxar objetos com maior facilidade. Os tentáculos são incrivelmente fortes capazes de agarrar e levantar uma viga de construção ou dobrar uma barra de aço de uma polegada. Eles são o método principal de ataque dos Ctônicos, usados para dilacerar seus oponentes. Alternativamente eles também atacam esmagando ou capturando alvos que são então arrastados para o subterrâneo e devorados.   

A boca do Ctônico é uma estrutura em forma de cone localizada no centro da cabeça, com uma série de cerdas serrilhadas que fazem o papel de dentes. Alimentos empurrados através do tubo bucal são fatiados por essas cerdas a medida que escorregam para o interior oco. Ctônicos são carnívoros, embora possam obter outra forma de nutrição, possivelmente proveniente de sais minerais no solo. Eles parecem nutrir uma satisfação especial em se alimentar de seres humanos e o fazem quando possível. 


Os Ctônicos não possuem estruturas sensoriais similares ao que conhecemos como olhos, nariz ou orelhas, de modo que sua percepção depende exclusivamente de vibrações no solo. Um membro da espécie é capaz de captar leves vibrações no solo e interpretá-las, reconhecendo padrões. Dessa forma eles podem definir o peso ou número de indivíduos próximos a eles. Além disso, seu sistema sensorial é reforçado pela sua telepatia latente que detecta outras formas de vida com um alcance de quilômetros. 

O cérebro da criatura, dividido em 6 lobos, fica protegido sob várias camadas de pele esponjosa que tem o propósito de absorver impacto. A complexidade do córtex é notável, possuindo 50% mais neurônios que os seres humanos e pesando em média quase dois quilos e meio. Esse cérebro portentoso é a fonte dos dons telepáticos da espécie. Além de projetar uma "voz mental" que estabelece comunicação, um Ctônico adulto pode acessar a mente de um ser humano e afetá-lo. Entretanto, essa é uma interação rude, não um tipo de "controle mental". A criatura implanta uma espécie de sugestão que nubla a percepção momentaneamente. Uma pessoa afetada pode agir estranhamente e tomar decisões atípicas, como por exemplo caminhar até a beira de um precipício ou soltar um objeto, mas nada muito além disso.     

Atrás da cabeça do Ctônico há uma glândula musculosa que secreta uma substância mineral betuminosa quando estimulada por fricção. Ela espalhada a substância pelo corpo a medida que a criatura se move, recobrindo-a por inteiro quando ela se arrasta. Essa substância é responsável por proteger a criatura, facilitar sua locomoção e supostamente, por propiciar a dissolução de minerais através do qual ele pode então se mover. Não se sabe exatamente como essa substância age uma vez que amostras são quase impossíveis de serem obtidas já que ela se desfaz em poucos segundos depois de liberada do corpo. A substância também preserva o Ctônico. Uma vez morto a glândula cessa sua produção e o organismo inteiro seca e se desfaz rapidamente. Isso explica porque a carcaça de tais seres nunca é encontrada.


As colônias desses seres se encontram exclusivamente nos subterrâneos, estendendo-se por quilômetros de túneis e passagens que penetram na Terra até profundezas inimagináveis. Essas colônias são formadas por pelo menos meia dúzia de indivíduos adultos e geralmente por alguns filhotes que são zelosamente protegidos coletivamente. Os Ctônicos não são especialmente conhecidos por sua tecnologia (aparentemente, eles não veem necessidade em ferramentas), contudo alguns acreditam que estranhos engenhos de dimensões titânicas, encontrados no fundo do mar, possam ter sido criados por eles em algum momento do passado distante. O misterioso objeto supostamente encontrado nas profundezas do Mar Báltico em 2012, seria apenas o último desse enigmáticos itens cujo propósito permanece desconhecido.

Uma teoria controversa é que as colônias se formariam com o objetivo de render homenagem ao Deus principal da espécie, Shudde M'ell, um Ctônico de proporções gigantescas que habita os alicerces da cidadela de G'Harne. Sabemos pouco sobre costumes religiosos, mas conjectura-se que o Deus projeta emanações psíquicas que são captadas pelos demais membros da espécie e interpretados como ordens de sua vontade. Shudde M'ell seria responsável entre outras coisas por migrações, por determinar a temporada de acasalamento e a realização de ataques. De tempos em tempos, os Ctônicos peregrinam para G'Harne para as bênçãos de sua deidade. Embora sejam nômades por natureza, há lugares em que as colônias se fixam mais frequentemente sendo o Planalto Central da Ásia, as planícies da Mongólia, o Oriente Médio e sob os Andes seus locais favoritos - não por acaso, todas, áreas sujeitas a instabilidade sísmica.

Uma das características mais aterrorizantes sobre os Ctônicos envolve sua capacidade de provocar terremotos. Por séculos conjecturou-se que o simples movimento dessas criaturas, criando seus túneis, seria suficiente para ocasionar os tremores de terra. Estes seriam decorrentes de desabamento em seus túneis, contudo, é possível que eles conscientemente provoquem terremotos com a intenção de causar destruição em larga escala na superfície. Um grupo suficientemente grande de Ctônicos pode se reunir com o objetivo de criar um terremoto, bastando para isso se posicionar sob o local que desejam atingir. Nessas ocasiões, as criaturas costumam realizar uma série de movimentos calculados que tem como objetivo incidir sobre determinadas placas tectônicas. A sensibilidade desses seres em encontrar as placas adequadas é notável tornando possível atingir uma área específica e provocar dano localizado. Com o devido conhecimento geográfico, um grupo de Ctônicos é capaz de concentrar sua ação e atingir uma vizinhança, um bloco de construções ou mesmo uma única edificação, por exemplo uma casa. 


Muito mais temida, no entanto, é a capacidade de causar terremotos em larga escala. Para esse intento, um grupo grande de Ctônicos precisa se juntar, criando as condições para um massivo cismo que se espalha por uma área de quilômetros de diâmetro, centrada no ponto em que eles se reuniram. Esse tipo de cooperação tende a ser rara e os Ctônicos a reservam para casos extraordinários. Suspeita-se que grandes terremotos ocorridos ao longo da história tenham sido causados, ou ao menos potencializados pela ação de Ctônicos. Seu propósito seria punir humanos na superfície. Em geral, tal coisa ocorre como retaliação diante de alguma ação prévia, em especial alguma que tenha afetado uma colônia e custado a vida de indivíduos jovens. No passado, certas sociedades humanas, ofereciam aos Ctônicos sacrifícios para aplacar sua ira, acreditando que tais medidas podiam conter terremotos. 

Teóricos do Mythos conjecturam que o terremoto que devastou Knossos, capital da Civilização Minoana em 1500 aC possa ter sido causado por Ctônicos. Os gregos teriam sido os primeiros a reconhecer a existência dos Ctônicos. Posteriormente, o Terremoto que atingiu Antióquia em 115 dC também pode ter sido obra desses seres. Há suspeitas que a Catástrofe de Lisboa (1755) e o Tremor de Tabriz (1780) foram intentados por colônias localizadas sob a Península Ibérica e Pérsia. Em épocas mais recentes pesa uma suspeita sobre os trágicos terremotos de San Francisco (1906), Yokohama (1923), Tangshan (1976) e Port au Prince (2010).

Historicamente, poucas forças da natureza são mais temidas do que terremotos. Desde a aurora da civilização, a humanidade se ressente de sismos de terra e do poder destrutivo por eles liberado. Em poucos segundos, um terremoto é capaz de arrasar com uma cidade e transformar obras que demoraram séculos para serem erguidas em pilhas de entulho e ruínas. Nesse contexto, se os Ctônicos realmente um dia declararem guerra aos humanos, há pouco que poderíamos fazer para nos resguardar de seus ataques e menos ainda para prevenir suas ações. Não por acaso, muitos estudiosos consideram que os Escavadores estão entre as maiores ameaças para a nossa existência no planeta.

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