Pessoal, como prometido segue o relato de como foi a aventura que narrei no Encontro do Dungeon Carioca de Dezembro passado.
A aventura em questão se chama Archimedes 7, eu havia feito uma introdução a respeito do cenário em uma postagem anterior. Para quem não leu, recomendo dar uma olhada no outro para entender esse aqui. É só clicar nesse link: aqui.Trata-se de um cenário usando o sistema clássico de Call of Cthulhu. A proposta de Archimedes 7 é bem diferente do convencional, pois a ação se passa em um ambiente fora do normal: à bordo de uma imensa nave espacial. Os jogadores interpretam tripulantes a caminho de uma colônia em um planeta muito, muito distante.
Prólogo
No início da aventura, antes mesmo de entregar os personagens, três dos jogadores tem um deja-vu. Nenhum deles sabe onde está, ou o que está acontecendo. Eles são capazes apenas de ver imagens em sua mente, imagens que não parecem fazer muito sentido. Eles assistem o que parece ser uma celebração religiosa. Pessoas perfiladas em uma espécie de templo subterrâneo. Indivíduos vestindo o que parecem ser mantos de cor amarela. Estranhos sem nome e com o rosto coberto com capuzes estão diante de um altar de pedra. Eles estão proferindo estranhas palavras que são repetidas em uma ladainha sem sentido: nomes misteriosos, palavras desconexas em algum idioma desconhecido.
E há ainda um símbolo pintado no altar... mas o que é aquilo? Nenhum deles quer olhar para essa coisa. Apenas olhar para ele lança ondas de náusea através de cada um. É impossível contemplar esse símbolo sem sentir repulsa, horror e... fascinação.
Parte 1: E que se faça a Luz
De repente tudo é luz e claridade. Branco sobre branco, sobre branco...
De repente tudo é luz e claridade. Branco sobre branco, sobre branco...
Eu sei, é meio lugar comum, mas continua sendo a melhor imagem. |
Uma figura de terno branco imaculado está diante da equipe (ou quase!). Lentamente eles começam a lembrar que aquele é o avatar holográfico da Inteligência Artificial (I.A) que comanda a nave. A tripulação o chama de Archie e sua função é auxiliar a tripulação na longa viagem até o planeta Atlas.
[Obs: Morgan Freeman como Archie me pareceu uma boa opção. Eu queria alguém que parecesse tranquilo, amigável, confiável...]
Os personagens começam a lembrar que foram contratados pela Corporação Weyland-Yutani para um trabalho de colonização e terra-formação em um planeta chamado Atlas. A viagem de cinco anos até o destino final deveria transcorrer tranquilamente, com eles e mais 160 colonos dormindo em câmaras de hibernação. Enquanto isso, uma tripulação de oito indivíduos cuidaria da Archimedes, monitorada por Archie.
[Obs: Morgan Freeman como Archie me pareceu uma boa opção. Eu queria alguém que parecesse tranquilo, amigável, confiável...]
Os personagens começam a lembrar que foram contratados pela Corporação Weyland-Yutani para um trabalho de colonização e terra-formação em um planeta chamado Atlas. A viagem de cinco anos até o destino final deveria transcorrer tranquilamente, com eles e mais 160 colonos dormindo em câmaras de hibernação. Enquanto isso, uma tripulação de oito indivíduos cuidaria da Archimedes, monitorada por Archie.
Mas por alguma razão eles foram despertados antes da hora. E não há ninguém para saudá-los. Ninguém à não ser Archie. O holograma de I.A logo coloca o grupo a par das novidades: "Creio que sou o portador de más notícias" ele comenta enquanto realiza exames rotineiros de saúde. Segundo Archie, a equipe foi despertada através de um protocolo emergencial na vigência de uma situação inesperada (e potencialmente perigosa).
Archie explica que a tripulação original da Archimedes 7, não está mais "ativa". Um dos membros originais da tripulação, a Oficial de Segurança Jennifer Albraight parece ter contraído o que Archie diagnosticou como um severo quadro de Psicose Espacial (o equivalente a Loucura da Cabana, quem viu "O Iluminado"?). Em meio a um surto psicótico a oficial Albraight passou a não confiar em seus colegas e no computador da nave. Ela hackeou os sistemas de Archie desativando vários de seus protocolos operacionais (o que inclui câmeras, manutenção, controle de danos)... deixando-o apenas com as funções mais básicas - quase limitado ao Suporte de Vida. Pouco antes, a oficial havia drogado a comida de seus colegas de tripulação e quando estes ficaram incapazes de reagir, em meio a uma crise paranóide aguda, ela os assassinou friamente. "Como vocês se sentem com essa notícia?" pergunta o holograma preocupado.
Ele prossegue: A equipe recém despertada e a oficial Albraight são os únicos membros restantes à bordo da Archimedes, excetuando o restante dos colonos ainda dormindo nas câmaras de hibernação.
Deus? Não, apenas um holograma de Inteligência Artificial |
Archie explica que a Oficial de Segurança depois de eliminar os tripulantes tentou sabotar a viagem. Ela reconfigurou o mecanismo de resfriamento da Nefarious, a nave acoplada à Archimedes que carrega o combustível necessário para chegar até Atlas. Para evitar uma falha crítica e um super-aquecimento, a Archimedes irá automaticamente ejetar a Nefarious como medida de segurança ficando à deriva. Archie não é capaz de corrigir sozinho essa modificação, pois a oficial desativou a maioria das suas funções.
Para resolver o problema, a I.A. decidiu despertar os seis personagens em caráter de emergência - uma das funções que ele ainda comandava envolve operar as câmaras de hibernação. Archie instrui a equipe sobre o que deve ser feito. Eles devem seguir até a Nefarious e realizar reparos manualmente. A equipe tem 48 horas para concluir essa tarefa. É tempo mais do que o suficiente segundo o holograma, mas o trabalho precisa ser feito para evitar qualquer dano permanente, do contrário a jornada estará comprometida.
Logo que fica sabendo da situação, o engenheiro Richard Madox tenta desativar o procedimento de segurança que limita as ações de Archie, mas o acesso a essa opção está bloqueado. Enquanto isso a Dra. Monica Cheung e a psicóloga Barbara Reynolds buscam informações sobre a Oficial Albraight. Nos bancos de dados descobrem que ela possui vasto treinamento militar e habilidades técnicas. sem dúvida é alguém extremamente perigoso. O perfil psicológico da Oficial demonstra que ela realmente teria propensão para esse tipo de reação extrema. Archie informa que o paradeiro da Oficial é desconhecido, ela tem usando os dutos de ventilação para se deslocar pela nave. Uma vez que as câmeras e sensores internos foram bloqueados, a I.A. é incapaz de dizer onde ela se encontra.
Enquanto os demais buscam informações sobre a situação, Calvin Waters, Joe Meachum e Jonathan Bryce tentam ser práticos e procuram armas para se defender da oficial. Infelizmente, Archie os informa que as armas foram bloqueadas no arsenal e não é possível dispor delas. Além disso, a Oficial Albraight, uma vez que era a responsável pela segurança, deve ter em seu poder ao menos uma arma letal. Sem muitas perspectivas, a equipe decide improvisar o que for possível para garantir sua defesa.
Parte 2: Os Corredores Infernais da Archimedes 7
"Eu devo avisá-los que os senhores poderão ficar perturbados diante do que ocorreu nos demais compartimentos da nave" adverte o holograma antes que os personagens deixem a sala onde estão.
Mas o aviso de Archie não poderia antever o pesadelo que a equipe encontra nos compartimentos seguintes. Há sangue nos corredores, marcas de disparos em portas e paredes, sujeira e destruição. Luzes piscando, terminais soltando faíscas e caos. Pior do que isso... logo que começam a explorar os compartimentos da nave, a equipe começa a encontrar o que restou da tripulação original.
Na enfermaria há um corpo horrivelmente mutilado na câmara de análise e diagnóstico. A vítima parece ter sofrido um procedimento de autópsia enquanto ainda estava viva (!!!). Há sangue por toda parte: no teto e nas paredes, nos instrumentos e terminais. Órgãos foram extraídos enquanto o pobre diabo ainda se debatia e era cortado pelo bisturi laser. Coordenados pela Dra. Cheung, a equipe coleta tranquilizantes e drogas que poderão ajudar a conter a Oficial Albraight.
No alojamento da Tripulação, o grupo busca por algo que possa ser útil, mas encontra apenas mais indícios da insanidade que se abateu na Archimedes. Há um tripulante degolado em sua cama. Tudo indica que ele foi morto enquanto estava dormindo. Sua face foi horrivelmente desfigurada: olhos, nariz, lábios e orelhas extirpados à faca. Na parede está escrito com sangue: "O sono da razão produz monstros!"
Na cozinha, a equipe encontra um cadáver largado sobre a mesa de preparação. Há nada menos do que 20 facas cravadas no corpo. O cozinheiro apanha um cutelo: "Temos de matar essa vaca!" ele diz nervoso. Os outros se entreolham, claramente estão diante de alguém descontrolado e extremamente perigoso. Contudo, nenhum deles jamais matou... e a noção de fazê-lo chega a ser, por alguma razão, nauseante.
De câmara em câmara, a equipe encontra cenas de profundo horror niilista. Sala de recração, sala de computadores, reunião... Não vou descrever cada uma, mas vocês entenderam a situação. Finalmente o grupo encontra as ferramentas do engenheiro, que são necessárias para a tarefa à frente. Eles se dirigem para o turbo-elevador que os levará até a Nefarious.
Mas algo ainda mais estranho parece estar acontecendo. A cada visão tenebrosa de morte e assassinato, alguns deles experimentam um perturbadores flashback. Fragmentos de memória parecem ser liberado em suas mentes, quase como se aquelas experiências traumáticas, permitissem que coisas de seu passado, enterradas profundamente no subconsciente, viessem à tona. E essas lembranças parecem não se encaixar na biografia de cada um... Bryce se imagina como um jogador bem sucedido de futebol americano, Calvin tem visões sobre uma viagem à bordo de uma nave da qual não se recorda, Joe lembra de ter recebido uma promoção da qual não lembra, Barbara tem a nítida impressão de que esteve em uma colônia com uma equipe de exploração médica e assim por diante...
O que estaria acontecendo? A medida que os flashback se seguem, a equipe descobrem coisas estranhas.
[OBS: Cada flashback, de um total de cinco para cada personagem estava escrito em um pedaço de papel que eu passava para o jogador quando ele perdida algum ponto de sanidade. Essa era a condição para ter acesso a uma lembrança desbloqueada].
Archie se mostra incapaz de oferecer uma explicação razoável para isso, ele diz apenas que o Sono Criogênico às vezes pode causar efeitos colaterais e que o grupo deve focar seus esforços na manutenção da nave. Segundo ele, é padrão que exista um monitoramento que garante aos viajantes nas câmaras um sono tranquilo.Quando perguntado especificamente a respeito do estranho sono que alguns tiveram pouco antes de despertar, Archie diz que não há nenhuma simulação dessa natureza.
Finalmente o elevador chega até a Nefarious, e lá o grupo descobre que o Suporte de Vida está falhando. O corredor que conduz à outra nave está repleto de fumaça e muito quente (mais de 50 graus!). Usando máscaras de respiração, a equipe conclui que precisa agir o mais rápido possível. Resolver o problema e abandonar esse ambiente hostil. Maddox dá início aos procedimentos técnicos, auxiliado por Waters e Bryce.
(continua)
Enquanto os demais buscam informações sobre a situação, Calvin Waters, Joe Meachum e Jonathan Bryce tentam ser práticos e procuram armas para se defender da oficial. Infelizmente, Archie os informa que as armas foram bloqueadas no arsenal e não é possível dispor delas. Além disso, a Oficial Albraight, uma vez que era a responsável pela segurança, deve ter em seu poder ao menos uma arma letal. Sem muitas perspectivas, a equipe decide improvisar o que for possível para garantir sua defesa.
Parte 2: Os Corredores Infernais da Archimedes 7
"Eu devo avisá-los que os senhores poderão ficar perturbados diante do que ocorreu nos demais compartimentos da nave" adverte o holograma antes que os personagens deixem a sala onde estão.
Mas o aviso de Archie não poderia antever o pesadelo que a equipe encontra nos compartimentos seguintes. Há sangue nos corredores, marcas de disparos em portas e paredes, sujeira e destruição. Luzes piscando, terminais soltando faíscas e caos. Pior do que isso... logo que começam a explorar os compartimentos da nave, a equipe começa a encontrar o que restou da tripulação original.
Sim, Dead Space 2 foi uma das referências para o cenário |
No alojamento da Tripulação, o grupo busca por algo que possa ser útil, mas encontra apenas mais indícios da insanidade que se abateu na Archimedes. Há um tripulante degolado em sua cama. Tudo indica que ele foi morto enquanto estava dormindo. Sua face foi horrivelmente desfigurada: olhos, nariz, lábios e orelhas extirpados à faca. Na parede está escrito com sangue: "O sono da razão produz monstros!"
Na cozinha, a equipe encontra um cadáver largado sobre a mesa de preparação. Há nada menos do que 20 facas cravadas no corpo. O cozinheiro apanha um cutelo: "Temos de matar essa vaca!" ele diz nervoso. Os outros se entreolham, claramente estão diante de alguém descontrolado e extremamente perigoso. Contudo, nenhum deles jamais matou... e a noção de fazê-lo chega a ser, por alguma razão, nauseante.
De câmara em câmara, a equipe encontra cenas de profundo horror niilista. Sala de recração, sala de computadores, reunião... Não vou descrever cada uma, mas vocês entenderam a situação. Finalmente o grupo encontra as ferramentas do engenheiro, que são necessárias para a tarefa à frente. Eles se dirigem para o turbo-elevador que os levará até a Nefarious.
Mas algo ainda mais estranho parece estar acontecendo. A cada visão tenebrosa de morte e assassinato, alguns deles experimentam um perturbadores flashback. Fragmentos de memória parecem ser liberado em suas mentes, quase como se aquelas experiências traumáticas, permitissem que coisas de seu passado, enterradas profundamente no subconsciente, viessem à tona. E essas lembranças parecem não se encaixar na biografia de cada um... Bryce se imagina como um jogador bem sucedido de futebol americano, Calvin tem visões sobre uma viagem à bordo de uma nave da qual não se recorda, Joe lembra de ter recebido uma promoção da qual não lembra, Barbara tem a nítida impressão de que esteve em uma colônia com uma equipe de exploração médica e assim por diante...
Pesadelo Niilista em cada compartimento |
O que estaria acontecendo? A medida que os flashback se seguem, a equipe descobrem coisas estranhas.
[OBS: Cada flashback, de um total de cinco para cada personagem estava escrito em um pedaço de papel que eu passava para o jogador quando ele perdida algum ponto de sanidade. Essa era a condição para ter acesso a uma lembrança desbloqueada].
Archie se mostra incapaz de oferecer uma explicação razoável para isso, ele diz apenas que o Sono Criogênico às vezes pode causar efeitos colaterais e que o grupo deve focar seus esforços na manutenção da nave. Segundo ele, é padrão que exista um monitoramento que garante aos viajantes nas câmaras um sono tranquilo.Quando perguntado especificamente a respeito do estranho sono que alguns tiveram pouco antes de despertar, Archie diz que não há nenhuma simulação dessa natureza.
Finalmente o elevador chega até a Nefarious, e lá o grupo descobre que o Suporte de Vida está falhando. O corredor que conduz à outra nave está repleto de fumaça e muito quente (mais de 50 graus!). Usando máscaras de respiração, a equipe conclui que precisa agir o mais rápido possível. Resolver o problema e abandonar esse ambiente hostil. Maddox dá início aos procedimentos técnicos, auxiliado por Waters e Bryce.
(continua)
Maneiríssimo! Estou ansioso pela segunda parte!
ResponderExcluirEstou mestrando uma campanha sci-fi com elementos de terror.
Alguma dica de fontes para inspiração?
Realmente muito bom, está me lembrando um pouco o filme Pandorum.
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