Quando o Projeto Arrow Head, um experimento ultra-secreto do Governo norte-americano tentou abrir uma janela para outra realidade, o plano era fazer apenas uma observação desse outro plano de existência. Conhecer superficialmente os seus segredos e o que existia além da fronteira entre as dimensões.
Em verdade, não existia um plano para exploração ou colonização "do outro lado". Essa seria a segunda fase do projeto, algo que ainda não fora sequer considerado, uma vez que a viabilidade do projeto original era considerada na melhor das circunstâncias como duvidosa.
Infelizmente, o Projeto Arrow Head se mostrou ao mesmo tempo uma realidade factível e um incomensurável fracasso.
A "janela" que os cientistas planejavam abrir se converteu rapidamente em uma porta e através desta, um imenso nevoeiro se infiltrou do "nosso lado". E junto com ele, algo que ninguém estava preparado para encontrar. Formas de vida totalmente alienígenas, criaturas extremamente agressivas que pareciam ter saído dos pesadelos mais negros de uma mente insana.
É possível que esses horrores tivessem uma ligação com o legendário Mythos de Cthulhu, um conjunto de crenças e mitologia, presentes em várias culturas e civilizações ao longo da história. Mas como ter certeza de qualquer coisa a respeito?
Vista aérea das instalações usadas pelo Projeto Arrow Head |
O caráter sigiloso dos experimentos conduzidos na Base Arrow Head, localizada no interior do estado do Maine beirava a paranoia. As instalações foram construídas originalmente em meados de 1910 para ser usadas como base experimental e de testes para novos armamentos. Desde aquela época o lugar era considerado fora dos limites para civis e restrito ao pessoal autorizado. A área se espalhava por uma reserva do governo federal com mais de vinte quilômetros quadrados, toda cercada de arame farpado e sentinelas permanentes. As placas de advertência ao longo da Estrada Shaymore, que tangenciava a base, deixavam claro que não seria tolerada a presença de estranhos além de determinado ponto. Uma das placas alertava que invasores seriam processados, presos e multados. Mais a frente, dizem, havia uma outra placa ainda mais ameaçadora, que advertia os invasores do risco de serem alvejados por sentinelas militares.
É claro, com toda essa segurança, rumores se multiplicavam a respeito de qual era exatamente o objetivo do Projeto Arrow Head.
Alguns acreditavam que armas químicas, bacteriológicas, engenhos radioativos ou nucleares estavam sendo testados nas instalações. Outros diziam que a base testava armamento idealizados a partir dos projetos militares concebidos por Nicola Tesla, entre eles o obscuro Canhão Elétrico e o Raio da Morte, engenho tão poderoso que poderia reduzir uma cidade inteira a ruínas fumegantes.
Na realidade, a Base Arrow Head se concentrava em uma única meta, a pesquisa Multi-Planar e seu possível uso militar. Arrow Head, era um projeto ambicioso voltado para as várias teorias sobre planos dimensionais.
Uma das placas espalhadas ao longo do perímetro da Base. |
As instalações principais se dedicavam a questão de um ponto de vista científico. Havia dois grandes laboratórios, cada um do tamanho de um hangar. As equipes de cientistas e engenheiros buscavam desenvolver uma máquina capaz de perfurar o tecido das dimensões. O conceito não era exatamente novo. Na década de 1920, um excêntrico cientista chamado Crawford Tillinghast, havia realizado pesquisas nesse sentido. Ele concebeu um aparelho chamado Ressonador Planar, um engenho que permitiu um breve vislumbre de outra realidade. Não se sabe exatamente o que aconteceu com a máquina criada por Tillinghast ou com seus esquemas, supostamente todo equipamento teria sido destruído junto com seu laboratório em um trágico acidente. Contudo, agentes federais recolheram tudo que pode ser recuperado no local. E esse material foi enviado para Arrow Head para ser dissecado pelos técnicos.
A base estava sempre cheia de cientistas estrangeiros, muitos deles dissidentes recrutados a peso de ouro nas principais universidades do mundo ou cooptados durante o auge da Guerra Fria, vindos de nações satélites soviéticas. Alguns teriam até sido evacuados nos últimos dias da Segunda Guerra, quando russos e americanos disputavam a genialidade dos cientistas que serviram ao Reich Nazista. O rumor persistente de que os alemães pesquisavam algo relacionado a dimensões sempre assombrou metafísicos. Talvez, esses cientistas dispusessem do conhecimento e da base teórica para realizar seus planos. O que lhes faltava era justamente a tecnologia para colocar suas teorias em ação. Algo que anos de pesquisas e generosos recursos poderiam suprir a longo prazo.
Mas não eram apenas cientistas que trabalhavam no Projeto Arrow Head. A equipe contava com especialistas versados em campos não-ortodoxos de estudo, as chamadas ciências proibidas. Haviam acadêmicos proeminentes no campo do Ocultismo, da Paranormalidade e da Metafísica circulando pelo lugar. Alguns deles se dedicavam ao estudo da obscura hiper-matemática, quase uma doutrina cabalística. Eles se dedicavam a decifrar os cadernos de notas escritos por Walter Gillman, um jovem matemático que viveu na cidade de Arkham. Gillman havia tido idéias incomuns a respeito de cálculos avançados que teoricamente extrapolavam a noção de tempo e espaço. Em teoria, esses cálculos permitiriam a abertura de portais dimensionais.
Segurança era uma medida constante dentro de Arrow Head |
Mas haviam outros departamentos dentro da base. Um deles foi criado com o propósito de analisar artefatos recuperados em sítios arqueológicos ao redor do mundo. É inegável que muitos artefatos tenham sido transportados para a base ao longo dos anos para serem esmiuçados pelos especialistas. O grande prêmio eram justamente os artefatos de natureza mística criados por povos e civilizações antigas, muitos deles mencionados através da história.
Por anos, os ocultistas de Arrow Head buscaram um tesouro ancestral, um artefato capaz de estremecer a fronteira entre os planos conhecido como a Janela do Frontão ("The Gable Window"). Citado em alguns tomos de conhecimento esotérico, como o Livro de Eibon, essa estranha moldura de ferro batido possuía uma estrutura de cristal azulado, recoberto de símbolos místicos de origem desconhecida. O tomo afirmava que se as palavras corretas fossem pronunciadas diante do objeto, algo se manifestaria em sua superfície cristalina, transformando-a literalmente em uma janela para outra dimensão. Segundo ocultistas de renome, a Janela do Frontão teria sido destruída no fim do século XVIII, quando ela foi inadvertidamente ativada pela última vez. Mas alguns acreditavam que ela ainda existia em alguma coleção privada ou museu.
Uma busca criteriosa foi conduzida por agentes ligados ao Projeto Arrow Head. Em 1970, uma peça que correspondia a descrição do artefato, foi localizada no porão de um castelo no Leste Europeu. A Janela teria sido contrabandeada para a América e levada até a base onde os especialistas atestaram sua legitimidade. Restava apenas testar suas alegadas propriedades arcanas. Coisa que pode ter desencadeado os eventos conhecidos como o Nevoeiro.
Não importa qual das experiências realizadas em Arrow Head deu errado, o que se sabe com certeza é que o resultado final foi catastrófico. A Base foi totalmente destruída pelas entidades que entraram em nosso mundo, a partir do nevoeiro. Informações não confirmadas das forças armadas contabilizaram pelo menos 416 vítimas dentro das instalações, entre militares que faziam a segurança e membros das equipes. Outros 228 permanecem desaparecidos.
Unidades militares investem na direção da Base após o Incidente Nevoeiro |
Quando as tropas do exército conseguiram finalmente abrir caminho na névoa e chegar a base Arrow Head encontram um cenário de destruição como nunca antes visto. Felizmente o portal que permitiu a passagem das criaturas não estava mais aberto. É possível que esse fator tenha determinado a dissipação do nevoeiro cerca de 72 horas após sua abertura. Felizmente, uma vez dissipada a nuvem, as criaturas que se infiltraram no nosso lado passaram a ser afetadas pelo sol e pelas condições gerais atmosféricas. Mesmo os espécimes de maior porte, acabaram sujeitos a esses fatores e não sobreviveram por mais do que algumas horas fora do Nevoeiro.
Os especialistas tentaram recolher a maior quantidade possível de espécimes, ainda que o material alienígena desses animais, se deteriorasse rapidamente uma vez expostos livremente aos elementos. Todo material biológico obtido em campo, juntamente com o equipamento retirado das ruínas da Base Arrow Head foi transportado para outras instalações militares secretas para ser averiguado. Mesmo os corpos da equipe e das vítimas civis foram reclamados pelo governo. Boa parte desse material foi despachado para a notória Área 51 localizada no deserto de Nevada.
O interesse dos militares no projeto Arrow Head tende a crescer nos próximos anos. Apesar do fiasco e das muitas questões levantadas após o incidente no Maine, as possibilidades abertas por esse projeto são praticamente inesgotáveis do ponto de vista militar.
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Muito bacana o texto. Assisti ao filme recentemente e algumas questões que ficaram em aberto aqui foram melhor esclarecidas.
ResponderExcluirInteressante 👌
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